Corós

Conteúdo migrado na íntegra em: 20/12/2021

Autores

Paulo Roberto Valle da Silva Pereira - Embrapa Florestas

José Roberto Salvadori

 

 

Diferentes espécies de larvas de solo, conhecidas como corós (Col., Melolonthidae), com hábitos alimentares e potencial de danos diferentes, ocorrem na cultura de cevada. As espécies mais comumente encontradas são o coró-das-pastagens (Diloboderus abderus) e o coró-do-trigo (Phyllophaga triticophaga). Ambas apresentam ciclo biológico relativamente longo, que envolve as fases de ovo, de larva (coró), de pupa e de adulto (besouro). Somente as larvas, que são polífagas, são capazes de causar danos às culturas. Em geral, a infestação ocorre em manchas na lavoura.

 

Coró-das-pastagens

A espécie apresenta ciclo anual, escava galerias no solo e ocorre mais sob plantio direto e em pastagens, em razão da necessidade de palha para construção de ninhos e oviposição e mesmo para a alimentação de larvas pequenas. Os adultos podem ser encontrados de dezembro a março. A postura é feita nesse período, com mais frequência em janeiro. Após um período de incubação, que dura entre uma e duas semanas, eclodem as larvas, que passam por três ínstares até empuparem, geralmente em novembro. O dano decorre da ação das larvas, especialmente as de 3º ínstar, que consomem sementes, raízes e partes aéreas da planta, puxando-a para dentro da galeria. As larvas se concentram entre 10 cm e 20 cm de profundidade. Os maiores danos às culturas ocorrem de maio a setembro.

 

Fotos: Paulo Pereira

Coró-das-pastagens

Figura 1. A) Adulto do Coró-das-pastagens; B) Larva.

 

Coró-do-trigo

A espécie apresenta uma geração a cada dois anos, ocorre tanto sob plantio direto como sob preparo convencional de solo e não escava galerias. Os ovos são postos em novembro do ano 1. A fase de larva ocorre desde o fim do ano 1, prolonga-se durante todo o ano 2 e termina em janeiro/fevereiro do ano 3. As pupas ocorrem de janeiro a abril do ano 3; os adultos surgem a partir de março e permanecem no solo até outubro/novembro do mesmo ano, quando vêm a superfície para acasalamento e dispersão. As larvas apresentam três ínstares, são favorecidas por solos não compactados e vivem muito próximas da superfície, concentrando-se até os 10 cm de profundidade. Os danos ocorrem em anos alternados e estão associados às larvas, especialmente as de 3º ínstar, que se alimentam de sementes, de raízes e da parte aérea de plântulas, que puxam para dentro do solo. O período mais crítico para as culturas estende-se de maio a outubro/novembro do ano 2, quando, então, as larvas param de comer e permanecem inativas até a pupação.

 

Fotos: Paulo Pereira

Coró-do-trigo

Figura 2. A) Adulto do coró-do-trigo; B) Larva.

 

Manejo de corós

Os pontos a serem considerados e as medidas a serem adotadas são:

 

• observar e demarcar as áreas com ocorrência de corós, com vistas ao acompanhamento nos anos seguintes;

 

• considerar que a mortalidade natural, normalmente provocada por inimigos naturais, principalmente patógenos, e por condições extremas de umidade do solo, pode ser expressiva, e o colapso de uma população pode ocorrer de uma geração para outra;

 

• identificar a(s) espécie(s) de coró existente(s) na lavoura e estimar a densidade, através de amostragens em trincheiras de 25 cm de largura x 50-100 cm de comprimento x 20 cm de profundidade;

• considerar que danos expressivos ocorrem a partir de 5 corós/m2 (nível de dano);

 

• não plantar cevada em áreas com infestação média acima do nível de dano; a aveia preta para cobertura de solo, tem maior capacidade de tolerar danos de corós e pode ser uma alternativa nessas situações;

 

• lembrar que o coró-das-pastagens, apesar dos danos que causa, também pode proporcionar benefícios, como melhorar a capacidade de absorção de água do solo, em virtude das galerias que escava, e melhorar características físicas, químicas e biológicas do solo, através da incorporação de matéria orgânica;

 

• ter presente que sistemas de rotação de culturas e de manejo de resíduos que reduzam a disponibilidade de palha no período de oviposição de Diloboderus abderus desfavorecem o estabelecimento ou o crescimento populacional do inseto.