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Açaí
Espaçamentos indicados e consórcios
Conteúdo migrado na íntegra em: 20/12/2021
Autores
José Edmar Urano de Carvalho - Embrapa Amazônia Oriental
Maria do Socorro Padilha de Oliveira - Embrapa Amazônia Oriental
João Tomé de Farias Neto - Embrapa Amazônia Oriental
Walnice Maria Oliveira do Nascimento - Embrapa Amazônia Oriental
Os espaçamentos indicados para o cultivo do açaizeiro solteiro visando à produção de frutos são baseados em observações de natureza prática, sendo os mais utilizados: 5 m x 5 m e 6 m x 4 m, com o manejo de 3 a 4 estipes por touceira (Tabela 1). Mas outros espaçamentos vêm sendo empregados, como: 5 m x 3 m; 5 m x 4 m; 4 m x 4 m e 6 m x 6 m. Como a espécie é heliófila (necessita de luz para se desenvolver) os espaçamentos muito adensados não são recomendados, pois as plantas podem crescer muito e o tempo de colheita no estipe pode ser reduzido.
Tabela 1. Espaçamentos, número de plantas, número de estipes manejados e totais de estipes de açaizeiro em cultivo solteiro por ha.
Apesar das inúmeras possibilidades de espaçamento, o de 5 m x 5 m com manejo de 3 a 4 estipes/planta tem sido o mais indicado, por fornecer densidades de 1.200 plantas/ha e 1.600 plantas/ha, respectivamente. Esse espaçamento facilita a colheita, pelo menos até 10 anos após o plantio, como também propicia bom desenvolvimento no diâmetro dos estipes e reduz a altura das plantas, minimizando os riscos de tombamento pela ação de ventos fortes.
Os espaçamentos mais adensados também podem ocasionar baixas produtividades, em decorrência da competição entre as plantas por água e nutrientes. Por outro lado, espaçamentos mais abertos (6 m x 6 m) favorecem o crescimento de plantas daninhas, em particular nos primeiros 3 anos após o plantio, quando o sombreamento da superfície do solo pelos açaizeiros ainda é reduzido.
O cultivo solteiro deve ser visto com ressalvas, uma vez que o açaizeiro começa a produzir a partir do terceiro ano do plantio. Neste caso, os custos com a implantação só poderão ser abatidos nesta etapa, além de ser necessário efetuar um bom manejo do mato nas linhas e entrelinhas, para evitar a concorrência com as touceiras, onerando ainda mais os custos.
Uma forma de minimizar os custos é realizar o consórcio de culturas alimentares (milho, mandioca, caupi) ou fruteiras semiperenes (banana, mamão, maracujá, abacaxi) por propiciar renda ao produtor nos primeiros anos, além dos benefícios nos tratos culturais aplicados às culturas.
Na associação com outras espécies perenes (cupuaçuzeiro, cacaueiro, cafeeiro), os espaçamentos recomendados são bem maiores, sendo os mais indicados 10 m x 5 m, 10 m x 10 m e 14 m x 7 m.Os consórcios recomendados para cultivo do açaizeiro em terra firme são: com espécies anuais (feião-caupi+milho+mandioca ou milho+feijão-caupi em rotação de culturas no primeiro ano) e semiperenes (maracujazeiro ou bananeira ou mamoeiro ou abacaxizeiro, até o terceiro ano), havendo inúmeros arranjos.
Entre as fruteiras semiperenes, o consórcio mais promissor tem sido com o mamoeiro. No caso da bananeira, há informações de agressividade do seu sistema radicular, o que prejudica o desempenho das culturas consorciadas.O consórcio ou associação com culturas perenes (cupuaçuzeiro, cacaueiro, cafeeiro) pode permitir o plantio de espécies florestais para recuperar e valorizar o ecossistema.
Um dos consórcios mais interessantes dos pontos de vista biológico e econômico envolve o cupuaçuzeiro como cultura principal e o açaizeiro como cultura secundária. Nesse caso, o açaizeiro, que necessita de luz solar, deve ser usado como sombreamento definitivo do cupuaçuzeiro, espécie que suporta até 20 % de sombra sem afetar a produção. No consórcio do cupuaçuzeiro com o açaizeiro, a primeira espécie deve ser plantada no espaçamento de 5 m x 5 m e a segunda, no espaçamento de 10 m x 10 m. No caso da associação, o espaçamento para as duas culturas é de 10 m x 5m, sendo o plantio realizado em linhas intercaladas.
Na escolha de um consórcio ou associação, deve-se ficar atento para alguns fatores que podem interferir no sucesso, como: a direção nascente-poente, a arquitetura e envergadura da copa, a densidade da copa, a altura das plantas, a exigência de luz, a época, a frequência e a dosagem da adubação, o manejo das espécies e a época de produção.