Batata
Manejo do solo
Autor
Giovani Olegário da Silva - Embrapa Hortaliças
De preferência, a batata deve ser plantada em áreas bem ventiladas, com solos profundos, estruturados e férteis, química e organicamente, e que tenham sofrido rotações de culturas preferencialmente com gramíneas. Devem ser evitados solos muitos úmidos, pois prejudicam o arejamento das raízes e favorecem o apodrecimento dos tubérculos. Devem ser evitados ainda solos compactados, erodidos ou muito argilosos que, além de dificultarem o preparo, provocam deformação nos tubérculos. Devem-se evitar áreas contaminadas com doenças de solo que possam ser limitantes ao bom desenvolvimento da cultura.
O adequado preparo e correção do solo deve ser feito de forma adequada, visto que as raízes podem atingir até 1,0 m de profundidade e os tubérculos são formados em uma profundidade de até 50 cm.
Geralmente, o preparo do solo consiste de uma a duas arações, seguidas de uma gradagem, com antecedência de dois meses. Na época do plantio é realizada mais uma aração e uma ou duas gradagens para que o solo fique nivelado. Sendo que o número de operações deve ser o menor possível, para não haver compactação das regiões mais profundas do solo ou pulverização excessiva da camada superior.
A quantidade de adubo a ser aplicada não pode estar abaixo do necessário para evitar que o desenvolvimento da planta seja prejudicado, e não pode ser em excesso, para não ocasionar desenvolvimento anormal da planta, como, por exemplo, o crescimento excessivo das hastes quando se aplica muito nitrogênio; toxidez, ou fazer com que determinado nutriente interfira negativamente na absorção de outro.
Antes do plantio deve-se fazer a coleta e análise do solo e efetuar a correção de adubação e a calagem de acordo com os resultados. Pode ser realizada também a análise foliar, que deve ser feita aos 35-40 dias após a emergência.
A quantidade de nutrientes a serem aplicados é também reflexo do quanto estes são exportados para os tubérculos. A quantidade extraída do solo por uma tonelada de tubérculo está descrita na Tabela 1.
Tabela 1. Quantidade de nutrientes extraída do solo por uma tonelada de tubérculo
Macronutrientes (kg) | Micronutrientes (g) | ||
Nitrogênio | 3,0 - 5,0 | Boro | 0,6 - 1,5 |
Fósforo | 0,3 - 0,5 | Zinco | 3,0 - 5,0 |
Potássio | 4,0 - 6,5 | Ferro | 2,0 - 4,0 |
Cálcio | 0,5 - 1,5 | Cobre | 1,3 - 2,0 |
Magnésio | 0,1 - 0,3 | Manganês | 1,7 - 2,1 |
Enxofre | 0,3 - 0,8 | Molibdênio | 0,03 - 0,04 |
Fonte: Lopes; Buso, 1997.
Os sintomas na planta também são indicativos da necessidade desta pelos nutrientes:
- Nitrogênio: manifesta-se por clorose principalmente nas folhas inferiores, e a planta tem seu desenvolvimento lento.
- Fósforo: folíolos pouco expandidos, verde escuros, curvados para cima e sem brilho. As folhas inferiores apresentam cor púrpura na parte abaxial e as plantas ficam com desenvolvimento retardado, produzindo menor quantidade de tubérculos.
- Potássio: os folíolos não se expandem normalmente, com curvatura para baixo. Os internódios ficam mais curtos. As folhas mais velhas podem apresentar necroses surgindo das margens.
- Cálcio: os sintomas aparecem primeiramente nas folhas mais jovens, que tem seu desenvolvimento reduzido e ficam enrugadas. Em casos mais severos a gema apical morre. Os tubérculos são numerosos, pequenos e deformados com projeções ou depressões.
- Magnésio: há amarelecimento internerval seguido de necroses de coloração marrom, principalmente nas folhas mais velhas. As folhas tornam-se ainda enroladas para cima, além de ficarem grossas e quebradiças.
- Enxofre: as folhas mais novas ficam cloróticas e com lento crescimento.
- Boro: os sintomas são primeiramente visualizados nas partes mais novas da planta. Os folíolos se enrolam a semelhança ao sintoma de vírus. As folhas são mais grossas e os internódios mais curtos. Nos tubérculos pode ser visualizada dificuldade em brotar, baixa conservação, rachaduras internas e coração oco.
- Zinco: as margens dos folíolos ficam voltadas para cima, as folhas ficam menores, os internódios mais curtos, e por consequência a planta tem seu crescimento reduzido.
- Manganês: clorose internervural e coloração verde nas nervuras, principalmente nas folhas mais jovens. Entretanto o seu excesso é mais comum, causando lesões necróticas irregulares nas folhas.
- Ferro: clorose internervural nas folhas jovens, com aparecimento de lesões necróticas nas folhas.
- Cobre: folhas jovens pouco túrgidas que podem até secarem.
- Molibdênio: semelhantes à deficiência por nitrogênio.