Zoneamento agropecuário

Conteúdo migrado na íntegra em: 20/12/2021

Autores

Raimundo Nonato de Lima - Embrapa Algodão

Maria de Jesus Nogueira Aguiar - Consultora autônoma

Carlos Antonio Reinaldo Costa - Consultor autônomo

 

É de grande importância o conhecimento de novas áreas favoráveis ao desenvolvimento de uma cultura, bem como, para ampliação de novas fronteiras agrícolas.

O zoneamento pedoclimático (estudo dos solos e clima) é fator básico para a definição das culturas mais indicadas para determinadas áreas ou regiões, para a obtenção de maiores produções e melhor qualidade dos produtos. O resultado de um zoneamento se constitui numa ferramenta de grande importância para o correto planejamento de uma agricultura técnica e economicamente bem sucedida, observadas as exigências da cultura eleita e o nível de tecnologia a ser empregado.

O cajueiro, cultura de reconhecida importância para a região Nordeste do Brasil, não apenas do ponto de vista econômico, em função da posição que ocupa na pauta de exportações, mas, também, socialmente, pela absorção de mão de obra agrícola em período não coincidente com o de outras culturas, exigia um estudo mais profundo. O zoneamento pedoclimático é fator básico para a definição das culturas mais indicadas para determinadas áreas ou regiões, para a obtenção de maiores produções e melhor qualidade dos produtos.O Zoneamento pedoclimático da cultura do cajueiro no Nordeste e no norte de Minas Gerais é um instrumento norteador para exploração da cajucultura mediante a escolha das áreas mais apropriadas para o cultivo e para identificar as necessidades de uso de tecnologias compatíveis com as exigências da fruticultura moderna, favorecendo a implantação, na região, de uma cajucultura extensiva, de alta produtividade



ZONEAMENTO PEDOCLIMÁTICO DO CAJUEIRO

Os parâmetros climáticos que mais influenciam no desempenho produtivo do cajueiro são: precipitação, temperatura do ar, umidade relativa e altitude e, num grau menor, a latitude e o vento. Além dos aspectos climáticos, fatores pedológicos (que estão relacionados com os fatores químicos dos solos) são de fundamental importância quando o objetivo é a exploração econômica da cultura, que não pode ser confundida com a simples sobrevivência.

O cajueiro mostra uma razoável capacidade adaptativa ao ambiente, o que permite o cultivo em uma relativamente ampla faixa de condições pedoclimáticas. Contudo, o desempenho produtivo varia em função das características de solo e clima onde é cultivado.

Com base nas exigências da cultura em relação aos principais parâmetros do clima e de solo (Tabela 1), Desenvolveram o zoneamento pedoclimático para a cultura, no Nordeste do Brasil e Norte de Minas Gerais (Figura 1), considerando quatro classes de aptidão:


Aptidão Preferencial

Terras com alto potencial para cajucultura. Nesta classe estão compreendidas as áreas que não apresentam restrições de ordem climática e/ou pedológica para a cultura do cajueiro podendo apresentar altos rendimentos em escala comercial de áreas sem restrições de ordem climática porém com restrições ligeira a moderada de ordem pedológica para a cultura do cajueiro, podendo apresentar médios rendimentos em escala comercial de exploração.



Aptidão Regular

Terras de médio potencial para cajucultura. Esta classe compreende as áreas sem restrições de ordem climática porém com restrições ligeira a moderada de ordem pedológica para a cultura do cajueiro, podendo apresentar médios rendimentos em escala comercial de exploração.


Aptidão Marginal

Terras de baixo potencial para cajucultura. Nesta classe estão compreendidas áreas que apresentam restrições forte de ordem pedológica, para o cajueiro, apresentando baixos rendimentos em escala comercial de exploração.


Cultivo não indicado

Terras sem potencial para cajucultura. Esta classe compreende áreas que apresentam restrições muito fortes que inviabilizam o aproveitamento econômico para o cajueiro.

O trabalho foi elaborado para o nível de cultivo C, ou seja, aquele onde se considera a utilização de um nível mais alto de tecnologia.

Os dados do zoneamento foram processados pelo sistema geográfico de informações (SGI), usando-se o software ArcInfo, que gerou um mapa geocodificado na escala de 1:2.000.000, importante instrumento auxiliar no planejamento e na orientação da escolha de áreas para exploração da cajucultura. Não deve, porém, ser limitador no processo de seleção, pela possibilidade de se excluir manchas de terras aptas que não são identificadas na escala utilizada, mas que poderão ser detectadas em mapas de maior precisão.

O mapa, baseado nas exigências da cultura em relação aos principais parâmetros do clima e de solo (Tabela 1), mostra que o Nordeste detém 17,65% das terras com aptidão preferencial para a cultura do cajueiro, 11,57% aptidão regular e 22,33% aptidão marginal, sendo a maior parcela, 48,37%, é representada por áreas não indicadas para a exploração da cajucultura e 0,08% restante, áreas constituídas de aguadas (Tabela 2). Fonte: AGUIAR et al. (2000)

 
 

Figura 1. Mapa do zoneamento pedoclimático da cultura do cajueiro (Anacardium occidentale, L.) no Nordeste do Brasil e Norte de Minas Gerais. 

Legenda:Verde: Aptidão Preferencial
Marrom: Aptidão Regular
Laranja: Aptidão Marginal
Cinza: Não Indicado
Fonte: AGUIAR et al. (2000)

 

TABELA 2. Classes de aptidão pedoclimática com suas áreas e percentuais para o Nordeste do Brasil e Norte de Minas Gerais. Recife – PE, 1998.

 

Esses dados são indicativos, tanto para produtores como e, principalmente, para instituições de desenvolvimento, na análise e aprovação de projetos que visem a ampliação da cajucultura. É importante, no entanto, ressaltar que só permitem uma visão macro da situação, conseqüência da reduzida escala possível de ser utilizada no estudo.

 


Fonte consultada:

 AGUIAR, M. de J.N.; SOUSA NETO, N.C. de; BRAGA, C.C.; BRITO, J.I.B. de; SILVA, E.D.V.; SILVA, F.B.R.; BURGOS, N.; VAREJÃO-SILVA, M.A.; COSTA, C.A.R. da. Zoneamento pedoclimático para a cultura do cajueiro (Anacardium occidentale L.) no Nordeste do Brasil e Norte de Minas Gerais. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical / Recife: Embrapa Solos - ERP-NE, 2000. 30p. (Embrapa Agroindústria Tropical. Boletim de Pesquisa, 27). Também em CD ROM