Centeio
Doenças
Autores
Alfredo do Nascimento Junior - Embrapa Trigo
José Mauricio da Cunha Fernandes - Embrapa Trigo
João Leodato Nunes Maciel - Embrapa Trigo
As principais doenças que ocorrem na cultura de centeio no Sul do Brasil
- Nome comum: Ferrugem do colmo (Agente causal – Puccinia graminis Pers. f.sp. secalis Eriks & Henn.). Esta doença pode ser considerada a mais importante de centeio. As plantas infectadas apresentam descoloração inicial dos tecidos, e, com o progresso da doença, surgem frutificações (pústulas), ovais a alongadas, isoladas ou agrupadas, sobre colmo, baíihas e lâminas foliares, inicialmente de coloração amarelada, que escurecem com o tempo. As pústulas podem romper a epiderme do tecido e liberar os esporos (uredosporos). Os esporos do fungo são disseminados, principalmente pelo vento, e sobrevivem em plantas voluntárias. A maioria das populações coloniais, cultivar Centeio BR 1, inclusive, são suscetíveis à ferrugem do colmo, que ocorreu intensamente no Brasil em 1981, sendo a principal responsável pela destruição da quase totalidade das lavouras. A cultivar IPR 89, registrada em 2000 pelo Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), possui considerável resistência às raças de ferrugem do colmo existentes no Brasil. Para controle desta doença, a eliminação de plantas voluntárias, o uso de cultivares resistentes e o controle químico são os procedimentos mais indicados.
Foto: Alfredo do Nascimento Junior |
Figura 1. Ferrugem-do-colmo. |
- Nome comum: Mal-do-pé (Agente causal – Gaeumannomyces graminis var. tritici (Sacc.) Arx & Oliv..). É uma das mais sérias doenças das raízes dos cereais de inverno (trigo, cevada, triticale e centeio). O fungo sobrevive no solo, e a infecção pode ocorrer em qualquer época da estação de desenvolvimento da cultura. Os maiores danos são observados quando a infecção ocorre nas fases iniciais de desenvolvimento da planta. Elevada umidade e temperatura do solo abaixo de 20 ºC favorecem o desenvolvimento da infecção radicular. Os sintomas mais comuns são “reboleiras” de plantas mortas, ou cloróticas, e formação de espigas esbranquiçadas ou cloróticas durante o enchimento de grãos. Quando arrancadas, as plantas oferecem pouca resistência, em razão de raízes deficientes e de coloração escura a preta, assim como nos tecidos do caule logo acima da superfície do solo. A medida de controle é a rotação de culturas com espécies não-suscetíveis, como aveias e leguminosas de inverno.
Foto: Alfredo do Nascimento Junior |
Figura 2. Área apresentando plantas com mal-do-pé. |
- Nomes comuns: Mosaico comum, Vírus do Mosaico Comum do Trigo, Vírus do Mosaico do Trigo etc. Esta virose, transmitida pelo fungo de solo Polymyxa graminis Led., pode ocorrer em trigo, triticale e cevada. O desenvolvimento da infecção é favorecido em condições de elevada umidade do solo, situação com maior possibilidade de ser encontrada em áreas de baixada ou solos sujeitos ao encharcamento, podendo ser agravada em anos com excesso de precipitação pluvial. Os sintomas podem ser verificados em plantas isoladas e/ou em “reboleiras”, caracterizadas por coloração de verde-clara a amarela, em mosaico nos limbos foliares, com reduzido crescimento e desenvolvimento das plantas. Como medida de controle devem-se usar variedades resistentes.
- Nome comum: Podridão comum de raízes. Caracteriza-se pela colonização dos tecidos das raízes e da coroa, sendo Cochliobolus sativus (Ito & Kurib.) Drechs. ex Dastur (Bipolaris sorokiniana (Sacc. in Sorok.) Shoemaker) o principal fungo associado em trigo no Brasil, podendo ocorrer com menor frequência Gibberella zeae (SchW.) Petch (Fusarium graminearum Schwabe). As principais fontes de inóculo são sementes infectadas e propágulos no solo. O ataque em plântulas pode resultar em morte ou acamamento de plantas. Os sintomas mais comuns são o descoloramento do tecido radicular, que, com o tempo, torna-se acinzentado. Plantas adultas doentes apresentam lesões pequenas, ovais e de coloração marrom nas raízes, nas bainhas das folhas inferiores ou nos internódios da coroa da planta, próximo à superfície do solo. Essa coloração acinzentada do sistema radicular é uma das características que diferem esta doença do mal-do-pé. O controle pode ser realizado mediante rotação de culturas com espécies não-suscetíveis, tratamento de sementes com fungicidas específicos de amplo espectro, uso de sementes sadias e manutenção da fertilidade do solo em nível suficiente para o desenvolvimento vigoroso das raízes.
- Nomes comuns: Helmintosporiose ou Mancha marrom (Agente causal Cochliobolus sativus (Ito & Kurib.) Drechs. ex Dastur (Bipolaris sorokiniana (Sacc. in Sorok.) Shoemaker). A incidência da doença é favorecida por temperatura superior a 24 ºC, períodos de molhamento ininterruptos de 9 a 24 horas, ou superiores, e elevada umidade do ar. Os sintomas iniciais da doença manifestam-se nas primeiras folhas na forma de lesões necróticas de pardas a negras, podendo ocorrer em todos os estádios de desenvolvimento. As lesões podem ser ovaladas a oblongas, com bordos definidos que variam em tamanho, formando grandes manchas que cobrem largas áreas do limbo foliar. Nas espigas, as lesões nas glumas têm centro claro e halo escuro. As medidas de controle são: uso de sementes sadias, tratamento de sementes, uso de cultivares resistentes e rotação de culturas.
- Nomes comuns: Giberela ou Fusariose (Agente causal Gibberella zeae (Fusarium graminearum Schw.)). Esta doença é comum nos estados do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná, ocorrendo com maior frequência em regiões de umidade do ar ou precipitação pluvial elevadas durante o período compreendido entre espigamento e maturação das plantas. Os sintomas de infecção das espigas podem ser observados pelo escurecimento dos tecidos do colmo e da base das espigas. Muitas vezes, as espigas infectadas tornam-se esbranquiçadas, gerando grãos pequenos e mal-formados. Se houver condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento do micélio do fungo, de coloração avermelhada ou marrom, este poderá cobrir parte da estrutura floral e dos grãos. As principais medidas de controle são uso de materiais menos suscetíveis, escalonamento de semeadura e uso de sementes sadias.
Foto: Alfredo do Nascimento Junior |
Figura 3. Giberela em espiga de centeio. |
- Nome comum: Clavagem, também chamada Ergot ou esporão do centeio (Claviceps purpurea). Doença muito preocupante em vários países, pois produz um alcalóide muito tóxico ao homem e aos animais. Em doses diminutas, esse alcalóide é usado como medicamento abortivo. O Ergot ocorre esporadicamente em centeio, sem, no entanto, ser considerado grave. Culturas com incidência, como azevém, são hospedeiras desse fungo, e podem causar abortos em animais com prenhez positiva.
Para controle de doenças de centeio e de outros cereais de inverno, é importante obedecer às normas de rotação de culturas e usar materiais resistentes e semente de procedência.