Lagartas-roscas

Conteúdo atualizado em: 16/02/2022

Autores

Miguel Michereff Filho - Embrapa Hortaliças

Jorge Anderson Guimarães - Embrapa Hortaliças

Alexandre Pinho de Moura - Embrapa Hortaliças

 

São pragas que em determinadas épocas do ano e condições de cultivo podem causar prejuízos à cultura da cebola.

 

Descrição, biologia, ecologia e danos

Agrotis ipsilon - o adulto é uma mariposa com 35 mm de envergadura, asas anteriores de coloração marrom com manchas triangulares negras e asas posteriores brancas. Os ovos possuem coloração branca e são depositados no solo, restos de cultura e em plantas infestantes, principalmente gramíneas. A lagarta é robusta, de coloração marrom-acinzentada, cápsula cefálica lisa e escura, chegando a 45 mm de comprimento (Figura 1); possui hábito noturno, abriga-se no solo durante o dia e se enrosca quando tocada. O ciclo biológico varia de 34 a 64 dias, sendo a fase de ovo de quatro dias, a fase de lagarta entre 20 e 40 dias e a fase de pupa de 10 a 20 dias.
 

Foto: Francisca N. Haji

Lagarta Agrotis ipsilon

Figura 1. Lagarta Agrotis ipsilon

 

Spodoptera eridania – o adulto é uma mariposa de coloração cinza claro, mede cerca de 40 mm de envergadura, possui asas anteriores acinzentadas ou de coloração amarelo-palha com um ponto preto no centro, enquanto as asas posteriores são esbranquiçadas. Os ovos são de coloração variável, sendo colocados em massa e cobertos por escamas, na vegetação. A lagarta é amarronzada, com uma faixa na lateral de cor amarela e manchas triangulares no dorso (Figura 2).

 

Foto: Alexandre P. de Moura

Lagarta Spodoptera eridania
Figura 2. Lagarta Spodoptera eridania

 

Solos com elevado teor de matéria orgânica favorecem a ocorrência de A. ipsilon. Na região Centro-oeste os surtos populacionais de S. eridania são mais frequentes na transição da estação seca para a chuvosa.

 

As lagartas de ambas as espécies cortam as plantas novas (recém-transplantadas) na região do colo, tendo como consequência, a redução do estande. A injúria causada pela praga será maior se houver alta população de lagartas grandes. As plantas mais desenvolvidas toleram a injúria por mais tempo, porém murcham e podem tombar.

As lagartas podem alimentar-se dos bulbos no campo, em períodos de seca prolongada, favorecendo seu apodrecimento durante o armazenamento. S. eridania também pode danificar as folhas da cebola.

 

Controle

O controle natural das lagartas-roscas é feito por insetos benéficos (inimigos naturais), principalmente microimenópteros e dípteros. Recomenda-se a adoção do manejo integrado, com ênfase em:
  • realizar bom preparo de solo e eliminar as plantas hospedeiras. O ataque severo da lagarta-rosca está relacionado com a cultura anterior e com o histórico da área, bem como com a utilização de práticas culturais inadequadas. O manejo antecipado (rolagem com rolo-faca) de plantas de cobertura e plantas infestantes é a forma mais promissora de controle desta praga, pois se evita que as lagartas permaneçam na área, caso estejam associadas a estas plantas hospedeiras;
  • Em áreas com histórico de infestação severa deve-se evitar o uso de cobertura morta, restos culturais e restos de capina no cultivo. Estes materiais oferecem abrigo às lagartas, protegendo-as de eventuais predadores e das medidas de controle adotadas;
  • Eetuar as aplicações de inseticidas ao final da tarde, dirigindo-se o jato de pulverização para o solo, junto à base das plantas e em alto volume de calda;
  • Em regiões com ocorrência frequente desta praga podem ser utilizadas iscas tóxicas a base de farelo grosso de trigo, inseticida químico sintético (carbamato ou piretróide) ou ácido bórico, açúcar, suco de laranja e de óleo de soja, além de água para umedecer uniformemente a mistura, que deve ficar suficientemente úmida para ser distribuída na forma de grânulos na lavoura. Aplicar no final da tarde, ao longo das fileiras atacadas.