Sapeca

Conteúdo atualizado em: 16/02/2022

Autor

Mirtes Freitas Lima - Embrapa Hortaliças

 

A doença já foi relatada afetando cebola em áreas produtoras de países da Europa, Ásia, África, Oceania e América, causando perdas bastante variáveis. No Brasil, sintomas da doença foram detectados inicialmente no Rio Grande do Sul em 1981 e o agente causal identificado como sendo o tospovírus Tomato spotted wilt virus (TSWV).

Em 1994, incidência da doença de até 100% em lavouras de cebola do Submédio São Francisco, nos estados da Bahia e Pernambuco, resultou em perdas severas na produção de bulbos e de sementes. Devido às características dos sintomas observados, a doença foi denominada “sapeca” pelos produtores da Região Nordeste.  

A doença é causada pelo Iris yellow spot virus (IYSV), espécie do gênero Tospovirus, família Bunyaviridae. O vírus possui genoma segmentado com três RNAs. A transmissão do IYSV ocorre de maneira circulativa-propagativa por tripes, sendo Thrips tabaci, a única espécie vetora relatada até o momento.

Neste tipo de transmissão, o inseto quando no estádio larval e ao se alimentar em plantas infectadas adquire partículas do IYSV. Essas se multiplicam e circulam no corpo do tripes que se torna então, apto a transmitir o IYSV. O período de aquisição e de transmissão do vírus pelo vetor tem duração de horas. Estudos têm demonstrado que o vírus não é transmitido por sementes e bulbos provenientes de plantas infectadas.

Os sintomas em folhas de plantas afetadas pela doença são lesões cloróticas ou necróticas, alongadas, em forma de olho (Figuras 1 e 2). Esses sintomas surgem também nas hastes florais e com o desenvolvimento da infecção há coalescimento de lesões, ocasionando a morte das flores.

Fotos: Antônio Carlos de Ávila
Sintomas causados por Iris yellow spot virus em cebola   Sintomas causados por Iris yellow spot virus em cebola
Figura 1. Sintomas de "Sapeca" causados por Iris yellow spot virus em cebola   Figura 2. Sintomas de "Sapeca" causados por Iris yellow spot virus em cebola 

 

Observa-se também a formação de anéis nas folhas, além de queima (seca) que pode ocorrer de forma simétrica, metade da folha torna-se esbranquiçada e a outra metade permanece com coloração verde normal.

Há relatos de infecção natural pelo IYSV em pelo menos 47 espécies de plantas, entre as quais alho- poró (A. porrum), cebolinha (A. schoenoprasum; A. fistulosum), chalota (A. cepa var, ascalonicum), alho (A. sativum), espécies silvestres do gênero Allium, plantas ornamentais como iris (Iris hollandica) e plantas infestantes como a beldroega (Portulacca oleraceae).