Jalo

Conteúdo atualizado em: 10/08/2023

Autor

Leonardo Cunha Melo - Embrapa Arroz e Feijão

Helton Santos Pereira - Embrapa Arroz e Feijão

Luis Cláudio de Faria - Embrapa Arroz e Feijão

Marcelo Sfeir de Aguiar - Embrapa Arroz e Feijão

Joaquim Geraldo Cáprio da Costa - Embrapa Arroz e Feijão

 

Cultivar Jalo Precoce

Grupo comercial: manteigão (tipo jalo)
Hábito de crescimento: indeterminado – tipo II
Porte: semiereto
Floração média: 27 dias
Cor da flor: rósea
Cor da vagem na maturação: verde-clara
Cor da vagem na colheita: amarelo-palha
Ciclo: 72 dias
Cor do grão: amarelada
Brilho do grão: intermediário
 

A cultivar Jalo Precoce, desenvolvida pelo Centro Nacional de Pesquisa de Arroz e Feijão (CNPAF), é resultante de seleção massal realizada na cultivar Goiano Precoce. Em 1991, nos Ensaios Nacionais de Feijão (ENs), a linhagem PR923450 foi colocada à disposição do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA) para avaliação nos diversos estados do Brasil. Após avaliação em 31 ambientes, em Goiás, Bahia (região do Além São Francisco), Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, foi indicada para lançamento, com o nome de Jalo Precoce, para esses estados.

Em experimentos conduzidos na época de inverno no estado da Bahia, a cultivar Jalo Precoce (Figura 1) produziu, em média, 1.484 kg/ha, 12% mais que a Jalo EEP 558 e a Carioca, e 32% mais que a cultivar Goiano Precoce, atingindo a produtividade de 2.593 kg/ha.

 

Foto: Sebastião Araújo
Figura 1. Cultivar Jalo Precoce.

 

A cultivar Jalo Precoce é moderadamente resistente à mancha-angular, à antracnose e ao crestamento-bacteriano-comum. Em condições de campo, é suscetível ao oídio, ao mosaico-comum e ao mosaico-dourado. Atualmente está indicada para cultivo em Goiás/Distrito Federal, Bahia, Tocantins, Sergipe, Alagoas, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.

 

Cultivar Novo Jalo

Grupo comercial: jalo
Dias do plantio à floração: 28 a 37
Dias do plantio à colheita: 74 a 89
Cor do hipocótilo: verde
Cor das hastes: verde
Cor da flor: estandarte violeta-claro e asas róseas
Hábito de crescimento: determinado – tipo I
Porte da planta: ereto
Número de nós da haste principal: 8–9
Cor da vagem durante a maturação: verde-clara
Cor da vagem na colheita: amarelo-palha
Bico da vagem: lateral
Cor da semente: amarelada
Cor ao redor do hilo: laranja + roxo
Brilho das sementes: brilhante
Massa de 100 grãos: 37 g a 46 g


Comparada com a 'Jalo Precoce', a cultivar Novo Jalo (Figura 2) mostrou-se mais produtiva, mais tolerante à cigarrinha-verde e ao oídio, com plantas mais eretas na época da maturação. Os grãos são mais graúdos e a produtividade média é de 1.757 kg/ha.

Foto: Francisco Lins
Figura 2. Cultivar Novo Jalo.

 

Com o suporte financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), associada à Embrapa e à Universidade Federal de Viçosa (UFV), testou, em diferentes locais de Minas Gerais, diversas cultivares de feijão tipo jalo. Nos testes efetuados, sobressaiu a linhagem MA534620, proveniente da Embrapa Arroz e Feijão, resultante do cruzamento da cultivar EEP 558 com a Canário 101. Essa linhagem foi lançada como nova cultivar, com o nome Novo Jalo.

 

Cultivar BRSMG União

Grupo comercial: jalo
Hábito de crescimento: indeterminado – tipo III
Porte: semiereto a prostrado
Floração: 36 dias
Ciclo: 77 dias
Cor da flor: bicolor
Cor da vagem na maturação: amarela
Cor do grão: bege-amarelada
Brilho do grão: intermediário
Massa de 100 grãos: 40 g

A cultivar BRSMG União (Figura 3) foi obtida pelo Convênio Melhoramento do Feijão para o Estado de Minas Gerais, entre Embrapa Arroz e Feijão, Epamig, Universidade Federal de Lavras (Ufla) e UFV. A hibridação entre as cultivares Jalo EEP 558 e ESAL 686 foi realizada em casa de vegetação do Departamento de Biologia (DBI) da Ufla na safra das águas de 1998 (semeadura em outubro de 1998), e o retrocruzamento com a cultivar Jalo EEP 558 na safra da seca de 1999 (semeadura em fevereiro). As sementes F1RC1 foram semeadas em julho de 1999 (safra do inverno) na área experimental do DBI da Ufla e 64 progênies F1:2RC1 foram selecionadas. As sementes dessas progênies foram multiplicadas até a geração F1:3RC1 quando foram avaliadas em experimento com repetições na safra da seca de 2000 (semeadura em fevereiro). Dessas, foram selecionadas 33 em função especialmente da resistência ao oídio e do grão do tipo da cultivar Jalo.

 

Foto: Sebastião Araújo
Figura 3. Cultivar BRSMG União.

 

As 33 progênies F1:4RC1 foram avaliadas na área experimental do DBI, juntamente com os genitores Jalo EEP 558 e ESAL 686 e a cultivar Pérola como testemunha. A semeadura foi realizada em julho de 2000 e o delineamento experimental foi látice triplo 6 x 6. Foram obtidos os dados da severidade de oídio por meio de escala de notas variando de 1 (0% de infecção) a 9 (80%–100% de área foliar infectada) e produtividade de grãos em kg/ha. Oitenta e quatro por cento das progênies avaliadas apresentou produtividade de grãos acima da cultivar Jalo EEP 558 e, entre essas, a linhagem BJ-4 também se destacou pelo tipo de grão semelhante ao da ‘Jalo’, além de boa resistência ao oídio.

A partir da safra seca de 2005 até a safra das águas 2006/2007, essa linhagem foi avaliada nos ensaios para determinação do Valor de Cultivo e Uso (VCU), juntamente com mais 21 linhagens e as testemunhas BRS Radiante e Jalo EEP 558. Os experimentos foram conduzidos pela Ufla, UFV, Embrapa Arroz e Feijão e Epamig no estado de Minas Gerais, no âmbito do convênio em 26 ambientes (locais e safras) de Minas Gerais. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados com três repetições, sendo as parcelas constituídas por quatro linhas de 4 m.

Durante as avaliações realizadas no campo, a cultivar BRSMG União apresentou tolerância e/ou resistência aos patógenos que ocorreram com infestação natural (murcha-de-Fusarium, oídio, ferrugem e mancha-angular), com destaque para a resistência ao oídio, doença à qual a testemunha Jalo EEP 558 é altamente suscetível. Em relação à ferrugem e à mancha-angular, o desempenho foi semelhante ao da testemunha. Com inoculação artificial, apresentou reação suscetível à murcha-de-Curtobacterium, intermediária ao crestamento-bacteriano-comum e resistente ao patótipo 475 do fungo Colletotrichum lindemuthianum, agente causal da antracnose.

Esta cultivar apresenta ampla adaptação aos ambientes em que se cultiva o feijão-comum nas épocas de plantio das águas (outubro e novembro), da seca (fevereiro e março) e de outono-inverno (abril a julho) no estado de Minas Gerais.

 

Cultivar BRS FS313

Grupo Comercial: Jalo

Hábito de crescimento: indeterminado tipo II

Porte da planta: Semi-ereto

Floração média: 38 dias

Ciclo: 79 dias

Cor da flor: uniforme, branca

Cor da vagem na maturação: uniforme, verde

Cor da vagem na colheita: uniforme, amarelo

Cor do grão: bege amarelada.

Brilho do grão: opaco

Massa de 1000 grãos: 503 g

 

A BRS FS313 originou-se do cruzamento entre a cultivar Jalo EEP558 e a linhagem BAN30, realizado na Embrapa Arroz e Feijão, em Santo Antônio de Goiás (GO), no ano de 2004. No mesmo ano, a geração F1 da população foi semeada em telado. Em 2005, na época da seca, a população na geração F2 foi semeada em campo e colhida em bulk, em Ponta Grossa (PR), com seleção para coloração e tamanho de grãos, arquitetura de plantas e resistência às doenças (antracnose, mancha-angular, murcha-de-curtobacterium e ferrugem). Na safra das águas/2005, a população, geração F3, foi semeada em Ponta Grossa e foi realizada a colheita em bulk, com seleção baseada na reação às doenças antracnose e crestamento-bacteriano-comum, arquitetura de plantas, coloração e tamanho de grão. Em 2006, em Santo Antônio de Goiás, a geração F4 foi avaliada e colhida em bulk, com seleção baseada em arquitetura de planta, coloração, tamanho e produtividade de grãos. Na época da seca/2007, em Ponta Grossa, a geração F5 foi avaliada e colhida em bulk, com seleção para coloração e tamanho de grãos, arquitetura de plantas e resistência às doenças (antracnose, mancha-angular, murcha-de- curtobacterium e ferrugem). Também em 2007, na época das águas, em Ponta Grossa, a geração F6 avaliada e foi realizada seleção de plantas individuais baseada na reação a doenças (antracnose e crestamento-bacteriano-comum), arquitetura de plantas, tipo e tamanho de grão, para obtenção de linhagens.

Em 2008, na época do inverno, as progênies na geração F6:7 foram semeadas em Santo Antônio de Goiás em linhas individuais e realizada a seleção baseada em arquitetura de planta, coloração, tamanho e produtividade de grãos. Em 2009, na época da seca, em Ponta Grossa, as linhagens F6:8 foram avaliadas e selecionadas para coloração e tamanho de grãos, arquitetura de plantas e resistência às doenças (antracnose, mancha-angular, murcha-de-curtobacterium e ferrugem), selecionando-se a linhagem LMJ 209101479. A partir dessa etapa, essa linhagem recebeu o nome de CNFC 15592 e iniciou-se a etapa de avaliação em experimentos com repetições em múltiplos ambientes.

Em 2010, a linhagem CNFJ 15592 foi avaliada no ensaio teste de progênies jalo, composto por 13 tratamentos, sendo 11 novas linhagens e duas testemunhas (Jalo Precoce e BRSMG União). O delineamento utilizado foi o de blocos ao acaso com três repetições e parcelas de duas linhas de quatro metros. Os ensaios foram instalados em dois ambientes: Ponta Grossa, nas épocas da seca; e Santo Antônio de Goiás, na época de inverno. Nesses ensaios foi possível avaliar a produtividade de grãos, reação à mancha-angular e ciclo. A análise conjunta desses dados permitiu que a linhagem CNFJ 15592 fosse selecionada para participar do ensaio preliminar jalo.

Em 2011, a linhagem CNFJ 15592 foi avaliada no ensaio preliminar jalo, composto por nove tratamentos, sendo sete linhagens novas e duas testemunhas (BRSMG União e Jalo Precoce). O delineamento utilizado foi o de blocos ao acaso com três repetições e parcelas de duas linhas de quatro metros. Os ensaios foram conduzidos em seis ambientes: Santo Antônio de Goiás (GO), na época do inverno e; Ponta Grossa (PR) na época das águas e seca. Nesses ensaios foi possível avaliar a produtividade de grãos, ciclo, reação à murcha-de-curtobacterium e oídio). A análise conjunta dos dados obtidos no ensaio preliminar jalo, juntamente com os dados obtidos no ensaio teste de progênies jalo, permitiu que a linhagem CNFJ 15592 fosse selecionada para participar do ensaio intermediário.

Em 2013, a linhagem CNFJ 15592 foi avaliada no ensaio intermediário diversos, composto por 13 tratamentos, sendo nove novas linhagens (três do tipo jalo e seis do tipo rajado) e quatro testemunhas (BRSMG União, Jalo Precoce, BRS Radiante e BRSMG Realce). O delineamento utilizado foi o de blocos ao acaso com três repetições e parcelas de duas linhas de quatro metros. Os ensaios foram conduzidos em seis ambientes: Santo Antônio de Goiás (GO), nas épocas do inverno (três ensaios); Ponta Grossa (PR), nas épocas das águas e seca; e Brasília (DF) na época do inverno. Nesses ensaios foi possível avaliar a produtividade e massa de 100 grãos. Além disso, avaliou-se o ciclo, arquitetura de plantas, tolerância ao acamamento e reação às doenças (antracnose, mancha-angular, murcha-de-curtobacterium, oídio e murcha-de-fusário).

A análise conjunta dos dados dos ensaios teste de progênies jalo, preliminares jalo e intermediários diversos permitiram que a linhagem CNFJ 15592 fosse selecionada para o Ensaio de Valor de Cultivo e Uso (VCU), com base na avaliação de nove ambientes. Em 2015, na época de inverno em Santo Antônio de Goiás foi realizada a multiplicação para obtenção de sementes suficientes para preparo dos ensaios de VCU.

Nos anos de 2016 e 2017 a linhagem CNFJ 15592 foi avaliada em 40 ensaios compostos por 15 tratamentos, sendo 11 novas linhagens (três do tipo jalo e oito do tipo rajado) e quatro testemunhas: BRSMG União, Jalo Precoce, BRS Radiante e BRSMG Realce. O delineamento utilizado foi o de blocos ao acaso com três repetições e parcelas de quatro fileiras de 4 m, utilizando as tecnologias recomendadas para os diferentes ambientes e sistemas de cultivo.

Dos 40 experimentos instalados, 30 foram colhidos e atingiram os padrões de qualidade experimental necessários para serem considerados no processo de registro de cultivares, com relação aos dados de produtividade. Esses 30 experimentos de VCU foram conduzidos na região I (Santa Catarina, Paraná e São Paulo) na época das águas, e na Região II (Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Espírito Santo e Minas Gerais), nas épocas das águas, seca e inverno.

Com relação a produtividade, a cultivar BRS FS313 (CNFJ 15592) apresentou produtividade média geral de 2.203 kg ha-1, superando em 12,4% a média geral das testemunhas Jalo Precoce (1.970 kg ha-1) e BRSMG União (1.950 kg ha-1).

Na safra das águas para região I (Centro-Sul) a BRS FS313 apresentou produtividade média (2.330 kg.ha-1) superior em relação às testemunhas, BRSMG União (2.024 kg.ha-1) e Jalo Precoce (1.814 kg.ha-1), demonstrando superioridade de 15,1% e 28,5%, respectivamente (Tabela 1). Na região II (Central), não foi observada diferença entre a produtividade média da BRS FS313 (2.071 kg.ha-1) em relação à produtividade média das testemunhas BRSMG União (1.882 kg.ha-1) e Jalo Precoce (1.937 kg.ha-1).

O potencial produtivo da BRS FS313, obtido a partir da média dos cinco experimentos em que essa cultivar apresentou as maiores produtividades, foi de 3.200 kg ha-1. Essa estimativa demonstra que a cultivar tem potencial genético elevado e que, se o ambiente for favorável e existirem boas condições de cultivo, altas produtividades podem ser alcançadas.

Com relação a características de qualidade tecnológica e industrial dos grãos, a cultivar BRS FS313 apresenta massa média de 100 grãos de 50 gramas, superior à das cultivares Jalo Precoce e BRSMG União, que apresentaram a massa média de 38 gramas para ambas as testemunhas. Os grãos têm coloração amarelada, características do tipo jalo, entretanto, com grãos maiores que o padrão, de forma oblonga reniforme curta, sem brilho. O tempo médio de cocção da BRS FS313 é de aproximadamente 39 minutos, semelhante ao das testemunhas. Com relação à porcentagem de proteína nos grãos, a BRS FS313 (21,2%) foi semelhante as   testemunhas.

A BRS FS313 apresenta ciclo semi-precoce (de 75 a 84 dias, da emergência à maturação fisiológica), semelhante ao da testemunha BRSMG União. As plantas são arbustivas, com hábito de crescimento determinado. Com relação à arquitetura de plantas, a BRS FS313 é semiereta e tem resistência intermediária ao acamamento, sendo adaptada a colheita mecânica, inclusive direta. As flores são brancas e na maturação fisiológica e na época de colheita as vagens são amareladas .

Sob inoculação artificial, a cultivar BRS FS313 é suscetível ao vírus do mosaico-comum. Nos experimentos de campo mostrou-se resistente à antracnose e a podridões radiculares, moderadamente resistente à murcha-de-fusário e ferrugem e moderadamente suscetível ao crestamento-bacteriano-comum. Entretanto, mostrou-se suscetível ao vírus do mosaico-dourado, murcha-de-curtobacterium e mancha-angular.

A BRS FS313 apresenta como destaque a alta produtividade, maior massa de 100 grãos e a resistência às podridões radiculares, em relação às cultivares do grupo jalo.

Com base no seu desempenho a BRS FS313 foi registrada: para a Região I (Centro-Sul) na época das águas nos estados de Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul; e para a Região II (Central) nas épocas das águas, seca e inverno nos estados de Goiás, Mato Grosso, Distrito Federal, Tocantins, Rio de Janeiro e Espírito Santo, e nas épocas das águas e inverno na Bahia e Maranhão.

 

Foto: Sebastião Araújo
Figura 4. Cultivar BRS FS313