Perdas na colheita

Conteúdo atualizado em: 05/10/2023

Autor

José Geraldo da Silva - Embrapa Arroz e Feijão

 

Para que as máquinas colhedoras de feijão (ceifadora enleiradora, recolhedora trilhadora, colhedora automotriz) tenham desempenho adequado, com baixo percentual de perdas de grãos, é necessária a adoção de diversos procedimentos nas fases de instalação, condução e colheita.

Seja no sistema plantio direto seja no convencional, o terreno deve estar bem preparado para receber as sementes e os adubos. Depois de preparado, deve ficar sem valetas, buracos, raízes e plantas daninhas que prejudicam o desempenho das máquinas. A semeadura deve resultar em excelente uniformidade de plantas na linha de plantio. Para isso, as sementes têm de ter elevado poder germinativo, devem ser semeadas na profundidade de 3 cm a 5 cm por semeadoras adubadoras capazes de proporcionar baixo percentual de danos às sementes. Máquinas que operam abaixo de 6 km por hora, com dosadores de sementes e de adubos apropriados e bem regulados, proporcionam boa uniformidade de distribuição de sementes. Lavouras com falhas de plantas causam alimentação intermitente das máquinas de colheita e elevam a perda de grãos na operação. O plantio de cultivares de feijão com arquitetura mais ereta contribui muito para a redução de perda de grãos na colheita. A colheita fora da época recomendada afeta a produção da lavoura por aumentar a percentagem de perda de grãos. Quando o feijoeiro é deixado por longo período no campo após a maturação, ocorrem perdas de grãos pela abertura das vagens na operação de ceifa das plantas. Por fim, a colheita deve ser processada no momento adequado, quando os grãos estiverem com teor de água entre 22% e 15%.

 

Métodos para avaliar a perda de grãos

A perda de grãos na colheita deve ser avaliada antes e durante a operação das máquinas colhedoras de feijão. Dessa forma, é possível avaliar o prejuízo decorrente das perdas e tomar as devidas providências em tempo de reduzi-lo.

Basicamente, existem três métodos para avaliar as perdas: visual, contagem dos grãos e copo medidor. O método visual de avaliação, apesar de ser bastante utilizado pelos produtores, não reflete com precisão o grau de perdas durante a operação de colheita, por não quantificar as perdas e por ser suscetível às variáveis de ordem pessoal (tendenciosidade e inexperiência) e às relacionadas ao cultivo (presença de palha, restos culturais e terra que encobrem as sementes). O método de quantificação de perda de grãos por pesagem demanda o uso de balança e o método realizado pela contagem de grãos, exige muito trabalho e tempo para sua avaliação. O método de avaliação pelo copo medidor deve ser o preferido devido a sua simplicidade, boa precisão e rapidez na obtenção dos resultados

 

Desenvolvimento de medidor de perdas grãos

O medidor de perdas é feito de tubo plástico transparente com uma escala específica para feijão, a fim de indicar as perdas em função do volume ocupado pelos grãos. A escala do copo medidor (Figura 1) foi elaborada para fornecer os resultados de perdas em sacos (60 kg) por hectare.

Foi desenvolvido a partir da determinação do volume e da massa de 1.000 grãos de 101 cultivares/linhagens dos grupos Carioca (34), Preto (28), Mulatinho (15), Roxo (13), Jalo (7) e Branco (4). O coeficiente de determinação obtido foi de 98%. O medidor, além de determinar as perdas, possibilita estimar a produtividade da lavoura de feijão, independentemente do tipo e do tamanho do grão de feijão. Constitui uma forma fácil, precisa e prática de medir as perdas na colheita do feijoeiro.

Foto: José Geraldo da Silva
Figura 1. Medidor volumétrico de perdas de feijão durante a colheita.

 

Como avaliar a perda de grãos no campo

Independentemente do procedimento utilizado para estimar a perda de feijão, a área de avaliação no campo deve ser de 2 m2, repetida pelo menos quatro vezes pela lavoura. A área pode ser demarcada com uma armação de madeira e barbante, posicionada no terreno transversalmente à operação da máquina. A armação deve ter comprimento suficiente para cobrir uma passada da máquina (ceifadora enleiradora, recolhedora trilhadora ou colhedora automotriz). No caso da recolhedora trilhadora, a armação deve abranger o espaço ocupado por todas as fileiras de plantas que deram origem à leira. Na área de 2 m2, são coletados os grãos perdidos para se estimar a perda na lavoura.

A perda pode ser estimada de forma total ou parcial. Quando parcial, permite separar as perdas devidas à dianteira da traseira da máquina de colheita. A Figura 2 apresenta esquemas dos locais de avaliação de perda em função do modelo de máquina de colheita.

 
Figura 2. Locais de avaliação da perda de grãos em função da máquina de colheita.


Ocorrências das perdas de grãos de feijão

As Tabelas 1, 2 e 3 apresentam as principais ocorrências, causas e ações corretivas relacionadas à perda de feijão na colheita mecanizada.