Rajado

Conteúdo atualizado em: 29/07/2023

Autor

Joaquim Geraldo Cáprio da Costa - Embrapa Arroz e Feijão

Leonardo Cunha Melo - Embrapa Arroz e Feijão

Helton Santos Pereira - Embrapa Arroz e Feijão

Luis Cláudio de Faria - Embrapa Arroz e Feijão

Marcelo Sfeir de Aguiar - Embrapa Arroz e Feijão

 

Cultivar BRS Radiante

Grupo comercial: manteigão/rajado
Hábito de crescimento: determinado – tipo I
Porte: ereto
Floração: 35 dias
Ciclo: 80 dias
Cor da flor: asas rosa e estandarte roxo
Cor da vagem na maturação: verde com estrias vermelhas
Cor do grão: bege com estrias/pontuações roxas (vinho)
Brilho do grão: intermediário
Massa de 100 grãos: 43,5 g

 

A cultivar BRS Radiante (Figura 1) originou-se do cruzamento biparental entre Pompadour e Iraí, realizado na Embrapa Arroz e Feijão. Nas gerações F2 e F3, foi utilizado o método massal (colheita de todas as plantas). Na geração F4, após inoculação com o patótipo 89 (raça alfa-Brasil) de Colletotrichum lindemuthianum, foi realizada seleção massal modificada, e as plantas suscetíveis foram eliminadas. Nas remanescentes resistentes, realizou-se a colheita de uma vagem por planta, objetivando a reconstituição da população. Na geração F5, foi utilizada a mesma metodologia de seleção, sendo realizada a colheita por planta individual, dando origem às famílias F6, das quais foi selecionada, por produtividade e tipo ereto das plantas, a linhagem PR 93201472.

Foto: Sebastião Araújo
Figura 1. Cultivar BRS Radiante.

 

No ano de 1995, essa linhagem foi avaliada, juntamente com mais 16 linhagens e 4 testemunhas, no Ensaio Nacional, conduzido em 6 ambientes, nos estados de Goiás (2), Mato Grosso do Sul (1), Minas Gerais (1) e Espírito Santo (2).

A análise conjunta dos dados de produtividade de grãos e outras características agronômicas permitiram que a linhagem PR 93201472 fosse promovida para o Ensaio Regional do ciclo 1997/1998, denominado de ensaio de Valor de Cultivo e Uso (VCU), sendo avaliada com mais oito linhagens e quatro testemunhas, utilizando-se as tecnologias recomendadas para os diferentes sistemas de cultivo, num total de 14 ambientes dos estados de Goiás (4), Distrito Federal (1), Minas Gerais (4) e Mato Grosso do Sul (5).

Em 14 ensaios de VCU, mostrou superioridade média de 4,6% em rendimento de grãos, quando comparada com a média das testemunhas.

A cultivar BRS Radiante possui excelentes qualidades culinárias e ótima aparência após o cozimento. Possui reação resistente ao mosaico-comum e ao oídio, é moderadamente resistente à antracnose e à ferrugem e moderadamente suscetível à mancha-angular. Seu tipo de grão, além de atender às demandas do mercado interno, também propicia oportunidades de comercialização, visando suprir as necessidades de alguns nichos de demanda no mercado externo.

Cultivar de tipo comercial de grão rajado indicada para as regiões Sul (PR e SC), Centro-Oeste (GO, DF, MT e MS) e Nordeste (PE, SE, BA e AL), além dos estados de São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais, na região Sudeste; e Tocantins e Rondônia, na região Norte. Em relação à qualidade tecnológica do grão, seu tempo de cozimento é de 38 minutos e possui 19,4% de proteína.

 

Cultivar BRSMG Realce

Grupo comercial: manteigão/rajado
Hábito de crescimento: determinado – tipo I
Porte: ereto
Floração: 37 dias
Ciclo: 70 dias
Cor da flor: bicolor
Cor da vagem na maturação: amarelo-areia com estrias roxas
Cor do grão: bege com rajas e pontuações vermelhas
Brilho do grão: opaco
Massa de 100 grãos: 35,5 g

 

A cultivar BRSMG Realce (Figura 2) foi obtida pelo Convênio Melhoramento do Feijão para o Estado de Minas Gerais, entre Embrapa Arroz e Feijão, Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Universidade Federal de Lavras (Ufla) e Universidade Federal de Viçosa (UFV). Originou-se do cruzamento PR 95105259/PR 93201472, realizado em 1996 na Embrapa Arroz e Feijão. Em 1997, a população F2 foi conduzida em telado em Santo Antônio de Goiás. Em 1998, na geração F3, foi feita a seleção de plantas individuais baseada na resistência à mancha-angular, à ferrugem e à antracnose; e, em F3:4, as famílias foram avançadas em bulk sem seleção. Em 1999, foi feita a seleção de plantas individuais dentro das famílias F3:5, com base na resistência à antracnose e à mancha-angular e na arquitetura de planta ereta. Também em 1999, na geração F5:6, foi feita uma seleção de linhas baseada em arquitetura de planta ereta e alta produtividade. Na geração F5:7, no ano de 2000, procedeu-se à seleção de linhas baseada em arquitetura de planta ereta, alta produtividade, resistência ao crestamento-bacteriano-comum, ao oídio e à antracnose; e tipo comercial de grão rajado. A geração F5:8 foi avaliada para produtividade e arquitetura de planta, selecionando-se a linhagem LM 200208821.

 

Foto: Sebastião Araújo
Figura 2. Cultivar BRSMG Realce.

 

No ano de 2001, essa linhagem foi avaliada no Ensaio Preliminar Rajado (EPL), em delineamento de blocos ao acaso, com 3 repetições e parcelas de 2 linhas de 4 m, juntamente com mais 30 linhagens e 2 testemunhas, conduzidos em 2 locais: Santo Antônio de Goiás, GO, na época de inverno, e Ponta Grossa, PR, na seca. Em 2003, essa linhagem foi avaliada no Ensaio Intermediário (EI) com mais 10 linhagens e 2 testemunhas, em blocos ao acaso com 3 repetições e parcelas de 4 linhas de 4 m, conduzido em 7 ambientes: Santo Antônio de Goiás, GO, no inverno; Ponta Grossa, PR, nas águas e na seca; Lavras e Sete Lagoas, MG, na seca; Simão Dias, SE, nas águas; e Seropédica, RJ, no inverno. A análise conjunta dos dados de produtividade de grãos e outras características agronômicas permitiram que a linhagem LM 200208821, com a denominação pré-comercial de CNFRj 10556, fosse promovida para o ensaio de VCU, no qual apresentou reação de resistência às raças de antracnose 73, 81, 89 e 453.

Possui resistência ao mosaico-comum; resistência intermediária à antracnose, ao crestamento-bacteriano, à ferrugem, à mancha-angular e à murcha-de-Fusarium.

Essa cultivar apresenta ampla adaptação aos ambientes em que se cultiva o feijão-comum na região 1 (Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) nas épocas das águas e da seca; e em São Paulo, nas épocas de semeadura das águas, da seca e de inverno; na região 2 (Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás/Distrito Federal, Bahia, Maranhão, Tocantins e Espírito Santo) nas épocas de semeadura das águas, da seca e de inverno; e no Rio de Janeiro, na época de semeadura do inverno; e na região 3 (Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe) na época de semeadura das águas.

 

Cultivar BRS FS311

Grupo comercial: rajado
Hábito de crescimento: determinado
Porte da planta: ereto
Floração média: 43 dias
Ciclo: 86 dias
Cor da flor: branca
Cor da vagem na maturação: desuniforme, amarela com rajas roxas
Cor da vagem na colheita: desuniforme, amarela com rajas roxas
Cor do grão: bege com rajas vermelhas
Brilho do grão: intermediário
Massa de 1.000 grãos: 387,0 g

 

A BRS FS311 (Figura 3) originou-se do cruzamento PR 93201472 / 200105594, realizado na Embrapa Arroz e Feijão, em Santo Antônio de Goiás, GO, no ano de 2001. Em 2002, a população na geração F1 foi semeada em telado. No ano de 2002, em Ponta Grossa, PR, na época das águas, foi feita seleção massal na geração F2 para resistência à antracnose, à ferrugem e ao crestamento-bacteriano-comum. No ano de 2003, em Santo Antônio de Goiás, na época de inverno, na geração F3, foi realizada seleção massal para arquitetura. No ano de 2004, em Ponta Grossa, na época da seca, foi feita seleção individual de plantas na geração F4, baseada na resistência à antracnose, à ferrugem e ao crestamento-bacteriano-comum. No mesmo ano, em Santo Antônio de Goiás, na época do inverno, as plantas na geração F4:5, foram semeadas em linha e selecionadas por arquitetura e produtividade. Em 2005, em Santo Antônio de Goiás, na época do inverno, as progênies na geração F4:6 foram selecionadas por arquitetura e produtividade. No ano de 2006, em Ponta Grossa, na época da seca, as progênies, na geração F4:7, foram semeadas em linhas individuais e foi realizada a seleção de plantas individuais dentro das melhores progênies, considerando resistência à antracnose, à ferrugem e crestamento-bacteriano-comum. No ano de 2006, em Ponta Grossa, na época das águas, as linhagens na geração F4:7:8, foram selecionadas para resistência à antracnose, à ferrugem, ao crestamento-bacteriano-comum e para produtividade. Em 2007, em Santo Antônio de Goiás, na época do inverno, as linhagens na geração F4:7:9, foram avaliadas para arquitetura e produtividade, sendo selecionada a linhagem LMC207208933, que foi denominada CNFRJ 15411.

 

Foto: Sebastião Araújo
Figura 3. Culivar BRS FS311.

 

Em 2008, em Ponta Grossa, nas épocas da seca e das águas, e em Santo Antônio de Goiás, na época de inverno, a linhagem CNFRJ 15411 foi avaliada no Ensaio de Progênies. Foi realizada a avaliação para acamamento, arquitetura, reação ao crestamento-bacteriano-comum e produtividade. Com base na análise conjunta dos dados obtidos, a linhagem CNFRJ 15411 foi selecionada para o Ensaio Preliminar Rajado. Esse ensaio, em 2009, foi avaliado em Santo Antônio de Goiás na época do inverno e em Ponta Grossa na época das águas. Foram avaliados os seguintes aspectos: ciclo, arquitetura, acamamento, reação à antracnose, à ferrugem, ao crestamento-bacteriano-comum, à mancha-angular e à murcha-de-Fusarium. Com base na análise conjunta desses dados, a linhagem CNFRJ 15411 foi selecionada para participar do Ensaio Intermediário Rajado.

Em 2010, na época de inverno em Santo Antônio de Goiás, foi realizada a multiplicação para obtenção de sementes para o preparo dos ensaios.

Em 2011, o Ensaio Intermediário Rajado foi conduzido em Santo Antônio de Goiás nas épocas da seca e inverno e em Ponta Grossa nas épocas das águas e seca. Esses ensaios foram avaliados para ciclo, arquitetura, acamamento, reação a doenças (antracnose, oídio, mancha-angular) e produtividade. A análise conjunta dos dados dos ensaios Preliminar Rajado e Intermediário Rajado permitiu que a linhagem CNFRJ 15411 fosse selecionada para o ensaio de VCU.

A linhagem CNFRJ 15411 foi avaliada no período de 2013 a 2017 nos ensaios de VCU com grãos do tipo rajado. Esses ensaios foram conduzidos na região 1 (Paraná, Santa Catarina e São Paulo) nas épocas das águas e da seca e na região 2 (Goiás, Mato Grosso, Espírito Santo, Minas Gerais e Distrito Federal) nas épocas das águas, da seca e de inverno. Nesses ensaios, foi realizada a avaliação para ciclo, arquitetura, acamamento, reação a doenças (antracnose, crestamento-bacteriano-comum, mancha-angular, oídio, murcha-de-Fusarium, podridões radiculares, mofo-branco e murcha-de-Curtobacterium), produtividade, massa de 100 grãos, tempo de cocção, teor de zinco e proteína. A linhagem CNFC 15411, com a denominação de BRS FS311, teve uma produtividade média de 107,3% em relação às testemunhas BRS Radiante e BRSMG Realce (2.108 kg/ha). Considerando cada uma das regiões, o desempenho relativo foi de 109,0% na região 1 e 106,6% na região 2.

O potencial produtivo da BRS FS311, obtido a partir da média dos cinco ensaios em que essa cultivar apresentou as maiores produtividades, foi de 3.493 kg/ha. Essa estimativa demonstra que a cultivar tem potencial genético elevado e que, se o ambiente for favorável e existirem boas condições de cultivo, altas produtividades podem ser alcançadas. A BRS FS311 apresenta ciclo semiprecoce de 75 a 84 dias, da emergência à maturação fisiológica. Com relação à arquitetura de plantas, a BRS FS311 é ereta e tem boa tolerância ao acamamento, sendo adaptada à colheita mecânica, inclusive direta. Com relação a características de qualidade tecnológica e industrial, a cultivar BRS FS311 tem tempo de cocção de 42 minutos e teor de proteína de 20%.

A cultivar BRS FS311 sob inoculação artificial é resistente ao vírus do mosaico-comum e aos patótipos 65, 73, 89, 91 e 453 de C. lindemuthianum, agente causal da antracnose. Nos ensaios de campo é tolerante à antracnose, ao mosaico-comum e à murcha de Fusarium; reação intermediária ao crestamento-bacteriano, à ferrugem, à mancha-angular e à murcha-de-Curtobacterium; suscetível ao mosaico-dourado.

A BRS FS311 é recomendada para cultivo na região 1 em Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio Grande do Sul na época das águas e em Mato Grosso do Sul na época da seca na região 2 em Goiás, Mato Grosso, Tocantins, Maranhão, Bahia, Espírito Santo e Distrito Federal na época das águas e de inverno e no Rio de Janeiro na época da seca.