Caju
Sistema mecanizado
Autores
Raimundo Marcelino da Silva Neto - Embrapa Agroindústria Tropical
Francisco Fabio de Assis Paiva - Embrapa Agroindústria Tropical
Tecnologia do Processamento da Castanha do Caju – Sistema de corte mecanizado
Figura 1. Fluxograma básico do processamento da castanha do caju utilizando o sistema de corte mecanizado.
Fonte: SILVA NETO (2000)
O sistema mecanizado para o descasque da castanha foi adotado tanto nos países da África Oriental por meio dos sistemas “Oltremare”, “Sturtevant” e “Cashco” (The Japanese Cashew Company Limited), como no Nordeste brasieliro.
Os dois sistemas de descasque disponíveis e mais conhecidos são o Oltremare e o Sturtevant, de fabricação italiana e inglesa respectivamente. No sistema italiano, a casca é aberta por corte por meio de navalhas rotativas e depois, separadas da amêndoa por peneiras vibratórias. O sistema inglês emprega força centrífuga para quebrar as castanhas que são atiradas ao encontro de pratos para serem quebradas pela força do impacto, rompendo-se a casca da castanha na linha de clivagem natural.
Uma vez que uma grande quantidade de amêndoa permanece aderida à casca após sofrerem a decorticagem ou a quebra da casca da castanha, segue-se a passagem das castanhas por um circuito pneumático ou com ventilação forçada, onde por projeção contra superfícies fixas, a amêndoa é separada da casca, havendo a ação coadjuvante de peneiras vibratórias. Por outra via, as castanhas semi abertas retornam ao mecanismo de corte para completar a etapa e dar seguimento ao processo.
O sistema inglês “Sturtevant”, cujo princípio se baseia na decorticagem ou quebra da castanha por impacto, no qual elas são lançadas contra uma superfície rígida, foi o processo predominante nas unidades do sistema mecanizado, surgindo na década de 50 um outro alternativo, desenvolvido pelas nossas metalúrgicas que nada mais era do que uma cópia dos dois processos introduzidos no Brasil
No processo mecanizado, adaptado do processo “Stutervant”, as castanhas com umidade reduzida, selecionadas, limpas e lavadas, são submetidas a uma umidificação, por imersão em água durante 30 a 45 minutos seguido de um certo período de repouso que pode variar de 60 a 72 horas. Em seguida, são levadas a um cozimento em banho de LCC a uma temperatura entre 190 a 220 °C durante 90 a 180 segundos, seguindo para o corte através de lâminas e choque por impacto. As amêndoas com película são levadas para a estufa visando a redução de sua umidade, e para posterior despeliculagem, seleção, classificação e embalagem.
As amêndoas de castanha de caju são classificadas como: Primeira Qualidade Ideal (tem uma cor uniforme que pode ser branca, amarelo-claro, marfim pálido ou cinza claro); Segunda Qualidade Queimada/Variação de Cor (pode ter a cor amarela, marrom-claro, marfim claro, cinza-claro ou marfim forte; Terceira Qualidade Queimada Especial/Variação de Cor (pode ser de cor amarelo-forte marrom, âmbar azul claro a azul escuro. Podem ser ligeiramente murchas, imaturas, pintadas, manchadas, ou serem então descoloradas); Quarta Qualidade (se qualificam como de Primeira ou segunda Qualidade, exceto pelo fato de terem pontos brocados; e Sobremesa (podem ser riscadas, murchas, manchadas, ou então ser descoloradas. Os defeitos são definidos como danos superficiais e intrínsecos que prejudicam a aparência do lote, como queima, manchas, descoloração, amêndoas incompletas ou murchas, amêndoas com pontos brocados pretos ou marrons, película aderente, estrias, marcas de fluxo e pintas.
Fonte consultada
SILVA NETO, R. M. da. Inspeção em indústria de beneficiamento da castanha de caju visando a implantação das boas práticas de fabricação. 2000. 128 f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia de Alimentos) – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza.