Cebola
Sapeca
Autor
Mirtes Freitas Lima - Embrapa Hortaliças
A doença já foi relatada afetando cebola em áreas produtoras de países da Europa, Ásia, África, Oceania e América, causando perdas bastante variáveis. No Brasil, sintomas da doença foram detectados inicialmente no Rio Grande do Sul em 1981 e o agente causal identificado como sendo o tospovírus Tomato spotted wilt virus (TSWV).
Em 1994, incidência da doença de até 100% em lavouras de cebola do Submédio São Francisco, nos estados da Bahia e Pernambuco, resultou em perdas severas na produção de bulbos e de sementes. Devido às características dos sintomas observados, a doença foi denominada “sapeca” pelos produtores da Região Nordeste.
A doença é causada pelo Iris yellow spot virus (IYSV), espécie do gênero Tospovirus, família Bunyaviridae. O vírus possui genoma segmentado com três RNAs. A transmissão do IYSV ocorre de maneira circulativa-propagativa por tripes, sendo Thrips tabaci, a única espécie vetora relatada até o momento.
Neste tipo de transmissão, o inseto quando no estádio larval e ao se alimentar em plantas infectadas adquire partículas do IYSV. Essas se multiplicam e circulam no corpo do tripes que se torna então, apto a transmitir o IYSV. O período de aquisição e de transmissão do vírus pelo vetor tem duração de horas. Estudos têm demonstrado que o vírus não é transmitido por sementes e bulbos provenientes de plantas infectadas.
Os sintomas em folhas de plantas afetadas pela doença são lesões cloróticas ou necróticas, alongadas, em forma de olho (Figuras 1 e 2). Esses sintomas surgem também nas hastes florais e com o desenvolvimento da infecção há coalescimento de lesões, ocasionando a morte das flores.
Fotos: Antônio Carlos de Ávila | ||
Figura 1. Sintomas de "Sapeca" causados por Iris yellow spot virus em cebola | Figura 2. Sintomas de "Sapeca" causados por Iris yellow spot virus em cebola |
Observa-se também a formação de anéis nas folhas, além de queima (seca) que pode ocorrer de forma simétrica, metade da folha torna-se esbranquiçada e a outra metade permanece com coloração verde normal.
Há relatos de infecção natural pelo IYSV em pelo menos 47 espécies de plantas, entre as quais alho- poró (A. porrum), cebolinha (A. schoenoprasum; A. fistulosum), chalota (A. cepa var, ascalonicum), alho (A. sativum), espécies silvestres do gênero Allium, plantas ornamentais como iris (Iris hollandica) e plantas infestantes como a beldroega (Portulacca oleraceae).