Relações com o solo

Conteúdo migrado na íntegra em: 08/12/2021

Autor

Fernando Luis Dultra Cintra - Embrapa Tabuleiros Costeiros

 

A exploração competitiva da cultura do coqueiro exige a presença de solos profundos, sem impedimento físico, ricos em nutrientes e com boa drenagem. Áreas suscetíveis a encharcamento não são indicadas para o seu cultivo. O relevo deve ser, preferencialmente; plano a suave ondulado. Tradicionalmente, os cultivos estão instalados nos solos arenosos da costa nordestina, classificados, em geral, como Neossolos Quartzarênicos. Em função da especulação imobiliária, os coqueirais estão cada vez mais direcionados para o interior, mais especificamente para as áreas dos Tabuleiros Costeiros. Este deslocamento está condicionado, no entanto, ao uso de irrigação.

As classes de solo predominantes nos tabuleiros costeiros são os Argissolos e Latossolos Amarelos (Figuras 1 e 2).

          Fernando Cintra, 2010.

      

      Figura 1: Perfil de Argisolo Vermelho Amarelo, Extremo Sul da Bahia.

 
Esses solos são, em geral, arenosos, pobres em nutrientes minerais e em matéria orgânica, e são caracterizados pela presença de camadas adensadas (camadas coesas) localizadas entre 20 e 60 cm de profundidade. A topografia predominante ,plana a suave ondulada, destes solos facilita bastante as operações mecanizadas.
 
           Foto: Fernando Cintra, 2010.
       
        Figura 2: Perfil de Latossolo Amarelo Álico Coeso, Usina Caetés, AL.
 
 

As camadas coesas existem nos solos sem a participação do homem, pois resultam de manifestações climáticas e morfopedológicas. Estas camadas são um dos principais entraves à produção do coqueiro nos tabuleiros, pelas alterações que causam no movimento de água e ar no solo e pelo aumento que promovem na resistência mecânica à penetração das raízes. A presença de camadas coesas nos solos deixa os coqueirais muito vulneráveis às variações climáticas, vulnerabilidade esta agravada mais ainda, pela ausência de lençol freático, geralmente fora do alcance das raízes.

Por outro lado, nos solos arenosos da Baixada Litorânea (Figura 3) a profundidade efetiva do é regulada pela altura do lençol freático. A posição do lençol freático no perfil destes solos é estratégica para o bom desempenho dos coqueirais por ser esta a principal fonte de suprimento de água para as plantas durante a estação seca.

       Foto: Fernando Cintra, 2010.

    

 Figura 3: Perfil de solo Neoosolo Quartzarênico cultivado com coqueiro. Detalhe da área de expansão do sistema radicular.

 

O baixo suprimento de água nos meses mais secos do ano se constitui no principal fator limitante para a produtividade dos coqueirais. Nestas condições, coqueirais implantados em áreas com lençol freático mais próximo da superfície estarão mais aptos a recuperar um patamar competitivo de produtividade devido à maior regularidade no suprimento de água. Quando a flutuação do lençol freático é muito variável, atingindo a superfície do solo na estação das chuvas e se posicionando distante da zona da ação do sistema radicular na estação seca, as plantas são submetidas a estresse hídrico muito elevado com reflexo no desenvolvimento das plantas e produtividade.