Castanha do Brasil
Usos potenciais
Autores
Luiza de Marillac Pompeu Gonçalves Braga - Embrapa Amazônia Oriental
Joana Maria Leite de Souza - Embrapa Acre
O extrativismo da castanha-do-brasil, conforme alguns autores sugerem, será sustentável por mais algumas décadas. Diante deste realidade, instituições de pesquisa e ensino, setores de desenvolvimento e comunidades de base realizam esforços para definir técnicas e práticas de manejo em toda a cadeia produtiva como forma de garantir a sustentação de milhares de famílias que vivem em "colocações" e dependem da renda gerada pela extração da amêndoa.
A Colocação, ou Centro, é uma denominação regional que define o local onde o extrativista reside com a família (Figura 1), isolado na floresta ou em aglomerados sociais formados por pais, irmãos, filhos e netos. Geralmente nestes locais existe um grande armazém onde as castanhas podem ser manejadas e permanecem estocadas até o momento de serem transferidas para a unidade de beneficiamento.
O extrativista utiliza seu produto como moeda de troca em escolas de ensino fundamental (de 1ª a 4ª série), posto de saúde e comércio, onde adquire gêneros alimentícios, utensílios de trabalhos e combustível.
Foto: Joana Souza
Figura 1. Extrativista na Colocação
O homem da floresta desenvolveu uma adaptação natural frente às adversidades do ambiente, e sabiamente consegue adaptar-se às situações mais difícieis, desde os hábitos alimentares aos artigos de decoração, moradia e vestimentas (Figura 2). Desta forma, encontra na própria floresta fonte de inspiração e de sobrevivência, quando, por exemplo, utiliza os resíduos da quebra dos ouriços para alimentar o fogão a lenha da família ou usa as fibras das árvores para manufaturar utensílios de trabalho, como os paneiros ou jamaxis (Figura 3) e até mesmo ao macerar ou ralar a castanha em uma lata perfurada de pregos, denominada ralo, para obter torta integral de castanhas.
A essa torta adiciona certa quantidade de água potável e obtém o leite da castanha, utilizado para preparar alimentos exóticos como tatu, jabuti, peixe, cuscuz ou "pão de milho.
Foto: Hugo Kern
Figura 2. Artefatos manufaturados com resíduos da quebra dos ouriços
Foto: Evandro Orfanó
Figura 3. Paneiro ou Jamaxi
Com a necessidade e apelo de sustentabilidade socioambiental e econômica, os artesãos descobriram que os produtos florestais não-madeireiros são excelentes matérias-primas para suas artes (Figura 4) e instrumentos músicais (Figura 5).
Podem ser confeccionados desde objetos de decoração a biojóias (como são chamadas as peças de adorno fabricadas com sementes de açai, jarina, tucumã,cascas de castanhas, fios e fibras naturais) entre muitos outros.
Foto: Hugo Kern
Figura 4. Artefatos manufaturados com o ouriço da castanha
Foto: Joana Souza
Figura 5. Crianças aprendem música utilizando os ouriços como instrumento musical