Feijão
Sistemas de colheita
Autor
José Geraldo da Silva - Embrapa Arroz e Feijão
Sistema manual
No sistema manual, todas as operações da colheita, como o arranque das plantas, o recolhimento e a trilha, são feitos manualmente. Consiste em arrancar as plantas inteiras, a partir da maturação fisiológica das sementes. As plantas arrancadas permanecem na lavoura, em molhos, com as raízes para cima, para completar o processo de secagem natural. Em seguida, são postas em terreiros, em camadas de 30 cm a 50 cm, onde se processa a batedura com varas flexíveis. Por último, realiza-se a separação e a limpeza dos grãos.
Sistema semimecanizado
No sistema semimecanizado, o arranque e a formação das leiras (amontoamento de fileiras) das plantas são, normalmente, manuais, e a trilha é mecanizada, empregando-se trilhadoras estacionárias, máquinas recolhedoras trilhadoras ou colhedoras automotrizes adaptadas para recolher as plantas.
Sistema mecanizado
No sistema mecanizado, todas as operações da colheita são feitas com máquinas, podendo realizar-se por dois processos: direto ou indireto.
- Processo direto - são empregadas colhedoras automotrizes, que realizam simultaneamente o corte, o recolhimento e a trilha das plantas e, ainda, a limpeza e o acondicionamento dos grãos. Com colhedora, a colheita deve ser iniciada quando o teor de água nos grãos for de 22%; mas, geralmente, a faixa de 15% a 18% é mais adequada ao processo de trilha.
- Processo indireto - é caracterizado pela utilização de máquinas, como a ceifadora e a recolhedora trilhadora, em operações distintas. Colhendo com a ceifadora, a operação pode ser iniciada a partir da maturação fisiológica dos grãos. As plantas ceifadas são enleiradas e deixadas no campo para redução do teor de água dos grãos para cerca de 22%, quando deve ser iniciada a operação de trilha pela máquina recolhedora trilhadora. Essa máquina recolhe e trilha as leiras de plantas e, ainda, realiza a limpeza e o acondicionamento dos grãos, em geral a granel.
Histórico dos sistemas de colheita
A mecanização da colheita do feijão-comum começou a ser utilizada no início da década de 1980, pois até então toda a produção era colhida de forma manual. Os primeiros equipamentos para ceifar ou arrancar as plantas de feijão foram providos de lâminas, discos, correias, barra de corte giratória ou barra de corte serrilhada. As ceifadoras de lâminas eram acopladas na dianteira ou na traseira do trator e possuíam de duas a oito lâminas dispostas em ângulo para cortar o solo e arrancar as plantas, como se fosse um arado. Os equipamentos de discos eram acionados por motores hidráulicos, um para cada linha de feijão-comum, e possuíam sentido de giros contrários, de forma a juntar as plantas ceifadas de duas linhas numa leira. Eram dispostos na dianteira do trator ou entre seus eixos e atuavam cortando o solo para arrancar as plantas. Também existiram ceifadoras que, ao serem empurradas pelos tratores, giravam os discos livremente cortando as plantas. Nas ceifadoras ou arrancadoras de correias, o princípio de trabalho baseava-se na movimentação de duas correias paralelas, uma em sentido oposto à outra, para prender entre si as plantas e arrancá-las do solo. Já as ceifadoras de barra giratória eram montadas na traseira do trator e possuíam até duas barras de ferro quadradas, com comprimento suficiente para operar em três ou quatro fileiras de plantas. As barras giravam abaixo da superfície do solo, acionadas pela tomada de potência do trator, para arrancar as plantas. Por último, os equipamentos com barra de corte serrilhada, sem flexão para acompanhar as ondulações do terreno, eram compostos de navalhas serrilhadas com movimentos alternativos. Todos esses equipamentos foram considerados inadequados para o feijoeiro por apresentarem baixo desempenho, principalmente por provocarem elevada perda de grãos. Por sua vez, mesmo se possuíssem bom desempenho, alguns desses equipamentos não seriam indicados para muitas áreas, como aquelas sob o sistema plantio direto, pelo fato de mobilizarem muito o solo.
Ainda na década de 1980, iniciou-se a fabricação de recolhedoras trilhadoras, tracionadas por trator e providas de cilindro de trilha axial de plantas. Esse mecanismo de trilha proporcionava melhor qualidade dos grãos colhidos, em termos de menores percentuais de danos mecânicos e de impurezas, quando comparado com as colhedoras automotrizes de trilha radial que existiam na época. O desempenho superior da trilha axial na cultura resultou em grande aceitabilidade dessas máquinas pelos agricultores e, atualmente, elas estão presentes em muitas propriedades em que se cultivam o feijão-comum no Brasil.
Na década de 1990, surgiram as colhedoras automotrizes, com barra de corte flexível e cilindro de trilha axial, com desempenho bem superior ao das colhedoras convencionais com barra de corte rígida e cilindro de trilha radial. Isso representou um avanço tecnológico nos processos de colheita do feijoeiro. Nessas máquinas, foi introduzido um conjunto de peças, denominado "kit feijão", para proporcionar menor perda de grãos, impurezas e danos mecânicos ao feijão durante a operação de colheita.
Na década de 2000, foram desenvolvidas as máquinas ceifadoras enleiradoras de plantas, que operam acopladas numa colhedora automotriz convencional, após a retirada de sua plataforma, ou acoplada em um trator. O mecanismo de corte, formado por barra flexível com navalhas serrilhadas, ceifa as plantas de feijão rente ao solo, enquanto a plataforma recolhedora, de pinos metálicos retráteis, recolhe e direciona as plantas ceifadas para a esteira transportadora, para formar uma leira de plantas sobre o solo.
Atualmente são produzidos diversos tipos de equipamentos para o feijão no Brasil, como ceifadora de plantas, trilhadoras estacionárias, recolhedoras trilhadoras e colhedoras automotrizes, os quais representam um grande avanço para a mecanização da colheita do feijão.