Mamona
Estatísticas
Autores
Maria Auxiliadora Lemos Barros - Embrapa Algodão
Gilvan Alves Ramos - Embrapa Algodão
Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a produção de óleo de mamona da Índia tem crescido nos últimos 5 anos, e a produção chinesa vem apresentando oscilações, com quedas frequentes. Além da maior área cultivada, a Índia tem conseguido obter produtividades superiores à brasileira, com o máximo de 1.238 kg/ha alcançado em 2004. No Brasil, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produtividade média teve seu máximo em 2006, com 703 kg/ha.
Tabela 1. Principais produtores mundiais de mamona em 2010.
Posição |
Área |
Valor da Produção (US$1000) |
Produção (toneladas) |
---|---|---|---|
1 |
Índia |
445.240 |
1.150.000 |
2 |
China |
69.426 |
180.000 |
3 |
Brasil |
35.332 |
93.025 |
4 |
Moçambique |
14.481 |
38.600 |
5 |
Paraguai |
4.987 |
13.000 |
6 |
Tailândia |
4.744 |
12.197 |
7 |
Etiópia |
3.211 |
8.400 |
8 |
Angola |
2.830 |
7.500 |
9 |
Vietnã |
2.294 |
6.000 |
10 |
África do Sul |
2.100 |
5.500 |
Fonte: FAOSTAT, 2012.
No Brasil, a produção de mamona concentra-se na região Nordeste, principalmente no Semiárido, como pode ser visto na (Figura 1). A produção de mamona é feita principalmente por pequenos produtores familiares, que fazem consórcio com culturas alimentares e que não utilizam cultivares melhoradas.
Figura 1. Distribuição da produção de mamona no Brasil em 2009. Fonte: SIDRA/IBGE. |
Tabela 2. Produção (mil toneladas) por estado produtor e no Brasil, no período de 2002 a 2011.
Estado | 2002/2003 | 2003/2004 | 2004/2005 | 2005/2006 | 2006/2007 | 2007/2008 | 2008/2009 | 2009/2010 | 2010/20111 | 2011/20122 |
Piauí | - | 4,8 | 10,0 | 7,0 | 4,5 | 1,1 | 1,5 | 1,8 | 1,6 | 1,8 |
Ceará | 1,7 | 8,8 | 15,1 | 8,3 | 5,9 | 11,4 | 14,2 | 6,0 | 26,3 | 29,5 |
Rio Grande do Norte | - | - | 1,4 | 0,7 | 0,4 | - | - | - | - | 0,2 |
Pernambuco | 0,2 | 1,9 | 6,1 | 4,8 | 3,4 | 1,6 | 2,6 | 3,7 | 2,8 | 3,9 |
Bahia | 81,9 | 89,0 | 169,4 | 74,9 | 72,7 | 99,3 | 62,2 | 76,8 | 99,0 | 57,1 |
Minas Gerais | 1,4 | 1,7 | 4,2 | 4,6 | 3,6 | 8,4 | 10,2 | 9,0 | 6,4 | 10,9 |
São Paulo | 1,1 | 1,1 | 2,5 | 2,9 | 3,0 | 1,5 | 1,8 | 1,0 | 1,4 | 1,0 |
Paraná | - | - | 1,1 | 0,7 | 0,2 | - | - | 2,3 | 3,6 | 0,6 |
Brasil | 86,3 | 107,3 | 209,8 | 103,9 | 93,7 | 123,3 | 92,5 | 100,6 | 141,1 | 105,0 |
Tabela 3. Média de produtividade (kg/ha) por estado produtor e no Brasil, no período de 2002 a 2011.
Estado | 2002/2003 | 2003/2004 | 2004/2005 | 2005/2006 | 2006/2007 | 2007/2008 | 2008/2009 | 2009/2010 | 2010/20111 | 2011/20122 |
Piauí | - | 1300 | 830 | 440 | 338 | 415 | 697 | 608 | 350 | 847 |
Ceará | 900 | 950 | 840 | 825 | 614 | 430 | 397 | 196 | 467 | 491 |
Rio Grande do Norte | - | - | 630 | 870 | 630 | 635 | - | 690 | 757 | 700 |
Pernambuco | 300 | 770 | 740 | 650 | 530 | 430 | 585 | 444 | 386 | 532 |
Bahia | 663 | 600 | 1000 | 693 | 600 | 807 | 588 | 730 | 703 | 799 |
Minas Gerais | 1100 | 1000 | 1400 | 1400 | 1500 | 1505 | 1229 | 1059 | 889 | 2010 |
São Paulo | 1570 | 1600 | 1900 | 1500 | 1576 | 1226 | 1540 | 1998 | 1950 | 2000 |
Paraná | - | - | 1050 | 1300 | 1670 | - | - | 1200 | 1798 | 600 |
Brasil | 673 | 646 | 975 | 703 | 602 | 758 | 587 | 637 | 644 | 70 |
As empresas responsáveis pelas atividades industriais da cadeia produtiva da mamona são indústrias esmagadoras e refinadoras que produzem em diversos processos industriais. Há dois tipos de indústrias relacionadas com a cadeia produtiva da mamona: algumas processam a mamona obtendo o óleo/torta e outras utilizam o óleo como matéria-prima, sendo que as primeiras são em menor número em relação às segundas.
A vinculação da cultura da mamona com a agricultura familiar no Brasil se dá pela sua resistência a déficits hídricos e à boa adaptação às condições edafoclimáticas do Semiárido brasileiro. Trata-se de uma cultura que pode ter pouca mecanização nos seus tratos e produzir boas safras também se for cultivada de forma consorciada com feijão e milho. Isso é ideal para a agricultura familiar. Mas essa ricinocultura se encontra num quadro de não crescimento, em contraste com muitas outras cadeias produtivas do agribusiness brasileiro. Basta verificar que, nos últimos 35 anos, a área plantada evoluiu negativamente de quase 500 mil hectares para flutuar em torno de uma média de 150 mil hectares. Em termos de produção, isso significou quase atingir a marca de 400 mil toneladas, e refluir para uma média de 100 mil toneladas anuais.
Na produtividade, se chegou a 1.141 kg/ha, na safra 1976-1977, mas, daquele período de tempo até a safra 2010-2011, a média anual chega a 602 kg/ha.
Exportação/importação
No comércio internacional ocorrem as movimentações de baga e de óleo de mamona, verificando-se que a venda de baga, que apresentava quedas significativas até 2010, voltou a crescer já no primeiro semestre de 2011. Nesse contexto, a mamona, produzida principalmente por agricultores familiares localizados no Nordeste e no Semiárido brasileiro, voltou a apresentar aumentos gerais de produção. Para visualizar como se dá essa movimentação nos últimos dez anos em relação ao óleo, A Figura 2 e a Tabela 4 apresentam dados de exportação e importação disponíveis na FAO.
Figura 2. Evolução do comércio exterior de mamona (óleo e grão) no período de 2005 a 2011. |
Tabela 4. Principais países exportadores e importadores de óleo de mamona no período de 2000 a 2009, em toneladas de grãos.
Países | 2000 | 2001 | 2002 | 2003 | 2004 | 2005 | 2006 | 2007 | 2008 | 2009 |
Exportadores | ||||||||||
Índia | 238.949 | 199.789 | 143.643 | 136.509 | 239.218 | 233.324 | 271.596 | 257.515 | 331.665 | 368.433 |
Brasil | 16.743 | 10.244 | 5.815 | 1.980 | 824 | 11.782 | 4.343 | 746 | 237 | 874 |
Holanda | 7.656 | 8.803 | 12.524 | 17.005 | 21.492 | 30.732 | 29.924 | 28.642 | 42.242 | 28.964 |
Alemanha | 6.182 | 6.365 | 6.827 | 6.987 | 5.512 | 3.600 | 6.313 | 5.170 | 6.121 | 7.156 |
EUA | 3.320 | 2.819 | 2.836 | 3.128 | 3.065 | 2.522 | 1.100 | 3.846 | 6.783 | 6.739 |
França | 2.351 | 3.190 | 3.297 | 3.401 | 4.992 | 6.052 | 7.569 | 15.305 | 22.352 | 21.043 |
Tailândia | 2.060 | 1.358 | 1.552 | 1.775 | 1.720 | 1.418 | 1.496 | 1.558 | 1.585 | 1.279 |
UE (27 países) | 1.789 | 1.322 | 1.266 | 1.445 | 1.571 | 1.210 | 1.095 | 1.331 | 1.475 | 1.652 |
Equador | 693 | 1.337 | 1.071 | 464 |
|
| 292 | 314 | 284 | 287 |
Suécia | 618 | 584 | 752 | 751 | 752 | 289 |
|
|
|
|
Importadores | ||||||||||
UE (27 países) | 135.256 | 142.752 | 117.434 | 104.034 | 127.106 | 152.633 | 124.483 | 129.192 | 172.001 | 86.446 |
França | 76.701 | 82.095 | 54.327 | 41.764 | 48.707 | 72.411 | 48.279 | 55.994 | 95.890 | 22.631 |
EUA | 40.739 | 45.395 | 32.339 | 26.702 | 40.669 | 41.794 | 45.908 | 44.299 | 49.832 | 32.145 |
Alemanha | 33.786 | 30.014 | 34.661 | 35.393 | 38.476 | 33.833 | 39.897 | 41.944 | 44.629 | 43.088 |
China | 32.267 | 9.933 | 8.115 | 14.800 | 43.600 | 65.549 | 86.441 | 82.078 | 86.507 | 131.235 |
Japão | 19.765 | 20.086 | 19.283 | 22.805 | 21.051 | 24.987 | 16.580 | 18.993 | 19.282 | 15.706 |
Tailândia | 15.122 | 13.562 | 15.322 | 14.583 | 14.192 | 15.037 | 11.433 | 10.462 | 16.700 | 12.475 |
Holanda | 12.503 | 21.203 | 21.007 | 18.535 | 29.000 | 53.292 | 35.632 | 37.849 | 40.921 | 30.150 |
Itália | 9.367 | 8.863 | 10.563 | 9.303 | 10.556 | 10.301 | 11.969 | 12.774 | 13.492 | 11.769 |
Reino Unido | 5.407 | 1.871 | 2.899 | 6.014 | 8.774 | 9.723 | 8.960 | 8.597 | 6.864 | 6.617 |
Fica evidenciada a utilização do óleo de mamona em maior quantidade por países de economia altamente industrializada, dado seu emprego em indústrias de ponta tecnológica, com o mesmo se deslocando geograficamente a partir da linha tropical em que se situam os principais produtores: Índia, Brasil e China. Pode-se observar, também, o papel que a Holanda exerce na distribuição dessa mercadoria pelo mundo, já que, mesmo não sendo produtora primária de mamona, tem desempenho histórico como um importante centro de logística mercadológica mundial. Visualize-se também os decréscimos abruptos dos montantes de óleo de mamona exportados (e importados) a partir de 2004, certamente como reprodução dos efeitos da política pública brasileira ligada ao emprego desse óleo para a fabricação de biodiesel, o que interferiu no planejamento normal dos agentes e atores ligados à cadeia produtiva. Dados preliminares dão conta de que, no primeiro semestre de 2011, mais de 11 mil metros cúbicos de óleo de mamona foram exportados, confirmando-se o retorno de aumento sustentado da exportação brasileira.
No Brasil existe capacidade instalada para processar toda a safra anual de mamona. Como o consumo interno de óleo de mamona é relativamente pequeno, entre 10 e 15 mil toneladas/ano, existe um excedente exportável da ordem de 45 a 50 mil toneladas, volume próximo do nível de exportação de 1990, que foi de 43 mil toneladas. A questão que se coloca é se o óleo de mamona brasileiro atende à qualidade exigida pelo mercado importador que é, no mínimo, o óleo industrial tipo 1. Como o Brasil é o segundo maior exportador mundial, este não parece ser um problema maior.