Manejo do solo

Conteúdo atualizado em: 10/02/2022

Autor

Giovani Olegário da Silva - Embrapa Hortaliças

 

De preferência, a batata deve ser plantada em áreas bem ventiladas, com solos profundos, estruturados e férteis, química e organicamente, e que tenham sofrido rotações de culturas preferencialmente com gramíneas. Devem ser evitados solos muitos úmidos, pois prejudicam o arejamento das raízes e favorecem o apodrecimento dos tubérculos. Devem ser evitados ainda solos compactados, erodidos ou muito argilosos que, além de dificultarem o preparo, provocam deformação nos tubérculos. Devem-se evitar áreas contaminadas com doenças de solo que possam ser limitantes ao bom desenvolvimento da cultura.

O adequado preparo e correção do solo deve ser feito de forma adequada, visto que as raízes podem atingir até 1,0 m de profundidade e os tubérculos são formados em uma profundidade de até 50 cm.

Geralmente, o preparo do solo consiste de uma a duas arações, seguidas de uma gradagem, com antecedência de dois meses. Na época do plantio é realizada mais uma aração e uma ou duas gradagens para que o solo fique nivelado. Sendo que o número de operações deve ser o menor possível, para não haver compactação das regiões mais profundas do solo ou pulverização excessiva da camada superior.

A quantidade de adubo a ser aplicada não pode estar abaixo do necessário para evitar que o desenvolvimento da planta seja prejudicado, e não pode ser em excesso, para não ocasionar desenvolvimento anormal da planta, como, por exemplo, o crescimento excessivo das hastes quando se aplica muito nitrogênio; toxidez, ou fazer com que determinado nutriente interfira negativamente na absorção de outro.

Antes do plantio deve-se fazer a coleta e análise do solo e efetuar a correção de adubação e a calagem de acordo com os resultados. Pode ser realizada também a análise foliar, que deve ser feita aos 35-40 dias após a emergência.

A quantidade de nutrientes a serem aplicados é também reflexo do quanto estes são exportados para os tubérculos. A quantidade extraída do solo por uma tonelada de tubérculo está descrita na Tabela 1.

 

Tabela 1. Quantidade de nutrientes extraída do solo por uma tonelada de tubérculo

Macronutrientes (kg)              Micronutrientes (g)   
Nitrogênio 3,0 - 5,0 Boro 0,6 - 1,5 
Fósforo 0,3 - 0,5  Zinco 3,0 - 5,0
Potássio 4,0 - 6,5 Ferro 2,0 - 4,0
Cálcio 0,5 - 1,5 Cobre 1,3 - 2,0
Magnésio 0,1 - 0,3 Manganês 1,7 - 2,1
Enxofre 0,3 - 0,8 Molibdênio       0,03 - 0,04

Fonte: Lopes; Buso, 1997.

 

Os sintomas na planta também são indicativos da necessidade desta pelos nutrientes:

  • Nitrogênio: manifesta-se por clorose principalmente nas folhas inferiores, e a planta tem seu desenvolvimento lento.
  • Fósforo: folíolos pouco expandidos, verde escuros, curvados para cima e sem brilho. As folhas inferiores apresentam cor púrpura na parte abaxial e as plantas ficam com desenvolvimento retardado, produzindo menor quantidade de tubérculos.
  • Potássio: os folíolos não se expandem normalmente, com curvatura para baixo. Os internódios ficam mais curtos. As folhas mais velhas podem apresentar necroses surgindo das margens.
  • Cálcio: os sintomas aparecem primeiramente nas folhas mais jovens, que tem seu desenvolvimento reduzido e ficam enrugadas. Em casos mais severos a gema apical morre. Os tubérculos são numerosos, pequenos e deformados com projeções ou depressões.
  • Magnésio: há amarelecimento internerval seguido de necroses de coloração marrom, principalmente nas folhas mais velhas. As folhas tornam-se ainda enroladas para cima, além de ficarem grossas e quebradiças.           
  • Enxofre: as folhas mais novas ficam cloróticas e com lento crescimento.
  • Boro: os sintomas são primeiramente visualizados nas partes mais novas da planta. Os folíolos se enrolam a semelhança ao sintoma de vírus. As folhas são mais grossas e os internódios mais curtos. Nos tubérculos pode ser visualizada dificuldade em brotar, baixa conservação, rachaduras internas e coração oco.
  • Zinco: as margens dos folíolos ficam voltadas para cima, as folhas ficam menores, os internódios mais curtos, e por consequência a planta tem seu crescimento reduzido.
  • Manganês: clorose internervural e coloração verde nas nervuras, principalmente nas folhas mais jovens. Entretanto o seu excesso é mais comum, causando lesões necróticas irregulares nas folhas.
  • Ferro: clorose internervural nas folhas jovens, com aparecimento de lesões necróticas nas folhas.
  • Cobre: folhas jovens pouco túrgidas que podem até secarem.
  • Molibdênio: semelhantes à deficiência por nitrogênio.