Planta

Conteúdo atualizado em: 15/02/2022

Autor

Valter Rodrigues de Oliveira

 

As folhas da cebola são constituídas pela bainha (parte basal) e pelo limbo (parte superior). As bainhas das folhas exteriores (mais velhas) são coriáceas e brilhantes e formam as escamas ou cascas da cebola. Atuam como protetoras das bainhas das folhas mais internas e dos primórdios foliares que se sobrepõe e acumulam substâncias de reserva na base, formando o bulbo (Figura 1). As folhas são cobertas por uma camada cerosa variável, que confere proteção a doenças foliares e à deposição de herbicidas.

Foto: Valter R. Oliveira

Planta de cebola 

Figura 1. Plantas de cebola em fase de bulbificação

 

O caule é de formato de disco com entrenós muito curtos, constitui a base do bulbo e localiza-se abaixo do nível do solo. O sistema radicular é do tipo fasciculado, formado por raízes adventícias finas e bem providas de pêlos radiculares no terço médio inferior. As raízes são continuamente produzidas ao redor do caule durante o ciclo vegetativo e quando novas raízes são produzidas, as raízes velhas próximas ao centro do caule morrem. Em geral, 90% das raízes de cebola concentram-se nos primeiros 40 cm de profundidade e apenas 2-3% ocorrem abaixo de 60 cm.

 

Fenologia

As sementes de cebola, de modo geral, demoram mais tempo para germinar e emergir do que a maioria das espécies hortaliças. Após a emergência, a fase de plântulas é caracterizada também por crescimento relativamente lento, quando novas folhas e raízes são continuamente produzidas. Completada esta fase, inicia-se a fase adulta ou de planta, caracterizada como de crescimento relativamente rápido das folhas, onde novas folhas continuam sendo produzidas até o início da bulbificação.

Iniciada a fase de crescimento de bulbo, há paralisação do crescimento das folhas que já possuem limbo, continuando o crescimento apenas da base das folhas sem limbo e que estão localizadas mais internamente às folhas mais antigas, tornando-se o pseudocaule oco. Por isso, o tamanho do bulbo na colheita é bastante influenciado pelo tamanho e pelo número de folhas na planta.

À medida que novas folhas são produzidas, as folhas mais velhas morrem, de modo que, três a quatro folhas secam e desaparecem ou suas bases permanecem como membranas coriáceas quando os bulbos amadurecem.

Completado o crescimento dos bulbos o pseudocaule (“pescoço”) amolece e as folhas tombam, o que é comumente chamado de “estalo”, indicando maturação. Entretanto, bulbos continuam a ganhar massa mesmo após o tombamento da parte aérea, pois as substâncias remanescentes no limbo foliar continuam sendo translocadas para os bulbos até as folhas secarem completamente.

No esquema que se segue (Figura 2) estão representadas as fases de crescimento vegetativo da cebola. Os números referem-se ao número aproximado de dias do semeio, considerando cultivares com ciclo vegetativo em torno de 135 dias.

 

 Crescimento vegetativo da cebola

Figura 2. Fases de crescimento vegetativo da cebola

Fonte: UPOV. Guidelines for conduct of test for distinctness, uniformity and stability of Allium cepa and Allium ascalonicum. Genebra: UPOV, 1999. 40 p.

 

Na Figura 3 está representado o acúmulo de matéria seca pela “Alfa Tropical”, cultivar de cebola do tipo “Baia Periforme” adaptada às condições de verão das regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. O crescimento da “Alfa Tropical” é lento nos primeiros 74 dias, acumulando cerca de 10% da matéria seca ao final deste período. O crescimento dos bulbos é acelerado nos últimos 30 dias do ciclo, quando o acúmulo de matéria seca aproximadamente quadruplica.

Cultivar Alfa Tropical - matéria seca

Figura 3. Acúmulo de matéria seca pela cultivar de cebola Alfa Tropical, com ciclo de 130 dias, em função da idade da planta

Fonte: VIDIGAL, S. M.; PEREIRA, P. R. G.; PACHECO, D. D. Nutrição mineral e adubação da cebola. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 23, n. 218, p. 36-50, 2002.

 

Tipos de cebola

Em termos de uso, as cebolas podem ser divididas em três tipos principais: (1) para consumo de bulbos cozidos ou para “armazenamento”; (2) para consumo de bulbos crus ou para “salada”; (3) para processamento.

  1. Para armazenamento – são cebolas geralmente menores, mais firmes e mais pungentes, e possuem em geral escamas protetoras bem aderidas, resistência alta a doenças de pós-colheita e longo período de dormência, resistindo a vários meses de armazenamento. Devido ao seu sabor pungente, são usadas, principalmente, para dar sabor a alimentos cozidos. Os programas de melhoramento de cebola no Brasil tradicionalmente têm concentrado esforços no desenvolvimento de cultivares para este fim.

  2. Para salada - são cebolas geralmente maiores, mais macias, mais “adocicadas”, de sabor suave, de textura crocante e preferencialmente de centro único. Possuem período de comercialização curto devido ao período de colheita e de vida pós-colheita curtos. Pelas suas características, são preferidas para serem consumidas em saladas. De modo geral, cebolas suaves e doces são aquelas que possuem menos que 4 μmol de ácido pirúvico/g de massa fresca e pelo menos 6% de açúcar.
     
  3. Para processamento – são cebolas com teor alto de matéria seca, pungência alta, teor baixo de açúcares redutores, polpa e escamas brancas. São características importantes para se ter alto rendimento industrial de um produto de alta qualidade. São cebolas utilizadas pelas indústrias de processamento para a produção de pasta de cebola, cebolas desidratadas e cebolas em conserva, além de outros produtos.