Banana
Doenças secundárias
Autores
Zilton José Maciel Cordeiro - Consultor autônomo
Aristoteles Pires de Matos - Embrapa Mandioca e Fruticultura
Paulo Ernesto Meissner Filho - Embrapa Mandioca e Fruticultura
Aqui serão abordadas as doenças que afetam os frutos nas fases de pré e pós-colheita por fungos manchadores de frutos. Não há estimativas de perdas por essas doenças. Porém, elas causam perdas para o produtor, que terá seu produto rejeitado pelo mercado. Além disso, representam perdas para o comerciante e para o consumidor final, por causa da redução da vida de prateleira.
Manchas e podridões em frutos
É cada vez maior as exigências do mercado em relação à qualidade geral dos frutos, os quais podem ser afetados por manchas diversas, que ocorrem tanto na pré como na pós-colheita.
Manchas de pré-colheita:
- Lesão-de-Johnston - também conhecida como pinta-de-Pyricularia, causada pelo fungo Pyricularia grisea.
Sintomas: lesões escuras, deprimidas e redondas, com até 5 mm de diâmetro.
As manchas são observadas sobre frutos com mais de 60-70 dias.
- Mancha-parda - causada por Cercospora hayi, um fungo saprófita (oportunista) comum sobre folhas de banana já mortas e sobre folhas de plantas daninhas senescentes ou mortas.
Sintomas: manchas marrons sobre a ráquis, coroa e frutos.
As manchas só aparecem em frutos com idade igual ou superior a 50 dias.
- Mancha-losango – causada principalmente pela espécie Cercospora hayi, seguida por Fusarium solani, F. roseum e possivelmente outros fungos.
Sintomas: o primeiro sintoma é o aparecimento, sobre a casca do fruto verde, de uma mancha amarela imprecisa, medindo 3-5 mm de diâmetro.
As manchas começam a aparecer quando os frutos estão se aproximando do ponto de colheita, podendo aumentar após a colheita.
Foto: Aristoteles Pires de Matos
Figura 1. Mancha losango.
- Pinta-de-Deightoniella - causada pelo fungo Deightoniella torulosa, que é um habitante freqüente de folhas e flores mortas.
Sintomas: manchas pequenas, geralmente com menos de 2 mm de diâmetro, de coloração que vai de marrom-avermelhada à preta e podem aparecer sobre frutos em todos os estádios de desenvolvimento.
Os frutos com 10-30 dias de idade são mais facilmente infectados que os de 70-100 dias.
Foto: Zilton José Maciel Cordeiro
Figura 2. Pinta de Deightoniella torulosa.
- Ponta-de-charuto - os patógenos mais consistentemente isolados das lesões são Verticillium theobramae e Trachysphaera fructigena.
Sintomas: necrose preta que progride até a ponta dos frutos ainda verdes. O tecido afetado pela necrose cobre-se de fungos e faz lembrar a cinza da ponta de um charuto.
Controle das manchas de pré-colheita
Controle cultural:
- Eliminação de folhas mortas ou velhas.
- Redução do contato entre o fungo e o hospedeiro.
- Eliminação periódica das brácteas, principalmente durante o período chuvoso.
- Ensacamento dos cachos com saco de polietileno perfurado, tão logo ocorra a formação dos frutos.
- Implementação de práticas culturais adequadas, orientadas para a manutenção de boas condições de drenagem e de densidade populacional.
- Controle de plantas daninhas, a fim de evitar um ambiente muito úmido na plantação.
Controle químico:
A aplicação de fungicida em frutos no campo é uma medida extrema, ou seja, deve ser feita como último recurso. A Tabela 1 apresenta os produtos registrados no Brasil para esse controle.
Tabela 1. Fungicidas registrados para uso no controle de patógenos que ocorrem em frutos na pré e/ou na pós-colheita de banana.
Podridões de pós-colheita
- Podridão-da-coroa - os fungos mais freqüentemente associados ao problema são: Fusarium roseum (Link) Sny e Hans., Verticillium theobramae (Torc.) Hughes e Gloeosporium musarum Cooke e Massel (Colletotrichum musae Berk e Curt).
Sintomas: escurecimento dos tecidos da coroa (almofada), sobre a qual pode-se desenvolver um micélio branco-acinzentado.
- Antracnose - é considerada a mais grave doença na pós-colheita dessa fruta, causada por Colletotrichum musae, que pode infectar frutos com ou sem ferimentos. Manifesta-se na fase de maturação. Os frutos atacados pela doença amadurecem mais rápido do que os sadios.
Sintomas: formação de lesões escuras e deprimidas em condições de alta umidade. Geralmente, a polpa não é afetada, exceto quando os frutos são expostos a altas temperaturas ou quando se encontram em adiantado estágio de maturação.
Foto: Zilton José Maciel Cordeiro
Figura 3. Sintomas de antracnose.
Controle das podridões pós-colheita
As medidas de controle das podridões pós-colheita devem ser as mesmas recomendadas para aquelas de pré-colheita, acrescidas das seguintes:
Evitar ferimentos nos frutos e executar as práticas de despencamento, lavagem e embalagem com manuseio cuidadoso dos frutos e medidas rigorosas de higienização. O controle químico pode ser feito durante a fase de beneficiamento da fruta seguindo as dosagens e produtos recomendados na Tabela 1.