Doenças viróticas

Conteúdo atualizado em: 22/02/2022

Autores

Antonio Dias Santiago - Embrapa Tabuleiros Costeiros

Raffaella Rossetto - Consultora autônoma

 

Doenças causadas por vírus

Mosaico (Vírus do mosaico da cana-de-açúcar) 

A doença conhecida como mosaico possui registros de ocorrência já no início do século XX. Os países produtores, nesta época, incluindo o Brasil, cultivavam variedades de cana conhecidas como nobres (Saccharum officinarum), que eram altamente suscetíveis ao mosaico, registrando grandes perdas. Com o avanço dos programas de melhoramento genético e a hibridação surgiram novas variedades, resistentes ao vírus.

O agente causador da doença é o vírus do mosaico da cana-de-açúcar. Existem descritas, até o momento, 14 linhagens diferentes deste vírus, definidas por letras de A a N, sendo que no Brasil a mais comum é a linhagem B. A intensidade da infecção, grau dos sintomas e perdas variam entre estas linhagens.

Os sintomas da infecção pelo vírus do mosaico apresentam-se nas folhas, na forma de áreas com intensidades contrastantes de verde (Figura 1).

Foto: Hasime Tokeshi.
Figura 1. Sintomas de mosaico nas folhas.


Na maioria dos casos aparecem áreas de verde muito intenso cercadas por áreas de um verde mais claro, ou até mesmo cloróticas, sendo que estas são mais evidentes na base das folhas e nas lâminas foliares. Em um grau mais avançado a doença pode tornar as folhas avermelhadas e até provocar necrose. A transmissão natural do vírus se dá por meio de pulgões, sendo estes os vetores da doença. Pulgões que possuem o vírus no organismo transmitem-no para uma nova planta ao picarem sua folha. Outra forma importante de disseminação é a utilização de mudas de canas infectadas, seja para a formação de viveiros ou canaviais comerciais.

O método mais eficaz para controlar o mosaico é a utilização de variedades resistentes. Aplicação de inseticidas para controle de pulgão não apresenta nenhuma eficiência. Quando o nível de infecção no canavial é baixo a prática do roguing (retirada de plantas doentes) é muito utilizada.

Vírus do amarelecimento foliar da cana-de-açúcar

A ocorrência do “amarelinho”, também conhecido como vírus do amarelecimento foliar da cana-de-açúcar, foi relatada pela primeira vez em 1989. Em 1993, essa doença foi considerada de caráter epidêmico em lavouras no Estado de São Paulo, com perdas de até 50% da lavoura. O vírus é transmitido pela espécie de afídeo (pulgão) Melanaphys sacchari.

As plantas afetadas apresentam amarelecimento da nervura central das folhas na face inferior, seguido do limbo foliar. Folhas mais velhas, sexta ou sétima a partir do ápice, apresentam uma coloração vermelha na face superior da nervura central. Posteriormente, uma perda de pigmentação distribui-se pelo limbo foliar, progredindo da ponta para a base, sendo eventualmente seguida pela necrose do tecido (Figuras 2 e 3).

 

Foto: J. C. Comstock; R. A. Gilbert - University of Florida/IFAS Extension.
 

Figura 2. Canavial com sintomas do vírus do amarelecimento foliar.

 

Foto: J. C. Comstock; R. A. Gilbert - University of Florida/IFAS Extension.

Figura 3. Planta com sintoma do vírus do
amarelecimento foliar.                                         

As raízes e colmos mostram crescimento reduzido e, conseqüentemente, a produção é muito prejudicada. Como não apresenta sintomas específicos, pode ser confundida com deficiência nutricional, compactação do solo ou outros problemas. Os métodos de controle mais eficazes são o uso de variedades resistentes ou tolerantes e o rouguing.