Zoneamento agrícola

Conteúdo atualizado em: 21/02/2022

Autor

Fábio Ricardo Marin - Consultor autônomo

 

O zoneamento agrícola tem por objetivo identificar e classificar zonas homogêneas quanto às condições para o desenvolvimento de determinada atividade, com vistas ao incremento da produtividade e da renda agrícola em bases sustentáveis. Existem dois tipos principais: zoneamento de aptidão climática e zoneamento agrícola de risco climático. O primeiro utiliza-se das variáveis solo, clima e planta e seu objetivo é mostrar o potencial produtivo de uma cultura em uma determinada região. O segundo, além de analisar estas três variáveis, utiliza-se de funções estatísticas com o objetivo de quantificar o risco de perda das lavouras, devido à ocorrência de eventos climáticos adversos, sobretudo a seca.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) adotou o zoneamento de risco climático como ferramenta orientadora da política agrícola para o Governo Federal nas questões de crédito e seguro agrícola, desde 1995. O zoneamento identifica as melhores épocas de plantio para as culturas, de acordo com o tipo de solo, para cada município brasileiro, assim como apresenta recomendações de cultivares.

O Mapa divulga, anualmente, por meio de portarias, o zoneamento agrícola para a safra, indicando os municípios que podem contar com apoio financeiro para a execução da safra. Em contrapartida, nos municípios ou épocas não recomendadas devido ao alto risco de perda, o produtor não poderá obter crédito de custeio ou seguro agrícola junto às insituições bancárias que operam os recursos do Governo.

Entre os principais resultados alcançados pelo Programa de Zoneamento Agrícola do Mapa, destacam-se:

  • redução das perdas de produção agrícola devido a eventos climáticos;
  • retorno do capital aplicado em operações de crédito agrícola;
  • diminuição de indenizações pagas pelo Proagro e por seguradoras privadas.

Zoneamento agrícola da cana-de-açúcar

O zoneamento da cana-de-açúcar ainda não conta com portaria publicada, como já ocorre em outras  culturas. Contudo, o Mapa vem discutindo com outros Ministérios e organizações da sociedade civil a importância de se contar com um estudo que oriente a produção e a expansão canavieira no Brasil. As bases técnicas deste zoneamento já foram definidas e sua execução vem sendo realizada por um conjunto de instituições e universidades públicas federais e estaduais sob a coordenação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Além de apontar as áreas com melhores condições para a produção de cana-de-açúcar, este trabalho também leva em conta os aspectos ambientais e sociais, restringindo a expansão da cana para áreas ambientalmente sensíveis ou para locais onde a colheita não possa ser feita de modo mecanizado.