Preto

Conteúdo atualizado em: 29/07/2023

Autor

Helton Santos Pereira - Embrapa Arroz e Feijão

Leonardo Cunha Melo - Embrapa Arroz e Feijão

Luis Cláudio de Faria - Embrapa Arroz e Feijão

Marcelo Sfeir de Aguiar - Embrapa Arroz e Feijão

Joaquim Geraldo Cáprio da Costa - Embrapa Arroz e Feijão

 

Cultivar Ouro Negro

Grupo comercial: preto
Ciclo vegetativo (dias): 80–100
Cor do hipocótilo: pigmentada
Floração (dias): 35–44
Cor da flor: violeta
Hábito de crescimento: indeterminado (entre tipos II e III)
Porte da planta: semiprostrado a prostrado
Cor da vagem durante a maturação: arroxeada
Cor da vagem madura: amarelo-areia, algumas tendendo para marrom
Cor da semente: preta
Brilho da semente: opaco
Massa de 100 grãos: 25 g–27 g

 

A cultivar Ouro Negro (Figura 1) é originária de Honduras e, por meio do Centro Internacional de Agricultura Tropical (Ciat), foi introduzida no Brasil pelo Centro Nacional de Pesquisa de Arroz e Feijão (CNPAF), com o nome de Honduras 35. Foi colocada pelo CNPAF à disposição do Sistema Cooperativo de Pesquisa com o Feijoeiro, em 1987, via Ensaio Preliminar de Rendimento.

Foto: Francisco Lins
Figura 1. Cultivar Ouro Negro.

 

Em Minas Gerais, a Ouro Negro foi avaliada pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), nas épocas das águas e da seca, no período de 1987 a 1990, em quatro municípios da Zona da Mata, região onde o feijão-preto tem boa aceitação. No Rio de Janeiro, foi avaliada pela Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio de Janeiro (Pesagro), nas épocas da seca e do inverno (com irrigação), no período de 1989 a 1991.

A cultivar Ouro Negro é recomendada para os estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro. Devido à sua suscetibilidade ao crestamento-bacteriano-comum, não deve ser plantada em condições de altas temperaturas e umidade..

 

Cultivar Varre Sai

Grupo Comercial: preto
Ciclo (dias): 90
Cor do hipocótilo: pigmentada
Haste principal: pigmentada
Hábito de crescimento: indeterminado (tipo II) com guia longa
Porte da planta: ereto
Floração média (dias): 47
Cor da flor: violeta
Cor da vagem durante a maturação: arroxeada
Cor da vagem madura: amarelo-areia
Cor da semente: preta
Brilho da semente: opaco
Massa de 100 grãos: 17,3 g

 

É resultante do cruzamento entre as cultivares Seleção Cuva 168 N e Venezuela 350. O cruzamento foi feito no Instituto Agronômico do Sul, Rio Grande do Sul, e as seleções no CNPAF/Embrapa. As gerações de F2 a F4 foram conduzidas pelo método de população, a seleção de plantas individuais foi feita em F5 e a avaliação das respectivas progênies em F6. As melhores progênies foram testadas quanto ao rendimento e às doenças, com ocorrência natural em campo, selecionando, assim, a linhagem LM 10363.

Considerando-se os 13 experimentos conduzidos em 7 municípios do Rio de Janeiro (Campos, 4; Vassouras, 3; Itaguaí, 2; Natividade, 1; Itaocara, 1; Macaé, 1; e Silva Jardim, 1), durante o período de 1985/1989, a Varre Sai produziu, em média, 1.224 kg/ha, equiparando-se à cultivar BR 1 - Xodó, a mais plantada no estado. A produtividade máxima da cultivar Varre Sai foi obtida no experimento conduzido em Macaé, com irrigação suplementar, chegando a 3.000 kg/ha.

A cultivar Varre Sai (Figura 2) é resistente ao mosaico-comum, suscetível à antracnose e apresenta reação intermediária à ferrugem e à mancha-angular.

Foto: Sebastião Araújo
Figura 2. Cultivar Varre Sai.

 

Essa linhagem foi registrada no Banco Ativo de Germoplasma do CNPAF como CNF 4640 e introduzida no estado do Rio de Janeiro pela Pesagro, por meio dos Ensaios Preliminares de Rendimento (EPR) na safra 1984/1985. Destacou-se no grupo comercial (preto) e foi promovida aos Ensaios Estaduais em 1985, permanecendo até 1989, sendo avaliada em diversos ambientes e épocas de semeadura (águas, seca e inverno).

 

Cultivar Diamante Negro

Grupo comercial: preto
Ciclo (dias): 92
Cor do hipocótilo: pigmentada
Hábito de crescimento: indeterminado (tipo II) com guia longa
Floração média (dias): 51
Cor da flor: violeta
Porte da planta: ereto
Cor da vagem na colheita: amarelo-areia
Cor da semente: preta
Brilho da semente: opaco
Massa de 100 grãos: 21,3 g

 

A cultivar Diamante Negro (Figura 3) é originária do cruzamento das linhagens XAN 87 x A 367, realizado no Ciat, na Colômbia. A seleção foi realizada no CNPAF/Embrapa, sob condições de inoculação artificial em campo, com o agente causador do crestamento-bacteriano-comum. Consistiu de uma geração de seleção massal em F3 e, por pedigree, de F4 a F6, obtendo-se a linhagem CB 720160 (CNF 5923).

Foto: Francisco Lins
Figura 3. Cultivar Diamante Negro.

 

As produtividades obtidas em 27 experimentos (2 no Distrito Federal, 14 em Goiás e 11 em Mato Grosso do Sul), em 3 anos, asseguram a superioridade da cultivar Diamante Negro, que chegou a ser 30% mais produtiva do que a testemunha Rico 23. Em Goiás, ela sobressaiu mais em relação à testemunha na época da seca (23%) do que no inverno (11%), com rendimentos de 1.908 kg/ha e 1.609 kg/ha, respectivamente. Em Mato Grosso do Sul, na região sul do estado, a cultivar, ao ser comparada com a Rio Tibagi, foi 27% mais produtiva, com 952 kg/ha na região centro-norte, foi 44% mais produtiva do que a mesma testemunha.

A cultivar Diamante Negro é resistente ao mosaico-comum e possui resistência intermediária à antracnose. Em condições de ocorrência natural em campo, mostrou resistência intermediária à ferrugem e à mancha-angular. A resistência ao crestamento-bacteriano-constitui uma de suas principais vantagens, aliada à alta produtividade e ao excelente aspecto dos grãos.

Foi colocada à disposição do Sistema Cooperativo de Pesquisa do Feijoeiro, por meio do EPR, em 1988. Após 3 anos de avaliação, essa cultivar foi indicada para lançamento na V Reunião da Comissão Técnica da Região II, realizada de 11 a 13 de junho de 1991, no CNPAF, Goiânia, Goiás.

 

Cultivar Minuano

Grupo comercial: preto
Floração inicial: 51 dias
Ciclo: 98 dias
Hábito de crescimento: indeterminado (tipo III)
Cor da flor: violeta
Cor das vagens maduras: amarelo-palha
Forma da semente: oblonga, achatada
Cor da semente: preta
Intensidade de brilho da semente: intermediária
Massa de 100 grãos: 19,8 g

 

A cultivar Minuano (Figura 4) é resultado do cruzamento dos genitores A358[a176(g4326 x XAN 40)], sugerido pelo CNPAF ao Ciat, onde foi realizado o cruzamento. O material resultante desse trabalho foi enviado ao CNPAF para seleção, obtendo-se a linhagem CNF 5488, remetida posteriormente às equipes do Centro Nacional de Pesquisa Agropecuária de Terras Baixas (CPATB) e do Instituto de Pesquisa Agronômica (Ipagro) para avaliação no Rio Grande do Sul. Foi avaliada no Rio Grande do Sul em 37 ensaios da rede estadual, e o rendimento médio de grãos obtido foi de 2.079 kg/ha. É suscetível ao crestamento-bacteriano-comum, possui resistência intermediária à antracnose e à ferrugem.

Foto: Francisco Lins
Figura 4. Cultivar Minuano.

 

A cultivar BR_IPAGRO 3 - MINUANO foi lançada na 24ª Reunião Técnica Anual de Feijão e Outras Leguminosas de Grãos Alimentícios, realizada entre 17 e 19 de julho de 1991, em Santa Rosa, RS.

A proposta conjunta foi apresentada pelo CPATB, da Embrapa, e pelo Ipagro, sendo efetuada sua recomendação pela Comissão Estadual de Pesquisa de Feijão (Cepef).

 

Cultivar Xamego

Grupo comercial: preto
Hábito de crescimento: indeterminado (tipo II)
Porte: ereto
Floração média: 42 dias
Cor da flor: violeta
Cor da vagem na maturação: verde-arroxeada
Cor da vagem na colheita: amarelo-areia com tons arroxeados
Ciclo: 86 dias
Cor: preta
Brilho: opaco
Massa de 100 grãos: 17,3 g

 

A cultivar Xamego (Figura 5) é resultante do cruzamento (LM 20771 x BAT 256) x (LM 20322 x BAT 67), realizado no Ciat, e introduzido no Brasil pelo CNPAF/Embrapa. Após vários ciclos de seleção para antracnose e ferrugem realizados pelo CNPAF, foi selecionada a linhagem FE 732007.

Foto: Francisco Lins
Figura 5. Cultivar Xamego.

 

Considerando-se os experimentos conduzidos nas épocas da seca e de inverno, durante o período 1992–1994, a cultivar Xamego apresentou produtividade média de 1.674 kg/ha, superando a Diamante Negro em 11%. A cultivar Xamego é resistente à antracnose (raças alfa-Brasil, delta, capa e zeta), à ferrugem e ao mosaico-comum. Em condições de campo, é moderadamente resistente à murcha-de-Fusarium e suscetível ao crestamento-bacteriano-comum.

Por meio dos Ensaios Nacionais de Feijão (ENs), essa linhagem foi colocada à disposição do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA). Em 1993, com o nome de Xamego, foi indicada para lançamento para os estados de Goiás (incluindo o Distrito Federal), Espírito Santo e Rio de Janeiro, após ser avaliada em 53 ambientes, sendo 14, 27 e 12 ambientes em cada estado, respectivamente.

 

Cultivar Guapo Brilhante

Grupo comercial: preto
Porte: ereto
Ciclo: 90 dias
Cor: preto-brilhante

 

O cruzamento original foi desenvolvido no Ciat, Colômbia. Após a seleção na população original, no CNPAF, que ficou identificada como CB 820846, foi trazida, em 1988, ao Centro de Pesquisa Agropecuária de Clima Temperado (CPACT). Nova seleção individual foi realizada no mesmo ano, sendo feita a avaliação da progênie. A cultivar de feijão BR_FEPAGRO 44 - Guapo Brilhante esteve identificada durante o processo de melhoramento como MP 89-103.

Como principais características favoráveis estão o porte ereto, com vagens dispostas junto à ramificação principal, sem encostar no solo, possibilitando a colheita mecanizada direta, e o grão preto-brilhante.

A produtividade média, tanto em experimentação como em lavoura, é de 1.900 kg/ha. A Guapo Brilhante (Figura 6) produz 21,4% a mais do que a cultivar Rio Tibagi, que foi a mais semeada no Rio Grande do Sul.

Foto: Francisco Lins
Figura 6. Cultivar Guapo Brilhante.

 

Recomendada para todo o Rio Grande do Sul, a partir de 1995, a cultivar Guapo Brilhante tem ciclo normal, em torno de 90 dias, possuindo bom nível de resistência às doenças.

 

Cultivar BRS Valente

Grupo comercial: preto
Hábito de crescimento: arbustivo, indeterminado (tipo II)
Número de dias para floração: 40–53
Número de dias para maturação fisiológica: 80–94
Porte: ereto
Acamamento: resistente
Cor da flor: violeta
Cor da vagem na colheita: amarelo-areia com tons arroxeados
Cor do tegumento da semente: preta
Brilho da semente: opaco

 

Originária do cruzamento triplo envolvendo as cultivares EMGOPA 201-Ouro, Ônix e a linhagem AN 512586, a BRS Valente (Figura 7) foi submetida a 49 ensaios de avaliação, mostrando superioridade em rendimento de grãos, quando comparada com a média das testemunhas.

Foto: Sebastião Araújo
Figura 7. Cultivar BRS Valente.

 

Apresenta resistência intermediária à antracnose e à ferrugem, é suscetível ao crestamento-bacteriano, à mancha-angular e é resistente ao mosaico-comum. Outro ponto forte dessa cultivar é que apresenta o tipo de grão preferido pelo mercado consumidor de algumas regiões, com excelente aspecto visual, ótimo comportamento de panela, apresentando cocção rápida (28,1 minutos, enquanto a média das testemunhas é de 33,8 minutos), com caldo grosso de cor marrom-chocolate.

A cultivar BRS Valente, pela sua produtividade, ampla adaptação, qualidade de grão, porte ereto e resistência ao acamamento, é uma opção para os produtores interessados em produzir feijão do tipo comercial de grão preto nos estados de Sergipe, Alagoas, Bahia, Pernambuco, Rondônia, Tocantins, Goiás/Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

 

Cultivar BRS Campeiro

Grupo comercial: preto
Tipo de planta: indeterminado – tipo II
Porte: ereto
Cor da flor: violeta
Nº médio de dias para floração: 39
Cor da vagem na maturação: roxa, podendo ocorrer manchas amareladas
Cor da semente: preto
Brilho da semente: opaco
Ciclo da emergência à maturação fisiológica: 83 dias
Massa de 100 grãos: 24,6 g

 

Primeira cultivar de feijão-comum com tipo comercial de grão preto, obtida via mutação induzida por radiação gama. A cultivar BRS Campeiro (Figura 8) originou-se de um programa de indução de mutação, visando alterar a cor do tegumento da cultivar Corrente, desenvolvida pela Embrapa Arroz e Feijão. Em 1991, sementes dessa cultivar, de grãos do tipo mulatinho (tegumento de cor creme), foram submetidas à irradiação com raios gama no Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), Universidade de São Paulo (USP), Piracicaba, SP, e posteriormente devolvidas à Embrapa Arroz e Feijão para continuidade do trabalho de seleção. Por várias gerações (M1 a M6), foi realizada seleção para tipo de grão e arquitetura de planta, utilizando o método genealógico associado à seleção massal.

Foto: Sebastião Araújo
Figura 8. Cultivar BRS Campeiro.

 

Algumas linhagens selecionadas nessa etapa inicial foram avaliadas em ensaios com repetições, destacando-se a linhagem MT 95202057, com cor de grão preta, porte ereto e alto potencial de produção. Em 34 ensaios de Valor de Cultivo e Uso (VCU) conduzidos na região Sul do Brasil, a linhagem MT 95202057 mostrou superioridade de 32% em rendimento de grãos quando comparada com a média das testemunhas.

Essa cultivar atende a uma demanda por cultivares de tipo preto para a região Sul, com alto potencial produtivo (32% de superioridade média em relação às cultivares Diamante Negro e FT Nobre) e com estabilidade de produção.

A cultivar BRS Campeiro, sob inoculação artificial, é resistente ao mosaico-comum e apresentou reação intermediária às raças 89, 89-AS, 95 e 453 de Colletotrichum lindemuthianum, agente causal da antracnose. Nos ensaios de campo, apresentou reação intermediária à ferrugem, à mancha-angular e suscetibilidade ao crestamento-bacteriano-comum.

Essa cultivar apresenta ampla adaptação aos ambientes em que se cultiva o feijoeiro na região de VCU 1 (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Mato Grosso do Sul) na safra das águas e da seca; na região de VCU 2 (Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Bahia, Tocantins e Maranhão) na época de semeadura das águas, seca e inverno; Espírito Santo na época de semeadura das águas e da seca; e Rio de Janeiro na época da seca e do inverno; na região de VCU 3 (Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Sergipe e Pernambuco) na época de semeadura das águas; e na região de VCU 4 no estado de Rondônia na época da seca.

 

Cultivar BRS Grafite

Grupo comercial: preto
Tipo de planta: indeterminado II, com guia média
Porte: semiereto
Cor da flor: violeta
Nº médio de dias para floração: 41
Cor da vagem na maturação: amarela com estrias violeta e amarela levemente arroxeada
Cor da semente: preta
Brilho da semente: opaco
Ciclo: 90 dias
Massa de 100 grãos: 25,2 g

 

A cultivar BRS Grafite (Figura 9) originou-se do cruzamento entre as linhagens AN 512567 x México 168, realizado na Embrapa Arroz e Feijão em 1986. Nas gerações F2 a F4, foi utilizado o método de seleção massal (bulk). Na geração F5, as plantas foram inoculadas com o patótipo 89 (raça alfa-Brasil) de Colletotrichum lindemuthianum e, após a eliminação das plantas suscetíveis, realizou-se a colheita individual das plantas remanescentes, dando origem às famílias F6, de onde foi selecionada, por produtividade e porte ereto das plantas, a linhagem LM 95103904.

 

Foto: Sebastião Araújo
Figura 9. Cultivar BRS Grafite.

 

No ano de 1997, a linhagem LM 95103904 foi avaliada, juntamente com mais 26 linhagens e 3 testemunhas, no Ensaio Nacional, conduzido em 9 ambientes, nos estados de GO (2), MS (2), MG (1), RJ (1), BA (1), ES (1) e MT (1).

A análise conjunta dos dados de produtividade e outras características agronômicas permitiram que a referida linhagem fosse promovida para o Ensaio de VCU, sendo avaliada junto com 11 linhagens e 3 testemunhas, num total de 11 ambientes em GO, DF, MG e RJ. Em 2003, foi indicada para plantio nesses quatro estados na safra de outono-inverno, com o nome fantasia de BRS Grafite.

A cultivar BRS Grafite possui uniformidade de coloração, com excelentes qualidades culinárias, e caldo de coloração marrom-chocolate. Sob inoculação artificial, é resistente ao mosaico-comum e às raças 55 (lambda), 89 (alfa-Brasil), 95 (capa) e 453 (zeta) de Colletotrichum lindemutianum. Nos ensaios de campo, apresentou resistência à ferrugem, reação intermediária à mancha-angular e suscetibilidade ao mosaico-dourado e ao crestamento-bacteriano-comum. Apresenta, ainda, boa resistência ao acamamento.

A cultivar BRS Grafite é recomendada para semeadura na safra de outono-inverno em Goiás/Distrito Federal, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Tocantins; e na safra das águas e da seca em São Paulo, Paraná e Santa Catarina.

 

Cultivar BRS Supremo

Grupo comercial: preto
Ciclo vegetativo (dias): 80–100
Cor do hipocótilo: pigmentada
Floração (dias): 35–44
Cor da flor: violeta
Hábito de crescimento: indeterminado (tipo intermediário entre II e III)
Porte da planta: semiprostrado a prostrado
Cor da vagem durante a maturação: arroxeada
Cor da vagem madura: amarelo-areia, algumas tendendo para marrom
Cor da semente: preta
Brilho da semente: opaco
Massa de 100 grãos: 25 g–27 g

 

A cultivar BRS 7762 Supremo (Figura 10) originou-se do cruzamento biparental entre W22-34 e VAN163, realizado na Embrapa Arroz e Feijão em 1988. Na geração F2, foi utilizado o método massal (bulk), enquanto nas gerações F3 e F4, após inoculação com o patótipo 89 (raça alfa-Brasil) de Colletotrichum lindemuthianum, foi realizada seleção massal modificada, e as plantas suscetíveis foram eliminadas. Nas remanescentes resistentes, realizou-se a colheita de uma vagem por planta, objetivando a reconstituição da população. Nas gerações F5 e F7, foi utilizado o método massal e, em F6 e F8, foi realizada seleção massal modificada. Em F8, após inoculação com o patótipo 95 (raça capa) de C. lindemuthianum, foram eliminadas as plantas suscetíveis. Nas remanescentes resistentes, realizou-se a colheita por planta individual, dando origem às linhagens F9, dentre as quais foi selecionada, por produtividade, tipo ereto das plantas e resistência às doenças, a linhagem AN 9310960.

Foto: Sebastião Araújo
Figura 10. Cultivar BRS Supremo.

 

Em 30 ensaios de VCU conduzidos nas safras das águas e da seca, em Santa Catarina e no Paraná, e nas safras das águas e de inverno, em Goiás e no Distrito Federal, a linhagem CNFP 7762 (denominação pré-comercial) apresentou 2% de superioridade em termos de produtividade, em relação às cultivares Uirapuru e BRS Valente, em SC e no PR; e Diamante Negro e BRS Valente em GO e no DF.

Possui moderada resistência à ferrugem. É resistente ao mosaico-comum e apresenta suscetibilidade ao crestamento-bacteriano-comum, à antracnose, à mancha-angular e ao mosaico-dourado. Essa cultivar visa atender a uma demanda por cultivares de tipo de grão preto, com alto potencial produtivo, porte ereto (vagens que não tocam o solo, guias curtas e ramificações fechadas) e tolerantes ao acamamento, que permitem a colheita mecanizada com baixo índice de perdas, melhor qualidade do grão e menor incidência de doenças em razão da melhor aeração na lavoura e ao não contato das vagens com o solo, principalmente quando a colheita coincide com o período de chuvas.

Cultivar de tipo comercial de grão preto indicada para as safras das águas e de inverno em Goiás e no Distrito Federal; para as safras das águas e da seca no Paraná e em Santa Catarina; seca e inverno em Mato Grosso; águas em São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Sergipe, Bahia e Alagoas; em Mato Grosso do Sul na época de semeadura da seca; e no Tocantins na época de inverno.

 

Cultivar BRS Esplendor

Grupo comercial: preto
Hábito de crescimento: indeterminado – tipo ll
Porte: ereto
Floração média: 46 dias
Cor da flor: violeta
Cor da vagem madura: amarelo-areia (claro), também pode ocorrer amarelo-areia mais escuro e levemente estriada de roxo
Cor da semente: preta
Ciclo da emergência à maturação fisiológica: 90 dias
Brilho da semente: opaco
Massa de 100 grãos: 21,5 g

 

A cultivar BRS Esplendor (Figura 11) originou-se do cruzamento CB911863 / AN9123293, realizado em 1992 na Embrapa Arroz e Feijão. Da geração F2 até F5, foi realizada a seleção massal negativa para suscetibilidade à antracnose, com inoculação em campo, alternando os patótipos 89, 89AS, 95 e 453 de Colletotrichum lindemuthianum. Na geração F5, as plantas resistentes remanescentes foram colhidas individualmente, dando origem às famílias na geração F6 (linhagens). A linhagem LM 96200768 foi avaliada, em condições de campo, para arquitetura, acamamento, produtividade e para tipo de grão, sendo selecionada para os Ensaios Preliminares de Avaliação (EPL). No ano de 1999, essa linhagem foi avaliada, juntamente com mais 127 linhagens e 4 testemunhas, no Ensaio Preliminar Preto, conduzido em 4 locais (Pelotas, RS; Passo Fundo, RS; Santo Antônio de Goiás, GO; e Ponta Grossa, PR). Em 2001, essa linhagem foi avaliada juntamente com mais 42 linhagens e 3 testemunhas no Ensaio Intermediário, conduzido em 7 ambientes: Santo Antônio de Goiás, GO; Ponta Grossa, PR; Lavras, MG; Sete Lagoas, MG; Planaltina, DF; Simão Dias, SE; e Seropédica, RJ.

Foto: Sebastião Araújo
Figura 11. Cultivar Esplendor.

 

A análise conjunta dos dados de produtividade de grãos e outras características agronômicas permitiram que a linhagem LM 96200768, com a denominação pré-comercial CNFP 8000, fosse promovida para o ensaio de VCU, sendo avaliada com mais 11 linhagens e 4 testemunhas, nos anos de 2003 e 2004, em 32 ambientes em GO/DF. Posteriormente, nos anos de 2006, 2007, 2008 e 2009, foi realizada avaliação em novos ensaios de VCU em 115 ambientes em GO/DF, MT, MS, RS, PR, SC, SP, SE, PE, RS e RO, para extensão de indicação.

A cultivar BRS Esplendor possui uniformidade de coloração e de tamanho de grão e tempo médio de cozimento de 31 minutos. Apresenta alto potencial produtivo e estabilidade de produção, além de ser resistente ao acamamento e adaptada à colheita mecânica direta. Possui reação resistente ao mosaico-comum, moderada resistência à antracnose e ao crestamento-bacteriano-comum, moderada suscetibilidade à ferrugem e suscetibilidade à mancha-angular e ao mosaico-dourado. A BRS Esplendor atende a uma demanda por cultivares de tipo de grão preto com porte ereto e com alto potencial produtivo (4,5% de superioridade média em relação às cultivares BRS Valente e Uirapuru).

Cultivar de tipo comercial de grão preto que apresenta adaptação aos ambientes em que se cultiva o feijoeiro na região de VCU 1 (Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo) nas safras das águas e da seca; na região de VCU 2 (Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, Bahia, Tocantins, Maranhão e Espírito Santo) nas safras das águas, da seca e de inverno; e no Rio de Janeiro nas safras da seca e do inverno; na região de VCU 3 (Piauí, Ceará, Paraíba, Sergipe, Alagoas, Rio Grande do Norte e Pernambuco) na safra das águas; e na região de VCU 4 no estado de Rondônia na época da seca.

 

Cultivar BRS Expedito

Grupo comercial: preto
Tipo de planta: indeterminado – tipo II
Porte: ereto
Cor da flor: violeta
Nº médio de dias para floração: 42
Cor da semente: preta
Brilho da semente: opaco
Ciclo da emergência à maturação fisiológica: 88 dias
Massa de 100 grãos: 28,2 g

 

O cruzamento que originou a cultivar BRS Expedito foi CNF 5491 x FT Tarumã, realizado na Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS, em 1990. Nos campos experimentais da Embrapa Clima Temperado, de 1991 a 1993, foram avançadas as gerações de F2 a F4 pela colheita de uma vagem por planta. Em 1994, na geração F4, foi selecionada a planta que deu origem à linhagem identificada como TB 94-01. Em 1995 e 1996, em ensaios preliminares de rendimento, essa linhagem se destacou e passou, a partir de 1997, a integrar os ensaios de VCU. Em média, de 1997/1998 a 2004/2005, em 20 ambientes, apresentou produtividade de 2.359 kg/ha, superior em 11,18% em relação à média das cultivares testemunhas.

Cultivar de tipo comercial de grão preto, a BRS Expedito (Figura 12) é indicada para as safras das águas e da seca no estado do Rio Grande do Sul. Possui reação de resistência intermediária à antracnose e à ferrugem. É resistente ao mosaico-comum e apresenta suscetibilidade à mancha-angular, ao crestamento-bacteriano-comum e ao mosaico-dourado. A BRS Expedito atende a uma demanda por cultivares de tipo de grão preto, com porte ereto (permite a colheita mecanizada) e resistência ao acamamento, maior tamanho e coloração uniforme de grão, resistência às principais doenças e alto potencial produtivo.

 

Foto: Sebastião Araújo
Figura 12. Cultivar BRS Expedito.

 

 

Cultivar BRS Esteio

Grupo comercial: preto
Tipo de planta: indeterminado – tipo II
Porte: ereto
Cor da flor: violeta
Nº médio de dias para floração: 44 dias
Cor da semente: preta
Brilho da semente: opaco
Ciclo da emergência à maturação: 85-94 dias.

 

A BRS Esteio se originou do cruzamento entre as linhagens FT85-113 / POT 51, realizado em 1992 na Embrapa Arroz e Feijão. Em 1993, a geração F2 da população foi semeada em campo na safra da seca. Na safra das águas, em 1993, foi realizado o avanço da geração F3, com seleção para antracnose, ferrugem e crestamento-bacteriano-comum. Em 1994, a geração F4 foi semeada na safra das águas e foi feita seleção massal para antracnose. Em 1995, a população F5 foi semeada na safra de inverno e novamente foi realizada seleção massal para resistência a antracnose. Na geração F6, foi feita a seleção massal baseada em resistência à antracnose, ao crestamento-bacteriano-comum e à ferrugem na safra das águas de 1995. No ano de 1996, a geração F7 foi semeada na safra de inverno e foi realizada a seleção de plantas individuais, sendo selecionada a linhagem LM 96201083.

A partir dessa etapa, essa linhagem foi avaliada em ensaios com repetições, nos quais foram realizadas avaliações de produtividade de grãos e de outros caracteres de importância, como reação a doenças, arquitetura de plantas, entre outros. No ano de 2001, essa linhagem foi avaliada no Ensaio Preliminar Carioca (EPL), em delineamento de blocos aumentados de Federer com parcelas de 2 linhas de 4 m, juntamente com mais 111 linhagens e 4 testemunhas, conduzido em 7 locais: Santo Antônio de Goiás, GO; Seropédica, RJ; Ponta Grossa, PR; Lavras, MG; Passo Fundo, RS; Londrina, PR; e Pelotas, RS.

Em 2003, essa linhagem foi avaliada no Ensaio Intermediário (EI) com mais 26 linhagens e 5 testemunhas, em blocos ao acaso com 3 repetições e parcelas de 4 linhas de 4 m, conduzido em 7 ambientes: Santo Antônio de Goiás, GO, na época do inverno; Ponta Grossa, PR, na época das águas e da seca; Lavras, MG, na época de inverno; Sete Lagoas, MG, na época da seca; Simão Dias, SE, na época das águas; e Seropédica, RJ, na época de inverno. As análises conjuntas dos dados de produtividade de grãos e outras características agronômicas permitiram que a linhagem LM 96201083, com a denominação pré-comercial de CNFP 10104, fosse promovida para o ensaio de VCU.

Em 2004, foi feita a multiplicação para obtenção de sementes suficientes para preparo dos ensaios de VCU. Nos anos de 2005, 2006, 2008, 2009 e 2010, a linhagem CNFP 10104 foi avaliada em 77 ensaios com várias testemunhas (BRS Valente, BRS 7762 Supremo, BRS Esplendor, BRS Campeiro e IPR Uirapuru) no delineamento de blocos ao acaso com 4 repetições e parcelas de 4 fileiras de 4 m, utilizando as tecnologias recomendadas para os diferentes ambientes e sistemas de cultivo.

Em 77 ensaios de VCU conduzidos nos anos de 2005, 2006, 2008, 2009 e 2010 – na época de semeadura de inverno em Mato Grosso e no Rio de Janeiro; na época de semeadura das águas em Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Bahia, Espírito Santo e São Paulo; nas épocas de semeadura de inverno e da seca em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul; nas épocas de semeadura das águas e da seca em Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul; e nas épocas de semeadura das águas, da seca e de inverno em Goiás e no Distrito Federal –, a cultivar BRS Esteio (CNFP 10104) apresentou 7,6% de superioridade em produtividade de grãos, quando comparada à média das testemunhas (BRS Valente, BRS 7762 Supremo, BRS Esplendor, BRS Campeiro e IPR Uirapuru).

A cultivar de feijão-comum com grãos pretos BRS Esteio (Figura 13) apresenta ciclo normal e grãos com excelentes qualidades culinárias. Tem como destaque o alto potencial produtivo, além da resistência ao vírus do mosaico-comum e resistência a várias raças de antracnose. Essa cultivar apresenta vantagens em relação a outras de grãos pretos indicadas anteriormente, e é superior em relação à produtividade média e ao potencial produtivo à BRS Valente, BRS 7762 Supremo, BRS Esplendor e IPR Uirapuru, que também apresentam ciclo normal (85–94 dias). A BRS Esteio também é superior à BRS 7762 Supremo e à BRS Campeiro, em relação à resistência à antracnose. Apresenta adaptação aos ambientes em que se cultiva o feijão-comum na região 1 (Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) nas épocas das águas e da seca; na região 2 (Mato Grosso, Goiás/Distrito Federal, Bahia, Maranhão, Tocantins, Espírito Santo e Rio de Janeiro) nas épocas de semeadura das águas, da seca e de inverno; e na região 3 (Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe) na época de semeadura das águas.

Foto: Sebastião Araújo
Figura 13. Cultivar BRS Esteio.

 


Cultivar BRS FP403

Grupo comercial: preto
Hábito de crescimento: indeterminado
Porte da planta: ereto
Floração média: 43 dias
Ciclo: 86 dias
Cor da flor: roxa
Cor da vagem na maturação: uniforme arroxeada
Cor da vagem na colheita: uniforme arroxeada
Cor do grão: preta
Brilho do grão: opaco
Massa de 1.000 grãos: 269,51 g

 

A BRS FP403 (Figura 14) originou-se do cruzamento POT 51 /// ICA PIJAO / XAN 170 // BAC 16 / XAN 91 realizado em 1993 no Ciat, Cali, Colômbia. No Ciat, foi feito o avanço da geração F2 e foram selecionadas plantas individuais por arquitetura e ferrugem. Em 1996, na geração F2:3 foi realizada seleção entre as linhas para arquitetura e resistência à antracnose e à ferrugem. As famílias resistentes foram enviadas para a Embrapa Arroz e Feijão. Em 1997, em Santo Antônio de Goiás, foi semeada a geração F2:4 e realizada seleção para resistência ao crestamento-bacteriano-comum, arquitetura e seleção para grãos com padrão comercial do tipo preto. Em 1998, as famílias selecionadas foram avaliadas na geração F2:5, com seleção de plantas individuais, dentro das melhores famílias, para arquitetura e produtividade, originando linhagens F2.5;6. Em 1999, foi realizada seleção de linhagens para arquitetura e produtividade. Em 2000, em Ponta Grossa, PR, foi realizada seleção para arquitetura, resistência à antracnose, à ferrugem, ao crestamento-bacteriano-comum e produtividade. Nos anos de 2000 a 2002, em Santo Antônio de Goiás, foi realizada seleção para produtividade e arquitetura. Essa seleção deu origem à linhagem CNFP 10794, que, no ano de 2003, foi avaliada no EPL conduzido em Santo Antônio de Goiás, na época de inverno, e em Ponta Grossa, PR, e Lavras, MG, nas épocas das águas e da seca. Em 2005, foi avaliada no EI em seis ambientes: Santo Antônio de Goiás (época de inverno), Ponta Grossa e Lavras (época das águas e da seca), Uberlândia, MG (época da seca), e Passo Fundo, RS (época das águas). As análises conjuntas dos dados de produtividade de grãos, arquitetura, tolerância ao acamamento e reação a doenças permitiram que a linhagem CNFP 10794 fosse promovida para o ensaio de VCU. Entre 2007 e 2015, participou dos VCUs conduzidos em Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Bahia, na época das águas; Tocantins e Rio de Janeiro na época de inverno; Espírito Santo, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, nas épocas das águas e da seca; Goiás, Mato Grosso, São Paulo e Distrito Federal, nas épocas das águas, da seca e de inverno

Foto: Sebastião Araújo
Figura 14. Cultivar BRS FP403.

 

A cultivar BRS FP403 (CNFP 10794) apresentou 13,2% de superioridade em produtividade de grãos, quando comparada à média das testemunhas (BRS 7762 Supremo, BRS Esteio, BRS Campeiro, IPR Uirapuru, IAC Diplomata, IAC Una). A cultivar BRS FP403 é tolerante ao mosaico-comum e à ferrugem; suscetível à antracnose, ao crestamento-bacteriano-comum, à mancha-angular e ao mosaico-dourado.

A cultivar BRS FP403 é recomendada para cultivo na região 1 em São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catariana e Rio Grande do Sul; região 2 em Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Tocantins e Distrito Federal; região 3 em Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí.