Melhoramento genético

Conteúdo atualizado em: 22/02/2022

Autor

Raffaella Rossetto - Consultora autônoma

 

O melhoramento genético da cana-de-açúcar é realizado, basicamente, para desenvolver variedades mais produtivas e com maior tolerância ao estresse hídrico, maior resistência às pragas e doenças e melhor adaptação à colheita mecanizada. Os órgãos de pesquisa que desenvolvem programas de melhoramento genético da cana utilizam, geralmente, conhecimentos das áreas de biotecnologia (Figura 1), ciências do solo, nutrição de plantas, climatologia, fisiologia, fitopatologia, entomologia, economia e outras.

Foto: Raffaella Rossetto.
Figura 1. Produção de mudas em laboratório.

 

A maioria das características da cana-de-açúcar são herdadas de forma aditiva. Por exemplo, o cruzamento de duas variedades altas deve resultar numa variedade ainda mais alta. Porém, existe uma importante exceção que é a característica para a produtividade, em que as variâncias genéticas aditiva e não-aditiva parecem estar em igual grau de importância. Isso vem sendo o principal desafio nas pesquisas de melhoramento genético da cana-de-açúcar.

Outra questão bastante relevante em relação ao melhoramento genético da cana é a avaliação de novas variedades quanto à adaptação a diferentes ambientes. Isso é importante para a recomendação das melhores variedades para as regiões mais aptas. Como a cana-de-açúcar é originária de baixas latitudes - regiões tropicais, próximas ao Equador - seu florescimento ocorre apenas com temperaturas altas e elevada umidade. Por isso, os principais programas de melhoramento genético da cana-de-açúcar do Brasil possuem estações experimentais no Nordeste.

A Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro (Ridesa) possui a estação de pesquisa Serra do Ouro no município de Murici, AL. A unidade está na latitude 9º 13 S, a 500 metros de altitude, onde a pluviosidade média é de pelo menos dois mil milímetros anuais e as temperaturas médias, de 19,5 a 26,5º C (Celsius).

Essas condições tornam o local muito propício para o florescimento da maioria das variedades de cana-de-açúcar e, também, para a boa fertilidade do pólen. As mudas de cana são plantadas em campos experimentais das unidades de pesquisa. A partir da terceira fase de seleção (T3), as mudas são plantadas em áreas experimentais das usinas conveniadas, nos diversos ambientes de produção, conforme pode ser observado na Figura 2.

Figura 2. Fluxograma de programa de melhoramento genético da cana-de-açúcar.
Legenda: T1 = primeira fase de seleção; T2 = segunda fase de seleção; T3 = terceira fase de seleção; FE = fase experimental; FM = fase de
multiplicação; CM = curva de maturação; CCA = Centro de Ciências Agrárias; EVA = Estação Experimental de Valparaíso; CAR = Carvão;
CBP = complexo broca-podridão; ESC = escaldadura-das-folhas; ESV = estrias-vermelhas; FER = ferrugem; MOS = mosaico; NEM = Nematóides;
RAQ = raquitismo-da-soqueira.
Fonte: Universidade Federal de São Carlos. Centro de Ciências Agrárias (2008).

 

 

Fonte consultada:
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS. Centro de Ciências Agrárias. Programa de Melhoramento Genético da Cana-de-açúcar. PMGCA. Disponível em: <http://pmgca.dbv.cca.ufscar.br>. Acesso em: 5 ago. 2008.