Cana
Diagnose visual
Autores
Raffaella Rossetto - Consultora autônoma
Antonio Dias Santiago - Embrapa Tabuleiros Costeiros
A diagnose visual é uma importante ferramenta para avaliar os sintomas de deficiência ou toxidez de um elemento pela aparência da planta, sobretudo, pela coloração de suas folhas. Conhecer a área onde se pretende cultivar e observar sintomas de deficiência ou toxidez podem fornecer grandes indicativos para correções da adubação e, principalmente, para a adubação do próximo ciclo da cana.
A identificação dos sintomas de deficiência e excesso requer grande prática do técnico, já que os sintomas podem ser confundidos com doenças, ataque de pragas ou influência do clima. No caso da cana, uma vez detectada a deficiência por apresentação de sintomas, a correção nem sempre é possível. A cana pode estar muito alta, dificultando a entrada do trator para uma nova adubação. Outra operação no canavial significa também um gasto muito alto. Portanto, a diagnose visual tem maior importância para a adubação do ano subseqüente. Sintomas de deficiências e toxidez ocorrem de forma homogênea no talhão. Em geral, ocorrem em todas as plantas de cana que estão naquele solo ou naquela faixa de topografia do solo.
De acordo com a fisiologia vegetal e a mobilidade dos nutrientes dentro da planta, deve-se observar se os sintomas ocorrem nas folhas velhas ou novas, de forma que é possível elaborar chaves de diagnose visual, como mostra a Tabela 1.
Tabela 1. Chave para identificação de deficiências e toxidez. |
Descrição dos sintomas de deficiência
Nitrogênio (N)
A deficiência de nitrogênio causa efeitos generalizados sobre toda a planta, com definhamento das folhas mais velhas. As lâminas foliares ficam uniformemente verde-claras a amarelas e os colmos ficam mais curtos e finos. Há atraso no desenvolvimento vegetativo e as pontas e margens das folhas mais velhas tornam-se necróticas (secam) prematuramente.
Foto: IPNI Brasil. |
Figura 1. Deficiência de nitrogênio. |
Fósforo (P)
Com a falta de fósforo, as folhas velhas apresentam-se com tons avermelhados nas pontas e margens das folhas expostas ao sol. Ocorre, ainda, uma diminuição no seu tamanho. Os colmos ficam menores e finos e há diminuição do perfilhamento da planta (Figura 2).
Foto: Raffaella Rossetto. |
Figura 2. Deficiência severa de fósforo mostrando folhas estreitas e arroxeadas. |
Potássio (K)
Os sintomas da deficiência têm início nas folhas velhas, que apresentam-se amarelo-alaranjadas, sendo que podem se tornar totalmente marrons. Essa clorose evolui para necrose, deixando as folhas com aspecto de queimadas. Ocorre, também, afinamento dos colmos e a nervura principal apresenta manchas de coloração avermelhada. Um sintoma de deficiência de potássio que ocorre no final do ciclo é o ponteiro em forma de leque, conhecido como “topo de penca” (Figura 3).
Foto: Raffaella Rossetto. |
Figura 3. Deficiência de potássio em final de ciclo apresentando colmos finos e topo em forma de leque. |
Cálcio (Ca)
Os sintomas de carência de cálcio ocorrem em folhas novas, que ficam esbranquiçadas e enrolam para baixo, formando um gancho (Figura 4). As folhas mais velhas podem ficar com aspecto enferrujado. Quando a deficiência fica mais aguda, nota-se um afinamento e amolecimento dos colmos.
Foto: IPNI Brasil |
Figura 4. Deficiência de cálcio. |
Foto: Hasime Tokeshi. |
Figura 5. Deficiência de magnésio nas folhas. |
Enxofre (S)
O sintoma de deficiência de enxofre é evidenciado nas folhas novas, que apesentam clorose generalizada, diminuição do tamanho das folhas e colmos muito finos (Figura 6).
Foto: IPNI Brasil. |
Figura 6. Deficiência de enxofre. |
Foto: Raffaella Rossetto. |
Figura 7. Deficiência de boro. |
Cobre (Cu)
A deficiência de cobre leva à ocorrência de clorose em folhas novas na forma de “ilhas” ou manchas verde escuras. As touceiras não conseguem se sustentar (touceira amassada) e os tecidos foliares perdem turgidez, fazendo com que as folhas fiquem caídas (sintoma de topo caído) (Figura 8).
Foto: IPNI Brasil. |
Figura 8. Deficiência de cobre. |
Manganês (Mn)
A falta de manganês faz com que as folhas novas apresentem clorose entre as nervuras, da ponta até o meio da folha, que evoluem para necroses. Com o vento, ocorre o desfiamento das folhas (Figura 9).
Foto: Hasime Tokeshi. |
Figura 9. Deficiência de mangânes nas folhas. |
Zinco (Zn)
Foto: IPNI Brasil. |
Figura 10. Deficiência de zinco nas folhas. |
Foto: Raffaella Rossetto. |
Figura 11. Sintomas de deficiência de ferro. |