Preparo do solo

Conteúdo atualizado em: 19/09/2023

Autor

José Geraldo da Silva - Embrapa Arroz e Feijão

 

O preparo do solo consiste no conjunto de operações mecânicas que antecede a semeadura do feijão e tem por principal objetivo alterar alguns dos atributos físicos do solo, deixando-o em condições de receber as sementes e favorecer o crescimento inicial das plantas.

Basicamente, existem três sistemas de preparo do solo para o feijoeiro: Sistema de Preparo Convencional (SPC), Sistema Cultivo Mínimo (SCM) e Sistema Plantio Direto (SPD). Em cada sistema, existem diversos métodos de preparos ou de sequências de operações que podem ser empregados.

 

Sistema de Preparo Convencional (SPC)

Refere-se às modalidades que utilizam operações para inverter a camada superficial do solo e incorporar os resíduos (sistemas de preparo convencional mantêm menos de 5% da superfície do solo coberta com resíduos), por meio de arados ou de grades pesadas, seguidas por uma ou mais operações de grades leves. Para a cultura do feijão, o preparo do solo deverá fornecer as condições necessárias ao bom arejamento e teor de água e favorecer o desenvolvimento do sistema radicular, levando a uma produção máxima de grãos. Para desempenhar essas funções, existem no mercado diversas marcas, modelos e tipos de implementos agrícolas, que preparam o solo numa só operação ou em várias (Figura 1). Geralmente, uma única operação de um implemento de preparo é insuficiente para formar no solo um bom leito de semeadura. Operações múltiplas são usadas para produzir agregados de solo com tamanho adequado. Cada operação altera a estrutura do solo, produzindo dois efeitos principais. O primeiro se refere à redução do tamanho dos agregados e o segundo à distribuição deles por classes de tamanho. A fragmentação da camada superficial do solo é necessária para reduzir o tamanho dos agregados para valores apropriados, e a distribuição, conforme mencionado, facilita a germinação das sementes e o enraizamento das plantas.

Fotos: Lauro Pereira da Mota
Figura 1. Preparação de solo.

 

No Brasil, o sistema de preparo convencional do solo para o feijoeiro é realizado com implementos de disco, incluindo os arados de disco e as grades pesadas. A preferência por esses implementos se deve à facilidade de operação em condições adversas dos solos. Há uma grande demanda de combustível para a operação com o arado de disco que aprofunda mais no solo; no entanto, ela é bastante reduzida nos trabalhos com a grade pesada, em razão, principalmente, da sua alta capacidade de trabalho. Entretanto os gastos de combustível por volume de solo mobilizado pelo arado e pela grade são similares.

No sistema de preparo convencional, os principais aspectos a serem analisados são os seguintes:

a) Teor de umidade do solo – Deve ser adequado para a realização da operação: não deve estar nem muito seco e nem muito úmido, mas friável.

b) Presença de restos culturais e de plantas daninhas na área – São importantes para se determinar a sequência de utilização de arados, grades e roçadoras.

c) Profundidade de mobilização do solo e capacidade de trabalho – Devem ser consideradas na escolha do tipo de implemento. Em geral, os arados operam mais profundamente no solo que as grades.

d) Período de preparo – Deve-se considerar os dias disponíveis para realização do preparo a fim de dimensionar os implementos e planejar os trabalhos.

e) Presença e localização da compactação no solo – Auxilia na escolha e na regulagem do implemento adequado para romper a camada compactada.

f) Cultivo irrigado – Com irrigação e camadas de solo sem compactação superficial, pode-se dispensar o preparo profundo do solo para a cultura do feijão.

 

Sistema Cultivo Mínimo (SCM)

Consiste na passagem de implementos, como o arado escarificador ou a grade leve, visando romper apenas a camada superficial adensada e, no caso da grade, controlar as plantas daninhas de pequeno porte. O uso da grade leve é recomendado para solos descompactados e com pouca incidência de plantas daninhas com a finalidade de manter a estrutura do solo e de reduzir os custos operacionais. O arado escarificador é recomendado para solos com compactação superficial (até 25 cm de profundidade). Ele mantém grande parte dos resíduos vegetais na superfície do terreno, protegendo o solo da erosão. Além disso, o escarificador permite o preparo do solo seco, maior rendimento operacional e economias de combustível e de tempo de operação, quando comparado com os arados.

 

Sistema Plantio Direto (SPD)

É um método de semeadura no qual a semente e o adubo são colocados diretamente no solo não revolvido, usando-se semeadoras adubadoras especiais. Para realizar essa operação, a máquina de plantio deve cortar a palha acumulada na sua superfície; abrir um sulco (com a menor espessura possível) no solo; depositar a semente na profundidade adequada, possibilitando o seu perfeito contato com a terra; e, ao mesmo tempo, colocar o adubo no sulco abaixo da semente. É recomendado para solos descompactados, com fertilidade homogênea no perfil superficial (até 25 cm), e o controle de plantas daninhas depende de herbicidas. A superfície do terreno deve possuir uma camada de restos culturais, que auxilia na conservação do solo e da umidade. Antes da implantação do plantio direto, o solo deve ser corrigido, com o objetivo de se obter um vigoroso desenvolvimento do sistema radicular. Podem ser encontradas várias denominações/termos para plantio direto: semeadura direta, sistema plantio direto, plantio direto na palha, cultivo zero, plantio sem preparo e sistema de nenhum preparo.