Mulatinho

Conteúdo atualizado em: 29/07/2023

Autor

Luis Cláudio de Faria - Embrapa Arroz e Feijão

Leonardo Cunha Melo - Embrapa Arroz e Feijão

Helton Santos Pereira - Embrapa Arroz e Feijão

Marcelo Sfeir de Aguiar - Embrapa Arroz e Feijão

Joaquim Geraldo Cáprio da Costa - Embrapa Arroz e Feijão

 

Cultivar Bambuí

Grupo comercial: mulatinho
Hábito de crescimento: indeterminado – tipo III
Porte: semiereto
Floração: 37 dias
Ciclo: 80 a 85 dias
Cor da flor: violeta
Nº de nós da haste principal: 14
Cor da vagem na maturação: verde
Cor da vagem na colheita: amarelo-palha
Cor do grão: bege
Brilho do grão: opaco
Cor do halo: bege
Massa de 100 grãos: 22,4 g

 

A cultivar Bambuí (Figura 1) é resultante do cruzamento BAT 477/Favinha//Carioca/XAN 40, realizado no Centro Internacional de Agricultura Tropical (Ciat) e introduzido no Brasil pela Embrapa Arroz e Feijão. Após vários ciclos de seleção massal dentro de famílias F2, efetuados pela Embrapa Arroz e Feijão em parceria com a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), visando principalmente à resistência ao deficit hídrico, foi selecionada a linhagem SC 9029883.

Foto: Francisco Lins
Figura 1. Cultivar Bambuí.

 

Em experimentos conduzidos com irrigação na região Oeste da Bahia, a cultivar Bambuí produziu, em média, 2.670 kg/ha, superando as cultivares Corrente e Epaba 1 em 10% e 29%, respectivamente. No sistema de sequeiro, em experimentos conduzidos em Ribeira do Pombal e Irecê, a Bambuí produziu, em média, 948 kg/ha, superando a Epaba 1 em 6%. Apesar de ter sido selecionada visando à tolerância ao deficit hídrico, a cultivar Bambuí mostrou excelente comportamento em condições irrigadas.

Por meio dos Ensaios Nacionais, essa linhagem foi colocada à disposição do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA) para avaliação. Em 1993, com o nome de Bambuí, foi indicada para plantio comercial na região de Irecê, no estado da Bahia, e, em 1998, foi estendida sua indicação para a região Oeste do estado.

 

Cultivar BRS Marfim

Grupo comercial: mulatinho
Hábito de crescimento: indeterminado – tipo II
Floração: 40 dias
Ciclo: 89 dias
Porte da planta: semiereto
Cor da vagem na maturação: amarela com estrias roxas; roxa; arroxeada com estrias roxas
Cor do grão: bege-clara
Cor da flor: violeta
Massa de 100 grãos: 26,6 g

A cultivar BRS Marfim (Figura 2) originou-se do cruzamento múltiplo BAT 85 x [(A 375 x G 17702) x (A 445 x XAN 112)], realizado pelo Ciat, em Cali, na Colômbia. A Embrapa Arroz e Feijão recebeu do Ciat, pelo programa de intercâmbio de germoplasma, a linhagem fixada denominada A 774.

Foto: Sebastião Araújo
Figura 2. Cultivar BRS Marfim.

 

No ano de 1991, participou do Ensaio Preliminar de Linhagens (EPL), sendo selecionada para compor o Ensaio Nacional (EN). Em 1993, foi avaliada, juntamente com mais 19 linhagens e 2 testemunhas no EN, conduzido em 6 ambientes, nos estados de Goiás (1), Pernambuco (2), Bahia (2) e Sergipe (1).

Em 14 ensaios de Valor de Cultivo e Uso (VCU), a linhagem A 774 mostrou superioridade média de 11% em produtividade de grãos, quando comparada com a média das testemunhas. A cultivar BRS Marfim possui uniformidade de coloração e tamanho de grão, com excelentes qualidades culinárias e ótima aparência após o cozimento. A cultivar BRS Marfim, sob inoculação artificial, é resistente ao mosaico-comum. Para antracnose apresentou reação de resistência às raças testadas: 89 (alfa-Brasil), 453 (zeta) e 95 (capa). Nos ensaios de campo, apresentou resistência à ferrugem, reação intermediária à mancha-angular e suscetibilidade ao crestamento-bacteriano-comum. Apresenta boa resistência ao acamamento. Atualmente está indicada para cultivo nos seguintes estados: Goiás/Distrito Federal, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará.

 

BRS Agreste

Grupo comercial: mulatinho
Hábito de crescimento: indeterminado – tipo II
Floração: 41 dias
Ciclo: 81 dias
Porte da planta: ereto a semiereto
Cor da vagem na maturação: amarelo-areia (claro)
Cor do grão: bege
Cor da flor: branca
Massa de 100 grãos: 25 g

 

A cultivar BRS Agreste (Figura 3) originou-se do cruzamento CB 912052 / AN 9022180, realizado na Embrapa Arroz e Feijão em 1993. Da geração F2 até F5, foi realizada a seleção massal negativa para suscetibilidade à antracnose, com inoculação em campo, alternando os patótipos 55, 89, 95, 453 e 585 de Colletotrichum lindemuthianum. Na geração F5, as plantas resistentes remanescentes foram colhidas individualmente dando origem às famílias na geração F6 (linhagens), que foram inoculadas em canteiros com as raças 55, 89, 95, 453 e 585 de antracnose. As linhagens resistentes, entre elas a LM 96200224, foram avaliadas em condições de campo para arquitetura, acamamento, produtividade e, pós-colheita, para tipo de grão, sendo selecionada para os ensaios preliminares de avaliação (EPL). No ano de 1999, essa linhagem foi avaliada no Ensaio Preliminar Mulatinho e, em 2001, no Ensaio Intermediário. A análise conjunta dos dados de produtividade de grãos e outras características agronômicas permitiram que a linhagem LM 96200224, com a denominação pré-comercial CNFM 7958, fosse promovida para o ensaio de VCU, sendo avaliada com mais dez linhagens e três testemunhas, utilizando-se a tecnologia recomendada para os diferentes sistemas de cultivo em Goiás, Distrito Federal, Sergipe, Alagoas e Bahia.

Foto: Sebastião Araújo
Figura 3. Cultivar BRS Agreste.

 

Cultivar de tipo comercial de grão mulatinho apresenta uniformidade de coloração dos grãos e boas qualidades culinárias. Possui moderada resistência à antracnose e à ferrugem. É resistente ao mosaico-comum e suscetível à mancha-angular, ao crestamento-bacteriano-comum e ao mosaico-dourado. Essa cultivar veio atender a uma demanda por cultivares de tipo mulatinho com moderada resistência à antracnose, porte ereto e padrão de grão comercial. Sua principal vantagem é o porte ereto.

Indicada para ambientes em que se cultiva o feijão-comum na região de VCU 2 (GO, DF, BA e MA) nas safras das águas e de inverno e na região de VCU 3 (PI, CE, RN, PB, PE, AL e SE) na safra das águas.

 

Cultivar BRS FS307

Grupo comercial: mulatinho
Hábito de crescimento: indeterminado
Porte da planta: semiereto
Floração média: 38 dias
Ciclo: 83 dias
Cor da flor: violeta
Cor da vagem na maturação: amarela (média)
Cor da vagem na colheita: amarela
Cor do grão: bege
Brilho do grão: opaco
Massa de 1.000 grãos: 274,4 g

A BRS FS307 (Figura 4) originou-se do cruzamento entre as linhagens CNFM 8080 / BRS Marfim, realizado em 2004, na Embrapa Arroz e Feijão, em Santo Antônio de Goiás, GO. Em 2004, a geração F1 foi multiplicada em telado. Em 2005, em Santo Antônio de Goiás, na época de inverno, foi avançada em bulk para geração F3. Em 2006, em Ponta Grossa, PR, na época da seca, foi realizada seleção em bulk na geração F3, para arquitetura e resistência às seguintes doenças: antracnose, mancha-angular, ferrugem e crestamento-bacteriano-comum. Na época das águas de 2006, em Ponta Grossa, realizou-se seleção em bulk na geração F4, para arquitetura e resistência às seguintes doenças: antracnose, mancha-angular, ferrugem e crestamento-bacteriano-comum. Em 2007, em Santo Antônio de Goiás, na época de inverno, na geração F5, foi feita seleção individual de plantas para arquitetura. Em 2007, em Ponta Grossa, na época das águas, foi realizada nas linhagens na geração F5:6, seleção para arquitetura, antracnose, mancha-angular, ferrugem e crestamento-bacteriano-comum. Em 2008, em Ponta Grossa, na época das águas, as linhagens foram avaliadas para antracnose, mancha-angular, ferrugem e crestamento-bacteriano-comum, sendo selecionada a linhagem CNFM 15642.

Foto: Sebastião Araújo
Figura 4. BRS FS307

 

Em 2010, em Ponta Grossa (época da seca) e em Santo Antônio de Goiás (época de inverno), a linhagem CNFM 15642 foi avaliada no Ensaio de Progênies. Foi feita avaliação para ciclo, arquitetura, acamamento, reação à antracnose e à mancha-angular e produtividade. Em 2011, em Santo Antônio de Goiás (inverno), em Ponta Grossa (águas e seca) e em Carira, SE (águas), a CNFM 15642 foi avaliada no Ensaio Preliminar. Foram avaliadas as seguintes características: ciclo, arquitetura, acamamento, reação a doenças (antracnose, crestamento-bacteriano-comum, oídio, murcha-de-Curtobacterium) e produtividade. As análises conjuntas dos dados do Teste de Progênie e dos Ensaios Preliminares permitiram que a linhagem CNFM 15642 fosse promovida para o ensaio de VCU com a denominação de BRS FS307. Em 2012, foi feita a multiplicação de sementes para os ensaios de VCU.

Nos VCUs de 2013 a 2015, na época das águas em Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Bahia, a cultivar BRS FS307 teve produtividade média de 2.703 kg/ha (13,9% superior em relação às cultivares testemunhas). Por estado a superioridade foi de 9,0% na Bahia; 15,2% em Pernambuco; 12,9% em Sergipe; e 16,9% em Alagoas.

A BRS FS307 apresenta tolerância para o mosaico-comum; tolerância intermediária para antracnose e murcha-de- Fusarium; e é suscetível ao crestamento-bacteriano-comum, à mancha-angular e à murcha-de-Curtobacterium. Não há conhecimento para ferrugem.

A cultivar BRS FS307 é recomendada para cultivo na região 3, na época das águas, nos seguintes estados: Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Piauí, Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba.