Produção

Conteúdo atualizado em: 15/02/2022

Autor

Nirlene Junqueira Vilela - Embrapa Hortaliças

 

A produção mundial de cebola, que no ano 2000 era de 49.795 mil t colhidas em uma área de 2.832 mil ha com produtividade de 17,586 t.ha-1, evoluiu, em 2009, para 73.232 mil t colhidas em área de 3.646 mil ha com produtividade de 20,085 t.ha-1. Nesse aspecto, verifica-se que ao longo do período a cebola apresentou crescimento de 47,1% na produção, de 28,8% na área e de 14,2% na produtividade (Tabela 1).

Tabela 1. Situação da produção mundial de cebola, 2000 a 2009.

Ano                        Produção (t)                    Área (ha)          Produtividade (t.ha-1)
2000  49.795.023 2.831.537  17,586
2001  51.683.103  2.934.864  17,610
2002  53.554.183  2.983.553  17,950
2003  53.801.648  2.938.263  18,311
2004  59.060.671  3.065.214  19,268
2005  59.171.197  3.221.697  18,366
2006  61.907.563  3.348.738  18,487
2007  71.470.880  3.689.882  19,369
2008  72.348.213  3.721.245  19,442
2009  73.231.830  3.646.118  20,085

Fonte: FAO. Agricultural production, primary crops. 2009 Disponível em: <http://faostat.fao.org/production/crops primary/html>. Acesso em: 20 fev. 2011.

 

Atualmente, a cultura da cebola se espalha por 143 países, entretanto, apenas 15 países respondem por 75,7% da produção mundial. Os países do continente asiático, de onde a cebola é originária, vêm respondendo por mais da metade da produção mundial (52,4%) (Tabela 2).

Tabela 2. Produção mundial de cebola em 2009.

Países
 
Área
 (ha)
 Produção

(t)

Produtividade 
(t.ha-1)
AVy
(%)
AVh
(%)
 AH
 (%)
China    947.611   21.046.969   22,211   28,74    26,00      1,58
Índia    846.909  13.900.000  16,413 18,98 23,20    -18,28  
Estados Unidos            60.120    3.400.560  56,563   4,64   1,60  181,62
Turquia      65.000    1.849.580  28,455   2,53   1,80    41,67
Egito      54.000    1.800.000  33,333   2,46   1,50    65,96
Paquistão    129.600    1.704.100  13,149    2,33   3,60  -34,53
Russia      85.700    1.601.550  18,688    2,19   2,40    -6,96
Irã      47.450    1.512.150  31,868    2,06   1,30    58,67
Brasil      66.013    1.511.850  22,902    2,06   1,80    14,03
Holanda      26.000    1.269.000  48,808    1,73   0,70  143,01
Espanha    233.600    1.263.400  53,534    1,73   0,60  166,54
Coréia do Sul      18.000    1.200.000  66,667    1,64   0,50  231,92
México      41.726    1.195.820  28,659    1,63   1,10    42,69
Japão      24.000    1.154.000  48,083    1,58   0,70  139,40
Miamar      75.000    1.050.000  14,000    1,43   2,10  -30,30
Subtotal  2.510.729  55.458.979  22,089  75,73 68,90     9,98
Outros  1.135.389  17.772.851  15,654  24,27 31,10  -22,06
Mundo  3.646.118  73.231.830  20,085 100,00 100,00     0,00

Fonte: FAO. Agricultural production, primary crops. 2009 Disponível em: <http://faostat.fao.org/production/crops primary/html>. Acesso em: 20 fev. 2011.

AVy (Análise Vertical) = participação percentual da produção no total.
AVh (Análise Vertical) = participação percentual da área no total.
AH (Análise horizontal) = Variações na produtividade dos países em relação a produtividade média do mundo.

 

Entre os países maiores produtores destacam-se a China (28,7%) e a Índia (19,0%). Entretanto, a grande produção chinesa de cebola (26,0% da área mundial total) é gerada mais pela área plantada do que pela produtividade, a qual supera apenas em 10,6% a produtividade média mundial. Nesse aspecto, verifica-se que as maiores produtividades do mundo cabem à Coreia do Sul (66,7 t.ha-1), seguida pelos Estados Unidos (56,6 t.ha-1), Espanha (53,5 t.ha-1), Holanda (48,8 t.ha-1) e Japão (48,0 t.ha-1).

O Brasil, atualmente, responde por cerca de 2% da produção mundial, classificando-se na 9ª posição entre os principais países produtores, apresentando produtividade média 14% acima da produtividade média mundial.

No Brasil, a cultura da cebola caracteriza-se como exploração típica de pequenos produtores que, em grande parte, têm nesta cultura sua única fonte de renda.

Entretanto, nos últimos anos, observa-se que dinâmicos pólos de produção, altamente tecnificados e conduzidos por grupos empresariais vêm ingressando no agronegócio de cebola. De acordo com informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 2% dos produtores de cebola são representados por grupos empresariais, que segundo estimativas são, atualmente, responsáveis por aproximadamente 40% da produção total. O valor da safra de cebola, em 2009, foi estimado em R$ 1.693 milhões, com geração de 260 mil empregos, somente no setor produtivo.

A produção brasileira de cebola em 2009 foi estimada em 1.512 mil t colhidas em área de 66 mil ha com produtividade média de 22,9 t.ha-1 e disponibilidade per capita de 7,9 kg por habitante.

De forma similar aos principais produtores mundiais, no Brasil, a cultura da cebola vem passando por dinâmica evolução. Neste aspecto, quando se compara o ano de 2000 e 2009, verifica-se que, apesar da redução de área (0,43%), houve aumento significativo da produção (32,4%), da produtividade (32,9%) e da disponibilidade per capita (18,5%) (Tabela 3).

Tabela 3. Situação da produção de cebola no Brasil, 2000 a 2009.

Ano          Área
     (mil hectares)
Produção
     (mil toneladas)    
  Produtividade    
(t-ha-1)
     Disponibilidade 
    per capita
    (kg/habitante)
2000  66,30  1.142  17,223  6,666
2001  63,93  1.050  16,430  6,043
2002  68,87  1.222  17,746  6,928
2003  67,30  1.187  17,637  6,632
2004  58,36  1.158  19,835  6,375
2005  58,50  1.138  19,448  6,245
2006  63,36  1.346  21,241  7,324
2007  63,68  1.360  21,361 7,395
2008  65,16  1.367  20,979  7,430
2009  66,01  1.512  22,902  7,896

Fonte: IBGE. Produção e área de cebola no Brasil, nas grandes regiões e Unidades da Federação. Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/protabl.asp?c=1612&z=t&o=3&i=P>. Acesso em: 12 mar. 2011.

 

O expressivo aumento da produção pode ser explicado pela necessidade de expandir a oferta para atender a crescente demanda de mercado verificada nos últimos anos. Em condições de área estabilizada, como está ocorrendo na atual situação da cultura, os deslocamentos da curva de oferta e consequentes ajustamentos têm sido alimentados pelos ganhos de produtividade da cultura proporcionados pela adoção de novas tecnologias de produção que vêm contribuindo de forma efetiva para os incrementos na produção.

Nesse aspecto, novos materiais genéticos com maior potencial produtivo vêm sendo sucessivamente disponibilizados no mercado pelas instituições de pesquisa privadas e públicas. Vale ressaltar, a difusão de cultivares disponibilizadas para atender nichos específicos de mercado como cebola doce, cebola branca tipo echalote para conservas e, ainda, cultivares para plantio na entressafra, como foi o caso do lançamento das cebolas "Alfa-tropical" e "BRS Alfa São Francisco" pela Embrapa.

Novos materiais genéticos associados às novas técnicas de manejo, que inclui o adensamento da cultura (Figura 1) em sistemas de plantio de muda e semeio direto em canteiros (Figura 2) ou plantio direto na palha (Figura 3) e a adoção de métodos de irrigação manejados criteriosamente com base em informações de estações meteorológicas e lâminas de água específicas para cada fase da cultura, têm permitido a utilização mais racional dos insumos, com respostas positivas em ganhos da produtividade.

 

Fotos: Nuno Rodrigo Madeira
Estatística - plantio adensado de cebola
 Estatística - semeio direto no canteiro Estatística - semeio direto na palha
Figura 1. Plantio adensado   Figura 2. Semeio direto em canteiro Figura 3. Semeio direto na palha

 

Como parte dos avanços tecnológicos na cultura acrescentam-se as novas fórmulas nutricionais mais eficientes, com adição de micronutrientes essenciais às exigências da cultura e, também, o manejo integrado de pragas e doenças com utilização de agrotóxicos biológicos de última geração, ou moleculares que têm produzido efeitos positivos na qualidade final do produto. Esses agrotóxicos, além de menos agressivos ao meio ambiente, contribuem para preservar a boa qualidade da cebola, em termos de segurança alimentar, resultando, desta forma, em agregação de valor ao produto final.

No aspecto da segurança alimentar, os consumidores estão cada vez mais exigentes quanto a qualidade e a inocuidade dos alimentos que adquirem, tal que consumidores da Europa, Estados Unidos e Japão buscam informações relacionadas às questões da preservação do meio ambiente, saúde, aspectos sensoriais e ausência de contaminantes antes de adquirir qualquer produto alimentar independente da origem (importado ou não).

Em geral, os produtores que utilizam nível tecnológico mais elevado vêm adotando em seus processos produtivos, densidades de 600 mil plantas por hectare no método de transplante de mudas e de 800 mil a 1 milhão de plantas por hectare no método de semeio direto, tendo como resultado final, além de substancial aumento de produtividade, colheita de bulbos de tamanho uniforme, com maior racionalização no uso dos insumos que, consequentemente, resultam em um caminho de expansão mais racional com efeitos tanto na redução de custos de produção, ganhos de produtividade e de melhor qualidade de produto, quanto em termos de padrão comercial e segurança alimentar.