Preparo do solo

Conteúdo migrado na íntegra em: 20/12/2021

Autor

Itamar Antonio Bognola - Embrapa Florestas

 

O preparo do solo para plantio do eucalipto varia basicamente de acordo com o relevo, com o tipo de solo e com a vegetação predominante na área a ser plantada. Em outras palavras, os principais tipos de preparo do solo são realizados para terrenos planos ou inclinados e para áreas “sujas” ou “limpas” no que diz respeito à vegetação existente, bem como se o solo apresenta-se com predomínio de argila de alta ou baixa atividade.

O preparo de solo é uma operação que se executa quando há a necessidade de minimizar o efeito da compactação do solo provocado pelas operações de colheita mecanizada e de limpeza do terreno. A compactação afeta diretamente o crescimento das raízes e das plantas, o suprimento de água e oxigênio, a temperatura e a resistência mecânica. O revolvimento do solo através do preparo é a forma mais usada para reduzir a compactação. A maneira mais simples e prática de inferir sobre a necessidade de preparo do solo é a resistência, que pode ser facilmente determinada pelo uso de um penetrômetro e ou penetrógrafo até pelo menos 60 cm de profundidade para detectar a presença ou não de camada compactada.

Na implantação de plantios florestais em áreas de cultivos agrícolas intensivos, a possibilidade de ocorrência de uma camada compactada no solo é muito grande. Desta forma, recomenda-se, pelo menos na linha de plantio, o uso de subsolador em profundidade suficiente para romper a camada compactada.

Em áreas que anteriormente foram utilizadas com pastagens, a profundidade de preparo pode ser reduzida, uma vez que a compactação formada pelo pisoteio do gado é superficial. Em áreas de reforma, com colheita e retirada manual da madeira do plantio anterior, não há necessidade de preparo do solo. Por outro lado, há solos que apresentam uma camada adensada natural, tal como os derivados de sedimentos da Formação Barreiras, na região dos Tabuleiros Costeiros e os solos pouco profundos (Cambissolos), nas regiões Sul e Sudeste. Recomenda-se, nestes casos, o preparo do solo na linha de plantio, com o teor de umidade adequado, pois se o solo apresentar umidade em grau elevado ou muito seco, respectivamente pode causar o espelhamento lateral ou formar grandes torrões difíceis de serem destruídos com o uso do subsolador, o qual deve ser regulado na profundidade de uma espessura mínima de 40 cm, a fim de facilitar o desenvolvimento inicial das mudas de eucaliptos.

Ainda nesse aspecto, quanto maior a profundidade de preparo do solo, maior o seu custo. O sentido do preparo do solo por qualquer implemento deve ser sempre contrário ao declive, de preferência seguindo curvas de nível marcadas na área. Solos com profundidade efetiva reduzida (pela presença de rocha ou do lençol freático) devem ser evitados, porque têm sido evidenciados como uma das maiores restrições ao pleno crescimento das plantas.

A manutenção dos resíduos da colheita na superfície do solo também é uma técnica auxiliar poderosa na redução da compactação do solo pela colheita mecanizada, na redução da erosão e na manutenção da fertilidade do solo.

Deve-se optar por métodos que não exponham o solo e não promovam o seu revolvimento, reduzindo o risco de erosão nos plantios florestais, entre a fase de plantio e cobertura do solo. Atualmente, o método de preparo do solo mais utilizado pelas empresas florestais no Brasil é o cultivo reduzido do solo (cultivo mínimo), realizado apenas na linha de plantio, trabalhando-se em uma largura e em uma profundidade menores que 50 cm. Nesse sistema, a maior parte dos resíduos culturais é mantida sobre a superfície do. O cultivo mínimo é considerado um método conservacionista desde que se mantenham os resíduos culturais em, pelo menos, 30% da superfície do solo ou em 1 t ha-1.

A preocupação em se usar técnicas de preparo conservacionistas, evitando-se a queima e possibilitando a manutenção dos resíduos da colheita sobre a superfície do solo, levou ao desenvolvimento do cultivo mínimo, técnica na qual o preparo do solo restringe-se basicamente a uma pequena seção do terreno, visando preparar um volume mínimo de solo. Ainda, há necessidade de envolver diferentes técnicas de análises que permitam minimizar os riscos oriundos da compactação, por ocasião da colheita, porém, sem comprometer as técnicas conservacionistas desenvolvidas. Além do mapeamento detalhado dos solos nas propriedades e consequente identificação das áreas de riscos de compactação, há também a necessidade do reconhecimento das condições físicas dos solos, do equipamento na fase de pré-preparo, assim como a manutenção de um controle de qualidade do trabalho executado em tempo real e em pós-trabalho.