Feijão-Caupi
Manejo do solo e adubação
Autores
Francisco de Brito Melo - Embrapa Meio-Norte
Milton José Cardoso - Embrapa Meio-Norte
Manejo do solo e adubação
Correção de acidez do solo
A correção de acidez do solo é necessária para se obterem melhores rendimentos da cultura e maior eficiência do uso da água e de nutrientes. Para essa correção, o insumo mais utilizado é o calcário, que pode ser o calcítico e o magnesiano (dolomítico). Em solo com deficiência de magnésio, o uso do calcário dolomítico é o mais recomendado.
O calcário deve ser aplicado 2 meses antes da semeadura para que se obtenham os efeitos esperados. Contudo, essa é uma orientação geral, pois a reação do calcário está diretamente condicionada à umidade do solo e às características do corretivo.
Adubação química
Uma recomendação correta de fertilizante depende de como são interpretados os teores dos nutrientes da análise do solo e, também, da correlação com os dados de calibração e níveis críticos dos elementos. Considera-se como nível crítico o teor de nutriente abaixo do qual se espera significativa resposta à aplicação desse elemento químico. Acima desse valor, a probabilidade de resposta é pequena, e os aumentos no rendimento da cultura não são significativos. Entretanto, a aplicação de pequenas quantidades de adubos em solos de alta fertilidade é importante para a sua conservação.
Não é recomendável a aplicação de nitrogênio na cultura do feijão-caupi, pois, além de onerar o custo de produção, não se tem constatado resposta na produção de grãos à aplicação desse nutriente, com exceção de áreas recém-desmatadas e solos com textura arenosa e de baixo teor de matéria orgânica.
Por outro lado, a resposta é positiva na produção de massa verde, a qual se correlaciona negativamente com a produção de grãos. Além disso, o feijão-caupi apresenta uma relação simbiótica eficiente com a população de bactérias formadoras de nódulos nas raízes das plantas que são capazes de atender sua demanda por nitrogênio, dispensando a suplementação com fertilizantes químicos.
O fósforo, apesar de ser extraído pelo feijão-caupi em quantidades bem menores do que outros macronutrientes, é o principal nutriente limitante da produção da cultura na Região Nordeste do Brasil.Constataram-se respostas expressivas à adubação fosfatada nos mais diversos tipos de solos onde o feijão-caupi é cultivado, principalmente nos solos do tipo Latossolos e Neossolos Quartzarênicos.
A maioria dos solos das regiões Norte e Nordeste do Brasil apresentam baixos teores de fósforo disponível, fato comprovado por análise e experimentação de adubação com diferentes cultivares de feijão-caupi. Por essa razão, grande parte dos trabalhos de pesquisa é realizada com o objetivo de se definir a necessidade de adubação fosfatada para o feijão-caupi nas diferentes condições de solo e clima dessas regiões, procurando-se estabelecer as doses ótimas do nutriente para os diferentes solos.
O potássio é o nutriente extraído e exportado em maior quantidade pelo feijão-caupi. Apesar disso, a cultura raramente responde à adubação potássica. Quando ocorrem respostas, os aumentos de produção, em razão dos nutrientes, são pouco expressivos.
Os micronutrientes são exigidos em pequenas quantidades pela planta do feijão-caupi. Normalmente, as reservas dos solos são capazes de atender às necessidades das plantas. Deficiências podem ocorrer em solos cujo material de origem é pobre em nutrientes ou que apresentam condições adversas à sua mobilização/absorção pela planta, tais como, valores extremos de pH e excesso de matéria orgânica.
Não existem informações sobre as necessidades de micronutrientes em solos das regiões Norte e Nordeste do Brasil onde é cultivado o feijão-caupi. Mas alguns micronutrientes (molibidênio e zinco) exercem grande influência na nodulação e na fixação simbiótica do nitrogênio pelas leguminosas.
Adubação orgânica
O uso de adubo orgânico na cultura do feijão-caupi é uma prática exercida entre os agricultores familiares da Região Nordeste, especialmente entre os que fazem agricultura de vazantes.
O uso da adubação verde é outra alternativa imprescindível, não só para a recuperação das características químicas, físicas e biológicas do solo, mas também como forma de racionalização do uso de fertilizantes minerais, principalmente nitrogenados.
Para as regiões sujeitas a irregularidades de chuvas, como é o caso do semiárido nordestino, existe a alternativa de se incluir a adubação verde no verão (estação chuvosa), num sistema anual de rotação de culturas.
No Estado do Piauí, a mucuna-preta e o feijão-bravo apresentam-se como boa opção para serem usados como adubo verde. São espécies que vêm apresentando um bom comportamento, com rusticidade, tolerância à seca, às altas temperaturas, além de se estabelecerem rapidamente no solo, competindo com as plantas invasoras. Alguns trabalhos demonstraram que o feijão-bravo utilizado como adubo verde no consórcio milho x feijão-caupi proporcionou uma taxa de retorno marginal líquida de 3,74 %. Destaca-se o efeito residual da incorporação do adubo verde neste sistema, que proporcionou um aumentode 39 % e 23 % na produtividade de grãos de milho e feijão-caupi, respectivamente, em relação ao tratamento sem adubo verde.