Hidratado

Conteúdo atualizado em: 23/02/2022

Autor

Carlos Eduardo Freitas Vian - Consultor autônomo

 

O álcool hidratado carburante possui 96% de álcool puro e 4% de água. Sua utilização no Brasil iniciou-se em 1979, com o lançamento dos carros a álcool, na segunda fase do Programa Nacional do Álcool (Proálcool). A produção deste tipo de veículo foi conseqüência de um acordo entre o governo e a indústria automobilística, cujo objetivo foi aumentar a demanda pelo álcool combustível.

Atualmente, o álcool hidratado compete com a gasolina devido a fatores, como: redução dos custos no setor, aumento do preço do barril de petróleo e diferenças de tributação entre a gasolina e o álcool.

O surgimento dos carros bicombustíveis ou flex fuel despertou o interesse de consumidores pelo álcool hidratado. Lançados em 2003, estes veículos operam com álcool hidratado e gasolina em qualquer proporção e já são líderes em vendas de veículos leves. A decisão na hora de optar pelo combustível - álcool ou gasolina - pode ser baseada em seus preços. A Figura 1 ilustra a variação dos preços do álcool, da gasolina e do gás natural veicular (GNV), entre janeiro de 2002 e julho de 2005.

Figura 1. Variação de preços dos combustíveis - 2001 A 2006.
Fonte: Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (2007).


A competitividade do álcool hidratado e a expansão das vendas de veículos bicombustíveis contribuem para o aumento do consumo do combustível, o que exerce pressões sobre seu preço.

Em 1989, o consumo de álcool hidratado no Brasil foi de 11 bilhões de litros e, nos anos posteriores, houve queda devido à crise de desabastecimento ocorrida neste ano, o que abalou a confiança do consumidor em relação aos carros movidos a álcool puro. A falta do combustível nos postos afetou as vendas de veículos a álcool que, em 1985, representavam 92% das vendas totais de automóveis leves, passando para 0,5% em 1996. Em 2004, o consumo de álcool hidratado foi de 4,8 bilhões de litros e de anidro, 7,4 bilhões de litros. A Figura 2 mostra a evolução do consumo de álcool anidro e hidratado, entre 1989 e 2003.

Figura 2. Consumo de álcool anidro x álcool hidratado no Brasil - 1989 a 2008.  
Fonte: Brasil. Ministério de Minas e Energia (2005); Brasil. Ministério de Minas e Energia (2009); Brasil. Ministério da Agricultura, Pecúaria e Abastecimento (2007).


O uso do álcool hidratado por outros países poderia definir a segunda fase da utilização do álcool automotivo no cenário internacional, assim como ocorreu no Brasil. Na primeira fase do Proálcool, foi utilizado álcool anidro e, na segunda fase, álcool hidratado.

O cenário atual é extremamente promissor para o aumento da produção e do consumo mundial de álcool hidratado, devido, sobretudo, à preocupações climáticas e econômicas, já que o combustível é substituto direto da gasolina, derivada do petróleo.


Fontes consultadas:

AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS (Brasil). Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis 2008. Disponivel em http://www.anp.gov.br/conheca/anuario_2008.asp. Acesso em 5 abr. 2008.

BRASIL. Ministério da AGricultura, Pecuária e Abastecimento. Balanço Nacional da Cana-de-açúcar e Agroenergia 2007. Edição especial. Disponivel em: <http://www.agricultura.gov.br/pls/portal/url/ITEM/37CDC542C9F7CE62E040A8C075021093> . Acesso em 9 set. 2009

BRASIL. Ministério de Minas e Energia. BEN - Balanço Energético Nacional. 2005. Disponivel em: <http://www.mme.gov.br/programs_display.do?chn=8824>. Acesso em:  15 jul. 2008.

BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Boletim mensal dos combutíveis renováveis. Ed. n. 18 - jun/2009. Disponivel em: <http://www.mme.gov.br/spg/galerias/arquivos/publicacoes/boletim_mensal_combustiveis_renovaveis/Boletim_DCR_nx_018_-_junho_de_2009.pdf>. Acesso em:  9 set. 2009.