Planta

Conteúdo atualizado em: 23/02/2022

Autores

Giovani Olegário da Silva - Embrapa Hortaliças

Agnaldo Donizete Ferreira de Carvalho - Embrapa Hortaliças

 

As cenouras cultivadas atualmente pertencem à espécie botânica Daucus carota L. e tem como centro de origem a região do mediterrâneo, Norte da África ou Europa (cenouras bienais) e asiáticas (cenouras anuais).
 
A raiz tuberosa é formada pelos parênquimas floemático e xilemático, os quais são circundados por tecidos vasculares formando um cilindro (Figura 1). O caule verdadeiro é compacto e se encontra inserido na porção superior do ombro da raiz ou hipocótilo. A parte aérea é composta por hastes eretas, ramificadas, chegando, nas condições de Brasília-DF atingir 1,5 de altura na umbela primária.
 
As folhas são muito finas, divididas sendo as da parte superior ligeiramente menores que as próximas do caule. A disposição das folhas é alternada e abraçam o tronco com um revestimento que é característico dessa família.
 
Foto: Jairo Vidal Vieira
Tecidos da raiz de cenoura
Figura 1. Tecidos da raiz de cenoura
 
A inflorescência típica consiste de uma umbela terminal ou primária composta de flores brancas, com 10-15 cm de diâmetro, com ápice achatado, seguida de várias outras umbelas secundárias, terciárias e quaternárias, assim nominadas em função do seu surgimento após a umbela primária. As umbelas diminuem de tamanho com o aumento do número de ordem. A umbela primária é composta por cerca de 50 umbeletas, cada qual composta por cerca de 50 flores (Figura 2). Em geral, as flores individuais são perfeitas, muito embora haja uma tendência de aumento do número de flores masculinas com o incremento da ordem das umbelas.
 
Foto: Jairo Vidal Vieira
Umbela primária
Figura 2. Umbela primária composta por umbeletas e estas por flores.
 
A flor perfeita consiste de cinco pétalas, cinco estames funcionais e dois estigmas, os quais estão ligados a dois lóculos do ovário e um cálice completo. Cada lóculo contém um óvulo simples e, por conseguinte ter-se-á duas sementes por flor (Figura 3).
 
Ilustração: Casali, V.W.D. 1980
Flor hermafrodita e flor masculina de cenoura
Figura 3. Flor hermafrodita e flor masculina de cenoura.
 
Em geral, o florescimento da cenoura se estende por cerca de 30-50 dias, sendo que a abertura das flores de uma determinada ordem de umbela perdura por 7-10 dias. Dentro de uma flor, as anteras abrem-se por um período de 1-2 dias, sendo que o estigma torna-se receptivo a partir do terceiro ou quarto dia. Os estigmas podem permanecer receptivos por uma semana ou mais dependendo das condições locais.
 
Tipicamente, a deiscência das anteras e a queda dos estames acontecem antes que o estigma torne-se receptivo. Isto faz com que o desenvolvimento floral seja protândrico e centrípetal, pois as flores que normalmente abrem-se primeiro são aquelas localizadas na periferia da umbela. As umbelas claras e nectários florais atraem insetos que são responsáveis pela polinização. O néctar é secretado de um disco intumescido na parte superior do ovário e é facilmente disponibilizado para todos os tipos de insetos.
 
A cenoura possui uma característica marcante que a distingui de outras plantas da mesma ordem. Ela possui uma flor central da umbela, às vezes umbeleta, de coloração vermelha brilhante ou púrpura. Existe uma exceção em relação à espécie D. maritimus. Encontrada frequentemente na Inglaterra, esta espécie não possui as folhas um pouco mais carnudas e não apresenta a flor centripital colorida, mas nesse caso todas as flores da umbela têm um tom rosado.
 
Durante o amadurecimento as umbeletas do raio exterior alongam-se e curvam-se para dentro e formam uma estrutura parecida com um copo vazio, daí a cenoura já ter sido chamada, em outras línguas o que significa em português, de “ninho de pássaro”. O fruto é ligeiramente achatado com numerosas cerdas dispostas em cinco linhas.