Equipamentos

Conteúdo atualizado em: 15/02/2022

Autor

Nuno Rodrigo Madeira - Embrapa Hortaliças

 

Para o cultivo de cebola, diversos equipamentos são utilizados desde o pré-plantio, no preparo de solo, até a pós-colheita, na classificação e embalagem.

No caso do preparo de solo pelo sistema convencional, implementos comuns ao preparo de solos dos mais variados cultivos são necessários, tais como arado ou grade aradora, grade niveladora, sulcador ou encanteirador e possivelmente subsolador, devendo-se certamente considerar o uso de trator adequado aos implementos que serão utilizados, especialmente com relação à necessidade de potência exigida por estes. No caso de semeadura em linhas duplas, usada principalmente no sistema convencional, é comum realizar a adubação previamente ao semeio (Figura 1) com incorporação do adubo em área total.

Foto: Nuno Rodrigo Madeira

Distribuidora de adubo

Figura 1. Distribuidora de adubo

 

Para semeadura utilizam-se semeadoras com distribuição de sementes mecânica ou penumática (Figura 2).

Foto: Nuno Rodrigo Madeira

Semeadora pneumática a vácuo para seis linhas duplas

Figura 2. Semeadora pneumática (a vácuo) para seis linhas duplas

 

No caso de adoção do sistema de plantio direto (SPD), onde se utiliza o conceito de “aração biológica” em substituição à aração mecânica, utilizam-se alguns equipamentos específicos para manejo da palhada, seja o rolo-faca, roçadeira tratorizada ou manual para pequenas áreas, triturador-desintegrador (Figura 3) ou grade niveladora. No caso de uso desta última, deve-se trabalhar com a mesma semi-aberta para que não ocorra revolvimento do solo, somente acamamento e desintegração parcial das plantas de cobertura para formação da palhada.

Foto: Nuno Rodrigo Madeira
Triturador-desintegrador tratorizado

Figura 3. Triturador-desintegrador tratorizado

 

Preparado o solo, vem a fase de plantio, seja pelo método de semeadura direta, transplante de mudas, bulbinhos ou soqueira.

Quando se utiliza o método de semeadura direta, utilizam-se semeadoras-adubadoras ou plantadoras com equipamentos do tipo facão (“botinha”) ou disco de corte e distribuição de sementes mecânica ou pneumático, seja em linhas simples ou duplas. A Figura 4 ilustra uma máquina pneumática para o SPD, linhas simples. A Figura 5 ilustra o sistema de vácuo para distribuição de sementes.

Foto: Nuno Rodrigo Madeira

 Semeadora-adubadora com distribuição pneumática de sementes

 

 

 

 

 

 

 

Figura 4.  Semeadora-adubadora com distribuição pneumática de sementes

 

Foto: Nuno Rodrigo Madeira 
Detalhe do sistema de vácuo para distribuição de sementes

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 5. Detalhe do sistema de vácuo para distribuição de sementes

 

Efetua-se, simultaneamente, o sulcamento, a adubação e o semeio. Cabe citar a fundamental importância em se assegurar o estande no semeio, o que se consegue com regulagem adequada dos mecanismos e dispositivos de distribuição de sementes.

Pelo método de transplante de mudas, no sistema convencional com revolvimento de solo são utilizados sulcadores ou encanteiradores enquanto que no SPD pode-se utilizar as mesmas plantadoras da semeadura direta, porém sem efetuar o semeio, ou rotocultivadores ou microtrator de rabiças adaptados para o sulcamento e a adubação.

Quando se utilizam plantadoras, efetuam-se somente o sulcamento e a adubação. Estes sulcos, porém, podem ficar muito estreitos dificultando o transplante. Assim, o mais comum e que proporciona sulcos mais adequados ao transplante, tem sido o uso de rotocultivadores adaptados.

A adaptação consiste na retirada de jogos de facas da enxada rotativa (Figuras 6 e 7), deixando-se somente alguns no espaçamento desejado entre linhas. A curvatura das facas é reduzida, ou mesmo eliminada conforme a cobertura morta, o tipo de solo e a largura desejada das linhas de plantio. Essas distam aproximadamente 40-45 cm entre si, tendo de 5 a 10 cm de largura e 5 a 10 cm de profundidade. A adubação é normalmente feita concomitantemente ao sulcamento pela adaptação de reservatórios de adubo e sistema de distribuição, seguindo-se as recomendações técnicas baseadas pela análise de solo.

Foto: Nuno Rodrigo Madeira

Rotocultivador adaptado para sulcamento no sistema de plantio direto

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 6. Rotocultivador adaptado para sulcamento no sistema de plantio direto

 

Foto: Nuno Rodrigo Madeira
Detalhe da adaptação das lâminas de corte da enxada rotativa

Figura 7. Detalhe da adaptação das lâminas de corte da enxada rotativa

 

No Brasil Central e na Região Nordeste, faz-se necessário assegurar a disponibilidade de água por meio de irrigação, devendo-se realizar o planejamento, aquisição e manutenção dos equipamentos de irrigação.

Durante o ciclo da cultura, é comum o uso de produtos fitossanitários, fazendo-se uso de pulverizadores convencionalmente utilizados em qualquer cultivo agrícola, sejam tratorizados, acoplados ou costais. Para a adubação de cobertura, em áreas maiores é comum o uso de equipamentos distribuidores de adubo em faixa (Figura 8).

Foto: Nuno Rodrigo Madeira

Equipamento distribuidor de adubo em faixa

Figura 8. Equipamento distribuidor de adubo em faixa

 

Em pré-colheita, alguns agricultores utilizam a “chapa”, muito comum também em cenoura e alho. Consiste de uma forte lâmina de aço sem corte (Figura 9) que é passada abaixo da superfície do solo, sob os bulbos, soltando-os, facilitando sobremaneira a colheita. Alguns agricultores vem utilizando o arranquio e amontoa mecânica (Figura 10).

Foto: Nuno Rodrigo Madeira

Chapa de aço utilizada na pré-colheita de cebola

Figura 9. "Chapa" de aço utilizada na pré-colheita de cebola

 

Foto: Nuno Rodrigo Madeira
Colheita e amontoa mecânica de cebola

Figura 10. Colheita e amontoa mecânica de cebola

 

Existem iniciativas de se efetuar todas as etapas da colheita mecanicamente, mas esta causa danos aos bulbos. Esta prática vem sendo utilizada em outros países como Estados Unidos e Argentina, especialmente para cebola destinada à industrialização.

Após a colheita, faz-se necessária a cura, que pode ser realizada no campo, no caso de colheita em períodos secos, especialmente no Brasil Central, ou em galpões ventilados.

A produção da Região Sudeste e Centro-Oeste é, em geral, rapidamente comercializada, enquanto que a produção da Região Sul é normalmente armazenada por períodos que vão de 2 a 5 meses, abastecendo o mercado paulatinamente de dezembro a maio.

Em pequenas áreas, a limpeza (“toalete”), a classificação e embalagem é feita manualmente ou com auxílio de pequenas mesas classificadoras (Figura 11). Já empreendimentos maiores utilizam normalmente grandes máquinas classificadoras e embaladoras próprias para cebola (Figura 12), que ocupam grandes galpões.

Foto: Nuno Rodrigo Madeira

Mesa classificadora
Figura 11. Mesa classificadora


Foto: Nuno Rodrigo Madeira
Máquina classificadora
Figura 12. Máquina classificadora

 

Em qualquer empreendimento, a seleção de equipamentos tem de considerar alguns requisitos básicos, tais como: eficiência de trabalho (dimensionamento); versatilidade; precisão; uniformidade; utilidade; qualidade de serviço. A conjugação dessas características com a regulagem adequada dos mecanismos e manutenção periódica permitirá o bom desempenho dos equipamentos.