Resinose

Conteúdo migrado na íntegra em: 08/12/2021

Autores

Dulce Regina Nunes Warwick - Embrapa Tabuleiros Costeiros

Viviane Talamini - Embrapa Tabuleiros Costeiros

 

A resinose do coqueiro foi registrada primeiramente no Sri Lanka, em 1906. Na Índia,  pela primeira vez, reproduziram os sintomas em condições controladas. No Brasil, os primeiros relatos de sua ocorrência surgiram em 2004 e, desde então, a doença tem se disseminado gradualmente, aumentando o número de propriedades, de focos, e de coqueiros infectados a cada ano. Trabalhos do Institute de Recherche pour les Huiles et Oléagineux (IRHO) e na Índia apontam para aumento da doença quando existe a deficiência de cloro e fósforo, e o excesso de nitrogênio e sódio. Fatores como estresse ambiental e danos mecânicos também favorecem a ocorrência da doença. Não foram encontradas variedades resistentes.

 

Agente causal

Thielaviopsis paradoxa Hölh ou Chalara paradoxa. Sacc é o estágio anamórfico do patógeno que produz conídios e clamidósporos. Os conidióforos são retos, sem cor a um marrom claro e os conídios são elípticos e da mesma cor (7-15 x 2,5-6 mm). Os clamidósporos são ovais e em cadeias, na coloração marrom (9,5-25 x 5,5-15 mm). A forma teliomórfica (Ceratocystis paradoxa C. Moreau) raramente aparece em palmeiras. No entanto, recentemente esta forma foi identificada no Laboratório de Fitopatologia da Embrapa Tabuleiros Costeiros, em amostras provenientes do Estado do Ceará. O patógeno sobrevive nos restos de cultura em decomposição e pode causar infecção através de ferimentos e das fissuras naturais de crescimento do estipe e da raiz.

 

Sintomas

O principal sintoma da resinose é a exsudação de um líquido marrom-avermelhado, que escorre através de rachaduras no estipe. Estas lesões ocorrem em geral na base da planta, progridem de forma ascendente, e posteriormente coalescem. Com o passar do tempo, o exudato forma incrustações enegrecidas (Figura 1).

     Foto Viviane Talamini, 2010
    
   Figura 1. Sintoma externo de resinose.
 

Como sintoma reflexo, as plantas apresentam redução na frequência de emissão de folhas e no seu tamanho; afinamento do tronco na região próxima à copa e folhas amareladas, pardacentas e frágeis. Através da dissecação do tecido vegetal, verifica-se a presença de extensas manchas amarronzadas de tecidos desintegrados e fibrosos, na região interna do caule (Figura 2). Exames realizados na região das raízes principais revelaram a presença de lesões necróticas. Em casos extremos, as inflorescências e os cachos secam e ficam enegrecidos, comprometendo a produção.

      Foto Viviane Talamini, 2010

     

     Figura 2. Sintomas internos da resinose do coqueiro

 

Danos, distúrbios fisiológicos e epidemiologia

O fungo também é encontrado nas espécies de palmeiras dos gêneros Areca, Caryota, Elaeis, Phoenix, Rhaphis, Roystoneia, Sabal, Syagrus e Washingtonia. Outras plantas susceptíveis são: banana, cacau, café, milho, videira, abacaxi, sorgo e cana-de-açúcar.

A resinose é uma doença letal ao coqueiro, ocorrendo principalmente em locais úmidos. A transmissão entre plantas nesses locais ocorre pelas raízes; entretanto ,a transmissão a longas distâncias pode ocorrer via insetos. Foi detectada a presença de T. paradoxa no corpo de Rhynchophorus palmarum e Metamasius hemipterus coletados em armadilhas no Platô de Neópolis, SE. Também são encontrados outros insetos em plantas com sintomas, como Xyleborus spp. e Rhinostomus barbirostris, que contribuem para aumentar a severidade dos danos ao coqueiro. Solos contaminados, respingos de água no estipe da planta, restos culturais contaminados e ferramentas utilizadas na colheita ou na erradicação das plantas doentes também são importantes disseminadores da resinose. O patógeno pode sobreviver por longos períodos no solo, na forma de estruturas de resistência denominados clamidósporos.

 

Controle

As plantas com sintomas muito avançados, com lesões ultrapassando 50 cm de altura do estipe, deverão ser erradicadas manualmente ou pela aplicação de herbicidas. É importante salientar que os restos da planta deverão ser retirados do local para evitar a disseminação da doença pelos insetos. Em casos menos graves, na fase inicial dos sintomas, pode-se cortar a parte afetada e colocar diferentes produtos, como fungicidas, óleo de nim, alcatrão vegetal e piche. Os insetos disseminadores da doença também deverão ser controlados utilizando, por exemplo, armadilhas atrativas. Ferimentos na base do estipe deverão ser tratados com fungicidas e selados com piche ou alcatrão.