Pragas nas folhas

Conteúdo atualizado em: 22/02/2022

Autores

Antonio Dias Santiago - Embrapa Tabuleiros Costeiros

Raffaella Rossetto - Consultora autônoma

 

Lagarta-do-cartucho - Spodoptera frugiperda

A lagarta-do-cartucho, também conhecida como lagarta-militar, ataca as folhas até sua completa destruição. Após 30 dias, a larva mede cerca de cinco centímetros de comprimento, com coloração cinza-escuro a marrom e uma faixa dorsal com pontos pretos (Figura 1). Nesta espécie, é muito comum o canibalismo, quando as lagartas estão agrupadas. No fim do período larval, a lagarta penetra no solo, onde se transforma em pupa. Na fase adulta é uma mariposa de asas anteriores pardo-escuras e asas posteriores cinza-claras (Figura 2). Ela põe até dois mil ovos na face superior das folhas.

Foto: Heraldo Negri. Foto: Heraldo Negri.
Figura 1. Lagarta Spodoptera frugiperda. Figura 2. Adulto de Spodoptera frugiperda.


A lagarta-do-cartucho é desfolhadora e os danos causados por ela são maiores nos primeiros 90 dias da cultura, ou seja, na fase da cana-planta. Os métodos de controle da praga são:


Controle biológico

A lagarta-do-cartucho pode ser controlada pelos agentes biológicos:  

  • Doru luteipes, a tesourinha, é um predador natural: ela ataca a lagarta;
  • Trichogramma spp. e Telenomus sp. são parasitóides de ovos: as vespas colocam seus ovos no interior dos ovos da praga;
  • Chelonus insularis e Campoletis flavicincta são parasitóides de lagartas pequenas: as vespas põem seus ovos no interior das lagartas.


Controle químico

Antes de qualquer aplicação de inseticida é necessário realizar o levantamento da população da praga. Deve-se examinar cinco plantas por ponto em dez pontos por hectare. O controle deverá ser realizado se 50% da área estiver desfolhada, ou seja, se houver duas lagartas (menores que 1,5 centímetros) por planta.

Os produtos recomendados para o controle são: fosforados, clorofosforados, carbamatos e piretróides, entre outros. Para mariposas pode ser usada, também, isca preparada com um quilo de melaço, dez litros de água e 25 gramas de metomil. A mistura deve ser pulverizada na base de meio litro em 15 metros lineares de cana, a cada 50 metros.

Curuquerê-dos-capinzais - Mocis latipes

As lagartas recém nascidas alimentam-se da parte mais mole das folhas e ficam na face inferior, o que torna difícil sua visualização. Quando elas estão desenvolvidas medem quatro centímetros e têm coloração amarelada, com estrias longitudinais castanho-escuras (Figura 3). As curuquerês-dos-capinzais são facilmente reconhecíveis, pois andam como se estivessem medindo palmo. Os casulos das pupas podem estar nas folhas secas ou sobre o solo.

Já os adultos são mariposas de coloração pardo-acinzentada (Figura 4). A fêmea põe ovos na face superior da folha, sendo que esta praga pode desenvolver quatro gerações por ano.

Foto:  Heraldo Negri. Foto:  Heraldo Negri.
Fig. 3. Lagarta de Mocis latipes. Fig. 4. Adulto de Mocis latipes.


Esta praga se manifesta de maneira cíclica. Quando ocorrem surtos, ela pode destruir totalmente a folhagem não só da cana, mas de várias outras gramíneas (Figura 5).

Foto: Paulo Botelho.
Figura 5. Danos causados por lagartas desfolhadoras.


O controle da curuquerê-dos-capinzais é difícil, pois ela pode migrar para outras áreas, como pastagens, por exemplo. O controle químico pode ser feito da seguinte maneira:

  • para as ninfas, recomenda-se o uso de thiamethoxam ou carbofuran granulados, aplicados de um dos lados da touceira;
  • para adultos, recomenda-se a aplicação de um inseticida seletivo que não atinja inimigos naturais da cigarrinha, como carbaril, triclorfon e malation.

O controle biológico pode ser feito com Bacillus thuringiensis, na base de um quilo do produto por hectare, quando as lagartas estiverem pequenas. Este é um inseticida microbiano seletivo e não-tóxico.


Pulgões - Rhopalosiphum maidis

                Melanaphis sacchari


Estes insetos-praga introduzem o aparelho bucal nas folhas e sugam sua seiva. Eles se reproduzem por partenogênese telítoca, ou seja, sem a intervenção do macho. Os insetos medem cerca de 1,5 milímetros e podem ou não ter asas (Figuras 6 e 7).

Foto:  Paulo Botelho. Foto:  Paulo Botelho.
Figura 6. Forma alada de pulgão. Figura 7. Forma áptera de pulgão. 


Rhopalosiphum maidis tem a coloração verde-azulada e é vetor do vírus do mosaico. Já Melanaphis sacchari é verde-amarelo e possui hábitos semelhantes à Rhopalosiphum maidis. Ele é vetor da doença do amarelinho.

Os prejuízos diretos causados por estas pragas são: enrolamento das folhas e atrofia dos brotos novos. Os danos provocados pela sucção das folhas não são tão importantes, pois geralmente a planta é resistente. O maior prejuízo é a transmissão do mosaico, uma das principais doenças da lavoura canavieira.

O controle é basicamente cultural, com a eliminação de touceiras doentes. Atualmente, as variedades de cana disponíveis são resistentes ao mosaico e ao amarelinho. 

 

Cigarrinha-da-folha - Mahanarva posticata

O macho tem coloração marrom-avermelhada e apresenta duas manchas vermelhas na ponta das asas. A fêmea é mais escura e põe ovos nos tecidos da planta, como na bainha, por exemplo. As ninfas ficam envoltas por uma espuma branca, como a da cigarrinha-da-raiz, mas alojadas na bainha das folhas.

Os prejuízos causados pela cigarrinha-da-folha são:

  • queima das folhas: as folhas apresentam estrias longitudinais de coloração amarelada e pontas enroladas, que dão a impressão de requeima (morte repentina de órgãos aéreos) por falta d´água;
  • colmos com espaço pequeno entre nós, com aparência de palmeira;
  • perda de até 17% de açúcar, no Nordeste.

Os métodos de controle da cigarrinha-da-folha são:

Controle cultural

O plantio direto deve ser evitado em áreas com histórico de infestações. A destruição mecânica da palhada, durante o preparo do solo, é uma forma eficaz de reduzir o número de ovos.
A retirada total da palha deixa o solo exposto e cria um ambiente desfavorável aos ovos, que entram em diapausa (parada prolongada do desenvolvimento).

O uso de variedades resistentes é essencial em locais favoráveis à praga. A variedade SP79-1011 é menos suscetível que RB72454, SP81-3250, SP80-1842, entre outras.

Controle biológico

A cigarrinha-da-folha pode ser controlada pela aplicação de Metarhizium anisopliae, também chamado de fungo-verde, na dose mínima de 200 gramas por hectare de fungo puro. Ele atinge ninfas e adultos. As aplicações devem ser feitas com o uso de 250 litros de água por hectare. Algumas condições são indispensáveis para o sucesso na aplicação do fungo, como:

  • umidade elevada seguida de veranico;
  • temperatura entre 25°C e 27°C;
  • qualidade do fungo;
  • aplicação, à tarde ou à noite, em locais de alta infestação.

Controle químico

  • para as ninfas, recomenda-se o uso dos inseticidas thiamethoxam ou carbofuran granulados, aplicados de um dos lados da touceira;
  • para adultos, recomenda-se a aplicação de um inseticida seletivo que não atinja inimigos naturais da cigarrinha: carbaril, triclorfon, malation, entre outros.