Parte aérea

Conteúdo migrado na íntegra em: 20/12/2021

Autor

Paulo Henrique Soares da Silva - Embrapa Meio-Norte

 

Pragas da parte aérea

Atacam as partes da planta acima da superfície do solo, como: ramos, folhas, flores, vagens e grãos.

 

Pragas das folhas

Algumas pragas atacam as folhas sugando-lhes a seiva, injetando substâncias tóxicas, vírus e outros micro-organismos causadores de doenças; outras, consumindo o limbo e diminuindo a área das folhas das plantas. As principais pragas desfolhadoras do feijão-caupi são:

 

Vaquinhas (Diabrotica speciosa, Germar, 1824 e Cerotoma arcuata, Olivier, 1791)


Os adultos dessas espécies são besouros que medem aproximadamente 4 mm de comprimento. Os de D. speciosa (Figura 1 são de coloração verde e amarela e os de C. arcuata (Figura 2), preta e amarela.

  Foto: Paulo Henrique Soares da Silva.  
 
Adulto da vaquinha 
 
  Figura 1. Adulto de vaquinha.  

 

  Foto: Paulo Henrique Soares da Silva.  
 
Adulto de vaquinha 
 
  Figura 2. Adulto de vaquinha.  

 

As fêmeas dessas pragas põem seus ovos nas plantas, próximo ao solo. Após a oviposição, as larvas eclodem em aproximadamente 7 dias e alimentam-se das raízes das plantas. As larvas desses insetos são alongadas e chegam a medir cerca de 10 mm de comprimento. 

O ataque desses insetos nas raízes das plantas de feijão-caupi pode ser confundido com o ataque de outros insetos subterrâneos. No entanto, ao analisar as plantas no campo, deve-se observar também o solo próximo das raízes para certificar-se da presença dessas ou de outras pragas subterrâneas.

A ocorrência das larvas de vaquinhas como praga das raízes em feijão-caupi é muito esporádica, entretanto, é uma praga em potencial, podendo a qualquer momento atingir níveis de danos econômicos.

Os produtos para tratamento de sementes ou aplicação no sulco de plantio podem ser empregados para seu controle, entretanto, não se recomenda fazer o tratamento preventivo, por causa da sua esporadicidade.

Os adultos alimentam-se das folhas e esporadicamente das vagens (Figura 3) e iniciam essa atividade logo que as plantas emitam as primeiras folhas. Uma grande população de vaquinhas pode ocasionar grandes perdas da área foliar. Nesses casos, convém uma análise do porcentual de perda nas folhas e o que essa perda irá influenciar no rendimento da cultura, para então, ser tomada uma decisão de controle. O maior dano ocasionado por esses insetos é a capacidade de transmitir uma doença causada por vírus chamada de mosaico-severo-do-feijão-caupi. O controle dos adultos, visando à diminuição de plantas infectadas por vírus, não é uma prática recomendável, entretanto a Embrapa Meio-Norte lançou diversas cultivares com resistência múltipla a vírus. O uso dessas cultivares é a forma mais correta de se evitar a contaminação da lavoura por viroses. No entanto, caso haja necessidade de um controle, visando à diminuição da população devido ao grande consumo da área foliar, podem-se utilizar produtos em pulverização, dando-se preferência aos menos tóxicos e mais seletivos.

  Foto: Paulo Henrique Soares da Silva.  
 
Adulto de vaquinha (Cerotoma arcuata, Olivier) alimentando-se de vagem  
 
  Figura 3. Adulto de vaquinha alimentando-se
de vagem.
 

 

Lagartas desfolhadoras

 

Lagarta-militar, dos milharais ou do cartucho (Spodoptera frugiperda, J. E. Smith)

A lagarta-do-cartucho ou lagarta-militar é uma das principais pragas da cultura do feijão-caupi. Pode ocorrer em qualquer época em que a planta é cultivada e seu ataque pode iniciar-se logo nos primeiros dias após a emergência das plantas, período em que elas são sensíveis ao desfolhamento.

As lagartas completamente desenvolvidas medem cerca de 35 mm de comprimento (Figura 4), possuem coloração marrom-acinzentada no dorso e esverdeada na parte ventral.

  Foto: Paulo Henrique Soares da Silva.  
 
Lagarta militar, dos milharais ou do cartucho  
 
 

Figura 4. Lagarta-militar.

 

Os adultos são mariposas de aproximadamente 30 a 35 mm de envergadura, com asas anteriores de coloração marrom-acinzentada, tendo os machos manchas bem visíveis no ápice, enquanto nas fêmeas, são quase imperceptíveis (Figura 5). Em ambos os sexos, as asas posteriores são esbranquiçadas e transparentes.
  Foto: Paulo Henrique Soares da Silva.  
 
Adulto de spodoptera 
 
 

Figura 5. Adultos de lagarta-militar: fêmea – esquerda
e macho – direita.

 

 

Uma fêmea põe cerca de 2 mil ovos, aproximadamente 200 por postura, os quais são colocados em massas recobertas por pelos da própria mariposa, próximo às culturas ou sobre a própria planta (Figura 6). Após 3 dias, aproximadamente, nascem as lagartas que, a princípio, raspam o limbo foliar ao redor da postura, se espalham e iniciam a raspagem em outras partes das folhas, principalmente das novas. Posteriormente, migram para outras plantas, alímentando-se das folhas ou das vagens por todo o resto do estado larval, que dura cerca de 20 dias. Nesse período, quando passam por cinco estádios de desenvolvimento, consomem cerca de 200 cm2 de folha, sendo que o maior consumo se dá nos dois últimos estádios.

  Foto: Paulo Henrique Soares da Silva.  
 
Postura de spodoptera 
 
 

Figura 6. Postura de lagarta-militar.

 

 

Um comportamento típico dessa espécie é o de seccionar as plantas ainda novas na região do colo, próxima ao solo, provocando o tombamento, à semelhança do ataque da lagarta-rosca A. ipsilon. O conhecimento das características das duas lagartas é de fundamental importância para a identificação das espécies e tomada de decisão quanto à medida de controle.

O controle mais indicado para essa praga é o biológico, por meio da aplicação do Baculovirus spodoptera. Esse inseticida biológico é produzido a partir de lagartas infectadas por esse vírus. A aplicação do baculovirus pode ser feita a partir de lagartas infectadas maceradas em água ou do vírus formulado em pó molhável. Outro produto biológico também recomendado é o Bacillus thuringiensis. Esses bioinseticidas são mais eficientes quando aplicados nas lagartas ainda pequenas, no máximo com 1,5 cm de comprimento, ou quando as plantas estiverem com os sintomas de folhas raspadas.

Os parasitóides do gênero Trichogramma contribuem eficazmente para o controle dessa praga.

 

Lagarta-dos-capinzais ou mede-palmo (Mocis latipes, Guenée, 1852)

A lagarta-dos-capinzais, M. latipes, é uma praga esporádica, entretanto, quando ocorrem condições favoráveis, seu ataque tem-se mostrado devastador na cultura do feijão-caupi.

O adulto dessa espécie é uma mariposa de aproximadamente 35 mm de envergadura, de coloração parda-acinzentada e asas com uma faixa transversal pós-mediana mais escura nas anteriores e mais clara nas posteriores (Figura 7).

  Foto: Paulo Henrique Soares da Silva.  
  Adulto de Mocis latipes  
  Figura 7. Adulto de lagarta-dos-capinzais.  

 

As lagartas completamente desenvolvidas podem chegar a medir cerca de 55 mm de comprimento. Sua coloração é geralmente parda com ligeiras variações, em geral, para a tonalidade clara. Possuem duas faixas escuras longitudinais limitadas por duas faixas amareladas (Figura 8). Uma das características dessa lagarta é a forma de como ela caminha, “medindo palmo”, daí a derivação de um de seus nomes, comum em algumas regiões do Brasil. Essa lagarta também tem uma forma peculiar de se alimentar: consome apenas a parte mais tenra da folha, deixando a nervura principal.

Como se trata de uma praga esporádica, é necessário uma vigilância constante na lavoura, pois seus ataques normalmente constituem-se de um surto populacional muito grande, podendo, em qualquer época de desenvolvimento da planta, ocorrer um ataque e prejudicar a produção por causa da desfolha. O uso de produtos biológicos, como o Bacillus thuringiensis, para o controle das lagartas ainda pequenas (até 1,5 cm de comprimento) é de fundamental importância para o sucesso dessa prática.

  Foto: Paulo Henrique Soares da Silva.  
 
Lagarta de Mocis latipes 
 
  Figura 8. Lagarta-dos-capinzais.  

 

Lagarta-preta-das-folhas (Spodoptera cosmioides, Walker, 1856) 
 

As mariposas (Figura 9) medem aproximadamente 40 mm de envergadura, têm coloração parda, asas anteriores com muitos riscos ou desenhos brancos e asas posteriores brancas.  

  Foto: Paulo Henrique Soares da Silva.  
 
Mariposa de spodoptera 
 
  Figura 9. Mariposa de lagarta-preta-das-folhas.  

 

As lagartas (Figura 10), no seu total desenvolvimento, chegam a medir cerca de 40 a 50 mm de comprimento e têm uma coloração que varia do pardo ao quase negro e são aveludadas.

  Foto: Paulo Henrique Soares da Silva.  
 
Lagarta de Spodoptera cosmioides  
 
  Figura 10. Lagarta-preta-das-folhas alimentando-se
de folha de feijão-caupi. 
 

 

Em alguns estados, como no Amazonas, essa praga ocorre com maior frequência e  mais agressividade. Nas demais regiões produtoras de feijão-caupi, é uma praga que ocorre em baixas populações e esporadicamente. S. cosmioides é uma lagarta desfolhadora, mas é comum encontrá-la atacando vagens (Figura 11).

  Foto: Paulo Henrique Soares da Silva.  
 
Lagarta de Spodoptera cosmioides  
 
  Figura 11. Lagarta-preta-das folhas alimentando-se
de vagem de feijão-caupi.
 

 

Em casos de altas populações que possam afetar a produção, recomendam-se as medidas de controle citadas para S. frugiperda e M. latipes.

 

Pragas sugadoras das folhas

 

Cigarrinha-verde (Empoasca kraemeri, Ross & Moore, 1957)

Trata-se de um pequeno inseto de coloração verde (Figura 12). O adulto mede aproximadamente 3 mm. Adultos e formas jovens localizam-se sempre na face inferior das folhas, onde se alimentam. As fêmeas depositam seus ovos ao longo das nervuras, dando preferência à nervura central. Uma das características desse inseto é a forma peculiar de caminhar sempre de lado.

  Foto: Paulo Henrique Soares da Silva.  
 
Ninfa da cigarrinha verde  
 
  Figura 12. Ninfa da cigarrinha-verde em folha
de feijão-caupi.
 

 

Esse inseto é uma das principais pragas do feijão-caupi no Região Nordeste, especialmente durante os meses mais quentes e secos. 

O ataque dessa praga provoca enfezamento nas plantas, que ficam com as folhas novas enroladas ou arqueadas (Figura 13). Tais sintomas são provocados pela introdução de substâncias tóxicas na planta, durante a alimentação dos insetos. Os maiores danos são causados quando a incidência do inseto se dá no período próximo ao florescimento e continua até a formação dos grãos.

  Foto: Paulo Henrique Soares da Silva.  
 
Sintomas de enfezamento  
 
  Figura 13. Sintoma de enfezamento das plantas.  

 

Para o controle desse inseto, os inseticidas de contato devem ser aplicados de forma a atingir a superfície inferior das folhas, em razão do hábito das ninfas e adultos permanecerem na face inferior para se alimentarem. Com produtos sistêmicos ou com os que agem por fumigação ou ação translaminar, as pulverizações podem ser feitas na superfície superior das folhas, que atingirão os insetos na superfície oposta.

 

Pulgões

As espécies que ocorrem no feijão-caupi são: Aphis craccivora Koch, Aphis gossypii ( Glover,1876) e A. fabae (Scopoli, 1763).

São insetos pequenos, com cerca de 1,5 mm de comprimento, de coloração variando do amarelo-claro ao verde-escuro. Vivem em colônias sob as folhas, brotos  novos e flores (Figura 14).

  Foto: Paulo Henrique Soares da Silva.  
 
Planta de caupi atacada por pulgão 
 
  Figura 14. Planta de feijão-caupi atacada por
pulgão (folhas, ramos, flores e vagens).
 

 

Os pulgões alimentam-se sugando a seiva das plantas, injetando substâncias tóxicas e transmitindo viroses.

A ação de sucção dos pulgões provoca o encarquilhamento das folhas, ou seja, seus bordos voltam-se para baixo e há deformação dos brotos. Em virtude da sua alimentação ser exclusivamente de seiva, esses insetos eliminam grandes quantidades de um líquido adocicado, do qual se alimentam as formigas que, em contrapartida, os protegem dos inimigos naturais. Essa substância adocicada serve também de substrato para o desenvolvimento de um fungo denominado comumente de “fumagina”. Esse fungo, de coloração escura (Figura 15), pode  cobrir totalmente a superfície foliar da planta, prejudicando os mecanismos de fotossintetização e respiração.

  Foto: Paulo Henrique Soares da Silva.  
 

 Planta de feijão-caupi exibindo sintomas de "mela e fumagina".

 
 

Figura 15. Planta de feijão-caupi exibindo
sintomas de “mela e fumagina”.

 

Com o decorrer do tempo e com o aumento da população de pulgões, as plantas atacadas ficam debilitadas em função da grande quantidade de seiva retirada e de substâncias tóxicas injetadas. Entretanto, por serem transmissores de vírus, esses insetos se constituem numa das pragas mais sérias da cultura, merecendo, por isso, especial atenção.

Para a contaminação da planta por um vírus nem é preciso a instalação de colônia de pulgões, basta a picada de um inseto contaminado. O controle preventivo do pulgão com o uso de inseticidas para evitar a transmissão de viroses mostrou-se ineficaz, além de aumentar os custos de produção. Por essa razão, a utilização de cultivares resistentes dispensa o uso de inseticidas para evitar a contaminação da lavoura pelas viroses. Nesse sentido, a Embrapa Meio-Norte coordena em âmbito nacional o Programa de Pesquisa de Feijão-Caupi e dispõe em seu banco de germoplasma algumas cultivares (Figura 16) com resistência múltipla a diversos vírus, inclusive ao transmitido pelos pulgões.

  Foto: Paulo Henrique Soares da Silva.  
 

 Variedades de caupi com resistência múltipla a vírus

 
 

Figura 16. Cultivares de feijão-caupi com
resistência múltipla a vírus.      

 

 

Os pulgões são também facilmente controlados por predadores como as joaninhas, as tesourinhas e o bicho lixeiro.

Mosca-branca (Bemisia tabaci, Gennadius, 1889) - Biótipo B

A mosca-branca é um inseto pequeno, cerca de 1,5 mm de comprimento (Figura 17), com dois pares de asas brancas e cabeça de abdômen amarelados. Ao contrário do que muitos pensam, a mosca-branca não é mosca (Ordem Diptera); a posição sistemática atual é de que pertencem à Ordem Hemiptera.

  Foto: Paulo Henrique Soares da Silva.  
 

 Adultos e ninfas de Bemisi atabaci

 
  Figura 17. Adultos e ninfas de mosca-branca em
folha de feijão-caupi.    
 

 

Até o ano de 1995, a Bemisia tabaci causava danos à cultura do feijão-caupi, não pela sua ação direta, mas por ser vetora do vírus-do-mosaico-dourado-do-feijão-caupi (Figura 18).

  Foto: Paulo Henrique Soares da Silva.  
 

 Folhas de feijão-caupi com sintomas do Mosaico Dourado

 
  Figura 18. Folhas de feijão-caupi com sintomas
do mosaico-dourado-do-feijão-caupi transmitido
pela mosca-branca.
 

 

A partir desse ano, com a chegada no Nordeste, principalmente nos pólos produtores de feijão-caupi, da raça “B” da mosca-branca, a cultura passou a ser alvo não somente de um vetor de vírus, mas também de um inseto mais agressivo, passando a causar também danos diretos pela sucção da seiva e pela injeção de substâncias tóxicas na planta, causando depauperamento da mesma.

Além desses danos, quando sua população está elevada, suas fezes adocicadas (“mela”) servem de substrato para o desenvolvimento da fumagina (Figura 19 ), que, ao cobrirem parcial ou totalmente as folhas, prejudicam o mecanismo de respiração e de fotossíntese das plantas.

  Foto: Paulo Henrique Soares da Silva.  
 

 Folhas de caupi atacadas por mosca branca

 
  Figura 19. Folhas de feijão-caupi atacadas por
mosca-branca e exibindo sintomas de “mela”
e fumagina.   
 

 

O uso de cultivares resistentes às viroses, aliado ao uso correto das várias práticas culturais inerentes à cultura, constituem as melhores medidas de controle para a referida praga.

 

Minador-das-folhas (Liriomyza sativae, Blanchard, 1938)
 

Trata-se de uma pequena mosca de aproximadamente 1,5 mm de comprimento, com olhos amarronzados e abdome amarelado (Figura 20). A postura é feita dentro da folha, na qual uma fêmea pode depositar cerca de 500 ovos, onde permanecem por um período de 3 dias até o nascimento das larvas.

  Foto: Paulo Henrique Soares da Silva.  
 

 Adulto da mosca minadora

 
  Figura 20. Adulto da mosca-minadora.  

 

Ao nascerem, as pequenas larvas vão abrindo galerias irregulares (Figura 21), à medida que se alimentam do conteúdo interno das folhas. Essas galerias aumentam de tamanho e diâmetro à proporção que as larvas vão se desenvolvendo, passando cerca de 14 dias por esse estádio, quando então se transformam em pupa (um dos estádios de desenvolvimento dos insetos) dentro da própria galeria, atingindo a fase adulta em aproximadamente 7 dias.

  Foto: Paulo Henrique Soares da Silva.  
 

 Sintomas de ataque da mosca minadora

 
  Figura 21. Sintomas de ataque da mosca-minadora
em folhas de feijão-caupi.
 

 

Os danos causados por essa praga são por causa da redução das folhas e são mais severos nos meses muito quentes e secos.

Observações em campos de feijão-caupi e em outras culturas atacadas por moscas-minadoras têm indicado que grandes surtos dessa praga ocorrem quando o produtor utiliza produtos de largo espectro (pouco seletivos) no início dos cultivos. Com isso, os inimigos naturais são praticamente destruídos, possibilitando o desenvolvimento rápido da praga. Esses inimigos naturais são responsáveis pela redução da praga em níveis toleráveis pela cultura, desde que o produtor não utilize inseticidas, ou que utilize apenas produtos seletivos.

 

Pragas dos órgãos reprodutivos

Percevejos
 

Percevejo-vermelho-do-feijão-caupi (Crinocerus sanctus, Fabricius,1775)
 

Corpo com partes amarelo-alaranjadas e outras avermelhadas, medem cerca de 25 mm de comprimento e possuem pernas posteriores volumosas, avermelhadas e com grande número de pequenos espinhos escuros (Figura 22). As fêmeas fazem posturas nas folhas, com aproximadamente 80 ovos. Em média, são 9 por postura. Após o nascimento das ninfas (estádio jovem), estas alimentam-se sugando as vagens e, quando adultas, continuam a se alimentar das vagens (35 dias na fase ninfal e 45 na fase adulta, totalizando 80 dias).

  Foto: Paulo Henrique Soares da Silva.  
 

 Adulto do percevejo vermelho do caupi

 
  Figura 22. Adulto do percevejo-vermelho-do-feijão-caupi.  

 

Percevejo-pequeno-da-soja (Piezodorus guildinii, Westwood, 1837) 
 

Os ovos dessa espécie são de coloração preta, em forma de barril, dispostos em massas constituídas por filas paralelas, contendo de 15 a 20 ovos.

No primeiro estádio, as ninfas (estádio jovem) apresentam hábito gregário, concentrando-se em colônias, normalmente próximas à postura. Com o seu desenvolvimento, efetuado por meio de cinco estádios de desenvolvimento (ínstares), dispersam-se sobre as diversas partes das plantas. As ninfas apresentam coloração esverdeada, com manchas vermelhas e pretas dispostas sobre o dorso.

O adulto é um percevejo de corpo verde, com uma listra de cor marrom ou vermelha próxima à cabeça, medindo aproximadamente 10 mm de comprimento (Figura 23). 

  Foto: Paulo Henrique Soares da Silva.  
 

Adulto do percevejo pequeno da soja  

 
  Figura 23. Adulto do percevejo-pequeno-da-soja.  

 

Essa espécie é a mais abundante e juntamente com C. sanctus compreendem cerca de 70 % da população de percevejos na cultura do feijão-caupi.

 

Percevejo-verde-da-soja (Nezara viridula, Linnaeus, 1758)     

Os ovos do percevejo-verde-da-soja são colocados na face inferior das folhas, em massas de forma hexagonal, contendo cerca de 100 ovos. Após a eclosão, as formas jovens (ninfas de primeiro estádio) permanecem agregadas em torno da postura ou movimentam-se em colônias sobre as plantas. Apresentam coloração alaranjada. No segundo estádio, as ninfas apresentam geralmente cor preta, também pode ser observado seu agrupamento em colônias sobre as plantas.

A partir do quarto estádio, as ninfas assumem coloração verde, com manchas amarelas e vermelhas sobre o dorso. Sob determinadas condições, tanto as ninfas do quarto como as do quinto estádio podem apresentar coloração preta na parte dorsal do abdômen. Na fase adulta, conforme indicado por seu nome comum, o percevejo apresenta coloração verde, tendo manchas vermelhas nos últimos segmentos de suas antenas (Fig. 24).

  Foto: Paulo Henrique Soares da Silva.  
 

 Adulto do percevejo verde da soja

 
  Figura 24. Adulto do percevejo-verde-da-soja.  

 

No ato da alimentação, os percevejos injetam substâncias tóxicas nos grãos e nos orifícios deixados pelo aparelho bucal dos insetos, que penetram micro-organismos  determinando o chochamento dos grãos e causando depreciação do produto no ato da comercialização. Além disso, as substâncias tóxicas atingem as plantas, determinando uma redução de produtividade.

Por se alimentarem das vagens verdes, para o controle desses insetos utilizam-se produtos de carência curta, escolhendo-se aqueles mais seletivos aos inimigos naturais e menos tóxicos ao homem.

 

Lagartas

 

Etiella zinckenella (Treitschke, 1832)
 

O adulto é uma mariposa com cerca de 20 mm de envergadura. Tem asas anteriores de cor cinza e posteriores de coloração cinza-clara com franjas brancas nos bordos. A lagarta tem o corpo verde-claro e a cabeça escura quando nova, e corpo rosado quando bem desenvolvida, medindo aproximadamente 20 mm de comprimento no seu máximo desenvolvimento.

Os ovos são depositados nas flores ou nas vagens. As lagartas, após a eclosão, abrem um orifício nas vagens e se alimentam dos grãos verdes. Nos orifícios de entrada das lagartas, as vagens apresentam um estrangulamento e são encontradas fezes obstruindo esses orifícios, indicando a presença delas no interior das vagens.

 

Maruca testulales (Geyer, 1832) 
 

O adulto é uma mariposa com aproximadamente 20 mm de envergadura e de coloração marrom-clara, apresentando, nas asas, áreas transparentes por falta de escamas. Vive aproximadamente  7 dias, e a fêmea deposita em média 150 ovos nas gemas de folhas e flores. O período de incubação dos ovos é em torno de 5 dias e as lagartas passam por cinco estádios. Alimentam-se nesse período de pedúnculos, flores e vagens. A penetração das lagartas nas vagens ocorre principalmente no ponto de contato dessas com as folhas, ramos ou outra vagem. O orifício de entrada da lagarta da Maruca, embora possa apresentar sinais de excrementos, permanece sempre aberto e sem estrangulamento na vagem.

O ataque dessas lagartas em lavouras de faijão-caupi é esporádico, entretando, ocorrendo em grandes populações, os danos podem ser significativos. Para o controle dessas pragas, deve-se dar preferência aos produtos de carência curta e a aplicação deve ser dirigida para as vagens, local preferido para o ataque.

 

Manhoso (Chalcodermus bimaculatus, Fiedler, 1936)
 

Em alguns estados da Região Nordeste, é considerado uma das principais pragas do feijão-caupi, principalmente em cultivos irrigados e consecutivos.

O adulto é um besouro com aproximadamente 5 mm de comprimento, de coloração preta (Figura 25). Alimenta-se de folhas, ramos, mas, principalmente das vagens. Quando se alimenta em plantas jovens pode transmitir virose, como o mosaico-severo-do-feijão-caupi.

Os adultos fazem orifícios nas vagens, que podem ser de alimentação e de postura (Figura 25). Os orifícios de postura são feitos pela fêmea por meio da inserção de seu aparelho bucal na vagem até atingir o grão e, em seguida, com o ovipositor, introduz o ovo no orifício e cobre-o com uma secreção que o protege dos inimigos naturais de inseticidas. Esses orifícios formam posteriormente uma cicatriz saliente, característica da postura do manhoso. Os orifícios de alimentação permanecem abertos (Figura 26).

  Foto: Paulo Henrique Soares da Silva.  
 

 Manhoso

 
  Figura 25. Manhoso alimentando-se de vagem
de feijão-caupi.
 

 

 

  Foto: Paulo Henrique Soares da Silva.  
 

 Vagens apresentando pontos escuros

 
  Figura 26. Vagens apresentando pontos escuros,
orifícios de posturas e de alimentação
do manhoso.
 

 

Cada fêmea pode depositar em média 120 ovos. Um ovo em cada orifício de postura. As larvas são recurvadas e branco-leitosas e chegam a medir aproximadamente 6 mm de comprimento quando completamente desenvolvidas. Uma larva pode consumir completa ou parcialmente um grão. Após seu completo desenvolvimento, que se dá no interior do grão, as larvas abandonam as vagens para se transformarem em pupas (uma das fases de desenvolvimento dos insetos) no solo. Essa fase se completa em duas semanas, aproximadamente.

O controle das larvas no interior dos grãos ou vagens verdes é muito difícil em virtude da dificuldade de penetração dos inseticidas e, por terem elas aparelho bucal mastigador, os produtos de ação sistêmica se tornam ineficazes. Para o controle dos adultos, a aplicação de produtos com ação de contato e ingestão seriam mais recomendados, com as pulverizações dirigidas para as vagens, alimento preferido pelo inseto adulto.

Alguns estudos têm mostrado que pulverizações com Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae na superfície do solo mantêm um controle de 30 a 50 % de larvas e pupas. A utilização desses fungos em áreas de secagem de vagens para o controle das larvas que saem das sementes ou mesmo a destruição dessas larvas são práticas que podem diminuir a reincidência da praga nas safras subsequentes.

Outras práticas para o controle de C. bimaculatus são a coleta de vagens remanescentes no campo, principalmente as infestadas, e a queima ou incorporação profunda dos restos de cultura.