Tratos culturais

Conteúdo migrado na íntegra em: 20/12/2021

Autores

Milton José Cardoso - Embrapa Meio-Norte

Candido Athayde Sobrinho - Embrapa Meio-Norte

 

Tratos culturais

Baseado no controle de plantas daninhas, que podem ser definidas como qualquer espécie vegetal crescendo em local não desejado e que, de alguma forma, interfere nas atividades produtivas ensejadas pelo homem, a eliminação total das plantas daninhas sempre é uma prática desejável, contudo, deve-se avaliar, caso a caso, a relação custo de controle/benefício obtido. Utilizando-se diversas formas de manejo do ambiente e da lavoura, é possível reduzir a incidência dessas plantas com a obtenção de controle eficiente.

O período crítico de competição das plantas daninhas com o feijão-caupi, ou seja, o período durante o qual as perdas econômicas são maiores ocorre aproximadamente até 35 dias após a emergência.

Existem vários métodos de controle de plantas daninhas, os principais são:

 

Controle preventivo

O objetivo principal desse método é prevenir a introdução, o estabelecimento e a disseminação de determinadas espécies de plantas daninhas em áreas não infestadas. Para evitar a contaminação de uma área, certos cuidados são necessários. Entre eles, destacam-se: utilizar sementes e adubos de natureza orgânica (estrume, restos de cultura ou composto) livres de plantas daninhas proibidas; realizar limpeza completa de máquinas e implementos antes de iniciar as práticas agrícolas;  promover permanentemente o controle dessas plantas daninhas próximo a canais de irrigação e a  margens de carreadores.

 

Controle cultural

Consiste no aproveitamento das características agronômicas da cultura comercial, com objetivo de levar vantagem sobre as plantas daninhas.

O monocultivo de uma dada espécie por vários anos, como também a utilização contínua de um mesmo princípio ativo (herbicida) numa mesma área, facilita o estabelecimento de certas plantas daninhas tolerantes aos herbicidas, promovendo um efeito  negativo adicional sobre a cultura.

Uma prática para amenizar os efeitos da monocultura é a rotação de culturas,  pois previne o surgimento de altas populações de espécies de plantas daninhas mais adaptáveis às culturas.

A variação do espaçamento entre linhas ou da densidade de plantas na linha pode contribuir para a diminuição da competição das plantas daninhas sobre a cultura. A combinação espaçamento x variedade visa, principalmente, proporcionar adequada cobertura do solo para diminuir a competição de plantas daninhas com a cultura.

Atrasar o plantio após o preparo do solo favorece o desenvolvimento das plantas daninhas. O ideal é que a última gradagem seja  feita imediatamente antes do plantio, pois facilita o controle das plantas daninhas já germinadas, o que favorece o estabelecimento mais rápido da cultura.

 

Controle mecânico

Consiste na utilização de práticas de controle de plantas daninhas feitas com o uso da capina manual e do cultivo mecânico.

A utilização de enxadas e, principalmente, de cultivadores de tração animal são os métodos mais comuns de controle de plantas daninhas em feijão-caupi. Esses são ainda comuns em muitas lavouras, principalmente no caso dos pequenos produtores que não possuem meios mais eficientes. Entretanto, ressalta-se que a tração animal não controla as plantas daninhas na linha do plantio comercial e só pode ser utilizada com eficiência em sistemas de plantio em linha ou em covas bem alinhadas.

 

Controle químico    

É recomendado para grandes áreas, quando justificado, ou em áreas com mão-de-obra escassa. Nesse método, são utilizados os herbicidas que podem ser classificados em pré-plantio incorporado (PPI), pré-emergente (PRÉ) e pós-emergente (PÓS).

O produtor deve levar em conta que esse método de controle de plantas daninhas é um complemento de outras práticas de manejo e deve ser utilizado com o intuito maior de reduzir do que de eliminar a necessidade dos métodos de controle manual ou mecânico das plantas daninhas.

O importante para uma boa produtividade de grãos de feijão-caupi é que o controle das plantas daninhas seja feito na época certa, pois, quanto mais tempo a lavoura ficar infestada, mais perdas poderão ocorrer por ocasião da colheita.

Até o momento não existe herbicida registrado para o feijão-caupi no Brasil.

 

Pré-plantio incorporado (PPI)

É recomendado para solos infestados com plantas daninhas, principalmente das famílias das ciperáceas e gramíneas perenes. A profundidade de incorporação e o período devem seguir as orientações contidas no rótulo de cada produto.

 

Pré-emergente (PRÉ)

Inicia-se com o plantio do feijão-caupi e termina com o início da fase de emergência das primeiras folhas (cotilédones). Os produtos podem ser aplicados na área total ou na faixa de 30 a 50 cm sobre a linha de plantio.O poder residual do herbicida deve ser suficiente para manter a lavoura no limpo até o início do florescimento, período considerado crítico, sendo que a aplicação em solo seco, sem a garantia de uma chuva ou irrigação logo após, afeta a eficiência do produto.

 

Pós-emergente (PÓS)

Para uma maior eficiência, as plantas daninhas devem estar, preferencialmente, nos estádios iniciais de desenvolvimento, pois são mais suscetíveis nessa fase. No rótulo dos produtos, as doses maiores são para dicotiledôneas no estádio de duas a quatro folhas e para gramíneas, até a emissão do primeiro perfilho; as doses menores são para as dicotiledôneas no estádio de quatro a oito folhas, e para gramíneas, até quatro perfilhos. De um modo geral, devem-se observar as recomendações contidas no rótulo.

Os pós-emergentes devem ser utilizados quando as plantas de feijão-caupi apresentarem bom estado e vigor  vegetativo, evitando período de estiagem (veranico), hora de calor, excesso de chuva, ou com a cultura em condições vegetativas e fitossanitárias precárias, por reduzir a tolerância da cultura ao produto.