Feijão-Caupi
Importância socioeconômica
Autor
Antônio Carlos Reis de Freitas - Embrapa Cocais
A importância econômica do feijão-caupi
No Brasil, entre 1996 e 2003, a área total cultivada com feijão foi de 4.440.977 ha (média anual), sendo que a cultura do feijão-caupi ocupou 30 % e o feijão comum, 70 % dessa área total, tendo 2.862.794 t como produção total média anual e 645 kg ha-1 (quilogramas por hectare) como produtividade média anual. Na Região Nordeste, o feijão-caupi ocupou 1.332.098 hectares de área cultivada média anual, tendo gerado 416.362 toneladas de grãos, com a produtividade média de 313 kg ha-1.
A produção de feijão no Brasil destina-se ao consumo doméstico e tem grande importância como alimento e na geração de renda da agricultura familiar. A partir de dados das Pesquisas de Orçamentos Familiares (POF), nota-se que, nos últimos oito anos, o consumo de feijão teve uma queda relativamente pequena, passando de 10,2 kg/per capita/ano para 9,2 kg/per capita/ano. Neste sentido, projeções de produção e consumo de feijão indicaram uma taxa anual de aumento da produção de 2,6 % e de consumo de 1,9 % ao ano, para o período de 2005-2006 a 2014-2015. Assim, a produção de feijão deverá passar de 2,91 para 3,67 milhões de toneladas nesse período.
O cultivo de feijão-caupi ocorre em duas épocas de plantio: a primeira safra é plantada no início da estação chuvosa (novembro a março) e responde por cerca de 71 % da produção média anual; já a segunda safra acontece no final da estação chuvosa (abril a agosto) e responde por 29 % da produção média anual.
Os principais sistemas de produção do feijão-caupi são: cultivo de sequeiro (consorciado com milho, com mandioca e com milho e mandioca); associado a culturas perenes (monocultivo de primeira safra, monocultivo de segunda safra e na sucessão do arroz em áreas cultivadas no Cerrado); cultivo de vazante e cultivo irrigado.
Os principais estados produtores da Região Nordeste são: Ceará, Bahia, Piauí, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Maranhão. Na Região Norte, os principais estados produtores de feijão-caupi são: Amapá, Pará, Rondônia e Roraima. Vale ressaltar que mais de 90 % da produção anual dos três maiores estados produtores (Ceará, Bahia e Piauí) foi obtida em cultivos de primeira safra, ao passo que, apenas no Estado do Maranhão, mais de 50 % da produção anual foi obtida em cultivos de segunda safra. Desta maneira, constata-se que o maior volume da oferta do produto está vinculado ao período da estação chuvosa, enquanto que, na estação seca, há escassez no mercado regional. Assim, essa desigualdade no volume ofertado de feijão-caupi ao longo do ano tem desdobramento sobre os preços, que oscilam para baixo na estação chuvosa e sobem na estação seca.
A Figura 1 mostra uma representação esquemática da cadeia produtiva do feijão-caupi, com destaque para o surgimento do setor produtor de insumos e do mercado varejista. Com a adoção da Cultivar BR-17 Gurguéia, os produtores de feijão-caupi passaram a oferecer grãos na cor do tipo “sempre-verde”, que é um tipo de coloração muito aceita no mercado consumidor piauiense, conferindo melhores preços, além de fornecer um produto mais padronizado e com maior duração de tempo em prateleira, sem perder as características de cor do grão e ter um tempo de cocção (cozimento) mais curto.
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Figura 1. Representação esquemática da cadeia produtiva do feijão-caupi. |
Outro aspecto a ser destacado sobre o mercado de feijão-caupi na Região Nordeste refere-se ao destino da produção, visto que quase metade destina-se ao autoconsumo familiar, tendo a forte presença dos intermediários na comercialização do produto e a pouca relevância da venda direta ao consumidor ou via cooperativas, bem como, a pouca industrialização da pós-colheita. Contudo, o perfil do produtor de feijão-caupi vem se alterando nas duas últimas décadas com o surgimento de campos mecanizados, especialmente na fase de colheita, em áreas cultivadas de 100 a 150 ha nos Cerrados da região sudoeste piauiense.