Feijão
Carioca
Autor
Leonardo Cunha Melo - Embrapa Arroz e Feijão
Helton Santos Pereira - Embrapa Arroz e Feijão
Joaquim Geraldo Cáprio da Costa - Embrapa Arroz e Feijão
Luis Cláudio de Faria - Embrapa Arroz e Feijão
Marcelo Sfeir de Aguiar - Embrapa Arroz e Feijão
Cultivar Aporé
Grupo comercial: carioca
Hábito de crescimento: indeterminado (entre os tipos II e III)
Porte da planta: semiereto
Floração média: 38 dias
Ciclo: 84 dias
Cor da flor: branca
Cor da vagem na colheita: verde levemente rosada
Cor da vagem na colheita : amarelo-areia e amarelo-palha
Cor do grão: bege com rajas marrom-claras (alguns grãos são marrons, com pequenas pontuações beges)
Brilho do grão: opaco
Massa de 100 grãos: 20,9 g
A cultivar Aporé é proveniente do cruzamento entre as linhagens A 445 (Carioca x México 168) e A 246 (Carioca x BAT 76), realizada pelo Centro Internacional de Agricultura Tropical (Ciat), na Colômbia. O Centro Nacional de Pesquisa de Arroz e Feijão (CNPAF) recebeu o público na geração F 3 , em 1985, quando as plantas foram colhidas a granel, sendo feita a seleção de plantas individuais em F 4 . Nas gerações F 5 e F 6 , foram realizadas estimativas das progênies para mancha-angular, antracnose, crestamento-bacteriano-comum, ferrugem e rendimento de grãos, selecionando-se a linhagem LR 720982 (CNF 5824). No Ensaio Preliminar de Rendimento (EPR), essa linhagem foi colocada, em 1988, à disposição do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária.
Após 5 anos de avaliação em diversos ambientes, foi indicada para lançamento, em 1992, pelo CNPAF, pela Empresa Goiana de Pesquisa Agropecuária (Emgopa), pela Empresa de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural do Mato Grosso do Sul (Empaer-MS) e pelo Centro de Pesquisa Agropecuária do Oeste (CPAO). Em 1993, foi recomendada pela Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) para as regiões de Além São Francisco e Irecê.
A cultivar Aporé (Figura 1), comparada à Carioca, apresenta maior resistência às principais doenças do feijoeiro. Mediante inoculação artificial, apresentou resistência às raças kapa e zeta do fungo causador da antracnose, ao mosaico-comum e ao isolado FOP 53 de Fusarium oxysporium, e resistência moderada às raças alfa-Brasil e delta do fungo causador da antracnose e ao isolado FOP 46 de F. oxysporium. Mediante infecção natural, foi resistente à ferrugem e moderadamente resistente ao crestamento-bacteriano-comum. Quanto à mancha-angular, a Aporé apresentou moderada resistência em Goiás e moderada suscetibilidade no Mato Grosso do Sul.
Foto: Francisco Lins |
Figura 1. Cultivar Aporé. |
Cultivar Pérola
Grupo comercial: carioca
Hábito de crescimento: indeterminado (entre os tipos II e III)
Porte: semiereto
Floração média: 46 dias
Ciclo: 90 dias
Cor da flor: branca
Cor da vagem na maturação: verde levemente rosada
Cor da vagem na colheita: amarelo-areia
Cor do grão: bege-claro com rajas marrom-claras
Brilho do grão: opaco
Massa de 100 grãos: 27 g
A cultivar Pérola (linhagem LR 720982 CPL53) é proveniente de seleção na cultivar Aporé, realizada pelo CNPAF. Nos Ensaios Nacionais de Feijão (ENs), essa linhagem foi colocada à disposição do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA) para avaliação em diversos estados do Brasil. Após avaliações em 57 ambientes, realizadas na Bahia (região do Além São Francisco), em Goiás (incluindo o Distrito Federal), Mato Grosso e Minas Gerais, a referida linhagem foi indicada para lançamento com o nome Pérola (Figura 2).
Foto: Sebastião Araújo |
Figura 2. Cultivar Pérola. |
A cultivar Pérola foi lançada em 1996 e, após 5 anos de sua indicação, ocupava em torno de 70% da área cultivada com feijão de tipo de grão carioca. Tem como diferenciais o crescimento bastante vigoroso, a adaptação a diversos sistemas de produção e a tolerância à murcha de Fusarium. Tornou-se também referência de tipo comercial de grão carioca no Brasil com a denominação de Carioca Pérola. Ainda hoje está entre as cultivares mais plantadas em várias regiões do Brasil, sendo recomendada para 17 estados, além de ser cultivada em outros países da América do Sul e da África, introduzindo nesses países o hábito de consumir o feijão de tipo de grão carioca.
Cultivar Rudá
Grupo comercial: carioca
Hábito de crescimento: indeterminado (entre os tipos II e III)
Porte: semiereto
Floração média: 46 dias
Cor da flor: branca
Cor da vagem na maturação: verde levemente rosada
Cor da vagem na colheita: amarelo-areia
Ciclo: 90 dias
Cor do grão: bege-acinzentado com rajas de coloração marrom-clara
Brilho do grão: opaco
Massa de 100 grãos: 19,4 g
A cultivar Rudá (Figura 3) é proveniente do cruzamento entre as cultivares Carioca e Rio Tibagi, realizado pelo Ciat. Foi introduzida no Brasil, como linhagem A 285, pelo CNPAF. Em 1988, nos ENs, a referida linhagem foi colocada à disposição do SNPA.
Foto: Francisco Lins |
Figura 3. Cultivar Rudá. |
Nos anos agrícolas 1993/1994 e 1994/1995, na média de sete ensaios conduzidos sob irrigação no estado de Minas Gerais, com e sem controle de doenças, a Rudá superou em produtividade as cultivares testemunhas.
A cultivar Rudá apresenta resistência à antracnose (raças alfa-Brasil, capa e zeta), à ferrugem e ao mosaico-comum. É moderadamente suscetível à murcha de Fusarium e suscetível à mancha-angular e ao mosaico-dourado.
Após avaliação em 101 ambientes, em Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná e Mato Grosso do Sul, foi indicada para lançamento com o nome de Rudá para esses estados. No estado de Minas Gerais, é também conhecida com o nome de Carioca A 285.
Cultivar Princesa
Grupo comercial: carioca
Hábito de crescimento: indeterminado – tipo II
Porte: semiereto
Floração média: 32–35 dias
Cor da flor: branca
Cor da vagem madura: amarelo-estriada
Cor da vagem na colheita: amarelo-palha
Ciclo: 75–80 dias
Cor do grão: bege com rajas marrom-claras
Cor do halo: amarelo
Brilho do grão: fosco
Massa de 100 grãos: 23 g
A cultivar Princesa teve origem a partir do cruzamento entre as linhagens A-252 e BAT 1550, realizado no Ciat, na Colômbia, e foi introduzida como na geração F3, em 1983, pelo CNPAF, onde foram desenvolvidos os primeiros ciclos de seleção massal negativa para algumas raças do fungo da antracnose, até 1984. Em 1985, o CNPAF conduziu um novo ciclo de seleção para antracnose e mancha-angular, em Goiânia, GO, e Irati, PR. A linhagem passou a ser chamada de AN512.722 e depois foi lançada com o nome fantasia Princesa.
A cultivar Princesa (Figura 4) apresenta resistência ao mosaico-comum e à murcha de Fusarium; resistência intermediária à ferrugem e à antracnose; e é suscetível à mancha-angular. Dados experimentais em cinco ambientes sob irrigação e sete em sequeiro, entre 1989 e 1994, no Vale do São Francisco, Agreste Meridional, Vale do Ipojuca e Sertão do Araripe, comprovaram o bom desempenho em produtividade dessa cultivar; em média, 2.300 kg/ha sob irrigação e 1.335 kg/ha em regime dependente de chuva. O rendimento médio observado foi de 2.000 kg/ha, em condições de irrigação. Entretanto, tem potencial para produzir até 3.000 kg/ha.
Foto: Francisco Lins |
Figura 4. Cultivar Princesa. |
Cultivar BRSMG Talismã
Grupo comercial: carioca
Ciclo (floração): 35–45 dias
Ciclo (colheita): 75–85 dias
Porte da planta: prostrado
Cor da flor: branca
Cor do grão: bege com rajas marrons
Espaçamento: 40 cm–50 cm
Semente: tegumento de cor creme (75%–85%) com 15%–25% de rajas marrons (desuniforme), presença de venações na testa, cor do halo ausente, elíptica, semicheia, brilho intermediário
Massa de 100 grãos: 26,5 g
É originária de um programa de seleção recorrente que envolveu o cruzamento entre os genitores BAT 477, IAPAR 14, FT 84-29, JALO EEP, A 252, A 77, OJO DE LIEBRE, ESAL 645, Pintado, Carioca, P-85, P-103, H-4, AN 910522, ESAL 624 e Carioca MG.
A cultivar BRSMG Talismã (Figura 5) pertence ao grupo comercial carioca e foi desenvolvida pela Universidade Federal de Lavras (Ufla), em parceria com a Embrapa Arroz e Feijão, Epamig e Universidade Federal de Viçosa (UFV). Apresenta como vantagens as boas qualidades culinárias e o alto potencial produtivo. É resistente ao mosaico-comum, moderadamente resistente à antracnose e suscetível ao crestamento-bacteriano-comum, à mancha-angular e ao mosaico-dourado. Em Minas Gerais, na média de 17 ambientes (de 1998 e 2001), nas safras das águas, da seca e do inverno, a BRSMG Talismã produziu 10% a mais que as cultivares Carioca e Pérola.
Foto: Sebastião Araújo |
Figura 5. Cultivar BRSMG Talismã. |
A cultivar BRSMG Talismã apresenta boa qualidade do grão e equipara-se às cultivares Pérola e Carioca, especialmente quanto ao tempo de cozimento. É indicada para os estados de Minas Gerais e Paraná.
Cultivar BRS Requinte
Grupo comercial: carioca
Hábito de crescimento: indeterminado – tipo II
Porte: semiprostrado
Floração média: 42 dias
Cor da flor: branca
Cor da vagem madura: amarelo-palha e amarelo-areia
Cor da semente: bege-clara com estrias e pontuações marrons
Ciclo da emergência à maturação fisiológica: 90 dias
Brilho da semente: intermediário
Massa de 100 grãos: 24 g
A cultivar BRS Requinte (Figura 6) originou-se do cruzamento Carioca MG // POT 94 / AN910523, realizado pela Embrapa Arroz e Feijão. Nas gerações F2 a F4, foi utilizado o método massal (bulk), com seleção para tipo comercial de grão. Na geração F5, após inoculação com o patótipo 89 (raça alfa-Brasil) de Colletotrichum lindemuthianum, foram eliminadas as plantas suscetíveis e realizada a colheita individual das plantas remanescentes, que deram origem às famílias F6, de onde foi selecionada, por sua produtividade, arquitetura e resistência a doenças, a linhagem LM 95102682.
Foto: Sebastião Araújo |
Figura 6. Cultivar BRS Requinte. |
No ano de 1997, essa linhagem foi avaliada, juntamente com mais 42 linhagens e 3 testemunhas, no Ensaio Nacional conduzido em 11 ambientes, nos estados de GO (2), MT (1), MS (3) MG (1), BA (1), PE (2) ES (1).
Cultivar de tipo comercial de grão carioca que apresenta reduzido escurecimento do tegumento do grão durante o armazenamento, associado a boas qualidades culinárias com tempo de cocção reduzido (25 minutos). Possui reação de moderada resistência à antracnose. É resistente ao mosaico-comum e apresenta reação de suscetibilidade à ferrugem, à mancha-angular, ao crestamento-bacteriano-comum e ao mosaico-dourado. Essa cultivar veio atender a uma demanda por cultivares de tipo carioca com maior resistência à antracnose, alto potencial produtivo (8,4% de superioridade média em relação às cultivares Pérola e Iapar 81) e padrão de grão comercial tipo ‘Pérola’, com a vantagem de manter a coloração clara do grão por um período de tempo prolongado.
A cultivar BRS Requinte é indicada para as seguintes épocas nos respectivos estados: seca e inverno – Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais; inverno – Tocantins; águas – Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco; águas e seca – Espírito Santo, Paraná e Santa Catarina; seca – Rondônia; e épocas das águas, seca e inverno – São Paulo.
Cultivar BRS Pontal
Grupo comercial: carioca
Hábito de crescimento: indeterminado – tipo III
Porte: prostrado
Floração média: 41 dias
Cor da flor: branca
Cor da vagem madura: amarelo-palha e amarelo-areia
Cor da semente: bege-clara com estrias e pontuações marrons
Ciclo da emergência à maturação fisiológica: 87 dias
Brilho da semente: intermediário
Massa de 100 grãos: 26,1 g
A cultivar BRS Pontal (Figura 7) originou-se do cruzamento BZ3836 // FEB 166 / AN 910523, realizado pela Embrapa Arroz e Feijão. Nas gerações F2 e F3, foi utilizado o método massal (bulk). Na geração F4, após inoculação com o patótipo 89 (raça alfa-Brasil) de Colletotrichum lindemuthianum, foi realizada seleção massal modificada, eliminando-se as plantas suscetíveis. Nas resistentes remanescentes, realizou-se a colheita de uma vagem por planta, objetivando a reconstituição da população.
Foto: Sebastião Araújo |
Figura 7. Cultivar BRS Pontal. |
Na geração F5, foi utilizada a mesma metodologia de seleção. Realizou-se a colheita por planta individual, dando origem às famílias F6, das quais foi selecionada, por produtividade e resistência a doenças, a linhagem LM 95102774.
Em 36 ensaios de Valor de Cultivo e Uso (VCU), a linhagem LM 95102774 mostrou superioridade média de 15,34% em rendimento, quando comparada com a média das testemunhas.
Apresenta resistência à antracnose e ao mosaico-comum, moderada resistência à ferrugem e ao crestamento-bacteriano-comum e é suscetível à mancha-angular e ao mosaico-dourado. Essa cultivar veio atender a uma demanda por cultivares do tipo carioca com maior resistência à antracnose e alto potencial produtivo (15% de superioridade média em relação às cultivares Pérola e Iapar 81).
Cultivar de tipo comercial de grão carioca indicada para os estados de Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Tocantins, Paraná, Santa Catarina, Bahia, Sergipe, Alagoas, Espírito Santo, Rondônia, Rio Grande do Sul e Pernambuco.
Cultivar BRS Horizonte
Grupo comercial: carioca
Hábito de crescimento: indeterminado – tipo II
Porte: ereto
Floração média: 39 dias
Cor da flor: branca
Cor da vagem madura: amarelo-areia (claro e escuro)
Cor da semente: bege-clara com estrias e pontuações marrons
Ciclo da emergência à maturação fisiológica: 85 dias
Brilho da semente: intermediário
Massa de 100 grãos: 27,7 g
A cultivar BRS Horizonte (Figura 8) originou-se do cruzamento EMP 250 /4/ A 769 /// A 429 / XAN 252 // Pinto VI 114, realizado no Ciat, localizado em Cali, Colômbia. A Embrapa Arroz e Feijão recebeu do Ciat a linhagem FEB 208 com grão de tipo comercial carioca. Nos 33 ensaios de VCU conduzidos nas safras das águas e da seca, em Santa Catarina e no Paraná, e das águas e do inverno, em Goiás e no Distrito Federal, a cultivar BRS Horizonte apresentou produtividade média de 2.362 kg/ha, praticamente não diferindo da média das testemunhas Pérola e Iapar 81.
Foto: Francisco Lins |
Figura 8. Cultivar BRS Horizonte. |
Cultivar que apresenta boas qualidades culinárias. Possui reação de resistência à maioria das raças de antracnose e à ferrugem. Apresenta resistência ao mosaico-comum e é suscetível ao crestamento-bacteriano-comum, à mancha-angular e ao mosaico-dourado. Essa cultivar veio atender a uma demanda por cultivares de tipo carioca com resistência à antracnose, porte ereto que possibilita a colheita mecanizada e padrão de grão comercial.
Cultivar de tipo comercial de grão carioca indicada para as seguintes safras: águas, seca e outono/inverno – Goiás e Distrito Federal; águas e seca – Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e Santa Catarina; e inverno – Bahia, Tocantins, Sergipe e Alagoas.
Cultivar BRSMG Pioneiro
Grupo comercial: carioca
Hábito de crescimento: indeterminado – tipo II/III
Porte: semiereto
Floração média: 40 dias
Cor da flor: branca
Cor da vagem madura: amarelo-areia (claro e escuro)
Cor da semente: bege-clara com estrias e pontuações marrons
Ciclo da emergência à maturação fisiológica: 85 dias
Brilho da semente: opaco
Massa de 100 grãos: 20 g
A cultivar BRSMG Pioneiro (Figura 9) foi obtida no Programa de Melhoramento do Feijoeiro do Instituto de Biotecnologia Aplicada à Agropecuária da UFV, Viçosa, MG, pelo método dos retrocruzamentos, assistido por marcadores moleculares. O cruzamento inicial foi realizado entre os genitores Rudá e Ouro Negro para obtenção de sementes. A partir dessas sementes foram realizados retrocruzamentos, seguidos de inoculação com uma mistura de raças do patógeno causador da ferrugem com a raça 89 do patógeno causador da antracnose. Como resultados desses retrocruzamentos, foram obtidas cinco linhagens geneticamente muito próximas ao genitor recorrente, Rudá. A linhagem Vi4899 se destacou em ensaios de campo e foi avaliada nos ensaios de VCU, na rede de Ensaio Nacional Sul, dando origem à cultivar BRSMG Pioneiro.
Foto: Francisco Lins |
Figura 9. Cultivar BRSMG Pioneiro. |
Possui reação resistente ao mosaico-comum e à ferrugem, moderada resistência à antracnose e suscetibilidade à mancha-angular, ao crestamento-bacteriano-comum e ao mosaico-dourado. Na fase final de avaliação, obteve superioridade de 13% em produtividade de grãos, quando comparada com a média das testemunhas Carioca e Pérola.
Cultivar de tipo comercial de grão carioca indicada para os plantios das três safras no estado de Minas Gerais e de safra e safrinha nos seguintes estados: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Cultivar BRSMG Majestoso
Grupo comercial: carioca
Hábito de crescimento: indeterminado – tipo II/III
Porte: semiereto
Floração média: 43 dias
Cor da flor: branca
Cor da vagem madura: amarelo-areia (claro e escuro)
Cor da semente: bege-rosada com estrias e pontuações marrons
Ciclo da emergência à maturação fisiológica: 87 dias
Brilho da semente: opaco
Massa de 100 grãos: 27 g
A cultivar BRSMG Majestoso (Figura 10) foi obtida no Programa de Melhoramento do Feijoeiro da Ufla/Embrapa pelo cruzamento entre as cultivares Pérola e Ouro Negro. A partir da geração F3, foram selecionadas 398 plantas, com grãos de tipo carioca, que foram avaliadas nas gerações F3:4 e F3:5, em Lavras e Patos de Minas, sendo selecionadas dez que participaram de novas avaliações em várias localidades do estado de Minas Gerais. Desses experimentos, uma das linhagens selecionadas foi a OPNS 331, que, após ter participado de 43 experimentos de VCU, no período de 2002 a 2004, destacou-se em produtividade, tipo de grão e resistência a doenças e recebeu o nome de BRSMG Majestoso.
Foto: Sebastião Araújo |
Figura 10. BRSMG Majestoso. |
Possui reação resistente ao mosaico-comum, moderada resistência à antracnose, reação intermediária à mancha-angular e à ferrugem e reação de suscetibilidade ao crestamento-bacteriano e ao mosaico-dourado. Essa cultivar veio atender a uma demanda por cultivares de tipo de grão carioca com alta produtividade e excelente qualidade de grão, com resistência à antracnose, proporcionando maior flexibilidade de cultivo aos produtores de feijão de Minas Gerais.
Cultivar de tipo comercial de grão carioca indicada para o estado de Pernambuco na época de semeadura das águas; Espírito Santo nas épocas das águas e da seca; Goiás nas épocas da seca e do inverno; Paraná nas épocas das águas e da seca; Rio Grande do Sul nas épocas das águas e da seca; Mato Grosso e Minas Gerais nas épocas das águas, seca e inverno; e Mato Grosso do Sul na época da seca.
Cultivar BRS9435 Cometa
Grupo comercial: carioca
Hábito de crescimento: indeterminado – tipo II
Porte: ereto
Floração média: 39 dias
Cor da flor: branca
Cor da vagem madura: amarelo-areia (claro e escuro)
Cor da semente: bege-rosada com estrias e pontuações marrons
Ciclo da emergência à maturação fisiológica: 78 dias
Brilho da semente: opaco
Massa de 100 grãos: 25 g
A cultivar BRS 9435 Cometa (Figura 11) originou-se do cruzamento A769 /4/ EMP 250 /// A 429 / XAN 252 // C 8025 / G 4449 ///WAF 2 / A 55 // GN 31 / XAN 170, realizado no Ciat, localizado em Cali, Colômbia. A Embrapa Arroz e Feijão recebeu do Ciat em 1994 as famílias na geração F1:3. Na geração F3, foi feita a seleção de plantas individuais com base em tipo de grão comercial carioca e resistência à mancha-angular. Em F4, foi utilizado o método massal (bulk), com seleção para resistência à ferrugem, antracnose e mancha-angular. Na geração F5, foi feita novamente uma seleção massal baseada em resistência à ferrugem e porte ereto. Na geração F6, realizou-se a seleção de plantas individuais com base em produtividade, adaptação, porte ereto de planta, resistência ao crestamento-bacteriano-comum e tipo comercial de grão carioca. Na geração F7, selecionou-se por produtividade e porte ereto de planta a linhagem LM 98202147.
Foto: Sebastião Araújo |
Figura 11. Cultivar BRS 9435 Cometa. |
No ano de 1999, a linhagem CNF 1680, de grão tipo carioca, foi avaliada juntamente com mais 161 linhagens e 4 testemunhas, no ensaio preliminar, mostrando-se superior. Em 2001, com mais 22 linhagens e 2 testemunhas, a CNF 1680 foi avaliada no Ensaio Nacional, em sete ambientes (Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Sergipe e Paraná), quanto à produtividade de grãos e outras características agronômicas. Nos anos de 2003–2004, a linhagem, agora denominada CNFC 9435, foi avaliada nos ensaios de VCU, com mais 11 linhagens e 4 testemunhas, utilizando-se tecnologias recomendadas em diferentes sistemas de cultivo, num total de 77 ensaios.
É resistente ao mosaico-comum, à maioria das raças de antracnose e à ferrugem moderadamente suscetível ao crestamento-bacteriano-comum; e suscetível à mancha-angular e ao mosaico-dourado. Essa cultivar veio atender a uma demanda por cultivares de tipo de grão carioca, com precocidade e arquitetura de planta ereta, que possibilita a colheita mecanizada, proporcionando maior flexibilidade de cultivo aos produtores de feijão.
Cultivar de tipo comercial de grão carioca indicada para Goiás/Distrito Federal e Minas Gerais nas safras das águas, seca e inverno; Espírito Santo, Paraná e Santa Catarina nas safras das águas e seca; Mato Grosso nas safras da seca e inverno; São Paulo, Rio Grande do Sul, Sergipe, Bahia, Alagoas e Pernambuco na safra das águas; Mato Grosso do Sul e Rondônia na safra da seca; e Tocantins na safra de inverno.
BRS Estilo
Grupo comercial: carioca
Hábito de crescimento: indeterminado – tipo ll
Porte: ereto
Floração média: 44 dias
Cor da flor: branca
Cor da vagem madura: amarelo-areia (claro e escuro) e algumas são levemente estriadas de roxo
Cor da semente: bege-clara e rosada, tendendo a acinzentada, com estrias e pequenos pontos marrons
Ciclo da emergência à maturação fisiológica: 90 dias
Brilho da semente: opaco
Massa de 100 grãos: 26,4 g
A cultivar BRS Estilo (Figura 12) originou-se do cruzamento EMP 250 /4/ A 769 /// A 429 / XAN 252 // V 8025 / PINTO VI 114, realizado em 1991 no Ciat, localizado em Cali, Colômbia. A Embrapa Arroz e Feijão recebeu do Ciat, em 1994, a população na geração F4. Na geração F5, foi feita a seleção de plantas individuais com base em resistência à mancha-angular. Em F5:6, foi feita a seleção de famílias para resistência à ferrugem, antracnose e mancha-angular. Na geração F5:7, foi feita novamente uma seleção entre famílias baseada na resistência à ferrugem e no porte ereto. Na geração F5:8, realizou-se a seleção de plantas individuais com base em produtividade, adaptação, porte ereto de planta, resistência ao crestamento-bacteriano-comum e tipo comercial de grão carioca. Na geração F8:9, selecionou-se por produtividade e porte ereto de planta a linhagem LM 98202709.
Foto: Sebastião Araújo |
Figura 12. Cultivar Estilo. |
No ano de 1999, essa linhagem foi avaliada, juntamente com outras 159 linhagens oriundas dos programas de melhoramento da Embrapa Arroz e Feijão e 4 testemunhas, no Ensaio Preliminar Carioca, conduzido em quatro locais (Pelotas, RS, Passo Fundo, RS, Santo Antônio de Goiás, GO, e Ponta Grossa, PR). Em 2001, essa linhagem foi avaliada, juntamente com outras 43 linhagens e duas testemunhas, no Ensaio Intermediário conduzido em sete ambientes (Santo Antônio de Goiás, GO, Ponta Grossa, PR, Lavras e Sete Lagoas, MG, Planaltina, DF, Simão Dias, SE, e Seropédica, RJ).
A análise conjunta dos dados de produtividade de grãos e de outras características agronômicas permitiu que a linhagem LM 98202709, com a denominação pré-comercial CNFP 9461, fosse promovida para o ensaio de VCU, sendo avaliada com mais 11 linhagens e 4 testemunhas, no delineamento de blocos ao acaso com quatro repetições e parcelas de quatro fileiras de 4 m, utilizando-se as tecnologias recomendadas para os diferentes sistemas de cultivo. Posteriormente, nos anos de 2006, 2007, 2008 e 2009, foi realizada avaliação em novos ensaios de VCU. Considerando todos os anos de avaliação, essa linhagem foi testada em 134 ambientes no DF e nos estados de GO, MT, MS, RS, PR, SC, SE, PE, RS e RO.
A BRS Estilo possui uniformidade de coloração e de tamanho de grão e tempo de cozimento de 26 minutos. É resistente ao acamamento e adaptada à colheita mecânica direta. Sob inoculação artificial, é resistente ao mosaico-comum e a diversos patótipos da antracnose. Nos ensaios de campo, foi moderadamente suscetível à ferrugem e suscetível à mancha-angular, ao crestamento-bacteriano-comum, ao mosaico-dourado e à murcha-de-Fusarium.
Cultivar de tipo comercial de grão carioca indicada para ambientes em que se cultiva o feijão-comum na região de VCU 1 (MS, PR, SC, RS, SP) nas safras das águas e da seca; na região de VCU 2 (MT, GO/DF, MG, BA, TO, MA, ES) nas safras das águas, da seca e do inverno, e no Rio de Janeiro nas safras da seca e do inverno; na região de VCU 3 (PI, CE, RN, PB, PE, AL e SE) na safra das águas; e na região de VCU 4, em RO, na safra da seca.
BRS Ametista
Grupo comercial: carioca
Hábito de crescimento: indeterminado – tipo lll
Porte: semiereto
Floração média: 45 dias
Cor da flor: branca
Cor da vagem madura: amarela
Cor da semente: bege com listras marrons
Ciclo da emergência à maturação fisiológica: 90 dias
Brilho da semente: opaco
Massa de 100 grãos: 30 g
A BRS Ametista (Figura 13) originou-se da hibridação entre as linhagens PR9115957 / LR720982CP realizada na Embrapa Arroz e Feijão, no ano de 1993. Após a obtenção dos cruzamentos, a geração F1 foi plantada em telado para multiplicação também nesse ano. As demais etapas de seleção ocorreram todas em Santo Antônio de Goiás. A população na geração F2 foi semeada em campo, em 1994, e foi realizada seleção de grãos para compor o bulk na geração seguinte, baseada no tipo de grão mulatinho. Também em 1994, na geração F3 foi realizada seleção para arquitetura de plantas e novamente os grãos do tipo mulatinho foram avançados para a geração seguinte. Na geração F4, em 1995, foi realizada seleção dos grãos com tipo mulatinho para formar a geração seguinte.
Foto: Sebastião Araújo |
Figura 13. Cultivar Ametista. |
Também em 1995, na geração F5 foi feita a seleção de plantas individuais baseada em resistência à ferrugem. Entre as selecionadas, realizou-se nova seleção, dessa vez para grãos do tipo carioca, dando origem as famílias F5:6. Em F5:6, foi feita a seleção entre famílias para resistência à antracnose, ferrugem e mancha-angular, no ano de 1996. Em 1997, na geração F5:7 foi feita novamente seleção entre famílias com base em resistência a crestamento-bacteriano-comum, arquitetura de plantas, produção de grãos e tipo de grão carioca. Na geração F5:8, realizou-se a seleção de linhagens baseada em produtividade e arquitetura de plantas, em 1998. Na geração F5:9, realizou-se a seleção para produtividade de grãos e arquitetura de plantas, no ano 2000, sendo selecionada a linhagem LM 200204188.
No ano de 2001, essa linhagem foi avaliada no Ensaio Preliminar Carioca (EPL), em delineamento de blocos ao acaso, com três repetições e parcelas de duas linhas de 4 m, juntamente com mais 109 linhagens e 4 testemunhas, conduzido em 4 locais (Santo Antônio de Goiás, GO, e Seropédica, RJ, Ponta Grossa, PR, e Lavras, MG). Em 2003, essa linhagem foi avaliada no Ensaio Intermediário (EI) com mais 24 linhagens e 5 testemunhas, em blocos ao acaso com três repetições e parcelas de quatro linhas de 4 m, conduzido em sete ambientes: Santo Antônio de Goiás, GO, na época das águas; Ponta Grossa, PR, na época das águas e da seca; Lavras, MG, na época de inverno; Sete Lagoas, MG, na época da seca; Simão Dias, SE, na época das águas; e Seropédica, RJ, na época de inverno.
A análise conjunta dos dados de produtividade de grãos e outras características agronômicas permitiu que a linhagem LM 200204188, com a denominação pré-comercial de CNFC 10470, fosse promovida para o ensaio de VCU. Em 2004, foi feita a multiplicação para obtenção de sementes suficientes para preparo dos ensaios de VCU. Nos anos de 2005, 2006, 2007, 2008, 2009 e 2010, a linhagem CNFC 10470 foi avaliada em 129 ensaios de VCU, junto com as testemunhas (Pérola, Iapar 81, BRS Pontal, BRS 9435 Cometa e IAC Alvorada), no delineamento de blocos ao acaso com quatro repetições e parcelas de quatro fileiras de 4 m, utilizando as tecnologias recomendadas para os diferentes ambientes e sistemas de cultivo.
Apresenta alto potencial produtivo (4.265 kg/ha), resistência moderada à antracnose, à murcha-de-Fusarium e ao crestamento-bacteriano-comum. A cultivar BRS Ametista possui uniformidade de coloração e de tamanho de grãos, e seus grãos são maiores do que os das testemunhas Pérola e IAPAR 81.
Essa cultivar apresenta adaptação aos ambientes em que se cultiva o feijão
-comum na região de VCU 1 (MS, PR, SC, RS) nas safras das águas e da seca, e em São Paulo nas safras das águas, da seca e de inverno; na região de VCU 2 (MT, GO/DF, BA, TO, MA e ES) nas safras das águas, da seca e de inverno, e no Rio de Janeiro na safra de inverno e na região de VCU 3 (PI, CE, RN, PB, PE, AL e SE) na safra das águas.
Cultivar BRS 10408 Notável
Grupo comercial: carioca
Hábito de crescimento: indeterminado – tipo ll/lll
Porte: ereto
Floração média: 40 dias
Cor da flor: branca
Cor da vagem madura: amarela
Cor da semente: bege com estrias marrons
Ciclo da emergência à maturação fisiológica: 82 dias
Brilho da semente: opaco
Massa de 100 grãos: 26 g
A BRS 10408 Notável (Figura 14) originou-se do cruzamento entre as linhagens A 769 /4/ A 774 /// A 429 / XAN 252 // V 8025 / G 4449 /// WAF 2 / A55 // GN 31 /XAN 170, realizado em 1990, no Ciat. A Embrapa Arroz e Feijão recebeu do Ciat a população na geração F4; a partir daí, as demais etapas de seleção foram realizadas em Santo Antônio de Goiás. Em 1995, a população F4 foi semeada e foram selecionadas plantas resistentes à mancha-angular para formar a população na geração posterior.
Foto: Sebastião Araújo |
Figura 14. Cultivar BRS 10408 Notável. |
Também foi realizada seleção para grãos com padrão comercial carioca. Na geração F5, foi feita a seleção de plantas individuais com base na resistência à antracnose, mancha-angular e ferrugem, dando origem às famílias F5:6, no ano de 1996. Em F5:6 foi feita a seleção de famílias para resistência à ferrugem e à mancha-angular, em 1997. No ano de 1998, na geração F5:7, foi feita novamente seleção entre famílias e seleção de plantas dentro das melhores famílias baseada em resistência ao crestamento-bacteriano-comum, arquitetura de plantas, produção de grãos e tipo de grão carioca. No ano 2000, na geração F7:8, realizou-se a seleção de linhagens com base em produtividade e arquitetura de planta, sendo selecionada a linhagem LM 200203909.
A partir dessa etapa, essa linhagem foi avaliada em ensaios com repetições, nos quais foram realizadas avaliações de produtividade de grãos e de outros caracteres de importância, como reação a doenças, arquitetura de plantas, etc. No ano de 2001, essa linhagem foi avaliada no EPL, em delineamento de blocos ao acaso, com 3 repetições e parcelas de 2 linhas de 4 m, juntamente com mais 109 linhagens e 4 testemunhas, conduzido em 4 locais: Santo Antônio de Goiás, GO, Seropédica, RJ, Ponta Grossa, PR, e Lavras, MG.
Em 2003, essa linhagem foi avaliada no EI com mais 24 linhagens e 5 testemunhas, em blocos ao acaso com 3 repetições e parcelas de 4 linhas de 4 m, conduzido em 7 ambientes: Santo Antônio de Goiás, GO, na época das águas; Ponta Grossa, PR, na época das águas e da seca; Lavras, MG, na época de inverno; Sete Lagoas, MG, na época da seca; Simão Dias, SE, na época das águas; e Seropédica, RJ, na época de inverno. As análises conjuntas dos dados de produtividade de grãos e outras características agronômicas permitiram que a linhagem LM 200203909, com a denominação pré-comercial de CNFC 10408, fosse promovida para o ensaio de VCU.
Em 2004, foi feita a multiplicação para obtenção de sementes suficientes para preparo dos ensaios de VCU. Nos anos de 2005, 2006, 2007, 2008, 2009 e 2010, a linhagem CNFC 10408 foi avaliada em 175 ensaios com várias testemunhas (Pérola, Iapar 81, BRS Pontal, BRS 9435 Cometa, BRS Estilo, IAC Alvorada, IAC Carioca, IPR Tangará, SCS Guará e BRS Requinte), no delineamento em blocos completos casualizados com 3 repetições e parcelas de 4 fileiras de 4 m, utilizando as tecnologias recomendadas para os diferentes ambientes e sistemas de cultivo.
A BRS 10408 Notável tem alto potencial produtivo (4.472 kg/ha), tolerância ao acamamento e resistência a várias raças de antracnose, murcha-de-Fusarium, crestamento-bacteriano e murcha-de-Curtobacterium. Essa cultivar apresenta adaptação aos ambientes em que se cultiva o feijão-comum na região de VCU 1 (MS, PR, SC, RS) nas safras das águas e da seca e em São Paulo nas safras das águas, da seca e de inverno; na região de VCU 2 (MT, GO/DF, BA, TO, MA e ES) nas safras das águas, da seca e de inverno e no Rio de Janeiro na safra de inverno; e na região de VCU 3 (PI, CE, RN, PB, PE, AL e SE) na safra das águas.
Cultivar BRSMG Madrepérola
Grupo comercial: carioca
Hábito de crescimento: indeterminado – tipo lll
Porte: prostrado
Floração média: 42 dias
Cor da flor: branca
Cor da vagem madura: amarelo-areia (claro)
Cor da semente: bege-rosada com estrias ou pontos marrom-claros
Ciclo da emergência à maturação fisiológica: 83 dias
Brilho da semente: opaco
Foto: Sebastião Araújo |
Figura 15. Cultivar BRSMG Madrepérola. |
A cultivar BRSMG Madrepérola (Figura 15) foi obtida no Programa de Melhoramento do Feijoeiro da UFV/Embrapa pelo método da hibridação, empregando-se como genitoras as linhagens AN 512666-0 e AN 730031. Os cruzamentos foram efetuados em casa de vegetação na Embrapa Arroz e Feijão, em cujo campo experimental foram conduzidas as gerações F1 até F5.
Após a hibridação entre as cultivares AN 512666-0 e AN 730031 e obtida a geração F1, as gerações F2 a F5 foram conduzidas pelo método da população (bulk). Essa população foi introduzida pelo programa de melhoramento de feijão da UFV, sendo a geração F6 avançada na Estação Experimental do Departamento de Fitotecnia, em Coimbra, Minas Gerais. Nessa geração, praticou-se seleção de plantas com ênfase em grãos do tipo carioca. As progênies oriundas dessas plantas foram avaliadas por duas gerações, quanto à produtividade, ao aspecto de grãos e à reação aos patógenos da antracnose, mancha-angular e ferrugem. As linhagens que se destacaram foram promovidas aos ensaios intermediários e, por fim, uma dessas linhagens, denominada VC-3, passou a compor o ensaio de VCU ciclo 2002/2004, no qual foi avaliada juntamente com mais 17 linhagens e as testemunhas BRSMG Talismã e Pérola. Os experimentos foram conduzidos pela Ufla, UFV, Embrapa Arroz e Feijão e Epamig, no estado de Minas Gerais, em 43 ambientes. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados com três repetições, e as parcelas foram constituídas por quatro linhas de 4 m.
Durante todas essas avaliações, a cultivar BRSMG Madrepérola se destacou pela produtividade de grãos, tolerância e/ou resistência aos patógenos que ocorreram durante as avaliações e, principalmente, pela tonalidade clara dos grãos.
A cultivar BRSMG Madrepérola sob inoculação artificial apresentou reação de suscetibilidade à murcha de Curtobacterium e ao crestamento-bacteriano-comum, e reação de resistência ao vírus do mosaico-comum e aos patótipos 55, 65, 73, 81, 89, 95 e 453 de antracnose. Em condições de campo, apresentou-se suscetível à murcha de Fusarium e à mancha-angular. Os grãos da cultivar BRSMG Madrepérola permanecem por mais tempo sem escurecimento, em comparação com cultivares de grãos do tipo carioca de escurecimento normal. O período do escurecimento depende das condições ambientais de cultivo e de colheita, mas são superiores às cultivares tradicionalmente utilizadas.
Essa cultivar apresenta adaptação aos ambientes em que se cultiva o feijoeiro na região 1 (Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo) nas safras das águas e da seca; na região 2 (Mato Grosso, Goiás/Distrito Federal, Bahia, Tocantins, Maranhão, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais) nas safras das águas, da seca e de inverno; na região 3 (Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe) na safra das águas.
Cultivar BRS Sublime
Grupo comercial: carioca
Hábito de crescimento: indeterminado – tipo ll
Porte: ereto
Floração média: 42 dias
Cor da flor: branca
Cor da vagem madura: amarelo-areia com estrias roxas
Cor da semente: bege com estrias ou pontos marrom-claros
Ciclo da emergência à maturação fisiológica: 87 dias
Brilho da semente: opaco
Massa de 100 grãos: 26 g
Após a hibridação entre as linhagens EMP 250 / 4 / A 769 /// A 429 / XAN 252 // V 8025 / PINTO UI 114 realizada em 1990 no Ciat, a Embrapa Arroz e Feijão recebeu do Ciat a população na geração F4; a partir daí, as demais etapas de seleção foram realizadas em Santo Antônio de Goiás. Em 1995, a população F4 foi semeada e foram selecionadas plantas resistentes à mancha-angular para formar a população na geração posterior. Também foi realizada seleção para grãos do tipo carioca. Na geração F5, foi feita a seleção de plantas individuais baseada em resistência à antracnose, mancha-angular e ferrugem, dando origem às famílias F5:6, no ano de 1996. Em F5:6, foi feita a seleção de famílias para resistência a ferrugem e arquitetura, em 1997. No ano de 1998, na geração F5:7, foi feita novamente seleção entre famílias e seleção de plantas dentro das melhores famílias, com base em resistência ao crestamento-bacteriano-comum, arquitetura de plantas, produção de grãos e tipo de grão carioca. No ano 2000, na geração F7:8, realizou-se a seleção de linhagens baseada em produtividade e arquitetura de planta, sendo selecionada a linhagem LM 200203999.
No ano de 2001, essa linhagem foi avaliada no EPL, em delineamento de blocos ao acaso, com 3 repetições e parcelas de 2 linhas de 4 m, juntamente com mais 109 linhagens e 4 testemunhas, conduzido em 4 locais: Santo Antônio de Goiás, GO, Seropédica, RJ, Ponta Grossa, PR, e Lavras, MG. Em 2003, essa linhagem foi avaliada no EI com mais 24 linhagens e 5 testemunhas, em blocos ao acaso com 3 repetições e parcelas de 4 linhas de 4 m, conduzido em 7 ambientes: Santo Antônio de Goiás, GO, na época das águas; Ponta Grossa, PR, na época das águas e da seca; Lavras, MG, na época de inverno; Sete Lagoas, MG, na época da seca; Simão Dias, SE, na época das águas; e Seropédica, RJ, na época de inverno.
A análise conjunta dos dados de produtividade de grãos e outras características agronômicas permitiu que a linhagem LM 200203999, com a denominação pré-comercial de CNFC 10429, fosse promovida para o ensaio de VCU. Em 2004, foi feita a multiplicação para obtenção de sementes suficientes para preparo dos ensaios de VCU. Nos anos de 2005, 2006, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011 e 2012, a linhagem CNFC 10429 foi avaliada em 333 ensaios com testemunhas (Pérola, Iapar 81, BRS Pontal, BRS 9435 Cometa, BRS Estilo, IAC Alvorada, IAC Carioca, IPR Tangará, SCS Guará e IPR Juriti), no delineamento de blocos ao acaso com 4 repetições e parcelas de 4 fileiras de 4 m, utilizando as tecnologias recomendadas para os diferentes ambientes e sistemas de cultivo.
A linhagem CNFC 10429 será indicada como nova cultivar, com o nome de BRS Sublime (Figura 16), pois durante todas essas avaliações se destacou em produtividade de grãos, apresentando 2,1% de superioridade em relação às testemunhas. Quanto a outras características de importância econômica, a BRS Sublime apresentou arquitetura de planta ereta e destacou-se pela alta resistência à mancha-angular.
Foto: Sebastião Araújo |
Figura 16. Cultivar BRS Sublime. |
A BRS Sublime também é moderadamente resistente à ferrugem e moderadamente suscetível à antracnose, resistente ao vírus do mosaico-comum e suscetível à murcha-de-Fusarium, ao crestamento-bacteriano-comum e ao vírus do mosaico-dourado do feijoeiro. Quanto à qualidade dos grãos, destacou-se pelo seu bom aspecto, de acordo com as exigências dos consumidores, apresentando em média 26 g por 100 grãos, e pelas suas boas propriedades culinárias.
A BRS Sublime é indicada para os seguintes estados: Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Tocantins, Maranhão, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Rio Grande do Sul, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Piauí, Ceará e Paraíba.
Cultivar BRSMG Uai
Grupo comercial: carioca
Hábito de crescimento: indeterminado – tipo ll
Porte: ereto
Floração média: 46 dias
Cor da flor: rosa
Cor da vagem madura: amarela
Cor da semente: bege com estrias ou pontos marrons
Ciclo da emergência à maturação fisiológica: 78 dias
Brilho da semente: opaco
Massa de 100 grãos: 24,2 g
A cultivar BRSMG Uai (Figura 17) foi obtida pelo programa de melhoramento da Universidade Federal de Lavras utilizando-se a seleção recorrente. Inicialmente, realizou-se o cruzamento dialélico entre dez linhagens de feijão de porte ereto (Carioca MG, CNFC 9454, CNFC 9455, CNFC 9458, CNFC 9466, CNFC 9471, CNFC 9484, IAPAR 81, LP 9876 e IPR Uirapuru). As populações resultantes desse cruzamento foram avaliadas quanto à capacidade de combinação e de geração de linhagens superiores a um determinado padrão na geração F∞. Das 42 populações avaliadas, foram escolhidas, para a formação da população base (S0) do primeiro ciclo (C0), as 11 populações que se apresentaram mais promissoras.
Foto: Sebastião Araújo |
Figura 17. Cultivar BRSMG Uai. |
A condução do primeiro ciclo de seleção recorrente envolveu 190 progênies S0:1, que foram avaliadas quanto à produtividade de grãos e porte da planta, selecionando-se 134 progênies que foram avaliadas na geração S0:2. Dessas foram selecionadas 60 progênies que apresentaram o melhor desempenho quanto à produtividade e porte das plantas, as quais foram novamente avaliadas na geração S0:3. Nessa geração e nas demais gerações do C0, além da produtividade e do porte, foi considerado, no processo de avaliação, o tipo de grão. Dessa forma, as progênies com desempenho superior quanto aos três caracteres avaliados em cada geração foram conduzidas pelo método do bulk dentro de famílias até a geração S0:5. Nessa geração do primeiro ciclo do programa de seleção recorrente, foram avaliadas 14 progênies juntamente com 2 testemunhas. Entre elas, destacou-se a progênie que recebeu a denominação pré-comercial de RP-1 e, posteriormente, BRSMG Uai.
Nas safras das águas de 2004/2005, seca de 2005, inverno de 2005, águas de 2005/2006, seca de 2006 e inverno de 2006, a linhagem RP-1 foi avaliada no denominado Ensaio de Avaliação de Linhagens Elite do Programa de Melhoramento do Feijoeiro da Ufla, juntamente com outras 31 linhagens e 5 testemunhas (cultivares recomendadas para cultivo em Minas Gerais). Os experimentos foram conduzidos em Lavras e Lambari, região Sul do estado de Minas Gerais, e em Patos de Minas, região do Alto Paranaíba. A análise conjunta dos dados de produtividade de grãos e outras características agronômicas permitiram que a linhagem RP-1 fosse promovida para o ensaio de VCU do ciclo 2007/2009 em Minas Gerais.
Da safra do inverno de 2007 até a safra de inverno de 2009, essa linhagem foi avaliada nos ensaios para profissionais do VCU, juntamente com mais 23 linhagens e as testemunhas BRSMG Talismã e Pérola. Os experimentos foram controlados pela Ufla, UFV, Embrapa Arroz e Feijão e Epamig, no estado de Minas Gerais, em 28 ambientes, que envolveram as 3 safras de cultivo (águas, seca e inverno) e 9 locais (Lavras, Lambari, Patos de Minas, Sete lagoas, Coimbra, Oratórios, Florestal, Formoso de Minas e Uberlândia). O delineamento experimental foi o de blocos casualizados com 3 repetições, sendo as parcelas atendidas por 4 linhas de 4 m.
Durante todas essas estimativas, a cultivar BRSMG Uai se destacou não só em produtividade de grãos, com produtividade 6,3% acima da média das testemunhas, mas principalmente pela excelente arquitetura da planta, propícia à colheita mecânica. Também apresentou resistência às raças 65, 73, 81 e 89 de antracnose. Apresenta grãos do tipo carioca, de acordo com as exigências dos consumidores, média de 24 g por 100 grãos e boas propriedades culinárias.
Essa cultivar apresenta adaptação aos ambientes em que se cultiva o feijoeiro na região de adaptação 2 (MT, GO/DF, BA, ES, MG e RJ) nas safras das águas, da seca e de inverno; no TO na safra do inverno; e no MA na safra das águas.
Cultivar BRS FC401 RMD
Grupo comercial: carioca
Hábito de crescimento: indeterminado – tipo lll
Porte: semiprostrado
Floração média: 43 dias
Cor da flor: branca
Cor da vagem madura: amarela
Cor da semente: bege com estrias ou pontos marrons
Ciclo da emergência à maturação fisiológica: 87 dias
Brilho da semente: opaco
Massa de 100 grãos: 25,7 g
A cultivar BRS FC401 RMD (Figura 18) originou-se do cruzamento entre plantas homozigotas do evento original Embrapa 5.1, com grãos tipo “pinto” (variedade Olathe Pinto), e a cultivar BRS Pontal, com grãos tipo “carioca”, realizado em 2006, na Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO. Posteriormente, as plantas F1 que possuíam o evento foram selecionadas e retrocruzadas com BRS Pontal. O mesmo ocorreu por quatro ciclos de retrocruzamentos, no período de 2006 a 2007. Em todos os ciclos de retrocruzamentos e gerações, a presença do evento foi verificada via Polymerase Chain Reaction (PCR), usando primers evento-específicos.
Foto: Sebastião Araújo |
Figura 18. Cultivar BRS FC401 RMD. |
As plantas F1 de todos os ciclos de retrocruzamento também foram inoculadas com o BGMV. Dessa forma, o padrão de segregação da presença do evento e da resistência ao mosaico-dourado foi sempre verificado durante a fase de retrocruzamentos. A partir da geração RC4F2, as gerações seguintes foram avançadas, em casa de vegetação, usando o método Single Seed Descent (SSD), ou descendentes de uma única semente, até RC4F6. Nessa geração, em 2009, plantas individuais foram colhidas e 20 plantas de cada progênie RC4F6:7 resultante foram utilizadas em testes, visando selecionar as famílias homozigotas para o evento. Esses testes usaram PCR evento-específico e inoculações com o vírus em ambiente controlado na Embrapa Arroz e Feijão. Vinte e seis progênies homozigotas foram selecionadas e, a partir de então, consideradas como linhagens, entre as quais se encontrava a linhagem 94-NIL Pontal.
A partir dessa etapa, a linhagem 94-NIL Pontal foi avaliada em ensaios de campo com repetições, nos quais foram realizadas avaliações de produtividade e qualidade comercial de grãos, além de outros caracteres de importância agronômica, como reação ao mosaico-dourado e outras doenças, arquitetura, acamamento e ciclo de plantas. Na época de semeadura da seca de 2011, em Santo Antônio de Goiás, GO, a 94-NIL Pontal foi avaliada juntamente com outras 25 linhagens resistentes ao mosaico-dourado, todas portadoras do evento Embrapa 5.1, sendo 16 derivadas da cultivar BRS Pontal e 9 da cultivar Pérola, além de 2 testemunhas, os genitores convencionais BRS Pontal e Pérola. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com duas repetições, sendo avaliadas as seguintes características: resistência ao mosaico-dourado, produtividade e qualidade comercial dos grãos.
Na época de semeadura das águas de 2011, em Ponta Grossa, PR, a linhagem 94-NIL Pontal, já com o nome pré-comercial CNFCT 16205, foi semeada em blocos de multiplicação para a obtenção de sementes suficientes para o preparo dos ensaios de VCU. Nos anos de 2012 a 2014, a linhagem CNFCT 16205 foi avaliada com sucesso em 31 ambientes, juntamente com três testemunhas de grãos carioca (BRS Pontal, Pérola e IPR Eldorado), por meio de ensaios de VCU, em delineamento de blocos ao acaso, com três repetições e parcelas de quatro fileiras de 4,0 m, utilizando as tecnologias recomendadas para os diferentes ambientes e sistemas de cultivo, mas sem o controle de doenças.
Nos 31 ensaios de VCU conduzidos nos anos de 2012 a 2014, nas épocas de semeadura da seca (Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina), inverno (Goiás e Distrito Federal) e águas (Goiás, Distrito Federal e Paraná), a cultivar BRS FC401 RMD (CNFCT 16205) apresentou, em média, 27,7% de superioridade em produtividade de grãos, quando comparada à média das testemunhas (BRS Pontal e IPR Eldorado). Considerando a região 2 (Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Tocantins e Maranhão), melhor representada por um total de 26 ensaios, a superioridade foi de 33%.
Nos 14 ensaios conduzidos na época de semeadura da seca (Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina), a superioridade da produtividade de grãos da BRS FC401 RMD em relação às testemunhas foi de 55,6%. Considerando oito ensaios onde houve generalizada ocorrência de mosaico-dourado (Goiás e Distrito Federal), nos quais a reação à doença foi devidamente avaliada, BRS FC401 RMD apresentou resistência efetiva ao mosaico-dourado, não apresentando sintomas visíveis, enquanto a severidade média da doença variou de 50% a 70% nas testemunhas. Desses oito ensaios, quatro apresentaram estimativas de produtividade compatíveis com os critérios de qualidade adotados para ensaio de VCU de feijão na Embrapa, nos quais a superioridade de produtividade foi de 141,13%.
Essa cultivar apresenta adaptação aos ambientes em que se cultiva o feijão-comum na região de adaptação 2 (GO/DF, MG, MT, TO, MA, BA, BA, ES e RJ) nas safras das águas e de inverno.
Cultivar BRS FC402
Grupo comercial: carioca
Hábito de crescimento: indeterminado – tipo ll
Porte: semiereto
Floração média: 37 dias
Cor da flor: branca
Cor da vagem madura: amarela
Cor da semente: bege com estrias ou pontos marrons
Ciclo da emergência à maturação fisiológica: 85 dias
Brilho da semente: opaco
Massa de 100 grãos: 25,5 g
A BRS FC402 (Figura 19) originou-se do cruzamento entre as linhagens LM 96200246 / LP 9632, realizado em 2000, na Embrapa Arroz e Feijão, em Santo Antônio de Goiás, GO. Em 2001, a geração F1 da população foi semeada em telado, na safra da seca. Em 2001, também em telado, foram semeadas as gerações F2 e F3, nas safras do inverno e das águas, respectivamente. Na safra da seca de 2002, foi realizado o avanço da geração F4 em Ponta Grossa, PR, em bulk, com seleção para arquitetura de planta ereta e resistência à antracnose, à ferrugem, ao crestamento-bacteriano-comum e à mancha-angular. Em 2002, na safra das águas, a geração F5 foi semeada em bulk, também em Ponta Grossa. Foi realizada seleção de plantas individuais para arquitetura de planta ereta, resistência à antracnose, à ferrugem, ao crestamento-bacteriano-comum e à mancha-angular. No inverno de 2003, as linhagens F5:6 foram avaliadas em Santo Antônio de Goiás e foram selecionadas para grãos com tipo carioca, arquitetura de planta ereta, resistência à antracnose, à ferrugem, ao crestamento-bacteriano-comum e à mancha-angular. Entre as linhagens selecionadas, estava a LM 203200638.
Foto: Sebastião Araújo |
Figura 19. Cultivar BRS FC402. |
A partir dessa etapa, a linhagem LM 203200638 foi avaliada em ensaios com repetições, nos quais foram realizadas avaliações de produtividade de grãos e outros caracteres de importância, como reação a doenças e arquitetura de plantas. No ano de 2004, a LM 203200638 foi avaliada junto com outras 159 linhagens e 9 testemunhas (IPR Juriti, FTS Magnífico, Pérola, Carioca Eté, BRSMG Talismã, BRS Pontal, Iapar 81, Aporé e BRS Requinte) em látice triplo, em Ponta Grossa/seca e Santo Antônio de Goiás/inverno, sendo avaliadas para resistência à antracnose, à mancha-angular e à ferrugem, arquitetura de plantas e produtividade.
No ano de 2005, essa linhagem foi avaliada no EPL, em delineamento de látice triplo com parcelas de 2 linhas de 4 m, juntamente com 59 linhagens e 4 testemunhas (BRS Pontal, Pérola, FTS Magnífico e IPR Juriti), conduzido em 4 locais: Santo Antônio de Goiás, GO (inverno); Lavras, MG (seca); e Ponta Grossa, PR (águas e seca).
Em 2007, a LM 203200638, já com o nome pré-comercial CNFC 11948, foi avaliada no EI com 29 linhagens e 5 testemunhas, em blocos ao acaso com 3 repetições e parcelas de 4 linhas de 4 m, conduzido em 8 ambientes: Santo Antônio de Goiás, GO, Sete Lagoas, MG, e Uberlândia na época do inverno; Ponta Grossa, PR, na época das águas e da seca; Ijaci, MG, na época da seca; Simão Dias, SE, e Frei Paulo, SE, na época das águas. As análises conjuntas dos dados de produtividade de grãos e outras características agronômicas permitiram que a linhagem CNFC 11948 fosse promovida para o ensaio de VCU.
Em 2008, foi feita a multiplicação para obtenção de sementes suficientes para preparo dos ensaios de VCU. Nos anos de 2009 e 2010, a linhagem CNFC 11948 foi avaliada em 84 ensaios com 4 testemunhas (BRS 9435 Cometa, BRS Estilo, IPR Juriti e Pérola), no delineamento de blocos ao acaso com 3 repetições e parcelas de 4 fileiras de 4 m, utilizando as tecnologias recomendadas para os diferentes ambientes e sistemas de cultivo.
Em 78 ensaios de VCU conduzidos nos anos de 2009 e 2010, na época de semeadura das águas em Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Bahia e São Paulo; na época de semeadura da seca no Mato Grosso do Sul e no Rio Grande do Sul; nas épocas de semeadura das águas e da seca em Santa Catarina e no Paraná; e nas épocas de semeadura das águas, da seca e de inverno em Goiás e no Distrito Federal, a cultivar BRS FC402 (CNFC 11948) apresentou 10,1% de superioridade em produtividade de grãos, quando comparada à média das testemunhas (BRS Estilo e Pérola). Considerando cada uma das três regiões de indicação de cultivares para feijão-comum, a superioridade foi de 4,5% na região 3 (Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí); 15% na região 1 (São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catariana e Rio Grande do Sul); e 6,7% na região 2 (Mato Grosso, Goiás/Distrito Federal, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Tocantins e Maranhão).
A média geral de produtividade da BRS FC402 foi de 2.462 kg/ha contra 2.238 kg/ha das testemunhas Pérola e BRS Estilo. Considerando os dados para cada região de indicação, a BRS FC402 apresentou superioridade em relação às testemunhas acima de 10% nas épocas das águas e da seca na região 1, com destaque para os 17,7% de superioridade na época das águas. Na região 2, a BRS FC402 apresentou superioridade média de 6,7%, atingindo até 23% de superioridade na época da seca (Tabela 1). Na região 3, a superioridade foi de 4,5%, indicando que a BRS FC402 é uma cultivar com adaptação ampla, que pode ser cultivada, com vantagens, nas principais regiões produtoras de feijão no Brasil. O potencial produtivo da BRS FC402 obtido a partir da média dos cinco ensaios em que essa cultivar apresentou as maiores produtividades foi de 4.479 kg/ha. Essa estimativa demonstra que a cultivar tem potencial genético elevado e que, se o ambiente for favorável e existirem boas condições de cultivo, altas produtividades podem ser alcançadas.
Com relação à qualidade de grãos, a cultivar BRS FC402 possui alto valor nutricional com uniformidade para coloração e tamanho dos grãos (Tabela 2). Em ensaios sem aplicação de fungicidas, a cultivar apresentou 87% de rendimento de peneira e massa média de 100 grãos de 26 g, valores semelhantes aos das cultivares Pérola e BRS Estilo (Tabela 2), indicando se tratar de uma cultivar com grãos de alto valor comercial. O tempo médio de cocção da BRS FC402 é de 32 minutos, pouco superior ao apresentado pelas testemunhas Pérola e BRS Estilo (31 e 28 minutos em média, respectivamente). Com relação à porcentagem de proteína, o teor médio da BRS FC402 foi praticamente idêntico ao das testemunhas (Tabela 2). A BRS FC402 possui grãos com teor de zinco 7% superiores aos das duas testemunhas e teores de ferro com 4,5% de superioridade em relação à Pérola e 19% superior à BRS Estilo, indicando um forte potencial para utilização em programas de biofortificação, visando à complementação nutricional em populações carentes.
O sistema de produção é o recomendado para a cultura do feijão-comum na região 1 na época da seca (Mato Grosso do Sul) e nas épocas das águas e da seca (São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul); na região 2 nas épocas de semeadura das águas, da seca e de inverno (Goiás/Distrito Federal, Espírito Santo e Rio de Janeiro), nas épocas das águas e de inverno (Mato Grosso, Bahia e Tocantins) e na época das águas (Maranhão); e na região 3 na época de semeadura das águas (Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe).
O maior impacto da adoção dessa cultivar ocorre principalmente no cultivo de inverno, sob pivô e em áreas antigas e de uso intenso, devido a sua resistência à murcha-de-Fusarium; e na época das águas, nas regiões com altitude elevada e em todo Centro-Sul do Brasil, em virtude de sua resistência à antracnose.
Cultivar BRS FC104
Grupo comercial: carioca
Hábito de crescimento: indeterminado
Porte da planta: semiprostado
Floração média: 29 dias
Ciclo: 65 dias
Cor da flor: branca
Cor da vagem na maturação: avermelhada (uniforme)
Cor da vagem na colheita: amarela (uniforme)
Cor do grão: bege (desuniforme) com estrias marrons
Brilho do grão: opaco
Massa de 1.000 grãos: 244,91 g
A BRS FC104 (Figura 20) originou-se do cruzamento entre as linhagens CNFE 8009 / VC5, realizado em 2006, na Embrapa Arroz e Feijão, em Santo Antônio de Goiás, GO. Entre 2007 e 2008, as gerações F2, F3 e F4 foram selecionadas em bulk. Em 2009, a geração F5 foi semeada em Santo Antônio de Goiás, no inverno, onde foi realizada a seleção de plantas individuais. Em 2010, a geração F5:6 foi semeada em Ponta Grossa, PR. Em 2010, em Santo Antônio de Goiás, foi realizada seleção para precocidade e produtividade. Foi selecionada a linhagem CNFC 15874. Em todas as etapas de seleção, foi sempre priorizada a precocidade..
Foto: Sebastião Araújo |
Figura 20. Cultivar BRS FC104. |
Em 2011, a linhagem CNFC 15874 foi avaliada no Ensaio Intermediário em Santo Antônio de Goiás, nas épocas da seca e de inverno; em Sete Lagoas, MG, e Uberlândia, MG, na época de inverno; em Ponta Grossa, nas épocas da seca e das águas; em Lavras, MG, na época da seca; em Paripiranga, BA, e Carira, SE, na época das águas.
As análises conjuntas dos dados de produtividade de grãos, massa de 100 grãos, rendimento de peneira, aspecto visual dos grãos, reação a doenças (antracnose, mancha-angular, crestamento-bacteriano-comum, murcha-de-Curtobacterium, murcha-de-Fusarium), precocidade, arquitetura de plantas e tolerância ao acamamento permitiram que a linhagem CNFC 15874 fosse promovida para o ensaio de VCU.
Nos anos de 2013 a 2015, a linhagem CNFC 15874 foi avaliada, utilizando-se as tecnologias recomendadas para os diferentes ambientes e sistemas de cultivo, em Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Sul, na época das águas; no Mato Grosso do Sul, na época da seca; no Espírito Santo, na época de inverno; em Santa Catarina e Paraná, nas épocas das águas e da seca; em Goiás, Mato Grosso e Distrito Federal, nas épocas das águas, seca e inverno.
A cultivar BRS FC104 (CNFC 15874) apresentou 7,3% de superioridade em produtividade de grãos, quando comparada à média das testemunhas (IPR Colibri e Carioca Precoce). A cultivar BRS FC104 é tolerante ao mosaico-comum, apresenta reação intermediária ao crestamento-bacteriano-comum, à antracnose e à ferrugem e é suscetível à mancha-angular, ao mosaico-dourado e à murcha-de-Fusarium. Não há informação para a murcha-de-Curtobacterium.
A cultivar BRS FC104 é recomendada para cultivo na região 1 para os estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catariana e Rio Grande do Sul; região 2 para os estados de Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Tocantins, Maranhão e Distrito Federal; região 3 para os estados de Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, e Grande do Norte, Ceará e Piauí.
Cultivar BRS FC310
Grupo comercial: carioca
Hábito de crescimento: indeterminado – tipo II
Porte da planta: ereto
Floração média: 38 dias
Ciclo: 78 dias
Cor da flor: branca
Cor da vagem na maturação: amarela (uniforme)
Cor da vagem na colheita: amarela (uniforme)
Cor do grão: bege com rajas marrons em aproximadamente 25% da superfície
Brilho do grão: opaco
Massa de 1.000 grãos: 234 g
A BRS FC310 (Figura 21) originou-se do cruzamento GX 9792-251-2 / ESAL 693, realizado na Embrapa Arroz e Feijão, em Santo Antônio de Goiás, GO, no ano de 2002. Em 2003, em Santo Antônio de Goiás, na população F2 foi realizada seleção massal para arquitetura. Em 2004, em Ponta Grossa, PR, na população na geração F3, foi realizada seleção de plantas individuais, baseada na resistência a doenças. Em 2004, em Santo Antônio de Goiás, nas progênies na geração F3:4 foi realizada a seleção das melhores plantas com base na arquitetura e produtividade. Em 2005, em Santo Antônio de Goiás, nas progênies F3:5 foi realizada seleção de plantas individuais dentro das melhores progênies, para obtenção de linhagens. No ano de 2006, as linhagens na geração F3:5:6 foram semeadas em Ponta Grossa. Foi realizada a seleção de linhagens baseada na produtividade e resistência a doenças. Em 2007, as linhagens, na geração F3:5:8, foram avaliadas, em Santo Antônio de Goiás. Com base na arquitetura e produtividade, foi selecionada a linhagem LMC207208811, recebendo o nome de CNFC 15502. Em 2008, a linhagem CNFC 15502 foi avaliada no Ensaio Teste de Progênies. Os ensaios foram instalados em Ponta Grossa, nas épocas da seca e das águas, e em Santo Antônio de Goiás, na época de inverno. Foi feita avaliação para produtividade, arquitetura, acamamento e reação a doenças.
Foto: Sebastião Araújo |
Figura 21. Cultivar BRS FC310. |
Em 2009, a linhagem CNFC 15502 foi avaliada no Ensaio Preliminar conduzido em Santo Antônio de Goiás e em Sete Lagoas, MG, na época de inverno, e em Ponta Grossa e Carira, SE, na época das águas. Foi feita avaliação para ciclo, arquitetura, acamamento, reação a doenças e produtividade.
Em 2011, a linhagem CNFC 15502 foi avaliada no Ensaio Intermediário Carioca em Santo Antônio de Goiás nas épocas da seca e do inverno; em Ponta Grossa nas águas e na seca; em Carira e Paripiranga, BA, na época das águas; em Lavras na época da seca; e em Uberlândia e Sete Lagoas na época de inverno. Nos ensaios, foi feita avaliação para ciclo, arquitetura, acamamento, reação a doenças, produtividade, rendimento de peneira e massa de 100 grãos.
Pela análise conjunta dos dados dos ensaios preliminares e intermediários, a linhagem CNFC 15502 foi selecionada para o ensaio de VCU. Nos anos de 2013 a 2015, a linhagem CNFC 15502 foi avaliada nos ensaios conduzidos no Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul, nas épocas da seca e das águas; Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Espírito Santo, Tocantins, nas épocas das águas, da seca e de inverno; Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco, na época das águas. Foi feita avaliação de produtividade, reação a doenças, rendimento de peneira, massa de 100 grãos, tempo de cocção, teores de ferro, zinco e proteína. Nesses ensaios, a cultivar BRS FC310 (CNFC 15502) apresentou produtividade média de 2.113 kg/ha, com 99,9% de desempenho relativo médio quando comparada à média das testemunhas BRS Notável e Carioca precoce (2.155 kg/ha). O potencial produtivo da BRS FC310, obtido a partir da média dos cinco ensaios em que essa cultivar apresentou as maiores produtividades, foi de 3.493 kg/ha. Essa estimativa demonstra que a cultivar tem potencial genético elevado e que, se o ambiente for favorável e existirem boas condições de cultivo, altas produtividades podem ser alcançadas.
Com relação à qualidade tecnológica e industrial dos grãos, a cultivar BRS FC310 possui bom rendimento de peneira (83%) e a massa média de 100 grãos de 24 g, semelhante à cultivar BRS Notável, que é a referência atual de cultivares da Embrapa de grão carioca, e ciclo semiprecoce. O tempo médio de cocção da BRS FC310 é de 37 minutos. Possui teor médio de 24,4% de proteína, 67,9 mg/kg de ferro e 34,7 mg/kg de zinco.
A cultivar BRS FC310, sob inoculação artificial, é resistente aos patótipos 73, 89, 91, 453 e suscetível ao patótipo 65 de Colletotrichum lindemuthianum, agente causal da antracnose. Em condições de campo, é tolerante à ferrugem e ao mosaico-comum; apresenta reação intermediária à antracnose, ao crestamento-bacteriano-comum, à murcha-de-Curtobacterium; e suscetível à mancha-angular, à murcha-de-Fusarium e ao vírus do mosaico-dourado.
A cultivar BRS FC310 é recomendada para cultivo na região 1 nas épocas das águas e da seca (Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul) e na época da seca (Mato Grosso do Sul); na região 2 nas épocas das águas, da seca e de inverno (Goiás, Tocantins, Espírito Santo e Distrito Federal), nas épocas da seca e de inverno (Mato Grosso), nas épocas das águas e de inverno (Bahia e Maranhão) e na época de inverno (Rio de Janeiro); na região 3 na época das águas (Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Piauí, Ceará e Paraíba).
Cultivar BRS FC406
Grupo comercial: carioca
Hábito de crescimento: indeterminado – tipo II
Porte da planta: semiereto
Floração média: 36 dias
Ciclo: 83 dias
Cor da flor: branca (uniforme)
Cor da vagem na maturação: amarelo-avermelhada (uniforme)
Cor da vagem na colheita: amarela (uniforme)
Cor do grão: bege (desuniforme) com estrias marrons
Brilho do grão: opaco
Massa de 1.000 grãos: 281,0 g
A BRS FC406 (Figura 22) originou-se do cruzamento FEB 212 / VAX 4, realizado, no Ciat, Cali, Colômbia. Em 2003, foram introduzidas no Brasil 28 linhagens obtidas desse cruzamento. Em 2004, foram multiplicadas em Santo Antônio de Goiás, GO. Em 2005, foram avaliadas, e a linhagem LMC 205202963 (OXI-16) foi selecionada. Em 2006, a linhagem LMC 205202963 foi avaliada em Ponta Grossa, PR, na época das águas e em Santo Antônio de Goiás na época de inverno. Nesses ensaios, foram realizadas avaliações de produtividade de grãos, reação à mancha-angular, arquitetura e acamamento. No ano de 2007, com o nome de CNFC 15097, foi avaliada no Ensaio Preliminar Carioca conduzido em Santo Antônio de Goiás e em Lavras, MG, na época de inverno, e em Ponta Grossa e Passo Fundo, RS, na época das águas. Os ensaios foram avaliados para produtividade, arquitetura, acamamento e reação às seguintes doenças: ferrugem, antracnose, mancha-angular, crestamento-bacteriano-comum e oídio. Em 2008, em Santo Antônio de Goiás, na época de inverno, foi feita a multiplicação da semente. Em 2009, a CNFC 15097 foi avaliada no Ensaio Intermediário conduzido em Santo Antônio de Goiás, Sete Lagoas, MG, Ijaci, MG, e Uberlândia, MG, na época do inverno; em Ponta Grossa, na época das águas e da seca; e em Carira, SE, na época das águas. Foram feitas avaliações para ciclo, arquitetura, acamamento, produtividade, reação à mancha-angular e ao crestamento-bacteriano-comum e massa de 100 grãos. Com base na análise conjunta dos dados obtidos, a linhagem CNFC 15097 foi promovida para o ensaio de VCU.
Foto: Sebastião Araújo |
Figura 22. Cultivar BRS FC406. |
Nos anos de 2011 e 2012, no ensaio de VCU, a linhagem CNFC 15097 foi avaliada em Sergipe, Alagoas e Pernambuco, na época da seca e das águas; e em Goiás, Mato Grosso, Bahia e Distrito Federal, nas épocas das águas, da seca e de inverno. A cultivar BRS FC406 (CNFC 15097) apresentou 7,7% de superioridade média em produtividade com relação à média das testemunhas (BRS Estilo, BRS Sublime e/ou Pérola). Considerando cada uma das três regiões de indicação de cultivares para feijão-comum, a média geral de superioridade em relação às testemunhas foi de 2,0% na região 1 (São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catariana e Rio Grande do Sul); 15,8% na região 2 (Mato Grosso, Goiás/Distrito Federal, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Tocantins e Maranhão); 1,5% na região 3 (Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí), com destaque para a época das águas e da seca (24,2%). A BRS FC406 apresentou desempenho superior ao da BRS Estilo em 50% dos ambientes avaliados.
A cultivar BRS FC406 é tolerante à antracnose; apresenta reação intermediária à ferrugem, mancha-angular e murcha-de-Fusarium; e é suscetível ao crestamento-bacteriano-comum, à murcha-de-Curtobacterium e ao mosaico-dourado.
A cultivar BRS FC406 é recomendada para cultivo na região 1 nas épocas das águas e seca (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Mato Grosso do Sul); na região 2 nas épocas da seca e inverno (Distrito Federal, Goiás, Tocantins e Espírito Santo); na região 3 na época das águas (Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Piauí, Ceará e Paraíba).
Cultivar BRS FC409
Grupo comercial: carioca
Hábito de crescimento: indeterminado – tipo II
Porte da planta: ereto
Floração média: 42 dias
Ciclo: 86 dias
Cor da flor: branca (uniforme)
Cor da vagem na maturação: amarela (uniforme)
Cor da vagem na colheita: amarela (uniforme)
Cor do grão: bege com rajas marrons em aproximadamente 25% da superfície
Brilho do grão: opaco
Massa de 1.000 grãos: 255 g
A BRS FC409 (Figura 23) originou-se do cruzamento GX 9792-251-2 / ESAL 696, realizado no ano de 2002, na Embrapa Arroz e Feijão, em Santo Antônio de Goiás, GO. Em 2003, em Santo Antônio de Goiás, na época de inverno, na população na geração F2 foi realizada seleção em bulk para arquitetura. Em 2004, em Ponta Grossa, PR, na época da seca, na população na geração F3, foi feita seleção individual de plantas para resistência à antracnose, à ferrugem e ao crestamento-bacteriano-comum. Em 2004, em Santo Antônio de Goiás, na época do inverno, as progênies na geração F3:4 foram semeadas em linhas individuais, sendo selecionadas por arquitetura e produtividade. Em 2005, em Santo Antônio de Goiás, no inverno, nas progênies na geração F3:5, foi realizada seleção de plantas individuais, dentro das melhores progênies, para arquitetura e produtividade. Em 2006, em Ponta Grossa, na época da seca, as linhagens na geração F3:5:6, foram selecionadas para resistência à antracnose, à ferrugem, ao crestamento-bacteriano-comum e produtividade. Em 2006, em Ponta Grossa, na época das águas, as linhagens na geração F3:5:7 foram selecionadas para resistência à antracnose e ao crestamento-bacteriano-comum e produtividade. Em 2007, em Santo Antônio de Goiás, na época do inverno, foi realizada seleção para arquitetura e produtividade, nas linhagens na geração F3:5:8, sendo selecionada a linhagem LMC207208811. Essa linhagem foi denominada de CNFC 15534.
Foto: Sebastião Araújo |
Figura 23. Cultivar BRS FC409. |
Em 2008, a linhagem CNFC 15534 foi avaliada no Ensaio Teste de Progênies em Ponta Grossa nas épocas da seca e das águas, e em Santo Antônio de Goiás na época de inverno. Nesses ensaios, foram realizadas avaliações para arquitetura, acamamento, reação à antracnose, à ferrugem, ao crestamento-bacteriano-comum e produtividade. A análise conjunta desses dados permitiu que a linhagem CNFC 15534 fosse selecionada para participar do Ensaio Preliminar. Em 2009, a linhagem CNFC 15534 foi avaliada no Ensaio Preliminar Carioca. Os ensaios foram conduzidos em Santo Antônio de Goiás e Sete Lagoas, MG, na época de inverno; e na época das águas em Santo Antônio de Goiás, Ponta Grossa e Carira, SE. Foram realizadas avaliações para ciclo, acamamento, arquitetura, reação à antracnose, à ferrugem, ao crestamento-bacteriano-comum, à mancha-angular, à murcha-de-Fusarium e produtividade. A análise conjunta dos dados permitiu que a linhagem CNFC 15534 fosse selecionada para participar do Ensaio Intermediário. Em 2010, em Santo Antônio de Goiás, na época de inverno, foi realizada a multiplicação para obtenção de sementes para preparo dos ensaios posteriores.
Em 2011, a linhagem CNFM 15534 foi avaliada no Ensaio Intermediário Carioca. Os ensaios foram conduzidos nas épocas da seca e de inverno em Ponta Grossa; nas épocas das águas e da seca em Carira, SE, e Paripiranga, BA; na época da seca em Lavras, MG; na época do inverno em Uberlândia, MG, e em Sete Lagoas. Os ensaios foram avaliados para ciclo, acamamento, arquitetura, reação à antracnose, à mancha-angular, ao crestamento-bacteriano-comum, murcha-de-Curtobacterium e murcha-de-Fusarium, produtividade, massa de 100 grãos e rendimento de peneira. A análise conjunta dos dados dos ensaios preliminares e intermediários permitiu que a linhagem CNFC 15534 fosse selecionada para o ensaio de VCU.
Nos anos de 2013 a 2015, no ensaio de VCU, a linhagem CNFC 15534 foi avaliada no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul nas épocas das águas e da seca; Goiás, Mato Grosso, Espírito Santo, Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal, nas épocas das águas, da seca e de inverno; Sergipe, Alagoas e Pernambuco, na época das águas. Nos VCUs, foram avaliados, ciclo, arquitetura, acamamento, reação a doenças (antracnose, crestamento-bacteriano-comum, mancha-angular, murcha-de-Fusarium, podridões radiculares, mela, murcha-de-Curtobacterium), rendimento de peneira, massa de 100 grãos, produtividade, tempo de cocção, teores de ferro, zinco e proteína. Nesses ensaios, a linhagem CNFC 15534 (cultivar BRS FC409) apresentou produtividade média de 2.048 kg/ha, com 93,5% de desempenho relativo médio, quando comparada à média das testemunhas BRS Estilo e Pérola. Considerando cada uma das regiões, o desempenho relativo foi de 98,5% na região 1, 88,4% na região 2 e 97,5% na região 3. O potencial produtivo da BRS FC409, obtido a partir da média dos ensaios, em que essa cultivar apresentou as maiores produtividades, foi de 3.755 kg/ha. Essa estimativa demonstra que a cultivar tem potencial genético elevado e que, se o ambiente for favorável e existirem boas condições de cultivo, altas produtividades podem ser alcançadas.
Com relação à qualidade tecnológica e industrial dos grãos, a cultivar BRS FC409 possui bom rendimento de peneiras (78%), semelhante ao das cultivares BRS Estilo e Pérola. A BRS FC409 apresenta massa média de 100 grãos de 25 g, superior à cultivar BRS Estilo e inferior à Pérola, que são referências no mercado, em relação à qualidade comercial dos grãos. O tempo médio de cocção da BRS FC409 é de 36 minutos, semelhante ao da cultivar Pérola. O teor médio de proteínas é de 24,6% em relação às cultivares BRS Estilo e Pérola. A BRS FC409 apresentou teores de ferro de 66,4 mg/kg e 35,3 mg/kg de zinco nos grãos, consideravelmente maiores do que os das testemunhas.
A cultivar BRS FC409 sob inoculação artificial é resistente ao patótipo 91 de Colletotrichum lindemuthianum, agente causal da antracnose. É suscetível aos patótipos 65, 73, 89 e 453. Nos ensaios de campo teve reação tolerante ao mosaico-comum e à ferrugem; reação intermediária à antracnose, ao crestamento-bacteriano-comum, à murcha-de-Curtobacterium e à murcha-de-Fusarium e suscetível à mancha-angular.
A BRS FC409 apresenta excelente qualidade dos grãos, no que se refere aos aspectos comerciais e nutricionais. É uma cultivar indicada para utilização em situações nas quais o objetivo seja maior qualidade nutricional, como, por exemplo, em programas de fornecimento de grãos para merenda escolar e também em regiões onde existe carência alimentar e deficiências de minerais na população.
A cultivar BRS FC409 é recomendada para cultivo na região 1 na época da seca para Mato Grosso do Sul e nas épocas das águas e seca para Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo; na região 2 nas épocas das águas, da seca e de inverno para Distrito Federal, Goiás, Tocantins e Espírito Santo, nas épocas da seca e de inverno para Mato Grosso; nas épocas das águas e de inverno para Bahia e Maranhão, na época de inverno para Rio de Janeiro; na região 3 na época das águas para Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Piauí, Ceará e Paraíba.
BRS FC414
Grupo Comercial: carioca
Hábito de crescimento: indeterminado tipo II
Porte da planta: ereto
Floração média: 45 dias
Ciclo: 91 dias
Cor da flor: uniforme, branca
Cor da vagem na maturação: uniforme, amarelo
Cor da vagem na colheita: uniforme, amarelo
Cor do grão: bege com rajas marrons em aproximadamente 25% da superfície.
Brilho do grão: opaco
Massa de 1000 grãos: 288 g
A BRS FC414 originou-se do cruzamento entre as cultivares BRS Horizonte e Magnífico, realizado na Embrapa Arroz e Feijão, em Santo Antônio de Goiás (GO), no ano de 2004. Também em 2004, a geração F1 da população foi semeada em telado. Em 2005, na época da seca, a população na geração F2 foi semeada em campo e colhida em bulk, em Ponta Grossa (PR), com seleção para coloração e tamanho de grãos, arquitetura de plantas e resistência às doenças (antracnose, mancha-angular, murcha-de- curtobacterium e ferrugem). Na safra das águas/2005, a população, na geração F3, foi semeada em Ponta Grossa e foi realizada a colheita em bulk, com seleção baseada na reação a doenças (antracnose e crestamento-bacteriano-comum), arquitetura de plantas, coloração e tamanho de grão. Em 2006, em Santo Antônio de Goiás, a geração F4 foi avaliada e colhida em bulk, com seleção baseada em arquitetura de planta, coloração, tamanho e produtividade de grãos. Na época da seca/2007, em Ponta Grossa, a geração F5 foi avaliada e colhida em bulk, com seleção para coloração e tamanho de grãos, arquitetura de plantas e resistência às doenças (antracnose, mancha-angular, murcha-de-curtobacterium e ferrugem). Também em 2007, na época das águas, em Ponta Grossa, a geração F6 avaliada e foi realizada seleção de plantas individuais baseada na reação a doenças (antracnose e crestamento-bacteriano-comum), arquitetura de plantas, tipo e tamanho de grão, para obtenção de linhagens.
Em 2008, na época do inverno, as progênies na geração F6:7 foram semeadas em Santo Antônio de Goiás em linhas individuais e foi realizada a seleção baseada em arquitetura de planta, coloração, tamanho e produtividade de grãos. Em 2009, na época da seca, em Ponta Grossa, as linhagens F6:8 foram avaliadas e selecionadas para coloração e tamanho de grãos, arquitetura de plantas e resistência às doenças (antracnose, mancha-angular, murcha-de-curtobacterium e ferrugem), selecionando-se a linhagem que recebeu o nome de CNFC 15839. A partir dessa etapa, iniciou-se a etapa de avaliação em experimentos com repetições em múltiplos ambientes.
Em 2010, a linhagem CNFC 15839 foi avaliada no ensaio teste de progênies, composto por 170 tratamentos, sendo 163 novas linhagens e sete testemunhas (BRS Estilo, BRS Cometa, Pérola, BRS Pontal, IAC Alvorada, BRSMG Majestoso e IPR Juriti). O delineamento utilizado foi o de blocos ao acaso com três repetições e parcelas de duas linhas de quatro metros. Os ensaios foram instalados em dois ambientes: Ponta Grossa, nas épocas da seca; e Santo Antônio de Goiás, na época de inverno. Nesses ensaios foi possível avaliar a produtividade de grãos, arquitetura de plantas, tolerância ao acamamento e reação às doenças (antracnose, mancha-angular e crestamento-bacteriano-comum). A análise conjunta desses dados permitiu que a linhagem CNFC 15839 fosse selecionada para participar do ensaio preliminar.
Em 2011, a linhagem CNFC 15839 foi avaliada no ensaio preliminar carioca, composto por 68 tratamentos, sendo 63 linhagens novas e cinco testemunhas (BRS Estilo, BRS Cometa, Pérola, BRS Notável e IAC Alvorada). O delineamento utilizado foi o de blocos ao acaso com três repetições e parcelas de duas linhas de quatro metros. Os ensaios foram conduzidos em seis ambientes: Santo Antônio de Goiás (GO), na época do inverno; Ponta Grossa (PR) e Carira (SE), na época das águas e; Ponta Grossa, Lavras (MG) e Santo Antônio de Goiás, na época da seca. Nesses ensaios foi possível avaliar a produtividade de grãos, ciclo, arquitetura de plantas, tolerância ao acamamento e reação às doenças (antracnose, crestamento-bacteriano-comum, mancha-angular e murcha-de-curtobacterium). A análise conjunta dos dados obtidos no ensaio preliminar, juntamente com os dados obtidos no ensaio teste de progênies, permitiu que a linhagem CNFC 15839 fosse selecionada para participar do ensaio intermediário.
Em 2013, a linhagem CNFC 15839 foi avaliada no ensaio intermediário carioca, composto por 38 tratamentos, sendo 32 novas linhagens e seis testemunhas (BRS Cometa, BRS Estilo, BRS Notável, BRS Ametista, IPR 139 e Pérola). O delineamento utilizado foi o de blocos ao acaso com três repetições e parcelas de duas linhas de quatro metros. Os ensaios foram conduzidos em onze ambientes: Santo Antônio de Goiás (GO), nas épocas do inverno (três ensaios); Ponta Grossa (PR), nas épocas das águas e seca; Carira (SE) e Paripiranga (BA), na época das águas; Brasília (DF), Lavras (MG), Uberlândia (MG) e Sete Lagoas (MG), na época do inverno. Nesses ensaios foi possível avaliar a produtividade, rendimento de peneira, avaliação visual e massa de 100 grãos. Além disso, avaliou-se o ciclo, arquitetura de plantas, tolerância ao acamamento e reação às doenças (antracnose, mancha-angular, crestamento-bacteriano-comum, murcha-de-curtobacterium e murcha-de-fusário).
A análise conjunta dos dados dos ensaios teste de progênies, preliminares e intermediários permitiram que a linhagem CNFC 15839 fosse selecionada para o Ensaio de Valor de Cultivo e Uso (VCU), com base na avaliação de 20 ambientes. Em 2015, na época de inverno em Santo Antônio de Goiás foi realizada a multiplicação para obtenção de sementes suficientes para preparo dos ensaios de VCU.
Nos anos de 2016 e 2017 a linhagem CNFC 15839 foi avaliada em 86 ensaios compostos por 20 tratamentos, sendo 15 novas linhagens com ciclo normal e cinco testemunhas: BRS FC402, BRS Estilo, Pérola, IPR Bem-te-vi e ANFC09. O delineamento utilizado foi o de blocos ao acaso com três repetições e parcelas de quatro fileiras de 4 m, utilizando as tecnologias recomendadas para os diferentes ambientes e sistemas de cultivo.
Dos 86 ensaios instalados, 60 foram colhidos e atingiram os padrões de qualidade experimental necessários para serem considerados no processo de registro de cultivares, com relação aos dados de produtividade. Esses 60 ensaios de VCU foram conduzidos na região I (Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul) nas épocas das águas e seca, na Região II (Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia), nas épocas das águas, seca e inverno, e na Região III (Sergipe, Alagoas e Pernambuco), na época das águas. Nesses ensaios, a cultivar BRS FC414 (CNFC 15839) apresentou produtividade média de 2.229 kg.ha-1, superior a BRS Estilo (2.067 kg.ha-1) e inferior a Pérola (2.267 kg.ha-1), 4,9% superior à média das testemunhas. Na Região I, a BRS FC414 também apresentou produtividade inferior à da testemunha Pérola e superior à da BRS Estilo, com desempenho relativo à média das testemunhas de 3,2%. Nas regiões II e III, a produtividade da BRS FC414 foi semelhante à da testemunha Pérola e superior a BRS Estilo, 4,6% e 11,5% de desempenho relativo médio.
O potencial produtivo da BRS FC414, obtido a partir da média dos cinco ensaios em que essa cultivar apresentou as maiores produtividades, foi de 3.985 kg.ha-1. Essa estimativa demonstra que a cultivar tem potencial genético elevado e que se o ambiente for favorável e existirem boas condições de cultivo, altas produtividades podem ser alcançadas.
Com relação a características de qualidade tecnológica e industrial dos grãos, a cultivar BRS FC414 possui ótimo rendimento de peneiras (84%), superior ao das cultivares BRS Estilo e Pérola. A BRS FC414 apresenta massa média de 100 grãos de 28,8 gramas, superior à das cultivares BRS Estilo e Pérola, que são referências no mercado, em relação à qualidade comercial dos grãos. Os grãos são do tipo carioca (creme com rajas marrons), de forma elíptica, sem brilho. Em relação ao aspecto visual dos grãos, a BRS FC414 mostra-se semelhante à BRS Estilo, apresentando grãos com coloração creme clara e rajas marrons claras. O tempo médio de cocção da BRS FC414 é de 32 minutos, semelhante ao da cultivar Pérola. Com relação à porcentagem de proteína nos grãos, o teor médio da BRS FC414 (24,7%) foi semelhante ao da Pérola, e superior ao da BRS Estilo. A BRS FC414 apresentou ainda teores de ferro (61,9 mgkg-1) nos grãos semelhantes aos das cultivares Pérola e BRS Estilo e teor de zinco (37,1 mgkg-1) superior aos dessas cultivares.
Nos ensaios de campo mostrou-se moderadamente resistente à murcha-de-fusário e moderadamente suscetível à antracnose. Entretanto, mostrou-se suscetível ao vírus do mosaico-dourado, crestamento-bacteriano-comum, murcha-de-curtobacterium e à mancha-angular.
A BRS FC414 apresenta ciclo normal (de 85 a 94 dias, da emergência à maturação fisiológica), semelhante ao das testemunhas. As plantas são arbustivas, com hábito de crescimento indeterminado tipo II. Com relação à arquitetura de plantas, a BRS FC414 é ereta e tem boa tolerância ao acamamento, sendo adaptada a colheita mecânica, inclusive direta. As flores são brancas e na maturação fisiológica e de colheita as vagens são amareladas.
A BRS FC414 apresenta como destaque a excelente qualidade dos grãos, no que se refere aos aspectos comerciais dos grãos. Além disso, apresenta arquitetura ereta e moderada resistência à murcha-de-fusário e podridões radiculares, o que possibilita sua utilização em áreas de cultivo sob pivô-central.
Com base no seu desempenho a BRS FC414 foi registrada para as épocas das águas e seca na Região II (Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul), águas, seca e inverno na Região I (Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Tocantins, Maranhão, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro) e para a época das águas na Região III (Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Piauí, Ceará e Paraíba).
Foto: Sebastião Araújo |
Figura 24. Cultivar BRS FC414 |
BRS FC415
Grupo Comercial: carioca
Hábito de crescimento: indeterminado tipo II/III
Porte da planta: semi-ereto
Floração média: 46 dias
Ciclo: 90 dias
Cor da flor: uniforme, branca
Cor da vagem na maturação: uniforme, amarelo
Cor da vagem na colheita: uniforme, amarelo
Cor do grão: bege com rajas marrons em aproximadamente 25% da superfície.
Brilho do grão: opaco
Massa de 1000 grãos: 253 g
A BRS FC415 originou-se do cruzamento entre a cultivar BRS Horizonte e a linhagem LM202206076, que apresenta escurecimento lento dos grãos, realizado na Embrapa Arroz e Feijão, em Santo Antônio de Goiás (GO), no ano de 2004. Todo o processo de desenvolvimento dessa linhagem (avaliação e seleção das populações segregantes e linhagens) foi realizado alternando-se os locais (Santo Antônio de Goiás e Ponta Grossa PR) e épocas de semeadura (seca, inverno e águas), entre os anos de 2005 e 2009, até a obtenção da linhagem que recebeu o nome de CNFC 15826. A partir dessa etapa, iniciou-se a avaliação em experimentos com repetições em múltiplos ambientes para os caracteres de importância agronômica, comercial e nutricional.
Em 2010, a linhagem CNFC 15826 foi avaliada no experimento teste de progênies carioca em dois ambientes (Paraná e em Goiás), junto com outras linhagens e testemunhas, para vários caracteres de importância agronômica e comercial. Em 2011, a linhagem CNFC 15826 foi avaliada no experimento preliminar carioca, em seis ambientes em Goiás, Paraná, Sergipe e Minas Gerais. Em 2013, a linhagem CNFC 15826 foi avaliada no experimento intermediário carioca, em onze ambientes em Goiás, Paraná, Sergipe, Bahia, Distrito Federal e Minas Gerais. A análise conjunta dos dados desses três experimentos permitiu que a linhagem CNFC 15826 fosse selecionada para o Ensaio de Valor de Cultivo e Uso (VCU) carioca, com base na avaliação de 20 ambientes. Em 2015 foi realizada a multiplicação para obtenção de sementes suficientes para preparo dos ensaios de VCU.
Nos anos de 2016 e 2017 a linhagem CNFC 15826 foi avaliada em 86 experimentos de VCU carioca, compostos por 20 tratamentos, sendo 15 novas linhagens com ciclo normal e cinco testemunhas: BRS FC402, BRS Estilo, Pérola, IPR Bem-te-vi e ANFC09. O delineamento utilizado foi o de blocos ao acaso com três repetições e parcelas de quatro fileiras de 4 m, utilizando as tecnologias recomendadas para os diferentes ambientes e sistemas de cultivo.
Dos 86 experimentos instalados, 62 foram colhidos e atingiram os padrões de qualidade experimental necessários para serem considerados no processo de registro de cultivares, com relação aos dados de produtividade. Esses 62 ensaios de VCU foram conduzidos na região I (Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul) nas épocas das águas e seca, na Região II (Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia), nas épocas das águas, seca e inverno, e na Região III (Sergipe, Alagoas e Pernambuco), na época das águas. Nesses ensaios, a cultivar BRS FC415 (CNFC 15826) apresentou produtividade média de 2.310 kg ha-1, superior à das testemunhas BRS Estilo (2.212 kg ha-1) e ANFC09 (2.256 kg ha-1), que também apresenta escurecimento lento dos grãos, com superioridade de 4,4% e 2,4%, respectivamente. Isso se repetiu na região I, com 4,9% e 6,3% de superioridade. Já nas regiões II e III, a BRS FC415 apresentou produtividades semelhantes à da ANFC09 e superiores às da BRS Estilo (3,6% e 7,9%, respectivamente).
O potencial produtivo da BRS FC415, obtido a partir da média dos cinco experimentos em que essa cultivar apresentou as maiores produtividades, foi de 3.915 kg ha-1, demonstrando que a cultivar tem potencial genético elevado e que se o ambiente for favorável e com boas condições de cultivo, altas produtividades podem ser alcançadas.
Com relação a características de qualidade tecnológica e industrial dos grãos, a cultivar BRS FC415 possui bom rendimento de peneiras (84%), superior ao da cultivar BRS Estilo e inferior ao da ANFC09. A BRS FC415 apresenta massa média de 100 grãos de 25,3 gramas, semelhante à da cultivar ANFC09 e superior ao da BRS Estilo, que é referência no mercado, em relação à qualidade comercial dos grãos. Os grãos são do tipo carioca (creme com rajas marrons), de forma elíptica, sem brilho. Em relação ao aspecto visual dos grãos, a BRS FC415 mostra-se semelhante à ANFC09, apresentando grãos com coloração creme muito clara e rajas marrons claras, com escurecimento lento dos grãos. O tempo médio de cocção da BRS FC415 é de 31 minutos, semelhante ao da cultivar ANFC09 e superior ao da BRS Estilo. Com relação à porcentagem de proteína nos grãos, a BRS FC415 (22,9%) foi semelhante a BRS Estilo e inferior a ANFC09. A BRS FC415 apresentou ainda concentrações de ferro (61,3 mg kg-1) nos grãos semelhantes ao das cultivares ANFC09 e BRS Estilo. A concentração de zinco (36,3 mg kg-1) foi semelhante ao da BRS Estilo e inferior ao da ANFC09.
A cultivar BRS FC415, sob inoculação artificial é resistente ao vírus do mosaico-comum do feijoeiro. Nos experimentos de campo mostrou-se moderadamente resistente à murcha-de-fusário e a podridões radiculares e moderadamente suscetível à antracnose. Entretanto, mostrou-se suscetível ao vírus do mosaico-dourado do feijoeiro, crestamento-bacteriano-comum, murcha-de-curtobacterium e mancha-angular. De modo geral, até o presente momento, as cultivares com escurecimento lento dos grãos disponíveis no mercado não apresentam nível geral de resistência às doenças muito alto e são bastante suscetíveis aos patógenos de solo. Nesse sentido, a BRS FC415 se destaca das demais cultivares que apresentam escurecimento lento dos grãos por apresentar resistência à antracnose e ferrugem semelhante à da ANFC09 e por apresentar ótimo nível de resistência aos patógenos de solo causadores da murcha-de-fusário e das podridões radiculares, sendo mais resistente do que a ANFC09 e semelhante a BRS FC402, que é um padrão de resistência à essas doenças, mas que apresenta escurecimento normal dos grãos.
A BRS FC415 apresenta ciclo normal (de 85 a 94 dias, da emergência à maturação fisiológica), semelhante ao das testemunhas. As plantas são arbustivas, com hábito de crescimento indeterminado tipo II. Com relação à arquitetura de plantas, a BRS FC415 é semi-ereta e tem boa tolerância ao acamamento, sendo adaptada a colheita mecânica, inclusive direta, de forma semelhante a ANFC09. As flores são brancas e na maturação fisiológica e de colheita as vagens são amareladas.
A BRS FC415 apresenta como destaque a alta produtividade e excelente qualidade comercial dos grãos, com destaque para o escurecimento lento dos grãos. Além disso, apresenta moderada resistência à murcha-de-fusário e podridões radiculares, o que possibilita sua utilização em áreas antigas de cultivo sob pivô- central, além de moderada suscetibilidade à antracnose.
Com base no seu desempenho a BRS FC415 foi registrada para as épocas das: águas e seca na Região II (Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul); águas, seca e inverno na Região II, nos estados de Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Tocantins, Rio de Janeiro e Espírito Santo; águas e inverno na Bahia e Maranhão; águas na Região III, nos estados de Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Piauí, Ceará e Paraíba.
Foto: Sebastião Araújo |
Figura 24. Cultivar BRS FC415 |