Coco
Queima das folhas
Autores
Dulce Regina Nunes Warwick - Embrapa Tabuleiros Costeiros
Viviane Talamini - Embrapa Tabuleiros Costeiros
A queima-das-folhas do coqueiro provoca o ressecamento precoce das folhas basais da planta. Em 1975, foi detectada pela primeira vez no Estado de Sergipe, no Município de Estância, com a rápida expansão da epidemia nos anos seguintes, nos municípios vizinhos. No ano de 1987, a queima-das-folhas foi encontrada nas plantações industriais dos estados do Pará e Paraíba, causando muita preocupação para os produtores. Atualmente, a doença encontra-se disseminada em vários estados brasileiros e, em geral, está sempre associada à presença de lixa-grande. A doença é originária do Brasil, e ocorre de forma epidêmica em Alagoas, Bahia, Paraíba, Pará, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe. Em outros países, é citada apenas na Guiana Francesa .
Agente causal
A queima-das-folhas é causada pelo fungo Botryosphaeria cocogena Subileau, sendo Lasiodiplodia (Botryodiplodia) theobromae Pat. a forma imperfeita do fungo.
Sintomas
A doença manifesta-se pelo empardecimento, ressecamento e morte prematura das folhas do coqueiro. Nos folíolos, os sintomas são caracterizados por manchas com coloração marrom-avermelhada, que se localizam na extremidade/margem ou no meio dos folíolos, desenvolvendo-se em direção à ráquis (Figura 1 , 2).
Foto Dulce Warwick, 2010 Foto Dulce Warwick, 2010
Figura 1: Coqueiral da variedade gigante Figura 2: Queima-das-folhas em
atacado por queima-das-folhas. coqueiro anão.
Porém, frequentemente, os sintomas desenvolvem-se a partir da extremidade da folha, provocando no início, lesões em forma de “V” (Figura 3).
Foto Dulce Warwick, 2010
Figura 3: Lesões em forma de “V”.
As lesões provocadas por Botryosphaeria têm início, na maioria das vezes, nos estromas de lixa-grande ou pequena e, com menos frequência, nos locais onde ocorre a quebra da ráquis, provocada principalmente por déficit hídrico.
Danos e distúrbios fisiológicos
As inoculações artificiais com suspensão de conídios não resultaram no aparecimento de sintomas da doença. Somente com o ferimento da folha e a colocação de micélio é que os sintomas foram reproduzidos. A constatação de que B. cocogena é um parasita facultativo, que necessita de um ferimento para causar necrose no tecido foliar, também já foi relatada por outros autores, em outros hospedeiros. No caso do coqueiro, a presença da queima-das-folhas é sempre precedida por um ataque da lixa-pequena, no caso do Pará, ou de ambas, como é o que se verifica no Nordeste e Sudeste do país .
As lixas têm a habilidade de parasitar o tecido vegetal sem ferimento, e devem proporcionar uma abertura nos tecidos vegetais para a invasão posterior de B. cocogena. Portanto, medidas de controle das lixas necessariamente terão efeito sobre a queima-das-folhas.
Com a morte prematura das folhas basais, os cachos ficam pendurados sem o apoio dessas folhas e, consequentemente, ocorre a queda de frutos antes de completarem a maturação. A produtividade do coqueiro atacado pela queima-das-folhas tem, portanto, um prejuízo direto com a diminuição da produção de frutos, e um indireto, com redução da área foliar. Os pesquisadores demonstraram que a liberação de esporos é estimulada quando a pluviosidade atinge no mínimo 25 mm.
Controle
O controle da doença é realizado com a remoção das folhas atacadas e a aplicação de fungicidas. A pulverização pode ser feita em qualquer época do ano, durante 6 a 8 vezes, com 15 dias de intervalo.
Nenhuma das variedades e híbridos testados apresentou uma resistência genética satisfatória. Entre as variedades de coqueiro Anão avaliadas, o Anão verde de jiqui foi o menos atacado enquanto que os anões vermelhos foram os mais susceptíveis. O híbrido PB 141, cruzamento do Anão verde com o gigante do oeste africano, foi o mais tolerante à queima-das-folhas, comparado aos híbridos importados da África . Em outro ensaio, comparando-se a reação do germoplasma de gigante, concluiu-se que o gigante da Polinésia foi superior ao gigante do Brasil e o do oeste africano.