Impactos socioeconomicos

Conteúdo atualizado em: 21/02/2022

Autor

Carlos Eduardo Freitas Vian - Consultor autônomo

 

Emprego 
 
Com a proibição da queimada da cana e a conseqüente mecanização da atividade de colheita da cana-de-açúcar, são esperadas mudanças na estrutura de ocupação de mão-de-obra do setor sucroalcooleiro.
 
A atividade de corte manual de cana é a que mais emprega trabalhadores de todo o setor. Estima-se que, com a introdução da colheita mecanizada, cerca de 420 mil trabalhadores rurais perderão seus empregos; sendo que cerca de 190 mil somente no Estado de São Paulo (Tabela 1). 
 

Com o aumento da eficiência de colheita e dos avanços tecnológicos e o lançamento de novas variedades de cana, ocorrerá um aumento na produção de açúcar e álcool, e, conseqüentemente, um maior número de empregos na área industrial da cana-de-açúcar, estimados em 171 mil diretos e 250 mil indiretos para o ano de 2015.

 

A abertura de vagas na área industrial, teoricamente, poderá suplantar as demissões na área agrícola do setor sucroalcooleiro, evitando o desemprego em massa. Há, porém, a barreira da qualificação profissional dos cortadores de cana frente às exigências para se trabalhar na indústria. Isto se expressa pela baixa escolaridade e pouca qualificação para atuar com os equipamentos industriais, entre outros fatores.

Mudança das atividades agrícolas

 

Com a proibição da queimada da cana até 2031 em áreas com declividade superior a 12%, no Estado de São Paulo, o cultivo de cana-de-açúcar nessas áreas mais íngremes se tornará inapto e, com isso, tais locais poderão ser ocupados com outras atividades agrícolas, como fruticultura, gado, laranja, café e culturas alimentares.

A produção de cana nas áreas inaptas será transferida para o Oeste Paulista ou para os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Minas Gerais e para a região Nordeste. Nessas regiões irão ocorrer, ainda, mudanças de atividade agrícola, desencadeando alterações no setor agrário como um todo, o que afetará, também, o segmento industrial, sobretudo nos setores de máquinas e implementos e de insumos agrícolas.

A Região Oeste Paulista, conhecida como produtora tradicional de carne e leite, durante os anos de 2003 e 2005 teve uma redução significativa na produção pecuária, com reflexos negativos nas atividades dos laticínios e frigoríficos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os criadores de gado do Oeste Paulista, provavelmente, estariam vendendo ou arrendando suas terras para os produtores de cana, e migrando parcela da produção pecuária para outras regiões. Isso, em parte, justificaria o aumento do número de cabeças de gado na Região Norte do País.

Tabela 1 - Estimativa da redução de empregados nos setores de cana-de-açúcar, álcool e açúcar no Estado de São Paulo.

 

Fonte consultada: MORAES, M. A. F. D. de. O mercado de trabalho da agroindústria canavieira: desafios e oportunidades. Econ. Aplic., São Paulo,  v. 11, n.4, p. 605-619, out./dez. 2007.