Cebola
Transplante de mudas
Autor
Nuno Rodrigo Madeira - Embrapa Hortaliças
Este método de plantio é o mais utilizado no Brasil, especialmente nas Regiões Sul e Nordeste. Permite seleção de mudas vigorosas e sadias, o que viabiliza a produção de bulbos uniformes em formato e tamanho.
O gasto com sementes é menor, o consumo de água de irrigação durante o período de formação de mudas é reduzido e o manejo da adubação, das plantas daninhas e de doenças e pragas é facilitado em comparação com a semeadura direta. Em contra-partida, este método necessita de muita mão-de-obra.
As mudas podem ser produzidas em sementeira (mudas de raízes nuas) ou em bandejas.
Mudas de raízes nuas
Na escolha do local da sementeira deve-se dar preferência por local ensolarado de manhã e sombreado à tarde, com disponibilidade de água de boa qualidade, de fácil acesso e, na medida do possível, próximo do local definitivo de plantio.
Para a produção de mudas, são formados canteiros com 15 a 20 cm de altura, com cerca de 1,1 m de largura no topo e comprimento variável, corrigidos para pH 6,0 a 6,5 e adubados com adubo orgânico e químico, segundo análise de solo.
A semeadura nos canteiros da sementeira pode ser realizada em sulcos ou a lanço. Os sulcos podem ser feitos longitudinais ou transversais aos canteiros, na profundidade de 1 a 1,5 cm, espaçados de 10 cm ou mais entre si (Figura 1). Os sulcos dispostos transversalmente facilitam capinas manuais.
Foto: Valter R. Oliveira
Figura 1. Produção de mudas de cebola em sementeira
A quantidade de sementes por metro linear de sulco gira em torno de 80 unidades, gastando-se 2 a 3 g de sementes por metro quadrado de canteiro. Na semeadura a lanço, as sementes são distribuídas na superfície dos canteiros e cobertas com camada de 1 a 1,5 cm de solo, podendo-se utilizar também serragem de madeira curtida.
Em média, cada metro quadrado de sementeira fornece mudas para o transplante de 10 a 15 m2 no campo. Considerando semeadura adequada e bom manejo no viveiro, a taxa de aproveitamento de mudas gira em torno 90%. Para a formação de mudas para um hectare são necessários 1,5 a 2,5 kg de sementes.
É recomendável a cobertura dos canteiros da sementeira com camada fina de palha de arroz ou capim seco até o início da emergência das plântulas, o que ocorre entre 6 e 10 dias, quando o material deve ser retirado. O procedimento visa obter maior retenção de umidade na superfície durante o período da semeadura à germinação.
Durante o crescimento das mudas, os canteiros devem ser limpos por meio de capinas manuais ou químicas e deve-se efetuar adubação de cobertura, especialmente nitrogenada, segundo recomendação técnica.
As mudas são transplantadas quando apresentam o pseudocaule com diâmetro entre 4-8 mm ou 3-4 folhas. Nesta fase, as mudas estarão com idade entre 40 e 70 dias, dependendo da cultivar e da época do ano. Em regiões e épocas mais frias, especialmente na Região Sul, as mudas podem levar até 90 dias para chegar ao ponto de transplante.
Selecionam-se as mudas mais vigorosas e o transplante é realizado para os sulcos no local definitivo de plantio.
Alguns agricultores cortam as pontas das folhas, deixando as plantas com uns 15 cm, para facilitar o transplante, especialmente quando a folhagem está muito desenvolvida. Esta prática, no entanto, não é recomendada por abrir portas de entrada para a infecção por fungos e bactérias, especialmente quando a umidade relativa do ar está elevada.
O transplante em canteiros é realizado em linhas espaçadas aproximadamente 20 cm entre si, cabendo em geral 5 linhas por canteiro. A profundidade de plantio das mudas é de aproximadamente 5 cm e o espaço entre mudas varia de 5 a 10 cm.
O transplante para sulcos, sem a utilização de canteiros, é feito em algumas regiões ceboleiras do Estado de São Paulo. O preparo e nivelamento do solo são realizados e são abertos sulcos em nível, distanciados de 30-40 cm. As mudas são transplantadas na distância aproximada de 6 cm no sulco. Desta forma, um hectare comporta 415 a 550 mil plantas.
No sistema de plantio direto, as mudas são transplantadas para as linhas de plantio, distantes entre si 25 a 45 cm, no espaçamento entre plantas de 5 a 10 cm, proporcionando população final em torno de 500 mil plantas por hectare.
Mudas de bandejas
A adoção da produção de mudas de cebola em bandejas de poliestireno expandido (isopor) vem sendo ampliada nos últimos anos. Em geral, utilizam-se bandejas com 288 células. Porém, na avaliação da viabilidade econômica desta tecnologia, deve-se considerar as realidades locais, tais como a população de plantas tradicionalmente usada, a existência de viveiristas e o custo de produção de mudas na região, além da expectativa de preços no mercado de cebola.
Como vantagens têm-se a praticidade pela redução nos tratos culturais, o melhor aproveitamento de sementes e a redução dos problemas fitossanitários, em função da produção de mudas utilizar substrato desinfestado e não solo como nos canteiros. Como desvantagem, o custo de produção de mudas é, geralmente, maior.
O transplante deve ser feito mais precocemente, com 35-40 dias, pelo rápido desenvolvimento das mudas. Atrasos no transplante podem levar ao esgotamento do substrato e comprometimento da qualidade da muda, inclusive com possível bulbificação precoce nas bandejas, além da elevação no custo de produção de mudas, pela sua manutenção no viveiro.
Este método vem ganhando espaço em áreas ceboleiras do Estado de São Paulo onde, pelo cultivo intensivo de décadas, algumas áreas vem apresentando problemas com fungos de solo, que são mais severos quando ocorrem na fase de germinação comprometendo o estande, e onde a mão-de-obra está cada vez mais escassa.
Vem se utilizando por hectare cerca de 550 bandejas com 288 células. É comum o uso de 2 a 4 plantas por célula (Figura 2), lembrando que os bulbos apresentam uma grande capacidade de arranjo espacial.
Foto: Valter R. Oliveira
Figura 2. Produção de mudas de cebola em bandejas de isopor