Calagem

Conteúdo migrado na íntegra em: 20/12/2021

Autores

Luis Antônio Suita de Castro - Embrapa Clima Temperado

Maria Laura Turino Mattos - Embrapa Clima Temperado

Cláudio José da Silva Freire - Consultor autônomo

 

Para a ameixeira, assim como para a maioria das culturas, a calagem visa elevar o pH em água para 6,0, o que neutraliza ou reduz os efeitos danosos do alumínio e/ou do manganês, e proporciona melhores condições de absorção de alguns nutrientes essenciais, como o fósforo, por exemplo.
A aplicação do calcário na cova não é recomendável, pela pequena fração de solo que é beneficiada.

A quantidade de corretivo a aplicar é estimada por meio da análise de solo. No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina utiliza-se o método SMP, para estimar a necessidade de calcário para elevar o pH em água do solo até 6,0. A elevação do pH do solo ao valor desejado depende, entre outros fatores, da quantidade de corretivo aplicada, da sua mistura com o solo, do teor de umidade, do tempo de contato do corretivo com o solo e da granulometria do mesmo.

O efeito da calagem na correção da acidez atinge o ponto máximo, em geral, em três a doze meses após a aplicação do calcário. Após quatro a seis anos, o pH começa a diminuir. Assim, novas aplicações de calcário devem ser feitas após esse período, mediante nova análise. Se a amostragem do solo for realizada após um a dois anos da aplicação do calcário, a recomendação de nova calagem, pelo método SMP, pode não ser válida com base nessa amostra, pelo fato de que a fração mais grosseira do corretivo pode estar ainda reagindo com o solo.

No caso de ser aplicada, inicialmente, somente uma fração da dose recomendada, deve-se ter o cuidado para que a soma das doses parciais não ultrapasse a recomendação inicial, no período de quatro a seis anos. Vários materiais podem ser usados como corretivos da acidez dos solos. No entanto, o mais comum é o uso da rocha calcária moída, conhecido como calcário agrícola. Tendo em vista a grande variação na qualidade dos corretivos da acidez dos solos existentes no mercado, na sua escolha deve-se considerar tanto o PRNT (Poder Relativo de Neutralização Total), como o frete até a propriedade.

Assim, ao adquirir um calcário deve-se considerar o custo do produto por unidade de PRNT posto na propriedade. O poder relativo de neutralização total (PRNT) é uma medida da qualidade dos corretivos, o qual é avaliado pelo valor de neutralização e pelo tamanho das partículas. Assim, quanto maior o PRNT, melhor a qualidade do calcário e, consequentemente, mais rápida é a reação no solo. Como as recomendações de calagem são baseadas em PRNT 100%, a dose a ser aplicada deve ser corrigida com base no PRNT do material disponível, do seguinte modo:

Quantidade a ser aplicada (t ha-1) = recom. de calcário (t ha-1) x 100/PRNT do calcário.

Com referência à qualidade dos corretivos, além do PRNT, deve-se, também, considerar o teor de magnésio do material, já que os solos onde a ameixeira é cultivada no Brasil são normalmente pobres nesse nutriente.

Por isso, deve-se dar preferência aos materiais que contenham magnésio, como é o caso dos calcários dolomíticos. De acordo com a legislação brasileira, os calcários que contenham até 5% de MgO são denominados calcíticos, os que apresentam entre 5 a 12% são denominados de magnesianos; e, quando o teor de óxido de magnésio for superior a 12% são chamados de dolomíticos.

Além do calcário agrícola, outros produtos podem ser utilizados como corretivos da acidez dos solos, como: cal virgem, cal apagada, calcário calcinado, conchas marinhas moídas, cinzas, etc.
Para se obter o efeito esperado, o calcário deve ser aplicado, no mínimo, três meses antes do plantio das mudas. Quando se tratar de nova calagem em pomares já instalados, esta deverá ser feita no meio do outono.

Quando for feita a correção da acidez de toda a área, o calcário deve ser distribuído uniformemente, dando-se preferência aos implementos que aplicam  o produto próximo à superfície do solo. Deve ser evitada a aplicação de corretivos, principalmente aqueles com PRNT elevado, em dias com vento.Quando a recomendação for superior a 5 t ha-1, deve ser aplicada a metade da dose, a seguir lavrar, aplicar o restante, lavrar e gradear. Para quantidades inferiores a esta dose, uma boa incorporação tem sido obtida com uma gradagem seguida de aração e outra gradagem. Para ambas as situações acima expostas, se conseguirá uma incorporação homogênea do calcário na profundidade desejada.