Doenças secundárias

Conteúdo migrado na íntegra em: 08/12/2021

Autores

Zilton José Maciel Cordeiro - Consultor autônomo

Aristoteles Pires de Matos - Embrapa Mandioca e Fruticultura

Paulo Ernesto Meissner Filho - Embrapa Mandioca e Fruticultura

 

Aqui serão abordadas as doenças que afetam os frutos nas fases de pré e pós-colheita por fungos manchadores de frutos. Não há estimativas de perdas por essas doenças. Porém, elas causam perdas para o produtor, que terá seu produto rejeitado pelo mercado. Além disso, representam perdas para o comerciante e para o consumidor final, por causa da redução da vida de prateleira.

Manchas e podridões em frutos

É cada vez maior as exigências do mercado em relação à qualidade geral dos frutos, os quais podem ser afetados por manchas diversas, que ocorrem tanto na pré como na pós-colheita.

Manchas de pré-colheita:

  • Lesão-de-Johnston - também conhecida como pinta-de-Pyricularia, causada pelo fungo Pyricularia grisea.

Sintomas: lesões escuras, deprimidas e redondas, com até 5 mm de diâmetro.

As manchas são observadas sobre frutos com mais de 60-70 dias.

  • Mancha-parda - causada por Cercospora hayi, um fungo saprófita (oportunista) comum sobre folhas de banana já mortas e sobre folhas de plantas daninhas senescentes ou mortas.

Sintomas: manchas marrons sobre a ráquis, coroa e frutos.

As manchas só aparecem em frutos com idade igual ou superior a 50 dias.

  • Mancha-losango – causada principalmente pela espécie Cercospora hayi, seguida por Fusarium solani, F. roseum e possivelmente outros fungos.

Sintomas: o primeiro sintoma é o aparecimento, sobre a casca do fruto verde, de uma mancha amarela imprecisa, medindo 3-5 mm de diâmetro.

As manchas começam a aparecer quando os frutos estão se aproximando do ponto de colheita, podendo aumentar após a colheita.

Foto: Aristoteles Pires de Matos

Figura 1. Mancha losango. 

 

  • Pinta-de-Deightoniella - causada pelo fungo Deightoniella torulosa, que é um habitante freqüente de folhas e flores mortas.

Sintomas: manchas pequenas, geralmente com menos de 2 mm de diâmetro, de coloração que vai de marrom-avermelhada à preta e podem aparecer sobre frutos em todos os estádios de desenvolvimento.

Os frutos com 10-30 dias de idade são mais facilmente infectados que os de 70-100 dias.

Foto: Zilton José Maciel Cordeiro

Figura 2. Pinta de Deightoniella torulosa.

 

  • Ponta-de-charuto - os patógenos mais consistentemente isolados das lesões são Verticillium theobramae e Trachysphaera fructigena.

Sintomas: necrose preta que progride até a ponta dos frutos ainda verdes. O tecido afetado pela necrose cobre-se de fungos e faz lembrar a cinza da ponta de um charuto.

Controle das manchas de pré-colheita

Controle cultural:

  • Eliminação de folhas mortas ou velhas.
  • Redução do contato entre o fungo e o hospedeiro.
  • Eliminação periódica das brácteas, principalmente durante o período chuvoso.
  • Ensacamento dos cachos com saco de polietileno perfurado, tão logo ocorra a formação dos frutos.
  • Implementação de práticas culturais adequadas, orientadas para a manutenção de boas condições de drenagem e de densidade populacional.
  • Controle de plantas daninhas, a fim de evitar um ambiente muito úmido na plantação.

Controle químico:

A aplicação de fungicida em frutos no campo é uma medida extrema, ou seja, deve ser feita como último recurso. A Tabela 1 apresenta os produtos registrados no Brasil para esse controle.

Tabela 1. Fungicidas registrados para uso no controle de patógenos que ocorrem em frutos na pré e/ou na pós-colheita de banana.

Podridões de pós-colheita

  • Podridão-da-coroa - os fungos mais freqüentemente associados ao problema são: Fusarium roseum (Link) Sny e Hans., Verticillium theobramae (Torc.) Hughes e Gloeosporium musarum Cooke e Massel (Colletotrichum musae Berk e Curt).

Sintomas: escurecimento dos tecidos da coroa (almofada), sobre a qual pode-se desenvolver um micélio branco-acinzentado.

  • Antracnose - é considerada a mais grave doença na pós-colheita dessa fruta, causada por Colletotrichum musae, que pode infectar frutos com ou sem ferimentos. Manifesta-se na fase de maturação. Os frutos atacados pela doença amadurecem mais rápido do que os sadios.

Sintomas: formação de lesões escuras e deprimidas em condições de alta umidade. Geralmente, a polpa não é afetada, exceto quando os frutos são expostos a altas temperaturas ou quando se encontram em adiantado estágio de maturação.

Foto: Zilton José Maciel Cordeiro

Figura 3. Sintomas de antracnose.

 

Controle das podridões pós-colheita

As medidas de controle das podridões pós-colheita devem ser as mesmas recomendadas para aquelas de pré-colheita, acrescidas das seguintes:

Evitar ferimentos nos frutos e executar as práticas de despencamento, lavagem e embalagem com manuseio cuidadoso dos frutos e medidas rigorosas de higienização. O controle químico pode ser feito durante a fase de beneficiamento da fruta seguindo as dosagens e produtos recomendados na Tabela 1.