Manejo e práticas culturais

Conteúdo migrado na íntegra em: 08/12/2021

Autores

Humberto Rolemberg Fontes - Consultor autônomo

Carlos Roberto Martins - Embrapa Clima Temperado

 

Gradagem do solo

A utilização da gradagem do solo para manutenção do solo descoberto nas entrelinhas de plantio dos coqueiros é empregada, principalmente, em regiões com déficit hídrico elevado em plantios realizados em sequeiro. A eficiência desta prática está relacionada ao bom controle das plantas invasoras, e à maior conservação de umidade na subsuperfície do solo. Em contrapartida, a exposição do solo à ação direta do sol e das chuvas eleva os riscos de erosão e lixiviação de nutrientes, provocando redução dos níveis de matéria orgânica e da fertilidade do solo. O melhor controle das plantas invasoras é obtido quando a gradagem é realizada próximo ao final do período chuvoso, uma vez que, além de conservar a água do solo, estimula a produção de novas raízes dos coqueiros e incorpora matéria orgânica ao solo. A gradagem realizada no início da estação chuvosa pode ser recomendada, quando se pretende estabelecer leguminosas de cobertura e/ou culturas consorciadas.

Comparando-se sistemas de manejo de entrelinhas em plantios jovens, a utilização da gradagem ou a alternância da gradagem no período seco e roçagem durante o período chuvoso, e o consórcio com mandioca, são os sistemas que mais favorecem o crescimento dos coqueiros, quando comparados à roçagem mecânica e/ou manual em área de Tabuleiros Costeiros. Em plantios adultos situados em área de Baixada Litorânea com acesso das raízes ao lençol freático, não se observou diferença de produção dos coqueiros quando submetidos a diferentes sistemas de manejo de entrelinhas, embora a manutenção da cobertura natural do solo com a utilização de roçagem tenha provocado queda dos teores de nitrogênio das folhas. Entre o primeiro e terceiro ano, foi observado um incremento do número de frutos colhidos, passando de 39 para 60 e de 38 para 47, que corresponde a um aumento de 53% e 23% para plantas adubadas e não adubadas, respectivamente, demonstrando efeito positivo dos sistemas de manejo empregados sobre o aumento de produção de frutos ( Figura 1 ) .

             Foto: Humberto Rolemberg,  2010

            

            Figura 1. Gradagem do solo

 

Coroamento

Esta prática constitui-se na eliminação das plantas infestantes da zona de maior concentração de raízes do coqueiro, com o objetivo de reduzir a competição por água e nutrientes, sendo realizada numa área correspondente a uma circunferência com aproximadamente 2 m de raio, tomado a partir do tronco e equivalente a uma área 12,54 m2, considerando-se uma planta adulta. O método mais utilizado de coroamento é o de capina manual com enxada, devendo-se observar os cuidados de não provocar arrastamento da camada superficial do solo, onde se concentra maior fertilidade, evitando-se também excessivo corte de raízes do coqueiro. O ideal é que se utilize a enxada para incorporação superficial da vegetação de cobertura no final do período das chuvas, em função da redução da umidade do solo.

Considerando-se as dificuldades de mão de obra e dos seus elevados custos, uma opção a ser adotada pelo produtor seria a utilização da cobertura morta, uma vez que esta medida além de favorecer o controle das plantas infestantes, permite o aumento da retenção de água nas camadas superficiais do solo. Podem ser utilizadas palhadas ou cascas de coco inteiras ou semiprocessadas, que neste caso, além de apresentar os benefícios anteriormente referidos, podem fornecer nutrientes tais como potássio e cloro, importantes na nutrição do coqueiro ( Figura 2 ).

           Foto: Humberto Rolemberg, 2010

           

           Figura 2. Coroamento com cascas de coco

       

Roçagem mecânica

A utilização da roçadeira mecânica nas entrelinhas de plantio para manter sob controle a vegetação de cobertura, constitui-se numa prática bastante utilizada, principalmente , em áreas irrigadas em plantios de coqueiros anões. Esta prática deverá ser evitada, no entanto, em plantios em sequeiro (sem irrigação), que apresentam elevado déficit hídrico, principalmente onde predominam gramíneas como o capim gengibre (Paspalum maritimum L.). Considerada como espécie nativa e que apresenta ciclo perene, amplamente disseminada na Baixada Litorânea e Tabuleiros Costeiros do Nordeste do Brasil, é considerada como uma das principais plantas invasoras, concorrendo por umidade e nutrientes com a cultura do coqueiro. Em razão do seu ciclo perene, e de sua grande capacidade de produção de sementes, é considerado de difícil erradicação, uma vez que apresenta pontos de crescimento abaixo do nível do solo, livres, portanto, da ação da roçadeira (Figura 3 ).

   Foto: Humberto Rolemberg, 2010

   

  Figura 3. Rocagem mecanica das entrelinhas