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Conteúdo atualizado em: 23/02/2022

Autores

Maria Auxiliadora Lemos Barros - Embrapa Algodão

Gilvan Alves Ramos - Embrapa Algodão

 

Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a produção de óleo de mamona da Índia tem crescido nos últimos 5 anos, e a produção chinesa vem apresentando oscilações, com quedas frequentes. Além da maior área cultivada, a Índia tem conseguido obter produtividades superiores à brasileira, com o máximo de 1.238 kg/ha alcançado em 2004. No Brasil, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produtividade média teve seu máximo em 2006, com 703 kg/ha.

 

Tabela 1. Principais produtores mundiais de mamona em 2010.         
Posição

Área

Valor da Produção

(US$1000)

Produção

(toneladas)

1

Índia

445.240

1.150.000

2

China

69.426

180.000

3

Brasil

35.332

93.025

4

Moçambique

14.481

38.600

5

Paraguai

4.987

13.000

6

Tailândia

4.744

12.197

7

Etiópia

3.211

8.400

8

Angola

2.830

7.500

9

Vietnã

2.294

6.000

10

África do Sul

2.100

5.500

                                                                                                                 

Fonte: FAOSTAT, 2012.

 

No Brasil, a produção de mamona concentra-se na região Nordeste, principalmente no Semiárido, como pode ser visto na (Figura 1). A produção de mamona é feita principalmente por pequenos produtores familiares, que fazem consórcio com culturas alimentares e que não utilizam cultivares melhoradas.

 

         Figura 1. Distribuição da produção de mamona no Brasil em 2009.                       Fonte: SIDRA/IBGE.



Tabela 2. Produção (mil toneladas) por estado produtor e no Brasil, no período de 2002 a 2011.

Estado

2002/2003

2003/2004

2004/2005

2005/2006

2006/2007

2007/2008

2008/2009

2009/2010

2010/20111

2011/20122

Piauí

-

4,8

10,0

7,0

4,5

1,1

1,5

1,8

1,6

1,8

Ceará

1,7

8,8

15,1

8,3

5,9

11,4

14,2

6,0

26,3

29,5

Rio Grande do Norte

-

-

1,4

0,7

0,4

-

-

-

-

0,2

Pernambuco

0,2

1,9

6,1

4,8

3,4

1,6

2,6

3,7

2,8

3,9

Bahia

81,9

89,0

169,4

74,9

72,7

99,3

62,2

76,8

99,0

57,1

Minas Gerais

1,4

1,7

4,2

4,6

3,6

8,4

10,2

9,0

6,4

10,9

São Paulo

1,1

1,1

2,5

2,9

3,0

1,5

1,8

1,0

1,4

1,0

Paraná

-

-

1,1

0,7

0,2

-

-

2,3

3,6

0,6

Brasil

86,3

107,3

209,8

103,9

93,7

123,3

92,5

100,6

141,1

105,0

Fonte: Conab. (1) Dados Preliminares: sujeitos a mudanças. (2) Dados Estimados: sujeitos a mudanças.


Tabela 3. Média de produtividade (kg/ha) por estado produtor e no Brasil, no período de 2002 a 2011.

Estado 

2002/2003

2003/2004

2004/2005

2005/2006

2006/2007

2007/2008

2008/2009

2009/2010

2010/20111

2011/20122

Piauí

-

1300

830

440

338

415

697

608

350

847

Ceará

900

950

840

825

614

430

397

196

467

491

Rio Grande do Norte

-

-

630

870

630

635

-

690

757

700

Pernambuco

300

770

740

650

530

430

585

444

386

532

Bahia

663

600

1000

693

600

807

588

730

703

799

Minas Gerais

1100

1000

1400

1400

1500

1505

1229

1059

889

2010

São Paulo

1570

1600

1900

1500

1576

1226

1540

1998

1950

2000

Paraná

-

-

1050

1300

1670

-

-

1200

1798

600

Brasil

673

646

975

703

602

758

587

637

644

70

Fonte: Conab (1) Dados Preliminares: sujeitos a mudanças. (2) Dados Estimados: sujeitos a mudanças.
 

As empresas responsáveis pelas atividades industriais da cadeia produtiva da mamona são indústrias esmagadoras e refinadoras que produzem em diversos processos industriais. Há dois tipos de indústrias relacionadas com a cadeia produtiva da mamona: algumas processam a mamona obtendo o óleo/torta e outras utilizam o óleo como matéria-prima, sendo que as primeiras são em menor número em relação às segundas.

A vinculação da cultura da mamona com a agricultura familiar no Brasil se dá pela sua resistência a déficits hídricos e à boa adaptação às condições edafoclimáticas do Semiárido brasileiro. Trata-se de uma cultura que pode ter pouca mecanização nos seus tratos e produzir boas safras também se for cultivada de forma consorciada com feijão e milho. Isso é ideal para a agricultura familiar. Mas essa ricinocultura se encontra num quadro de não crescimento, em contraste com muitas outras cadeias produtivas do agribusiness brasileiro. Basta verificar que, nos últimos 35 anos, a área plantada evoluiu negativamente de quase 500 mil hectares para flutuar em torno de uma média de 150 mil hectares. Em termos de produção, isso significou quase atingir a marca de 400 mil toneladas, e refluir para uma média de 100 mil toneladas anuais.

Na produtividade, se chegou a 1.141 kg/ha, na safra 1976-1977, mas, daquele período de tempo até a safra 2010-2011, a média anual chega a 602 kg/ha.

 

Exportação/importação

No comércio internacional ocorrem as movimentações de baga e de óleo de mamona, verificando-se que a venda de baga, que apresentava quedas significativas até 2010, voltou a crescer já no primeiro semestre de 2011. Nesse contexto, a mamona, produzida principalmente por agricultores familiares localizados no Nordeste e no Semiárido brasileiro, voltou a apresentar aumentos gerais de produção. Para visualizar como se dá essa movimentação nos últimos dez anos em relação ao óleo, A Figura 2 e a Tabela 4 apresentam dados de exportação e importação disponíveis na FAO.

  Figura 2. Evolução do comércio exterior de mamona (óleo e grão) no período de 2005 a 2011.



Tabela 4. Principais países exportadores e importadores de óleo de mamona no período de 2000 a 2009, em toneladas de grãos.

Países

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

Exportadores

Índia

238.949

199.789

143.643

136.509

239.218

233.324

271.596

257.515

331.665

368.433

Brasil

16.743

10.244

5.815

1.980

824

11.782

4.343

746

237

874

Holanda

7.656

8.803

12.524

17.005

21.492

30.732

29.924

28.642

42.242

28.964

Alemanha

6.182

6.365

6.827

6.987

5.512

3.600

6.313

5.170

6.121

7.156

EUA

3.320

2.819

2.836

3.128

3.065

2.522

1.100

3.846

6.783

6.739

França

2.351

3.190

3.297

3.401

4.992

6.052

7.569

15.305

22.352

21.043

Tailândia

2.060

1.358

1.552

1.775

1.720

1.418

1.496

1.558

1.585

1.279

UE (27 países)

1.789

1.322

1.266

1.445

1.571

1.210

1.095

1.331

1.475

1.652

Equador

693

1.337

1.071

464

 

 

292

314

284

287

Suécia

618

584

752

751

752

289

 

 

 

 

Importadores

UE (27 países)

135.256

142.752

117.434

104.034

127.106

152.633

124.483

129.192

172.001

86.446

França

76.701

82.095

54.327

41.764

48.707

72.411

48.279

55.994

95.890

22.631

EUA

40.739

45.395

32.339

26.702

40.669

41.794

45.908

44.299

49.832

32.145

Alemanha

33.786

30.014

34.661

35.393

38.476

33.833

39.897

41.944

44.629

43.088

China

32.267

9.933

8.115

14.800

43.600

65.549

86.441

82.078

86.507

131.235

Japão

19.765

20.086

19.283

22.805

21.051

24.987

16.580

18.993

19.282

15.706

Tailândia

15.122

13.562

15.322

14.583

14.192

15.037

11.433

10.462

16.700

12.475

Holanda

12.503

21.203

21.007

18.535

29.000

53.292

35.632

37.849

40.921

30.150

Itália

9.367

8.863

10.563

9.303

10.556

10.301

11.969

12.774

13.492

11.769

Reino Unido

5.407

1.871

2.899

6.014

8.774

9.723

8.960

8.597

6.864

6.617

Fonte: FAOSTAT, 2012.  

Fica evidenciada a utilização do óleo de mamona em maior quantidade por países de economia altamente industrializada, dado seu emprego em indústrias de ponta tecnológica, com o mesmo se deslocando geograficamente a partir da linha tropical em que se situam os principais produtores: Índia, Brasil e China. Pode-se observar, também, o papel que a Holanda exerce na distribuição dessa mercadoria pelo mundo, já que, mesmo não sendo produtora primária de mamona, tem desempenho histórico como um importante centro de logística mercadológica mundial. Visualize-se também os decréscimos abruptos dos montantes de óleo de mamona exportados (e importados) a partir de 2004, certamente como reprodução dos efeitos da política pública brasileira ligada ao emprego desse óleo para a fabricação de biodiesel, o que interferiu no planejamento normal dos agentes e atores ligados à cadeia produtiva. Dados preliminares dão conta de que, no primeiro semestre de 2011, mais de 11 mil metros cúbicos de óleo de mamona foram exportados, confirmando-se o retorno de aumento sustentado da exportação brasileira.

No Brasil existe capacidade instalada para processar toda a safra anual de mamona. Como o consumo interno de óleo de mamona é relativamente pequeno, entre 10 e 15 mil toneladas/ano, existe um excedente exportável da ordem de 45 a 50 mil toneladas, volume próximo do nível de exportação de 1990, que foi de 43 mil toneladas. A questão que se coloca é se o óleo de mamona brasileiro atende à qualidade exigida pelo mercado importador que é, no mínimo, o óleo industrial tipo 1. Como o Brasil é o segundo maior exportador mundial, este não parece ser um problema maior.