Eucalipto
Preservantes
Autores
José Elidney Pinto Junior - Embrapa Florestas
Washington Luiz Esteves Magalhães - Embrapa Florestas
O tratamento preservativo por método prático constitui-se em uma das formas de agregação de valor à madeira que, principalmente para mourões, pode ser feito facilmente em pequenas propriedades rurais. Esta tecnologia apresenta-se como mais um instrumento que favorece a igualdade social, uma vez que permite a todos no campo, pequenos, médios ou grandes produtores, diversificarem e agregarem valor aos produtos oriundos dos recursos florestais. No caso das grandes propriedades, o processo é vantajoso principalmente quando as usinas de tratamento por pressão encontram-se muito afastadas, encarecendo o transporte. Para as pequenas e médias propriedades, o método prático é de grande valia principalmente quando houver espécies plantadas na área ou nas vizinhanças. O agricultor poderá produzir mourões, seja para suprir as próprias necessidades, seja para a comercialização, em pequena escala, da madeira preservada.
O método de substituição de seiva apresenta-se como uma das melhores opções para o tratamento de mourões por processo prático, sendo indicado especialmente quando se desejam pequenas quantidades de mourões tratados e não se dispõem dos mesmos na região. Este método já foi testado por diversos pesquisadores, principalmente em mourões de eucaliptos e de pínus, mas pode ser empregado para outras madeiras que tenham o alburno permeável, como a de bracatinga, e, também, com estacas de bambu. Consiste em substituir a seiva da madeira ainda verde pela solução preservativa. Desta forma, é importante que o tratamento seja realizado no máximo 24 horas após o corte da árvore. Outro fator importante é garantir que os sais estejam totalmente solubilizados na solução preservativa e que a proporção dos ingredientes seja mantida. A mistura de sais recomendada neste trabalho, conhecida como CCB, é especialmente recomendada para este caso, em virtude da reação de fixação ser lenta, permitindo um tempo maior para o tratamento prático. A solução de impregnação deve ser ácida, pH baixo, para manter a mistura de sais em completa solubilidade. Somente durante a secagem lenta dos mourões, à sombra, é que a reação de fixação deverá ocorrer no interior da madeira.
Durante a reação de fixação ocorre uma mudança do pH no interior da madeira e os produtos impregnados ficam insolúveis, impedindo a lixiviação do preservativo durante o uso dos mourões. Para um tratamento eficiente, a solução aquosa preservativa, além de penetrar profundamente no alburno, atingindo-o todo, deve também reagir com a madeira. A quantidade de ingrediente ativo por volume de madeira é de fundamental importância na preservação, influindo no tempo de serviço do mourão tratado.
A maioria das receitas e instruções para tratamento por substituição de seiva recomenda sete dias com as pontas dos mourões imersas na solução preservativa. Dependendo dos fatores climáticos, esse tempo pode não ser suficiente. Logo no início do tratamento, há uma mudança de coloração na parte externa do mourão, sem que tenha ocorrido uma penetração superior a 1 cm dos ingredientes ativos. Assim, a mudança de cor dos mourões nem sempre é garantia da eficiência do tratamento. Dependendo da região do Brasil e dos fatores climáticos, como temperatura, umidade relativa do ar e velocidade dos ventos, o tempo de imersão para um bom tratamento preservativo pode ultrapassar 40 dias.
Quando tratados corretamente, os mourões de eucalipto podem ter uma durabilidade de 10 a 15 anos.
Cuidados a serem tomados
A utilização da madeira devidamente tratada com preservativos não apresenta riscos à saúde do homem e dos animais. Entretanto, o preservativo é formulado com compostos tóxicos e, portanto, deve ser manuseado com os mesmos cuidados que se dispensam aos inseticidas e fungicidas.
As normas a serem seguidas no seu manuseio são aquelas normalmente observadas para outros produtos tóxicos: (i) guardar o preservativo e a solução preparada fora do alcance de crianças e animais domésticos; (ii) evitar o contato prolongado com a pele, usando luvas de borracha para proteger as mãos; (iii) não fumar ou alimentar-se durante as operações de tratamento sem antes lavar cuidadosamente as mãos; (iv) lavar a roupa de serviço após cada dia de uso; (v) evitar aspirar o produto ou o pó de serragem da madeira tratada; (vi) lavar as mãos após a manipulação do produto e banhar-se ao fim do dia; (vii) proteger os olhos contra respingos. Se eles forem atingidos, lavá-los em água corrente; (viii) em caso de acidente, consultar urgentemente um médico; (ix) jamais descartar os ingredientes ou a solução preservativa em cursos d’água ou no solo. Guardar o restante para ser adicionado a uma nova solução preservativa ou colocar alguns mourões para absorver totalmente a sobra; (x) não utilizar a madeira tratada quando houver a possibilidade de que seus detritos possam tornar-se parte de alimentos ou de rações animais. Como exemplos, pode-se citar o uso de tábuas para corte de alimentos, colmeias para abelhas em contato com o mel, recipientes para água, cocho para rações, recintos para armazenamento de ensilagem ou de alimentos; (xi) a madeira tratada não deve ser queimada em fogueiras, lareiras, fogões, churrasqueiras ou fornalhas. Quando necessário, queimar em incineradores especiais, de acordo com as normas estaduais.