Mercado

Conteúdo migrado na íntegra em: 20/12/2021

 

Na comercialização da produção de castanha de caju com a indústria de processamento predomina a venda indireta, em torno de 80%. Portanto, neste tipo de venda é marcante a presença de inúmeros intermediários. Os produtores que participam deste tipo de comercialização são predominantemente os pequenos, que são meros tomadores de preço.

Nas vendas diretas é excluída a participação de intermediários. Os produtores que praticam este tipo de comercialização são grandes e médios proprietários, que geralmente recebem privilégios comerciais relacionados a preços e a prazos de recebimento.

Um retrato do comércio mundial de castanha e amêndoa de caju pode ser visto nas Tabelas 1 e 2.

Observa-se que a Índia lidera a produção mundial de castanha de caju e as transações comerciais internas e externas. É importante destacar que, mesmo sendo o maior produtor mundial de castanha de caju, com participação de 25%, a sua produção não é suficiente para atender o mercado interno. Outra evidência da pujança do mercado interno indiano de ACC é o seu crescimento superior ao crescimento da produção mundial de castanha de caju.

No que diz respeito aos principais países importadores de amêndoa de castanha de caju (ACC) do Brasil (Tabela 3) destaca-se a grande concentração das exportações para os Estados Unidos, com participação de 68% no período de 2002 a 2008.

Conforme informações obtidas junto a empresários e em publicações especializadas como a Revista The Cracker, a Índia e o Vietnã exportam em torno de 40% das suas amêndoas de castanha de caju para os Estados Unidos. Portanto, esses países têm um mercado importador de ACC mais diversificado que o Brasil.

É importante ressaltar que os volumes e valores obtidos pelo Brasil no mercado de exportação de amêndoas no período 1999 a 2003 sinalizam dificuldades, principalmente relacionadas aos preços recebidos (Tabela 4). Entretanto, a ocorrência de câmbio favorável neutralizou parcialmente os impactos negativos da queda nos preços. O inverso ocorreu no período de 2003 a 2008, ou seja, a ocorrência de preços favoráveis foi neutralizada parcialmente pelo declínio da taxa de cambio.

O mercado de amêndoa de castanha de caju tem começado a explorar nichos como o comércio solidário junto a países desenvolvidos. Mediado por ONG’s ou outros mecanismos de organização dos produtores, buscam solidificar a experiência de processamento em pequena escala (minifábricas). A ampliação do mercado interno também se constitui num desafio, havendo para isso um espaço significativo para crescimento com produto de qualidade, buscando afastar o produto de baixa qualidade que, infelizmente, ainda compõe grande parte do mercado interno.

Quanto ao pedúnculo, as perspectivas são também promissoras. O suco de caju processado a quente (tradicional), perde grande parte dos seus atributos naturais e exige níveis elevados de conservantes e estabilizantes. Ao contrário, o suco processado a frio, mediante processos modernos como micro-filtração (mantendo as características naturais do produto) pode estabelecer um novo padrão para esse tipo de produto, notadamente no nicho de mercado pronto para beber. Não se descarta a possibilidade desse produto vir a fazer parte da matriz internacional de blends de sucos. Nesse caso, haveria uma grande elevação da demanda por matéria-prima (pedúnculo), proporcionando até o incremento de novos cultivos de materiais com menores índices de presença de taninos e com elevados teores de sólidos solúveis. A obtenção de xarope (suco concentrado, mercado de frutose) e a produção de farinha (pó do caju) colocam-se ao lado da produção de ração animal como outras possibilidades para valorização e utilização do pedúnculo, reduzindo o grande desperdício e vislumbrando um maior equilíbrio da receita dos produtores.

Tabela 1. Suprimento mundial em 2003 de matéria-prima (castanha de caju) e amêndoas de castanha de caju (ACC)

Fonte: CASHEW (2004)
 

Tabela 2. Suprimento mundial em 2007 de matéria-prima (castanha de caju) e amêndoas de castanha de caju (ACC)  

Fonte: CASHEW (2007)

 

Tabela 3. Principais países importadores de amêndoa de castanha de caju (ACC) do Brasil (em t)

Fonte: BRASIL (2009)

 

 Tabela 4. Volumes, valores e preços médios das exportações de amêndoa de castanha de caju brasileiras: 1999 a 2008

Fonte: BRASIL (2009).
IPEA: (2008)

 

Fontes consultadas:

 

CASHEW.  The  Craker, n.2, Apr., p.38, 2004

CASHEW.  The Craker,  n.3, Sep., p. 52,  2007.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. ALICEWeb. Exportação 1996-2008 - Amêndoas de castanha de caju. Disponível em: http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br/ Consultado em: 20 jan. 2009

IPEA. Ipeadata. Câmbio. Series. Taxa de câmbio - R$ / US$ - comercial - compra - média  R$. Periodiidade: anual. Disponível em: <http://www.ipeadata.gov.br/ipeaweb.dll/ipeadata?SessionID=1853362650&Tick=1254331143078&VAR_FUNCAO=Ser_Temas%28126%29&Mod=M > Consultado em: 30 nov. 2008