Ageitec
Cenoura
Queima-das-folhas
Conteúdo atualizado em: 23/02/2022
Autores
Carlos Alberto Lopes - Embrapa Hortaliças
Ricardo Borges Pereira - Embrapa Hortaliças
Ailton Reis - Embrapa Hortaliças
A queima-das-folhas é considerada a principal doença da cultura. Esta enfermidade é causada por um complexo de patógenos que envolve dois fungos, Alternaria dauci e Cercospora carotae, e uma bactéria, Xanthomonas hortorum pv. carotae, cujas predominâncias variam em função da região e da estação de cultivo. Ao patógenos podem ser encontrados em infecções múltiplas no mesmo plantio, planta, ou lesão.
Devido à reação diferenciada ao ataque da queima das folhas é difícil determinar qual patógeno está causando os sintomas, principalmente porque as cultivares reagem de maneira diferenciada ao ataque de cada um. Além disso, as folhas de cenoura são muito recortadas e qualquer lesão termina por provocar seca da parte posterior à lesão (Figura 1), com reflexos negativos sobre a produção e a qualidade das raízes.
Os sintomas de A. dauci são predominantes em folhas mais velhas e caracterizam-se por pequenas lesões foliares de formato irregular, inicialmente marrom-esverdeadas e de aspecto encharcado. Com o tempo estas se tornam marrom-escuras ou pretas, podem ser circundadas por halos cloróticos e se localizarem nas margens e extremidades dos folíolos.
O ataque de C. carotae ocorre preferencialmente em estágios mais jovens de desenvolvimento da planta. Os sintomas iniciam com o aparecimento de pequenas lesões de coloração castanho a marrom-escuras, com o centro claro e margens definidas. Estas são circulares no interior das folhas e mais alongadas nas margens.
Xanthomonas hortorum pv. carotae geralmente causa pequenas manchas amarelas, com contornos angulares nas folhas. Em estádios avançados, essas manchas evoluem e tornam-se maiores e irregulares de coloração marrom e aspecto encharcado, circundados por halo amarelo, mais frequentemente encontradas nas margens das folhas.
Temperaturas entre 20 e 30°C e períodos mínimos de 12 horas de molhamento foliar favorecem o desenvolvimento de C. carotae, enquanto temperaturas mais amenas, entre 16 e 25°C, e prolongados períodos de alta umidade relativa, 8 a 12 horas, favorecem as infecções por A. dauci e X. hortorum pv. carotae. Durante o verão, quando as condições ambientais são mais favoráveis ao desenvolvimento dos patógenos, o plantio de cultivares suscetíveis podem ser inviabilizadas, tamanho a agressividade com que a doença ocorre.
Por ser uma doença de difícil controle, principalmente durante o cultivo de verão, o controle da queima-das-folhas é realizado de forma preventiva, com o plantio de cultivares com maiores níveis de resistência, associado à aplicação de fungicidas quando necessário. As cultivares plantadas no Brasil, em especial as cultivares de verão, são resistentes à doença, e devem ser preferidas. Estas, mesmo sob alta pressão de inóculo, podem resistir ao ataque da doença e, na pior das hipóteses, as aplicações de fungicidas podem ser reduzidas.
Sob clima favorável às doenças, nas fases iniciais de estabelecimento da cultura, pulverizações com fungicidas preventivos como mancozeb, clorotalonil, ditiocarbamatos e cúpricos dão bons resultados. Após o fechamento da folhagem recomenda-se a aplicação alternada de fungicidas de contato e sistêmicos, como estrobilurinas, anelidas, triazóis, imidazoles, dicarboximidas e anilinopiridina. Porém, ao aparecimento dos primeiros sintomas o controle deve ser intensificado com a utilização alternada de fungicidas sistêmicos.
Existem sistemas de previsão do ataque das queima-das-folhas que procuram orientar os produtores para o momento exato de aplicar fungicidas sistêmicos. Isso evita o desperdício de dinheiro e impactos ao meio ambiente. A rotação de fungicidas de contato e sistêmicos ou de diferentes grupos visa dificultar o aparecimento de raças resistentes desses patógenos. Na Tabela 1 são apresentados os principais fungicidas registrados para a cultura da cenoura.
Foto: Giovani Olegário da Silva
Figura 1. Sintomas da queima das folhas
Tabela. 1. Principais fungicidas registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e recomendados para o controle de doenças em cenoura.
Marca Comercial | Ingrediente ativo | Grupo | Classe toxológica |
Dithane NT | mancozeb | alquilenobis | I |
Manzate 800 | I | ||
Mancozeb Sipcam | III | ||
Polyram DF | metiram | III | |
Cantus | boscalida | anilida | III |
Mythos | pirimetanil | anilinopirimidina | III |
Certus | pirimetanil e iprodiona | anilinopirimidida e dicarboximida | III |
Royral | iprodiona | dicarboximida | IV |
Sialex 500 | procimidona | II | |
Sumiguard 500 WP | II | ||
Sumilex 500 WP | II | ||
Vantigo | azoxistrobina | estrobilurina | IV |
Comet | piraclostrobina | II | |
Nativo | trifloxstrobina e tebuconazol | estrobilurina e triazol | III |
Amistar WG | azoxistrobina e difenoconazol | III | |
Cabrio Top | piraclostrobina e metiram | estrobilurina e alquilenobis | III |
Monceren PM | pencicuron | feniluréia | IV |
Sportak 450 EC | procloraz | imidazolilcarboxamida | I |
Cantact | hidróxido de cobre | inorgânico | IV |
Garant | IV | ||
Cuprivat Azul BR | oxicloreto de cobre | IV | |
Fungitol Azul | IV | ||
Starky | sulfato tribásico de cobre | I | |
Cuprozeb | oxicloreto de cobre e mancozeb | inorgânico e alquilenobis | IV |
Dacobre WP | oxicloreto de cobre e clorotalonil | inorgânico e isoftalonitrila | II |
Strike | I | ||
Daconil 500 | clorotalonil | isoftalonitrila | I |
Vanox 500 SC | I | ||
Bravonil 750 WP | II | ||
Isatalonil 500 SC | II | ||
Dacostar 750 | III | ||
Bravonil Ultrex | I | ||
Graster | famaxodona e mancozebe | oxazolidinadiona e alquilenobis | I |
Midas BR | I | ||
Condor 200 SC | bromuconazol | triazol | III |
Score | difenoconazol | I | |
Caramba 90 | metconazol | III | |
Constant | tebuconazol | III | |
Elite | III | ||
Triade | III | ||
Folicur 200 EC | III | ||
Domark 100 EC | tetraconazol | I |
Fonte: Agrofit 2011 - http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons.