Adubação

Conteúdo atualizado em: 16/02/2022

Autor

Ronessa Bartolomeu de Souza - Embrapa - Secretaria de Inovação e Negócios

 

Geralmente, utiliza-se a mesma recomendação de adubação de plantio para os quatro métodos de plantio: semeadura direta, por mudas, por bulbinhos e por bulbos de soqueira.

Adubação de plantio

Para as regiões cebolicultoras do Brasil existem recomendações de adubação adequadas e calibradas às suas condições de solo e clima. Sendo assim, é aconselhável adotar as recomendações para o seu estado ou para aquele com condições edafoclimáticas mais próximas. Na Região Sudeste, os estados de Minas Gerais e São Paulo têm recomendações de adubação próprias (Tabelas 1 e 2).

Tabela 1. Recomendação de adubação de NPK para a cultura da cebola no estado de Minas Gerais.

 Fósforo 

Potássio Nitrogênio

 P no solo (Mehlich-1)

            (mg.dm-3)
Dose de P2O5
(kg.ha-1)

K no solo
(mg.dm-3)

Dose de K2O1
(kg.ha-1)
Dose de N1
(kg.ha-1)

 Baixo
300 < 50 180 120
Argiloso Text. média  Arenoso 
< 32  < 48    < 80

 

  Médio

220   51-90 120 120
Argiloso Text. média Arenoso
23-47  48-79  80-119
 

 

 Bom

  100  91-140 50 120
Argiloso Text. média Arenoso
48-72 80-120 120-180
 

 

 Muito Bom

   50  > 140  50  120
Argiloso Text. média Arenoso
> 72 > 120 > 180

1 Aplicar 70% de K e N em cobertura aos 40 dias após o plantio (DAP).
Considera-se como argilosos, de textura média e arenosos aqueles solos com teores maiores que 35, de 15 a 35, e menores que 15% de argila, respectivamente.
Fonte: RIBEIRO, A. C.; GUIMARÃES, P. T. G.; ALVAREZ, V. H. (Eds.). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais: 5ª aproximação. Viçosa, MG:  Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais, 1999. 359 p.

 

Tabela 2. Recomendação de adubação NPK para a cultura da cebola em São Paulo.

                Nitrogênio                                 Fósforo                                             Potássio                     
Dose N
(kg.ha-1)
P Resina
(mg.dm-3)

Dose P2O5
(kg.ha-1)

K no solo
(mg.dm-3)
Dose K20
(kg.ha-1)
Plantio < 25 300 < 59 150
30 26-60 150 60-119  120
  > 60 90 > 120 60
Cobertura1/       Cobertura1/
30-60       30-60

Nos sistemas de semeadura direta, mudas e soqueira, realizar a adubação com N e K em cobertura parcelada em 2 vezes (50% de cada vez) aos 25 e 50 DAP. Para formação do bulbinho, aplicar no máximo 10 kg.ha-1 em cobertura e para formação do bulbo aplicar de 10 a 20 kg.ha-1 aos 5 dias e 20 a 40 kg-1 de N após 25 dias do plantio do bulbinho.
Aplicar 30 a 50 kg.ha-1 de S.
Fonte: RAIJ, B. van; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J. A.; FURLANI, A. M. C. Recomendações de adubação e calagem para o estado de São Paulo. 2a. Ed. Campinas: Instituto agronômico e Fundação IAC, 1996. 285 p.

 

As recomendações para os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina estão nas Tabelas 3 e 4. Convém salientar que apenas nestes estados faz-se a recomendação da adubação com nitrogênio (N) com base na análise de solos em função do teor de matéria orgânica.

Em caso de cultivos sucessivos de cebola, recomenda-se aplicar as quantidades de fósforo (P) e potássio (K) referentes à reposição.

Tabela 3. Interpretação do teor de fósforo no solo extraído pro Mehlich-1 conforme o teor de argila e recomendação de adubação fosfatada para a cultura da cebola nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

                    Teor de argila do solo (%)      Dose P2O5       
Interpretação               > 60                 60 a 41             40 a 21                ≤  20         
  ---------------------------mg.dm-3----------------------- kg.ha-1
Muito baixo ≤ 2 ≤ 3 ≤ 4 ≤ 7  250
Baixo 2,1-4 3,1-6 4,1-8 7,1-14  200
Médio 4,1-6 6,1-9 8,1-12 14,1-21  160
Suficiente 6,1-12 9,1-18 12,1-24 21,1-42  120
Alto > 12 > 18 > 24 > 42  ≤ 80

Nos cultivos subsequentes, aplicar 120 kg.ha-1 de P2O5.
Fonte: COMISSÃO DE QUÍMICA E FERTILIDADE DO SOLO - RS/SC.  Manual de adubação e de calagem para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Porto Alegre: SBCS-NRS/EMBRAPA-CNPT, 2004. 400 p

 

Tabela 4. Interpretação do teor de potássio no solo conforme CTC e recomendação de adubação potássica e nitrogenada para a cultura da cebola nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

     Interpretação       Valor da CTC pH 7,0 (cmolc.dm-3)   Dose K2O  Matéria orgânica solo Dose de N
  ---------------mg.dm-3------------- kg.ha-1 % kg.ha-1
Muito baixo ≤ 30 ≤ 20 ≤ 15 210 ≤ 2,5 95
Baixo 31-60 21-40 16-30 170 2,6-5,0 75
Médio 61-90 41-60 31-45 130 > 5,0 ≤ 55
Suficiente 91-180 61-120 46-90 90    
Alto > 180 > 120 > 90 ≤ 60    

Nos cultivos subsequentes, aplicar 90 kg.ha-1 de K2O.
Aplicar 50% da dose de N no transplante e 50% em cobertura aos 45 dias após.

Fonte: COMISSÃO DE QUÍMICA E FERTILIDADE DO SOLO - RS/SC.  Manual de adubação e de calagem para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Porto Alegre: SBCS-NRS/EMBRAPA-CNPT, 2004. 400 p.

 

Para o estado de Pernambuco, as recomendações de adubação com N, P e K encontram-se na Tabela 5.

Tabela 5. Recomendação de adubação NPK para a cultura da cebola em Pernambuco.

                Nitrogênio              Fósforo
 
            Potássio                 
 
Dose N
(kg.ha-1)
    P no solo (Mehlich-1)   
(mg.dm-3)
     Dose P2O5     
(kg.ha-1)
    K no solo   
(mg.dm-3)
    Dose K2O     
(kg.ha-1)
Plantio < 6 180 < 30 180
45 6-10 135 31-60 135
Cobertura 1/ 11-20 90 61-100 90
90 > 20 45 > 100 45

Realizar a adubação em cobertura aos 30 DAP. Em solos arenosos (<15% de argila) é recomendável parcelar o nitrogênio em duas vezes aos 25 e 50 DAP e também aplicar 50% da dose de potássio em cobertura aos 50 DAP.
Fonte: CAVALCANTI, F. J. A. (Coord.). Recomendações de adubação para o Estado de Pernambuco: 2ª aproximação. 2ª ed. rev. Recife: IPA, 1998. 198 p

 

Na Tabela 6 estão as quantidades de adubos recomendadas para o cultivo da cebola no Distrito Federal. Nesta região, predominam os latossolos sob vegetação de cerrado, de baixa fertilidade natural e com altíssima capacidade de adsorção de fosfatos, o que explica as elevadas doses de P necessárias ao cultivo da cebola, quando comparadas às demais regiões.

Tabela 6. Recomendação de adubação NPK para a cultura da cebola no Distrito Federal.

             Nitrogênio                                                     Fósforo                                               Potássio                  
Dose N
(kg.ha-1)
P no solo (Mehlich-1)   
(mg.dm-3)
   Dose P2O5     
(kg.ha-1)
   K no solo   
(mg.dm-3)
  Dose K2O     
(kg.ha-1)
Plantio < 10 600-700 < 60 80-120
50 11-30 500-600 61-120 40-80
Cobertura 1/  31-60 300-400 121-240 0-40
50 > 60 100-200 > 240  

Cobertura com N aos 40 DAP. Aplicar 2 e 4 kg.ha-1 de Boro e Zinco no plantio, respectivamente.
Fonte: EMATER-DF. Recomendações para o uso de corretivos, matéria orgânica e fertilizantes para hortaliças: Distrito Federal: 1a. aproximação. Brasília, DF: EMATER-DF; EMBRAPA–CNPH, 1987. 50 p.

 

Adubação em cobertura

É recomendável realizar uma adubação em cobertura com N e K no período de 30 a 40 dias após o plantio, sendo sugerido aplicar, respectivamente, 70% e 50% do total destes nutrientes em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Em solos muito arenosos como os Neossolos Quartzarênicos, a adubação em cobertura com N e K deve ser fracionada em duas (30 e 50 dias após o plantio - DAP) ou três vezes (15, 30 e 50 DAP) para maior aproveitamento dos adubos. 

 

Adubação orgânica

Independente da região, a adubação orgânica é sempre recomendada. Entretanto, deve-se considerar a quantidade de N do adubo orgânico a fim de evitar desequilíbrios na cultura por excesso deste nutriente e problemas ambientais em decorrência da lixiviação de nitrato, presente em quantidades elevadas em alguns tipos de adubos orgânicos, especialmente no esterco de matrizes.

A recomendação para o estado de Minas Gerais é de 40 t.ha-1 de esterco de curral curtido enquanto para São Paulo é de 15 t.ha-1 ou a terça parte de esterco de galinha, ou ainda 500 kg.ha-1 de torta de mamona.

Para o estado de Pernambuco, são recomendados 30 m3.ha-1 de esterco de curral curtido ou de outro produto orgânico em quantidade equivalente, principalmente para o cultivo em solos arenosos.

A aplicação deve ser feita com antecedência de pelo menos 15 dias da semeadura ou transplante das mudas. No sistema de bulbinhos, não devem ser utilizados adubos orgânicos com altos teores de nitrogênio, aplicando no máximo 10 t.ha-1 de esterco de curral curtido ou 3 t.ha-1 de esterco de galinha em solos pobres e com baixo teor de matéria orgânica.

 

Adubação com enxofre e micronutrientes

Para a cebola, o enxofre (S) tem função especial por ser constituinte dos compostos responsáveis pela pungência. Porém, devido à presença de S na composição do superfosfato simples e do sulfato de amônio, muitas vezes este nutriente é esquecido.

Entretanto, por vezes, utilizam-se outras fontes de N e P que não contém S. Portanto, em situações de baixos teores de matéria orgânica no solo e/ou de utilização de adubos concentrados como uréia e superfosfato triplo ou de fórmulas que não contêm S, deve-se acrescentar de 30 a 50 kg.ha-1 de S juntamente com a adubação NPK, independente do sistema de cultivo.

Quanto aos micronutrientes, apenas para o estado de São Paulo existem recomendações baseadas na análise de solo (Tabela 7).

Tabela 7. Recomendação de adubação com os micronutrientes B, Zn e Cu para o plantio de cebola de acordo com a análise de solo para o estado de São Paulo.

           B (mg.dm-3)                 Zn (mg.dm-3)                                      Cu (mg.dm-3)                
  < 0,2           0,21-0,6     > 0,60     < 0,5    0,6-1,2          > 1,2      < 0,2     0,3-1,0          > 1,0
Dose B (kg.ha-1 Dose Zn (kg.ha-1) Dose Cu (kg.ha-1)
2 1 0 5 3 0 4 2 0

Fonte: RAIJ, B. van; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J. A.; FURLANI, A. M. C. Recomendações de adubação e calagem para o estado de São Paulo. 2a. Ed. Campinas: Instituto agronômico e Fundação IAC, 1996. 285 p

 

Nas demais regiões, recomenda-se em torno de 1 a 2 kg.ha-1 de boro e de 2 a 4 kg.ha-1de zinco, sem considerar a análise de solo. Estes nutrientes devem ser aplicados no sulco de plantio antes do transplante das mudas ou incorporados ao solo antes do semeio.

Em organossolos ou solos com elevados teores de matéria orgânica é bastante comum ocorrer deficiência de cobre, recomendando-se aplicar de 1 a 2 kg.ha-1 de cobre. Em áreas que receberam adubos orgânicos de boa qualidade por sucessivos anos, pode-se prescindir da aplicação de micronutrientes.