Caju
Pedúnculo
Autor
Raimundo Marcelino da Silva Neto - Embrapa Agroindústria Tropical
A área ocupada com a cultura do caju no Nordeste do Brasil é de aproximadamente 700 mil hectares, com uma produção de cerca de 1.260.000.000 quilos de pedúnculo. O estado do Ceará se destaca como maior produtor, com uma área plantada de 354 mil hectares, sendo que cerca de 80% dos cajueiros são plantados em áreas de pequenos produtores rurais, nas quais se incluem as áreas de assentamento rural da reforma agrária.
Mesmo considerando o pioneirismo da industrialização do pedúnculo do caju, com o suco integral como principal produto e produção da ordem de 70 mil toneladas/ano, seu aproveitamento global por processos de agroindustrialização beneficia somente de 10% a 20% da produção anual do pedúnculo de caju no Nordeste brasileiro.
Apesar da importância socioeconômica, a cultura do caju apresenta um baixo nível de aproveitamento do pedúnculo, com o desperdício de 80% a 90% da sua produção, e a consequente subutilização de uma fonte de rico valor nutricional, como vitamina C e minerais, em uma região de elevada carência nutricional da sua população.
Figura 1. Alternativas tecnológicas para o processamento do pedúnculo do caju.
Fonte: SILVA NETO (2000)
O caju é composto por duas partes distintas, correspondendo em média a uma distribuição - em peso - de 10% de castanha (fruto) e 90% de pedúnculo (pseudofruto). O pedúnculo possui menor porcentagem de aproveitamento, sendo o suco o produto de maior exploração da matéria-prima. O pedúnculo contém três a cinco vezes mais vitamina C que a laranja, além de cálcio, fósforo e outros nutrientes. Os taninos também estão presentes na proporção de 0,12% a 0,37% (p/p) em sua constituição, sendo os responsáveis pela sensação de adstringência no paladar.
O processamento integral do caju atualmente se dá, tanto em escala industrial como em escala familiar, gerando os mais diversos produtos, indo desde a consagrada castanha torrada em óleo comestível, passando por doces e compotas, pedúnculos secos, sucos integrais e concentrados, até néctar, polpa congelada e cajuína.
O alto grau de perecibilidade, associado à dificuldade de colheita são os principais fatores determinantes desse quadro. Após 48 horas de colhido, se for mantido à temperatura ambiente, o pedúnculo fica impróprio para uso. Em condições ambientais, o caju é muito suscetível ao ataque de microrganismos. A conservação pós-colheita do pedúnculo, em temperatura ambiente, não ultrapassa 48 horas. Os cuidados na colheita e pós-colheita do caju são muito importantes para a obtenção de produtos de boa qualidade.
Foto: Raimundo Marcelino da Silva Neto
Fonte consultada:
SILVA NETO, R. M. da. Inspeção em indústria de beneficiamento da castanha de caju visando a implantação das boas práticas de fabricação. 2000. 128 f. Dissertação (Mestrado em Tecnologia de Alimentos) – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza.