Coco
Podridão-do-olho
Autores
Dulce Regina Nunes Warwick - Embrapa Tabuleiros Costeiros
Viviane Talamini - Embrapa Tabuleiros Costeiros
As doenças causadas por espécies de Phytophthora podem provocar “damping-off”, podridão de raízes e folhagem, murcha, manchas foliares, queda de frutos, e ainda a podridão do meristema, em diferentes espécies da família Palmae. Em coqueiro, ocorrem duas doenças bastante destrutivas: uma que causa queda de frutos e a outra morte do meristema central. A ocorrência das duas é generalizada, principalmente, em regiões muito chuvosas. Recentemente, têm ocorrido epidemias na Indonésia, Costa do Marfim e principalmente nas Filipinas.
Agente causal
Várias espécies de Phytophthora causam podridão do mersitema central e queda de frutos. Phytophthora palmivora (sinônimo = P. faberi Maublanc e P. theobromae) é a mais comum e a mais importante. Phytophthora hevea causa podridão do olho e queda de frutos na Costa do Marfim, enquanto que P. palmivora e P. katsurae Ko & Chang ocorrem na Jamaica. Nas Filipinas, a espécie encontrada foi identificada como P. arecae Pethybridge.
Sintomas
Os sintomas típicos do ataque de Phytophthora começam como descolorações verde-claras na folha flecha e nas outras folhas jovens, que evoluem para a murcha e a curvatura das folhas centrais. Internamente, ocorre a podridão na base da folha flecha, e consequentemente, essas folhas podem ser destacadas facilmente. A base das folhas mostra lesões marrons, necróticas enquanto que as bases internas podem estar cobertas com um micélio branco. Os tecidos atacados têm a aparência oleosa, de coloração variando de amarelo a marrom claro. Abaixo da parte apodrecida, aparecem áreas de tecido de cor rosada a arroxeada com margens marrom-escuras.
O rápido desenvolvimento da doença resulta na morte da parte central, enquanto que algumas folhas mais baixas permanecem verdes por mais 6 a 12 meses (Figura 1). Quando a evolução da doença é lenta, ocorre um progressivo amarelecimento, escurecimento e o colapso de toda a folhagem, permanecendo somente o estipe.
Foto: Dulce Warwick, 2010
Figura 1. Sintoma da podridão do olho na folhagem central da planta.
A queda e a podridão de frutos imaturos também são atribuídas ao ataque de Phytophthora. Os frutos infectados apresentam lesões marrons, irregulares, que podem ser angulares e alongadas, ou ainda formarem áreas pontilhadas circulares ao redor de áreas de tecidos verdes. As margens das lesões são frequentemente irregulares e encharcadas. Internamente, o endosperma de frutos jovens fica escurecido e irregularmente necrótico. Os frutos mais velhos apresentam lesões marrons nos tecidos do mesocarpo, enquanto que o endosperma apresenta-se ligeiramente apodrecido e com uma coloração marrom clara. O ataque secundário do fungo Thielaviopsis paradoxa causa o enegrecimento do tecido fibroso do fruto.
Danos, distúrbios fisiológicos e epidemiologia
Nas Filipinas, as perdas por morte de plantas têm sido significativas, sobretudo nos híbridos oriundos de cruzamento com o Anão Vermelho e o Amarelo. No Brasil, ocorrem esporadicamente, principalmente em anos com precipitação elevada. A incidência da doença é mais severa a partir de dois a seis meses após o período de chuvas.
O ciclo do fungo é pouco conhecido, sendo que as fontes de inóculo podem ser os frutos caídos, tecido foliar ou mesmo raízes infectadas. A infecção primária provavelmente ocorre ao nível dos pecíolos das folhas jovens, porém sem causar sintomas externos. O parasita desenvolve-se lentamente, e somente três a cinco meses após a infecção é que se pode constatar se houve ou não a penetração no estipe. O local de penetração é a zona de inserção do pecíolo, ou do pedúnculo floral e, dependendo do processo infeccioso, poder alcançar ou não o tecido interno do estipe. Dois tipos de desenvolvimento podem ser observados:
- se a penetração ocorre tardiamente alcançando somente os tecidos lenhosos, a podridão fica estacionária e consequentemente a planta não é destruída;
- se a podridão, no entanto, desenvolver-se em direção ao meristema, a infecção fica generalizada. Os sintomas externos de curvatura das folhas centrais só ocorrem após a completa destruição do meristema central.
O fungo Phytophthora requer condições bastante úmidas para o processo infeccioso; portanto, é justamente em áreas com intensa precipitação onde a doença é mais severa.
Controle
O controle é feito através de medidas profiláticas e com o uso de fungicidas. Plantas atacadas com a podridão-do-olho, devem ser removidas do plantio, evitando-se cortá-las muito durante o seu arranque, pois cada pedaço de planta deixada no plantio representa fonte de inóculo para as plantas sadias.
As medidas de prevenção desta doença devem ser sempre enfatizadas. Assim como acontece com outras doenças provocadas por fungos, a umidade tem um papel relevante no desenvolvimento do patógeno. Neste sentido, todas as medidas para facilitar uma rápida drenagem do coqueiral devem ser incrementadas. A umidade favorece o desenvolvimento de Phytophothora em todos os estágios de seu ciclo.
Quando as condições favoráveis à doença persistem, o uso preventivo de fungicidas pode ser benéfico. Por outro lado, medidas curativas como o corte da parte afetada e o uso de produtos químicos, não são recomendáveis.