Plantas daninhas

Conteúdo migrado na íntegra em: 11/10/2021

Autor

Mábio Chrisley Lacerda - Embrapa Arroz e Feijão

 

Importância do controle e manejo de plantas daninhas

A cultura do feijão é semeada praticamente durante todo o ano nas condições brasileiras e seu cultivo é praticado de norte a sul do País. Esse cultivo é dividido em três safras distintas: a primeira (safra das águas) com plantio nos meses de agosto a novembro e colheita de novembro a fevereiro; a segunda (safra da seca ou safrinha) com plantio de dezembro a março e colheita de março a junho; e a terceira (safra de inverno ou irrigada) com plantio de abril a julho e colheita de julho a outubro, desde que respeitadas as normas do vazio sanitário de cada região de cultivo. Por ser cultivado nas mais variadas condições edafoclimáticas, está sujeito a interferências diferentes de luminosidade, temperatura e demais condições de clima. Sabe-se também que a dinâmica das plantas daninhas sofre interferência dessas mesmas condições e vão ocorrer de forma diferenciada durante cada safra em que o feijão é semeado.

Na safra das águas, tem ocorrido os maiores problemas com a interferência de plantas daninhas em razão da boa disponibilidade hídrica associada à intensa radiação solar, que favorece a infestação de plantas daninhas, principalmente as de metabolismo C4 (folhas estreitas, de modo geral). Já no cultivo de inverno, as plantas de metabolismo C3 (folhas largas) são mais problemáticas.

Por ser uma cultura de ciclo relativamente curto (60 a 110 dias – média de 90 dias para a maioria das cultivares), o feijoeiro se torna sensível à competição com plantas daninhas, principalmente nas fases iniciais de desenvolvimento. Diante desse curto ciclo, alguns cuidados são necessários com o controle de plantas daninhas, como o levantamento para verificar quais plantas daninhas são predominantes na área, para definir o tipo de manejo a ser adotado. O ideal é manter a cultura sem plantas daninhas durante seus primeiros 30 dias de desenvolvimento. Esse período, denominado de período crítico de prevenção à interferência (PCPI), é aquele a partir da semeadura quando as plantas daninhas devem ser controladas para evitar perdas quantitativas e/ou qualitativas do produto final.

As perdas acarretadas com infestações de plantas daninhas dependem da intensidade da infestação, da época de ocorrência e das espécies infestantes predominantes. Em geral, quando não controladas, podem causar, em média, perdas acima de 50% na produtividade de grãos, podendo chegar a 100% em infestações extremas, além das perdas ocasionadas pela má qualidade dos grãos colhidos. Quando não controladas adequadamente (Figura 1), as plantas daninhas competem por água, luz e nutrientes, dificultam a operação de colheita e depreciam a qualidade do produto. Além disso, podem servir de hospedeiras de insetos, nematoides e agentes causadores de doenças (Figura 2). Diante do exposto, controlar as plantas daninhas significa favorecer o desenvolvimento das plantas de feijão e desfavorecer as invasoras com o objetivo de evitar perdas de produção pela competição e beneficiar as condições de manejo e de qualidade de colheita.

Fotos: Mabio Chrisley Lacerda
Figura 1. Lavouras de feijão infestadas por diferentes espécies de plantas daninhas.

 

Foto: Mabio Chrisley Lacerda
Figura 2. Planta daninha atacada por virose.

 

Principais plantas daninhas que ocorrem na cultura do feijoeiro

A frequência, a intensidade e a variação de espécies de plantas daninhas que ocorrem no sistema produtivo do feijão podem variar muito de região para região, dentro da mesma propriedade e até mesmo dentro da área de cultivo. Portanto, um levantamento sobre o histórico da área é primordial para determinar as estratégias exatas de controle.

Entre as principais espécies de plantas daninhas que infestam os campos de feijão, existem algumas que surgem com maior frequência e podem acarretar maiores prejuízos. Aquelas que interferem no momento da colheita, como a corda de viola na colheita mecanizada, ou aquelas que possuem estruturas espinhosas (timbete, picão-preto, entre outras), que dificultam a colheita manual, são as mais citadas entre os produtores de feijão.

Nas Tabelas 1 e 2, estão listadas algumas plantas daninhas que merecem destaque e atenção do produtor de feijão quanto ao seu controle.