Feijão-Caupi
Parte aérea
Autores
Claudia Sponholz Belmino - Consultora autônoma
Candido Athayde Sobrinho - Embrapa Meio-Norte
Parte aérea
Carvão
O carvão-do-feijão-caupi é uma doença causada pelo fungo Entyloma vignae Batista, Bezerra, Ponte e Vasconcelos, estando, atualmente, presente em todas as áreas onde se cultiva a espécie, sendo mais frequente nos períodos chuvosos, quando as plantas são cultivadas em solos férteis e úmidos.
A doença caracteriza-se pela presença de lesões bem distintas nas folhas. As manchas são arredondadas, de cor cinza-escura circundadas por um área amarelada (Figura 1).
Foto: Cândido Athayde Sobrinho. | ||
Figura 1. Carvão. |
As manchas podem se desenvolver bastante e unirem-se, causando um intenso amarelecimento e queda precoce das folhas, o que resulta em diminuição da produtividade.
O controle deve ser feito baseando-se no uso de cultivares resistentes e no plantio de sementes livres do patógeno.
Mancha-café
A mancha-café é causada pelo fungo Colletotrichum truncatum (Schw.) Andrus & Moore que, em situações especiais, pode determinar grandes perdas à cultura (Figura 2).
Autor: Marissônia de Araújo Noronha. | ||
Figura 2. Mancha-café. |
O fungo infecta as folhas (nervuras, pecíolos), ramos, pedúnculo, almofada floral e a vagem. Neste caso, ocorrerá a deformação das vagens, as quais podem se apresentar contorcidas. As manchas são de coloração marrom-escura ou café, de tamanho e conformação variados. Na superfície das lesões, formam-se as frutificações negras do patógeno (acérvulos), destacando setas escuras perceptíveis ao tato.
O patógeno é transmitido por meio das sementes e sobrevive em restos de cultura, o que vem favorecendo o aumento da ocorrência da doença nos últimos anos, principalmente em razão do aumento do inóculo no campo, o qual se dissemina de campos de feijão-caupi doentes por meio de resíduos carregados pelo vento e pela chuva. O aumento do uso da irrigação nos campos de cultivo também tem favorecido a disseminação da doença por meio dos respingos da água. Plantas daninhas têm sido relatadas como hospedeiras alternativas do fungo, contribuindo para o aumento de inóculo no campo.
O controle da doença baseia-se no emprego de sementes sadias, produzidas em áreas comprovadamente livres da doença, destruição dos restos de cultura e uso de cultivares resistentes.
Cercosporiose (Mancha-vermelha)
Trata-se de um fungo da espécie Mycosphaerella cruenta Sacc. (Cercospora cruenta Sacc.) e ocorre normalmente em todas as áreas produtoras de feijão-caupi.
A doença surge preferencialmente por ocasião do início da floração. Nos folíolos, observam-se manchas necróticas, secas, ligeiramente deprimidas, de coloração avermelhada e contorno irregular, principalmente nas lesões mais velhas. Com a evolução da doença, a coloração do centro da lesão torna-se pardo-acinzentada, sendo o conjunto circundado por uma discreta área amarelada. Em condições de elevada umidade, sobressai da superfície da mancha uma massa compacta marrom, que corresponde às estruturas reprodutivas do patógeno.
A doença é transmitida pelas sementes e é bastante influenciada pelas condições de temperatura e umidade. A incidência da doença é maior durante estações chuvosas. O vento contribui significativamente para sua disseminação. Restos de cultivo infectados e plantios próximos a cultivos afetados podem contribuir para ataques severos da doença.
Como medidas de controle, deve-se usar sementes sadias, fazer rotação de culturas, evitar o plantio em áreas próximas de culturas afetadas, em terrenos onde haja restos do cultivo anterior, eliminar os restos culturais e usar cultivares resistentes.
Ferrugem
A ferrugem-do-feijão-caupi é causada pelo fungo Uromyces vignae Barl e é de ocorrência recente no Brasil, tendo sido constatada nos Estados de Pernambuco, Paraíba, Maranhão, Bahia, Piauí e outros a partir de 1985. A ferrugem pode, em certas situações, acarretar grandes perdas à produção em consequência da desfolha que pode provocar (Figura 3).
Autor: Marissônia de Araújo Noronha. | ||
Figura 3. Ferrugem. |
A doença se caracteriza pela formação de pústulas em ambas as faces das folhas. As pústulas são pequenas, de até 2 mm de diâmetro, de cor ferrugem e formam pequenas manchas necróticas, amareladas e levemente salientes. Muitas vezes, ao friccionar os folíolos contendo pústulas, sente-se, ao tato, a presença das estruturas reprodutivas do patógeno (uredósporos), liberadas das referidas pústulas. Ao final do ciclo, as manchas passam a apresentar cor escura em função da liberação de outros tipos de esporos (teliósporos), os quais, individualmente, são marrons, ou vermelhos e escuros quando em massa.
A disseminação do fungo é feita predominantemente pelo vento. A transmissão pelas sementes não tem papel importante na disseminação da ferrugem.
Como medida de controle, deve-se adotar o uso de cultivares resistentes.
Oídio ou cinza
Enfermidade cujo agente causal é o fungo Erysiphe polygoni DC (Oidium polygoni), sendo encontrado com maior frequência nas regiões semi-áridas produtoras de feijão-caupi.
A doença pode atingir todas as partes das plantas, salvo o sistema radicular. O principal sintoma da doença se constitui no crescimento de uma “massa” branco-acinzentada, formada pelas estruturas vegetativas do patógeno (Figura 4), a qual se manifesta inicialmente nos folíolos e depois se estende aos pecíolos, caules, órgãos florais e vagens, até recobrir toda a superfície da planta afetada.
Foto: Cândido Athayde Sobrinho. | ||
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Figura 4. Oídio. |
Em condições normais de cultivo, a doença dispensa medidas de controle específicas. Contudo, nas zonas semi-áridas, podem ocorrer surtos da doença que, em situações muito especiais, podem comprometer o desempenho da cultura.
Sarna
A sarna-do-feijão-caupi tem como agente causal o fungo Sphaceloma sp. (Elsinoe sp.) e pode causar sérios prejuízos à cultura.
As lesões ovaladas ou circulares aparecem em qualquer parte da planta. Essas lesões são, geralmente, profundas, de centro esbranquiçado e bordas marrons. Nas folhas, as lesões são pequenas, numerosas, circulares e inicialmente brancas. Com a evolução da doença, o tecido morto do centro das lesões se desprende e estas se transformam em pequenas perfurações de contornos brancos, ao longo da folha. O ataque às vagens deixam-nas encurvadas, atrofiadas e, muitas vezes, secas, acarretando grande perda na produção (Fig. 5).
Foto: Cândido Athayde Sobrinho. | ||
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Figura 5. Sarna. |
O patógeno é transmitido em altas taxas por meio das sementes e sobrevive em restos de cultura, sendo estas as principais fontes de infecção primária. Em condições ambientais favoráveis, as infecções secundárias aparecerão em grande quantidade, disseminando a doença para toda a área plantada.
O emprego de cultivares resistentes é o melhor método de controle. Dessa forma, para o controle da sarna, tem-se a cultivar BR 14 - Mulato com alto padrão de resistência para as condições do Estado do Piauí. Outras medidas complementares de controle podem ser adotadas. Entre elas, destacam-se o emprego de sementes sadias, livres do patógeno, a rotação de culturas e a destruição dos restos culturais.