Adubação e nutrição

Conteúdo atualizado em: 23/02/2022

Autores

Ítalo Moraes Rocha Guedes - Embrapa Hortaliças

Ruy Rezende Fontes - Embrapa - Presidência

Manoel Vicente de Mesquita Filho - Consultor autônomo

Antonio Francisco Souza - Consultor autônomo

 

Muitos agricultores e mesmo técnicos cometem um erro perigoso na adubação de culturas agrícolas, principalmente hortaliças – confundir uma cultura bem adubada com uma cultura adubada em excesso. O uso excessivo de fertilizantes, sem se levar em consideração o que está disponível no solo e o que a cultura realmente necessita, tem se tornado um problema recorrente e danoso em cultivos olerícolas, inclusive de cenoura, em todas as regiões do Brasil.

Qualquer recomendação de adubação ou de aplicação de corretivos deve ser feita com base em uma análise química do solo, a qual informa ao técnico a quantidade de nutrientes que o solo oferece. Se esta quantidade for menor do que a necessidade da cultura, faz-se o uso de fertilizantes. Os problemas começam a aparecer quando, apesar de o solo ter a quantidade necessária de nutrientes para as plantas, insiste-se em aplicar adubo. A aplicação de fertilizantes sem levar em conta os resultados da análise de solo e a real necessidade da cultura é mera adivinhação e uma prática impensável na moderna olericultura.

Coleta de amostras do solo

Para que se tenha uma análise química realmente representativa das condições da fertilidade do solo a ser cultivado, é de grande importância que o processo de coleta de amostras seja feito com rigor. Os procedimentos recomendados para se realizar uma boa amostragem são descritos a seguir:
Dividir a área a ser amostrada em glebas ou parcelas, as quais devem ser as mais uniformes possíveis quanto a localização (baixada, encosta, topo), vegetação, manejo, cor e textura (arenosa, média ou argilosa) do solo e o histórico de manejo no passado (culturas plantadas, se houve ou não calagem, se houve ou não adubação recente). O solo a ser analisado não deve ser coletado próximo a residências, formigueiros, cupinzeiros, estradas, galpões e depósitos de adubos e calcário;

  • Em cada parcela, a coleta de amostras deve ser feitar em ziguezague ou de forma aleatória, em 10 a 20 pontos diferentes, dependendo do tamanho da área. Em cada um desses pontos será coletada o que se chama de amostra simples;
  • Em cada ponto de coleta de amostra simples, deve-se limpar o local escolhido com auxílio de uma enxada, retirando-se folhas, galhos, restos de culturas, pedras e sujeiras. Após essa limpeza superficial, cava-se um buraco de 20 cm de profundidade e retira-se uma fatia de terra de cima para baixo numa das paredes da cova. Esta fatia, que deve ter de 2 a 3 cm de espessura e 20 cm de profundidade, é a amostra simples;
  • À medida que forem coletadas, as amostras simples devem ser misturadas em um balde limpo, formando a amostra composta. Cerca de 500 gramas da amostra composta deve ser posta em um saco plástico limpo e de preferência novo e enviados para um laboratório que realize análises químicas em solos.

Foto: Agnaldo Carvalho

Adubação manual
Figura 1. Adubação manual

 

Recomendação de adubação

Existem tabelas de recomendação de adubação, feitas a partir de ensaios de adubação e da experiência de técnicos e agricultores, normalmente publicadas por comissões técnicas especializadas em Fertilidade do Solo, com abrangência estadual ou regional. De posse dos resultados da análise química do solo, o técnico consultará os valores recomendados para a cultura de interesse tendo em vista os valores presentes no solo.

Na tabela abaixo, são mostrados os valores recomendados de aplicação de nitrogênio, fósforo e potássio para cenoura publicados nas “Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais – 5ª Aproximação”, publicadas em 1999 pela Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais.

Tabela 1. Recomendação de adubação mineral para a cenoura com nitrogênio, fósforo e potássio

Disponibilidade de P ou de K    
  
Textura do solo       Dose total    
   Argilosa        Média           Arenosa    
Dose de P2O5 K2O N
Baixa 400 320 240 320 120
Média 320 240 160 240 120
Boa 240 160 80 160 120
Muito boa 160 80 0 80 120

Fonte: Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais: 5ª aproximação, 1999.

 

Além de fósforo, potássio e nitrogênio, sugere-se aplicar micronutrientes e adubo orgânico, de preferência esterco de curral curtido. Os micronutrientes podem ser aplicados no solo ou via foliar.

Foto: Jairo Vidal Vieira

Adubação e incorporação do fertilizante

Figura 2. Adubação e incorporação do fertilizante